GIUSEPPE VERDI (1813 - 1901)
Verdi nasceu entre 9 e 11 de outubro (os dados não são claros) de 1813. Apesar de não ser um camponês, sua origem era extremamente modesta -seus pais eram donos de uma taberna em Roncole. Aprendiz do organista da vila, Verdi mostrou aptidão suficiente para prosseguir os estudos na cidade vizinha de Busseto. Sua educação foi garantida por um benfeitor paternal, Antonio Barezzi, um quitandeiro.
Barezzi ajudou Verdi a ir para Milão, onde sua matrícula no conservatório foi recusada, com a alegação de que ele já tinha 19 anos e era considerado velho demais e sem proficiência suficiente no teclado. Apesar desta recusa, Verdi estudou em particular, com um acompanhador musical do La Scala de Milão e o mentor viu que Verdi assistia à ópera com regularidade. Em 1836 Verdi casou-se com a filha de Barezzi, Margherita. Três anos mais tarde, em 1839, sua primeira ópera, Oberto, foi encenada no Teatro La Scala.
Em seguida, Verdi foi atingido pela tragédia. No início de abril de 1840, o filho pequeno de Verdi ficou doente e morreu, sendo seguido pela sua filha mais jovem, dois dias mais tarde. Em junho do mesmo ano, sua esposa Margherita teve um ataque de encefalite aguda e morreu, após um período curto de enfermidade. Toda a vida de Verdi foi destruída e ele retornou para Busseto. Os choques sucessivos levaram Verdi a considerar a idéia de abandonar a música.
Somente dois anos mais tarde, quando Verdi descobriu o libreto Nabucco, um conto do cerco aos hebreus durante os tempos bíblicos, seu interesse pela ópera retornou. Nabucco foi um grande sucesso e o retrato de opressão nele reproduzido, foi visto como uma declaração política sobre a Itália. O nome de Verdi tornou-se sinônimo do movimento de liberação e unificação da Itália e ele assumiu o crescimento constante de seu público com bastante seriedade. O sucesso de Nabucco estimulou Verdi, que continuou a compor algumas das mais importantes óperas da história, entre elas La Traviata, Rigoletto e Aida.
Apesar de ainda não estar no fim da carreira, Verdi retirou-se para Sant'Agata, sua propriedade agrícola, aos 58 anos de idade com sua segunda esposa, a famosa soprano Giuseppina Strepponi. Nos anos seguintes Verdi escreveu sua famosa Missa Requiem e um quarteto de cordas. Bem mais tarde, em 1887, aos 74 anos de idade, Verdi surpreendeu o mundo da ópera com Otello. Baseada na obra de Shakespeare, foi considerada por muitos especialistas como a maior realização da ópera italiana. Seis anos mais tarde, já com 80 anos, produziu outra obra de arte, novamente de Shakespeare, Falstaff, baseada nas Merry Wives de Windsor.
No inverno de 1901, sua esposa Giuseppina e muitos de seus amigos já haviam morrido e Verdi sofreu um derrame na suíte de seu hotel em Milão. Morreu aos 88 anos e, após um funeral simples como havia desejado, teve um funeral público de pompa e estilo normalmente reservados aos chefes de estado.
LA TRAVIATA
PERSONAGENS
La Traviata - aquela de se desencaminhou; em referência ao estilo de vida de Violetta.Violetta Valéry - (soprano) Uma cortesã sofrendo de tuberculose.Flora - (meio-soprano) amiga de Violetta.Marquês d'Obigny - (baixo)BarãoDouphol - (barítono) Um dos admiradores de Violetta.Dr. Grenvil - (baixo) O médico de Violetta.Gastone - (tenor) O Visconde de Letorières.Alfredo Germont - (tenor) O amante de Violetta.Annina - (soprano) A criada de Violetta.Giuseppe - (tenor) O criado de Violetta.Giorgio Germont - (barítono) Pai de Alfredo.Um Mensageiro - (baixo)
Informações sobre a ópera La Traviata
Ópera de Giuseppe Verdi em três atos. Texto em italiano de Francesco Maria Piave, baseado na novela La Dame aux Camélias (A Dama das Camélias) de Alexandre Dumas filho
As duas lendas mais comuns sobre La Traviata são: ela foi um fracasso na sua estréia e foi muito mal recebida, devido aos cenários e figurinos contemporâneos (1853). A primeira destas lendas surgiu no dia seguinte à estréia e a segunda foi criada em 1870. No entanto, é possível destruir ambos as lendas apontando-as como erros, usando-se as fontes de dados venezianas e milanesas que têm sempre estado disponíveis.
