quarta-feira, 9 de maio de 2007

BRAGA, Antonio Francisco – Episódio Sinfônico

ANTONIO FRANCISCO BRAGA (1868-1945)

Nasceu no Largo da Glória em 15 de abril de 1868. De família humilde, ficou órfão de pai aos oito anos, sendo internado no Asilo dos Meninos Desvalidos. O diretor da instituição, percebendo as tendências musicais do menino, autorizou sua matrícula no Imperial Conservatório de Música, onde Braga cursou aulas de clarinete, harmonia, contraponto e fuga. Logo tornou-se mestre da banda do Asilo, ensaiando seus primeiros passos como compositor com a valsa Meiga, a fantasia Sonho de Dante, a Habanera Maritana e a gavota Dolce for niente.
Francisco Braga tinha apenas dezenove anos quando se apresentou pela primeira vez nos Concertos Populares, com a obra Fantasia Abertura.
Em 1889, em meio à efervescência política que culminou com a Proclamação da República, Braga aproveitou uma excelente oportunidade, fundamental para a sua carreira, ao inscrever-se no concurso oficial para a escolha do Hino da República. "O concurso se realizou no dia 20 de janeiro de 1890, no Teatro Lírico, com a presença do Chefe do Governo Provisório, Deodoro da Fonseca. Dentre os 36 participantes, o escolhido seria o que obtivesse os maiores aplausos do público presente, devendo o vencedor receber a quantia de 20.000$000." (Kowaslsky, Faustino. Traços biográficos do mestre Francisco Braga. Rio de Janeiro, Typ. do Instituto profissional masculino, 1909, p.14.)
O vencedor do concurso foi Leopoldo Miguez; no entanto, a composição de Francisco Braga obteve grande sucesso junto ao público, merecendo do júri um prêmio especial: uma bolsa com duração de dois anos para completar e aperfeiçoar seus estudos musicais na Europa.
Pouco depois de receber o prêmio, Francisco Braga viajou para Paris, onde matriculou-se na classe de harmonia de Antoine Taudou, a fim de preparar-se para as provas de seleção do Conservatório. Foi aprovado em primeiro lugar, matriculando-se na classe de Jules Massenet, que, após a conclusão dos dois anos determinados pelo prêmio, solicitou ao Ministério do Interior do Brasil a prorrogação da pensão de Braga, pois apreciava muito o seu talento.
Dentre as composições de Braga escritas nesse período, destacam-se Paysage e Cauchemar, ambas apresentadas nos concertos realizados em 1895 e 1896 na Salle d' Harcourt e na Galerie des Champs Elysées, em Paris.
Braga viajou para a Alemanha em 1896, fixando residência em Dresden. Esteve em Bayreuth e assistiu à apresentação de Parsifal, de Wagner
, que o impressionou muito. Em carta a Corbiniano Vilaça, ele descreveu o clima musical da cidade:
" Cá estou em Bayreuth e amanhã começam as representações da Tetrologia wagnerista. Tudo aqui é Wagner e de Wagner. Respira-se Wagner; come-se Wagner e por toda parte há estudos, retratos, biografias, partituras, lembranças - tudo sobre o grande homem..."
Neste período, Braga compôs o poema sinfônico Marabá, sobre um programa de Escragnolle Doria, e Episódio Sinfônico, baseado na poesia de Gonçalves Dias. "O poema sinfônico Marabá é, até hoje, uma das obras mais apreciadas de Braga, e foi a primeira a utilizar temas nacionais. O programa fornecido por Escragnolle Doria inspira-se num poema de Gonçalves Dias, também ilustrado pela célebre tela de Rodolfo Amoedo, que representa uma jovem índia, formosíssima, porém condenada a não ser amada, devido à sua condição de filha de pai estrangeiro." (Azevedo, Luiz Heitor Corrêa. 150 anos de música no Brasil, p. 180)
Em 15 de novembro de 1898, por ocasião do nono aniversário da Proclamação da República, Braga compôs, sob encomenda, a marcha Brasil.
Ainda residindo na Alemanha e influenciado pelas cenas líricas de Wagner
, Braga decidiu compor uma obra de maiores proporções, utilizando recursos cênicos, vocais e orquestrais. Desde 1892, o compositor alimentava a idéia de escrever uma ópera em um ato e, por carta, fez um pedido a Escragnolle Doria: " O assunto brasileiro é quase em mim uma idéia fixa; para começar, peço-lhe somente um ato, mas um pouco descritivo, para dar lugar à sinfonia." No ano seguinte, a escolha do tema foi definida. Com base em novela do escritor Bernardo Guimarães, Braga iniciou a composição da ópera Jupira. O próprio compositor comentou sobre seu processo de criação: "(...)Ardo de impaciência a tal ponto que tenho momentos de febre quando me sento ao piano e ensaio certas cenas da nossa Jupira. (...) De improviso, componho, canto palavras sem nexo, imagino acentuações dramáticas, enfim, um horror, uma alucinação."
Com o intuito de concluir a ópera, Francisco Braga mudou-se, em 1897, para a Ilha de Capri, na Itália, em companhia de seu amigo e pintor Batista da Costa. Permaneceu na ilha por quase um ano, retornando depois à Alemanha.
Em 1900, iniciou as negociações para a apresentação da ópera Jupira no Teatro Real em Munique; infelizmente, o projeto foi arquivado. Nesse mesmo ano, por ocasião do Quarto Centenário da Descoberta do Brasil, Braga foi convidado para executar a ópera. Retornou ao Brasil, após viver dez anos na Europa, e, em outubro de 1900, dirigiu Jupira no Teatro Lírico do Rio de Janeiro.
