Mendelssohn, Felix Bartholdy - Sonho de uma noite de verão

Esta obra se compõe das seguintes partes:

• Abertura - Op. 21
• Música de Cena - Op. 61
• Scherzo - A dança dos Clowns
• Intermezzo
• Noturno
• Marcha Nupcial
• Finale

Pelo menos no que se refere à Abertura e à Marcha Nupcial, pode-se dizer que esta é uma das mais populares obras de Mendelssohn. Contudo, embora conservem uma impressionante harmonia, quinze anos separam as composições da Abertura (op.21) e da Música de Cena (op.61), onde estão incluídas A Dança dos Clowns e a Marcha Nupcial. Escrita em apenas um mês, em 1826, pelo jovem Mendelssohn - que tinha, então, apenas 17 anos -, a Abertura foi estreada a 29 de abril de 1827, em Stettin, sob a regência de Carl Loewe. Baseada na obra de William Shakespeare, a qual leu avidamente junto com a irmã Fanny, a Abertura demonstra que o compositor soube, como ninguém, captar o espírito da comédia, bem como recriar o mundo das fadas de forma tal, que escapa ao âmbito da pura e simples fantasia anedótica. Logo no início, elevam-se quatro longos acordes, incitando a imaginação. Um colorido especial dá maior encantamento à peça. O tema apressado, por sua vez, sugere músicas de fada, em mi menor. Estamos no reino de Oberon. Os violinos divididos, em límpido stacatto, trazem os mundos dos elfos e fadas. Neste allegro di molto se farão ouvir as fanfarras de Teseu e as imitações cômicas do zurrar de Bottom, transformado em asno, através dos violinos e dos registros graves da tuba. Os violinos, em melodia pesada, descrevem ainda o sapateado que encerra o rude divertimento oferecido por Bottom e seus amigos para a corte. O desenvolvimento e a recapitulação conduzem à repetição dos acordes mágicos da Abertura. Depois de longo tempo, Mendelssohn resolveria retomar a partitura, em 1842, compondo a Música de Cena sob encomenda expressa de Frederico Guilherme IV, rei da Prússia. Composta de treze partes, a Música de Cena pode ser dividida em Scherzo, Intermezzo, Noturno, Marcha Nupcial e Finale. Sendo a Abertura, falando a grosso modo, uma pequena peça onde o compositor dá um breve panorama do que se verá na Música de Cena, será nesta última que se desenvolverão todos os temas rapidamente expostos naquela primeira parte. A Dança dos Clowns (bufões), portanto, nada mais é do que o trecho onde se revê o tema da festa e das danças expostas na Abertura. O intermezzo, por sua vez, em lá menor, corresponde ao fim do segundo ato (os namorados separados na noite, Lisandro e Hermia, Helena e Demétrio, sucessivamente perseguindo-se e esquivando-se). Suas corridas e suas paradas são expressas em um Allegreto appassionato, exposto pelas madeiras e cordas. O movimento termina com a evocação dos "atores", tentando, em vão, e de modo grotesco, representar a tragédia de Píramo e Tisbe. A Marcha Nupcial - parte integrante da música incidental - ganharia vida própria, percorrendo o mundo, destacada da suíte de concerto, mais propriamente nas saídas de nove em cada dez casamentos. De tão conhecida, a Marcha não deixa que se perceba seus detalhes engenhosos. E é difícil justificar seu enorme sucesso, senão por esta orquestração aparatosa e de alegre solenidade. A primeira execução integral da obra - que compreende 14 números - deu-se em Potsdam, a 14 de outubro de 1843. No entanto, a primeira execução em concerto seria feita em Londres, a 27 de maio de 1844, sob a regência do próprio Mendelssohn.