La Traviata foi concebida em 1852, o ano em que a peça de Dumas, A dama das Camélias foi encenada em Vaudeville em Paris. Em julho daquele ano, Verdi ainda não havia escolhido o tema e o libreto para a nova ópera que ele devia escrever para o Teatro La Fenice de Veneza. Em uma carta endereçada a Marzari, presidente do teatro, Verdi escreveu: "Se houvesse uma prima-dona de primeira classe em Veneza, eu logo teria pronto um tema incendiário, um tema que não seria um fracasso; mas as coisas como são, devemos procurar por algo mais adequado e adaptável à situação."
Este assunto incendiário -"simples e cheio de amor", como Verdi o descreveu em outra ocasião- era a história da heroína de Alexandre Dumas, Marguerite Gautier. Verdi compôs a ópera para o libreto de Francesco Maria Piave em Busseto e em Roma durante o outono e o inverno de 1852 e 1853. Enquanto estava trabalhando na partitura, recebeu más notícias de Paris sobre Fanny Salvini-Donatelli, a soprano escalada para a apresentação.
O compositor partiu para Veneza preparado para o pior. Os ensaios começaram na última semana de fevereiro daquele ano, imediatamente após sua chegada à cidade. Hospedado no Hotel Europa no Grande Canale, Verdi preocupava-se com os cantores: eles não haviam compreendido bem a música e a peça, haviam ignorado suas instruções e tinham demonstrado pouco interesse no trabalho. A primeira apresentação realizou-se em 6 de março de 1853. Nos dia 7 e 9 de março, Verdi escreveu o seguinte:
Para seu pupilo e secretário Emanuele Muzio: "La Traviata, apresentada ontem à noite, foi um fiasco. É minha responsabilidade ou dos cantores? O tempo dirá." Para Ricordi, seu editor: "Sinto muito em lhe dar notícias tristes, mas não posso esconder a verdade. La Traviata foi um fiasco. Vamos olhar para as causas Esta é a história toda. Addio, addio." Para Lucardi, o escultor em Roma: "Foi um fiasco! Um grande fiasco! Não sei de quem foi a culpa: é melhor não falar sobre isso. Não direi nada sobre a música e permita-me não dizer nada sobre os cantores. Dê esta notícia a Jacovacci [empresário do Teatro Apollo em Roma] e diga que esta é minha resposta a sua última carta, onde ele me perguntava sobre o elenco."
Durante mais de um século, os relatos de Verdi foram aceitos em seu valor nominal. Mas eis aqui os fatos:
Imediatamente após o prelúdio do primeiro ato, o público começou a gritar por Verdi, que teve que subir ao palco mesmo antes das cortinas se abrirem. Foi chamado novamente após os brindisi, depois do dueto de Alfredo e Violetta e "não sei quantas outras vezes mais, sozinho e com a prima-dona ao final do primeiro ato." Assim escreveu Tommaso Locatelli, um famoso crítico de Veneza, crítico do jornal La Gazzetta Uffiziale di Venezia. Sobre Salvini, com quem Verdi estivera apreensivo, "ela impressionou o público, que a inundou com aplausos."
A crítica continua: "A música era magnificamente tocada pela orquestra, tão magnífica que o delicioso prelúdio do terceiro ato conseguiu e mereceu uma série animada de aclamações aos gritos... O público estava encantado pelas mais bonitas e vivas melodias escutadas há um bom tempo... Alguém que não vê a beleza de 'Um di, quando le veneri', alguém que não se sinta tocado por aqueles 'Piangi', que não são tocados ou cantados mas que são sim falados pela orquestra, alguém que não sinta seu coração tremer com o suspiro musical de 'Pietà, gran Dio, di me', alguém que não se sinta tocado por aqueles momentos, não tem o direito de falar sobre música."
