A “Missa em do menor” e o “Réquiem”, são sem dúvida nenhuma, as duas obras mais importantes de Mozart, no campo da música religiosa.
Pouco se sabe sobre a criação da obra, que ocorreu nos anos vienenses de 1782 e 1783, e muito menos ainda sobre sua primeira apresentação na igreja de Saint Pierre de Salzburg dia 26 de outubro de 1783.
Quando Mozart escrevia esta missa, estava passando por uma grande crise em sua atividade criadora, provocado por outras encomendas e até sobrecarga de alunos, que sem dúvida lhe traziam seus maiores dividendos financeiros.
Esta missa, foi a obra que pela primeira vez, Mozart escreveu por vontade própria e por iniciativa própria, sem se deparar com pressões que em geral eram provenientes da ocupação do posto que ocupava no serviço da igreja.
Em uma carta a seu pai, datada de 4 de janeiro de 1783, Mozart faz menção a uma promessa que lhe havia feito “do fundo do coração”, de escrever uma obra de ação de graças, pelo restabelecimento de sua esposa Constance Weber. Ele mencionou que “a obra que mais se aproxima deste objetivo, está semiconclusa”. Mozart abandonou o projeto no mês de maio, se observar os manuscritos incompletos da biblioteca nacional de Berlim.
Com efeito, as partes conclusas, são o “Kyrie”, o “Gloria”, o “Sanctus” e o “Benedictus”. O “Credo” não foi concluso a partir do “Et incarnatus est”, sem os instrumentos de coras e o “Agnus Dei” inexiste.
A obra fragmentada, tal como a conhecemos hoje, e após a virada do século, moveu diversos pesquisadores e musicólogos, na busca de maiores informações, destaco Helmut Eder e o maestro Alois Schmitt (1827-1902), tentaram completar a partitura. Foi um árduo trabalho de reconstituição. Manuscritos originais, assim como cópias antigas, tornaram-se difíceis de encontrar, especialmente depois da II Guerra Mundial. A edição realizada pelo maestro Schmitt, foi apoiada na primeira edição integral de 1840, com a ajuda de Johann Anton André, confrontando-a com a edição integral das obras de Mozart publicada em 1882. Estas edições vêm com o objetivo de complementar algumas lacunas do compositor, a nós desconhecidas.
O motivo pelo fato de Mozart não ter concluído sua missa, são desconhecidos. Um dos motivos, poderia estar diretamente ligado ao fato da apresentação de 26 de outubro, data da celebração de Saint Amand em Saint Pierre, segundo santo patrono da Abadia de Salzburg, patrono bem amado pelos jovens casais. H. C. Robbins Landon, mencionou que esta festa tinha uma particularidade, todo o “Credo” era omitido. Mozart não ignorava o fato, o que poderia explicar a ausência do material, nesta primeira execução. Em todo o caso, caso a obra fosse conclusa, a duração da obra teria depassado o quadro litúrgico.
Quando da primeira apresentação a 26 de outubro de 1783, apresentada por ele na Abadia beneditina de Saint-Pierre de Salzburg, tendo uma das partes de soprano cantada por sua esposa Constance.
Do ponto de vista estilístico, Mozart marca uma nova etapa em sua escrita. Na época ele assistia aos concertos dominicais ao Barão Gottfried van Swieten, onde tomou conhecimento com o contraponto e fuga de Haendel e Bach. Esta obra recebe inconteste a influencia destes dois compositores.
O “Kyrie”, resume seu Estado de espírito, se observarmos a tonalidade de do menor do coro inicial, mudando o caráter no “Christe”, que surge na tonalidade de mi bemol maior, onde o solo refinado do soprano parece utilizar-se dos melismas de alguma ária de ópera italiana. Alguns destes vocalizes sugerem lembranças do “solfeggien” KV 393, escritos por Constance em 1782.
Mas são sobretudo as oito seções do “Gloria” que afirmam a vontade do compositor a justapor estilos diferentes. O primeiro coro faz lembrar um oratório de Haendel com algumas alusões ao “Halelluja” do “Messiah”. No “Laudamus”, nos vem a lembrança de uma ária italiana de ópera. Após, um corte contrastante, oferece um coro a cinco vozes homofônico do “Gratias, Te Domine”, confiado a dois sopranos a às cordas. O poderio do “Qui tollis” para dois coros, surpreende. É uma passagem das mais trágicas da missa, tanto pelo motivo rítmico das cordas, como pelo tratamento harmônico e dinâmico dos coros. O “Quoniam”, que vem logo na seqüência traz a resposta, sobre a forma de “arabesques” a três vozes dos solistas (2 sopranos e 1 tenor) com tendências agudas, levando à direção do céu. O pórtico “Jesu Christe”, é um coro homófono de apenas seis compassos, precipitando na fuga do “Cum sancto spirito”, mostrando seu domínio sobre uma forma, a “fuga” que não é de seu uso, mas inspirado nas obras dos mestres Haendel e Bach.
