segunda-feira, 11 de junho de 2007

GUARNIERI, Camargo - Sinfonia n. 2

A segunda sinfonia foi escrita pouco após a primeira e está datada de 1945. Em 1947, Guarnieri a enviou para um Concurso Internacional realizado em Detroit, destinado a escolher uma "Sinfonia das Américas", sendo agraciada com o premio Reichold entre as oitocentas obras inscritas. Villa-Lobos e Oscar Lorenzo Fernandes também enviaram trabalhos. Guarnieri recebeu o premio de 5.000 dólares, alem do crescente reconhecimento por parte da comunidade de compositores interamericanos.A Sinfonia n.2 só foi estreada em 8 de março de 1950, em São Paulo, com o próprio Guarnieri regendo a Orquestra Sinfônica Municipal. Eleazar de Carvalho a apresentou dois anos depois em Cleveland, em sua primeira audição americana. Em 1953 Eleazar de Carvalho dirigiu a obra em Paris, com a Orquestra Nacional da Radio Difusão Francesa. Depois do concerto de 1950, em São Paulo, Caldeira Filho escreveu:"Já então se evidenciavam as qualidades mais representativas da composição de Camargo Guarnieri. Uma delas é a economia de meios dos quais saber extrair o máximo rendimento, o que proporciona de imediato a sobriedade e a unidade da obra. Notamos também na sua orquestração o tratamento das massas sonoras, distintas pelo timbre, sempre nitidamente contornadas, graças ao que adquirem sensível relevo".Além da instrumentação extensa, sua estrutura è bastante diferente da primeira. Em geral, os temas são mais longos e de maior orientação tonal, o que requer um desenvolvimento diferente da atividade fragmentaria tão proeminente na sinfonia anterior. Em contraste com estas características o interesse melódico é continuo e apoiado por ritmos agitados de intensa atividade. O desenvolvimento do primeiro movimento é repleto de linhas melódicas sonoras e arrojadas, de grande amplitude orquestral, com as frases mais suaves expostas pelos instrumentos solistas. A sétima abaixada do modo mixolídio caracteriza os temas do primeiro movimento, enquanto o terceiro tempo emprega o modo do nordeste, com sua quarta aumentada e a sétima diminuta.
O primeiro movimento foi construído na forma de Allegro de sonata, o segundo è monotemático, apesar de conter um desenvolvimento e uma re-exposição - forma A-B-A típica de Guarnieri. O terceiro movimento utiliza três temas em uma forma expandida de Allegro de sonata.Luiz Heitor Correa de Azevedo teceu estas considerações sobre a obra:" Ouvindo-a, tem-se nitidamente a impressão de que o compositor ultrapassou a etapa de formação nacional em que se haviam detido os seus maiores predecessores. A transformação dos elementos nacionais è absoluta e atinge um refinamento superior, perfeitamente consciente, integralmente submisso ao pensamento e à técnica do compositor."
(trecho do livro "Camargo Guarnieri, expressões de uma vida" de Marion Verhaalen, ed. EDUSP)

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