No lado da cobrança, o crítico diz que "três coisas são necessárias para a arte da música: voz, voz e voz. E verdadeiramente, Verdi criou algo bonito, mesmo se não tem um artista que compreenda e que possa desempenhar o que ele cria. Na noite passada Verdi teve o azar de não ter tido as três coisas acima mencionadas, e todas as peças que não foram cantadas por Mme. Salvini-Donatelli foram perdidas, por assim dizer." Certas peças para o tenor e o barítono ficaram abaixo da média: Di Provenza il mar foi cantada em sua forma inteira original e ficou assim longa demais. O tenor estava com uma voz inadequada para a difícil ária que deveria interpretar no início do segundo ato. Mas além destes momentos, que provocaram uma certa frieza no público, a apresentação foi razoavelmente bem. Nenhum assobio, nenhuma vaia, nenhum berro. Ao contrário, La Traviata foi repetida por 10 vezes durante sua primeira temporada no Teatro La Fenice, somente 4 apresentações a menos que Rigoletto havia tido em 1851.
A provável explicação para esta discrepância é que Verdi registrou sua própria reação àquela noite: ele a viu como um fiasco, mesmo se o público não a considerou assim. Se assumirmos que ele estava tentando criar algo novo com La Traviata, dando forma a uma história pessoal, comovente, transformando-a em uma peça musical coerente e estreita, então a apresentação deixou muito a desejar em relação ao que ele pretendia, tendo assim, com certeza, parecido um fracasso para ele. Também poderia ter sido um sucesso com o público. Entretanto, um compositor pode ter visto algo menos que uma apresentação completa e realizada, como um fiasco, e pode ter se perguntado se a ausência do efeito que ele havia planejado era sua culpa ou a dos cantores.
Uma questão menos duvidosa, entretanto, é a dos cenários e figurinos feitos para La Traviata. Durante gerações, os musicólogos e os críticos têm repetido uma afirmação, de que o fracasso foi devido aos figurinos modernos, que o público não conseguia tolerar. Nada poderia estar mais longe da verdade do que esta afirmação. La Traviata foi apresentada em Veneza, em sua estréia mundial, com cenários Luis XIV, como os jornais e os programas do dia mostram claramente. Além disso, a ópera foi apresentada no Teatro Gallo no ano seguinte com o mesmo cenário e os mesmos figurinos que haviam sido usados na estréia, um trabalho do cenógrafo veneziano Bertoja. Quando La Traviata chegou a Milão, em 10 de setembro de 1856, foi encenada no Teatro Canobbiana, novamente com sua decoração Luis XIV. Os homens do elenco usavam longas perucas cacheadas e sedas vermelho e azul, brocados dourados colarinhos em laço branco, meias de seda brancas, calções balão à altura do joelho e sapatos com fivelas e franjas. Violetta e Annina usaram vestidos um pouco mais modernos no século 18, apesar do vestido de baile do primeiro ato, usado por Violetta, sugerisse uma época anterior.
Como então, as pessoas chegaram a acreditar que a ópera havia sido encenada com figurinos contemporâneos? Esta é uma pergunta fácil de ser respondida: o historiador francês, Arthur Pougin, um dos primeiros biógrafos de Verdi, cometeu o erro original. "Com figurinos modernos," escreveu Pougin, "tão frios, tão tristes e tão monótonos." Outros escritores preguiçosos ou ocupados demais, ou mesmo confiantes demais na infalibilidade de Pougin, repetiram a mesma frase. Assim, a verdade se perdeu.