O início do “Credo”, um Allegro maestoso , adota o tom da certeza – do maior – com escrita homofônica sublinhada pela evidencia da escrita orquestral. Quanto ao “Et incarnatus est”, nos leva à intimidade do mistério do nascimento de Cristo. O jogo da flauta, oboé e do fagote são contrapostos à voz em uma forma pastoral. Pelo menos, segundo Georg Nikolaus Nissen (Leipzig, 1828), biógrafo de Mozart, esta parte, teria sido destinada a celebrar o nascimento de seu primeiro filho, e este movimento teria sido escrito para sua esposa, que cantaria este movimento em homenagem a seu filho recém nascido. O “Sanctus”, de caráter solene, escrito para dois coros culmina com o “Hosanna”, escrito em um grande fugato, mas de caráter bem diferente do “Cum sancto spiritu”. É o coro de anjos louvando a seu Deus. Podemos perceber a influência de Haendel e de Bach. O “Benedictus”, reúne finalmente os quatro solistas. Mozart, faz desta página uma síntese do período barroco e clássico, unindo-se novamente ao “Hosanna”, num grande finale apoteótico, não conclusivo.
A obra original está assim dividida:
1. KYRIE – para coro a quatro vozes e solo de soprano
2. GLORIA – para coro a quatro vozes
· Laudamus Te – para soprano solo
· Gratias – para coro a cinco vozes
· Domine – para duo de soprano e mezzo soprano
· Qui Tollis – para coro duplo a quatro vozes
· Quoniam - para soprano, mezzo soprano e tenor solos
· Jesu Christe/Cum sancto spiritu – para coro a quatro vozes
3. CREDO – para coro a cinco vozes
· Et incarnatus est – para soprano solo
4. SANCTUS – para coro duplo a quatro vozes
· Hosanna – para coro duplo a quatro vozes
· Benedictus – para quarteto de solistas
· Hosanna – para coro duplo a quatro vozes
Pouco se sabe sobre a criação da obra, que ocorreu nos anos vienenses de 1782 e 1783, e muito menos ainda sobre sua primeira apresentação na igreja de Saint Pierre de Salzburg dia 26 de outubro de 1783.
Quando Mozart escrevia esta missa, estava passando por uma grande crise em sua atividade criadora, provocado por outras encomendas e até sobrecarga de alunos, que sem dúvida lhe traziam seus maiores dividendos financeiros.
Esta missa, foi a obra que pela primeira vez, Mozart escreveu por vontade própria e por iniciativa própria, sem se deparar com pressões que em geral eram provenientes da ocupação do posto que ocupava no serviço da igreja.
Em uma carta a seu pai, datada de 4 de janeiro de 1783, Mozart faz menção a uma promessa que lhe havia feito “do fundo do coração”, de escrever uma obra de ação de graças, pelo restabelecimento de sua esposa Constance Weber. Ele mencionou que “a obra que mais se aproxima deste objetivo, está semiconclusa”. Mozart abandonou o projeto no mês de maio, se observar os manuscritos incompletos da biblioteca nacional de Berlim.
Com efeito, as partes conclusas, são o “Kyrie”, o “Gloria”, o “Sanctus” e o “Benedictus”. O “Credo” não foi concluso a partir do “Et incarnatus est”, sem os instrumentos de coras e o “Agnus Dei” inexiste.
A obra fragmentada, tal como a conhecemos hoje, e após a virada do século, moveu diversos pesquisadores e musicólogos, na busca de maiores informações, destaco Helmut Eder e o maestro Alois Schmitt (1827-1902), tentaram completar a partitura. Foi um árduo trabalho de reconstituição. Manuscritos originais, assim como cópias antigas, tornaram-se difíceis de encontrar, especialmente depois da II Guerra Mundial. A edição realizada pelo maestro Schmitt, foi apoiada na primeira edição integral de 1840, com a ajuda de Johann Anton André, confrontando-a com a edição integral das obras de Mozart publicada em 1882. Estas edições vêm com o objetivo de complementar algumas lacunas do compositor, a nós desconhecidas.