Estabelecendo-se de novo no Rio de Janeiro, Braga tornou-se professor de contraponto, fuga e composição do Instituto Nacional de Música. A pedido do Prefeito, Pereira Passos, compôs o Hino à Bandeira (1905), com versos de Olavo Bilac. Aos poucos, o hino ultrapassou as fronteiras da Capital Federal e ganhou popularidade em todo o país.
"As inúmeras composições de marchas e hinos lhe valeram o apelido de Chico dos Hinos – dos quais o mais importante é o Hino à Bandeira Nacional, observando ainda que nas poucas dezenas de peças para coro e capela, a maioria tem finalidade didática e/ou cívica." (Kiefer, Bruno. História da Música Brasileira dos primórdios ao início do século XX. Movimento, Porto Alegre, 1976, p.134.)
Em 1908 compôs, a partir de temas nacionais, a música de cena para o drama de Afonso Arinos, O Contratador de Diamantes, representado em São Paulo. No mesmo ano, participou dos concertos da Exposição Nacional com a peça Canto de Outono, para orquestra de arcos.
Em 1909 assumiu o cargo de professor e instrutor de Bandas de Música do Corpo de Marinheiros, permanecendo nessa função até 1931. Neste mesmo ano viajou à Europa com a incumbência de contratar artistas para a festa de inauguração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Em julho, dirigiu o concerto inaugural do Teatro Municipal com o poema sinfônico Insônia.
Francisco Braga participou, em 1912, da fundação da Sociedade de Concertos Sinfônicos, da qual se tornou diretor e regente, permanecendo à frente da orquestra por vinte anos.
Compositor nacional e internacionalmente conhecido, Braga teve a felicidade de ver a sua ópera Marabá dirigida por Richard Strauss, em concerto realizado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 1931, várias organizações e sociedades musicais do Rio de Janeiro organizaram um grande festival em homenagem a Braga. Em 25 de julho do mesmo ano, o maestro foi agraciado pelo governo francês com o título Cavaleiro da Legião de Honra.
Em 1932, a Sociedade de Concertos Sinfônicos recebeu em seus quadros o compositor Osacr Lorenzo Fernandez. Vários concertos foram realizados com grande sucesso de público. No ano seguinte, dirigindo o Festival Wagner, Francisco Braga sofreu um ataque cardíaco que o obrigou a abandonar o palco em meio à execução de Encantamento da Sexta-feira Santa, da obra Parsifal.
O compositor não mais retornou às atividades de regente, abandonando também o cargo de professor do Instituto Nacional de Música em 1938. Em 1944, doou sua produção artística à Sociedade de Concertos Sinfônicos, sendo o acervo, mais tarde, transferido para a biblioteca da Escola Nacional de Música.
Aposentado do cargo de professor do Instituto, as dificuldades financeiras se agravaram. O poeta Olegário Mariano era um dos amigos que o visitavam com freqüência; ao ver a situação do maestro, solicitou ao presidente Getúlio Vargas que lhe desse uma pensão. De imediato, o Ministro da Educação, Gustavo Capanema, concedeu-lhe um prêmio de Cr$ 60.000 pelo Hino à Bandeira.
Muito doente, Francisco Braga faleceu em março de 1945, deixando a ópera Anita Garibaldi inacabada.
Episódio Sinfônico
Em 1889, em meio à efervescência política que culminou com a Proclamação da República, Braga aproveitou uma excelente oportunidade, fundamental para a sua carreira, ao inscrever-se no concurso oficial para a escolha do Hino da República. "O concurso se realizou no dia 20 de janeiro de 1890, no Teatro Lírico, com a presença do Chefe do Governo Provisório, Deodoro da Fonseca. Dentre os 36 participantes, o escolhido seria o que obtivesse os maiores aplausos do público presente, devendo o vencedor receber a quantia de 20.000$00. O vencedor do concurso foi Leopoldo Miguez; no entanto, a composição de Francisco Braga obteve grande sucesso junto ao público, merecendo do júri um prêmio especial: uma bolsa com duração de dois anos para completar e aperfeiçoar seus estudos musicais na Europa.
Pouco depois de receber o prêmio, Francisco Braga viajou para Paris, onde matriculou-se na classe de harmonia de Antoine Taudou, a fim de preparar-se para as provas de seleção do Conservatório. Foi aprovado em primeiro lugar, matriculando-se na classe de Jules Massenet, que, após a conclusão dos dois anos determinados pelo prêmio, solicitou ao Ministério do Interior do Brasil a prorrogação da pensão de Braga, pois apreciava muito o seu talento.
Braga viajou para a Alemanha em 1896, fixando residência em Dresden. Esteve em Bayreuth e assistiu à apresentação de Parsifal, de Wagner
, que o impressionou muito. Em carta a Corbiniano Vilaça, ele descreveu o clima musical da cidade: " Cá estou em Bayreuth e amanhã começam as representações da Tetrologia wagnerista. Tudo aqui é Wagner e de Wagner. Respira-se Wagner; come-se Wagner e por toda parte há estudos, retratos, biografias, partituras, lembranças - tudo sobre o grande homem..."
Neste período, Braga compôs o poema sinfônico Marabá, sobre um programa de Escragnolle Doria, e Episódio Sinfônico, baseado na poesia de Gonçalves Dias.
O Episódio Sinfônico foi inspirado no poema sinfônico de Gonçalves Dias. Tem sensíveis influências estilísticas do mestre alemão Richard Wagner (1813-1883), a quem, ele muito admirava, apresentado em concerto no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 1920 regida por Erich Kleiber
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