O motivo pelo fato de Mozart não ter concluído sua missa, são desconhecidos. Um dos motivos, poderia estar diretamente ligado ao fato da apresentação de 26 de outubro, data da celebração de Saint Amand em Saint Pierre, segundo santo patrono da Abadia de Salzburg, patrono bem amado pelos jovens casais. H. C. Robbins Landon, mencionou que esta festa tinha uma particularidade, todo o “Credo” era omitido. Mozart não ignorava o fato, o que poderia explicar a ausência do material, nesta primeira execução. Em todo o caso, caso a obra fosse conclusa, a duração da obra teria depassado o quadro litúrgico.
Quando da primeira apresentação a 26 de outubro de 1783, apresentada por ele na Abadia beneditina de Saint-Pierre de Salzburg, tendo uma das partes de soprano cantada por sua esposa Constance.
Do ponto de vista estilístico, Mozart marca uma nova etapa em sua escrita. Na época ele assistia aos concertos dominicais ao Barão Gottfried van Swieten, onde tomou conhecimento com o contraponto e fuga de Haendel e Bach. Esta obra recebe inconteste a influencia destes dois compositores.
O “Kyrie”, resume seu Estado de espírito, se observarmos a tonalidade de do menor do coro inicial, mudando o caráter no “Christe”, que surge na tonalidade de mi bemol maior, onde o solo refinado do soprano parece utilizar-se dos melismas de alguma ária de ópera italiana. Alguns destes vocalizes sugerem lembranças do “solfeggien” KV 393, escritos por Constance em 1782.
Mas são sobretudo as oito seções do “Gloria” que afirmam a vontade do compositor a justapor estilos diferentes. O primeiro coro faz lembrar um oratório de Haendel com algumas alusões ao “Halelluja” do “Messiah”. No “Laudamus”, nos vem a lembrança de uma ária italiana de ópera. Após, um corte contrastante, oferece um coro a cinco vozes homofônico do “Gratias, Te Domine”, confiado a dois sopranos a às cordas. O poderio do “Qui tollis” para dois coros, surpreende. É uma passagem das mais trágicas da missa, tanto pelo motivo rítmico das cordas, como pelo tratamento harmônico e dinâmico dos coros. O “Quoniam”, que vem logo na seqüência traz a resposta, sobre a forma de “arabesques” a três vozes dos solistas (2 sopranos e 1 tenor) com tendências agudas, levando à direção do céu. O pórtico “Jesu Christe”, é um coro homófono de apenas seis compassos, precipitando na fuga do “Cum sancto spirito”, mostrando seu domínio sobre uma forma, a “fuga” que não é de seu uso, mas inspirado nas obras dos mestres Haendel e Bach.
O início do “Credo”, um Allegro maestoso , adota o tom da certeza – do maior – com escrita homofônica sublinhada pela evidencia da escrita orquestral. Quanto ao “Et incarnatus est”, nos leva à intimidade do mistério do nascimento de Cristo. O jogo da flauta, oboé e do fagote são contrapostos à voz em uma forma pastoral. Pelo menos, segundo Georg Nikolaus Nissen (Leipzig, 1828), biógrafo de Mozart, esta parte, teria sido destinada a celebrar o nascimento de seu primeiro filho, e este movimento teria sido escrito para sua esposa, que cantaria este movimento em homenagem a seu filho recém nascido. O “Sanctus”, de caráter solene, escrito para dois coros culmina com o “Hosanna”, escrito em um grande fugato, mas de caráter bem diferente do “Cum sancto spiritu”. É o coro de anjos louvando a seu Deus. Podemos perceber a influência de Haendel e de Bach. O “Benedictus”, reúne finalmente os quatro solistas. Mozart, faz desta página uma síntese do período barroco e clássico, unindo-se novamente ao “Hosanna”, num grande finale apoteótico, não conclusivo.
A obra original está assim dividida:
1. KYRIE – para coro a quatro vozes e solo de soprano
2. GLORIA – para coro a quatro vozes
· Laudamus Te – para soprano solo
· Gratias – para coro a cinco vozes
· Domine – para duo de soprano e mezzo soprano
· Qui Tollis – para coro duplo a quatro vozes
· Quoniam - para soprano, mezzo soprano e tenor solos
· Jesu Christe/Cum sancto spiritu – para coro a quatro vozes
3. CREDO – para coro a cinco vozes
· Et incarnatus est – para soprano solo
4. SANCTUS – para coro duplo a quatro vozes
· Hosanna – para coro duplo a quatro vozes
· Benedictus – para quarteto de solistas
· Hosanna – para coro duplo a quatro vozes
Muito obrigado! Ajudou-me bastante!
ResponderExcluirAbraço