A Violetta real: Alexandre Dumas filho e Marie Duplessis
A vida de Marie Duplessis foi breve e, nos anos finais, foi brilhante. Ela tinha somente 23 anos quando morreu de tuberculose em 3 de fevereiro de 1847, bem perto do alto da sua fama e beleza. A impressão de Viénot de alguma forma explica o extraordinário feitiço que Marie exerceu sobre uma parte da sociedade parisiense. Alexandre Dumas filho, que transformou Marie Duplessis em Marguerite Gautier em La Dame aux Camélias, resumiu sua aparência àquela época em uma única frase: "On voyait qu'elle était encore à la virginité du vice." ("Via-se que ela estava ainda na virgindade do vício").
Um lado da personalidade de Marie negado por Dumas era a extrema humildade da sua origem. Seu pai, Marin Plessis, era um alcoólatra incapaz de prover o sustento de sua família (Marie, como tantas outras de suas compatriotas adicionou a aristocrática partícula "du" ao seu sobrenome quando considerou que sua classe social não podia prescindir dela). Marin não tinha uma situação e condição de criar nenhuma de suas duas filhas, Delphine e Rose-Alphonsine (o nome de batismo de Marie). A vida era difícil o suficiente para levar Marie da Normandia até Paris antes dos quinze anos.
Embora Marie houvesse começado sua vida parisiense em extrema pobreza, sua ascensão na escala social foi fascinante. Os amantes se seguiam em rápida sucessão, apoiando-a financeiramente. No entanto, somente com a chegada de Agénor, filho do Duque de Guiche, Marie atingiu a orla da sociedade.
Embora Alexandre Dumas Filho usasse seu próprio caso amoroso com Marie como a base de La Dame aux Camélias, ele provavelmente tomou emprestado o momento decisivo do romance, da ligação entre Agénor e Marie: a intervenção do Duque de Guiche. Agénor expôs sua amante em público e é bastante certo que o Duque de Guiche fez um apelo pessoal a Marie para deixar seu filho pelo motivo que Dumas colocou nos lábios do pai de Armand Duval: o casamento de sua filha não podia ser colocado em risco pela vida escandalosa que seu filho estava levando. "J'ai une fille…jeune, belle, pure comme un ange…Elle épouse l'homme qu'elle aime, elle entre dans une famille honorable qui veut que tout soit honorable dans la mienne" ("Tenho uma filha... jovem, bela, pura como um anjo... Ela vai se casar com o homem que ama, entrando assim em uma família honorável que deseja que tudo seja honorável também na minha família.") As palavras foram mantidas exatamente iguais mais tarde pelo libretista de Verdi, Piave, no segundo ato de La Traviata- "Pura siccome um angelo".
Para se ter realmente um lugar na sociedade educada, somente as qualidades físicas não eram suficientes. É bastante claro que Marie tinha tanto uma esperteza natural como bom gosto. A lista de livros vendidos após a sua morte oferecem sugestões sobre sua habilidade intelectual e interesses. Ela se interessava naturalmente pelos autores populares da época, mas também pelos poemas de Lamartine, Hugo, Goethe e de Musset (este último estava entre seus admiradores). Segundo Théophile Gautier, Marie tocava piano razoavelmente bem, conseguindo ter uma variação de temas de Robert le Diable e Les Huguenots e Dumas comentou sobre ela tocando Invitation to the Waltz de Weber. A cultura que adquiriu não é tão extraordinária como a velocidade com a qual a conquistou. Marie deve ter chegado a Paris totalmente analfabeta e, após quatro ou cinco anos, ela havia conseguido uma boa educação de salão.
O primeiro encontro de Dumas com Marie foi quase a exata duplicata do encontro que Armand planejou com Marguerite. Uma noite no Palais Royal ele a viu e trocaram olhares. Dejazet, o amigo que o acompanhava ao teatro, conhecia um amigo de Marie e as apresentações foram feitas. Piave usou a cena do baile do Ato I para realizar o mesmo encontro, e fiel a Dumas e à Dama, ele diz que já havia uma admiração distante: "Un dì felice…Mi balenaste innante, /E da quel dì tremante/ Vissi d'ignoto amor".
A fragilidade da afeição entre Marie e Dumas era difícil de estimar, mas se assumirmos que Armand Duval de La Dame aux Camélias é um auto-retrato razoavelmente preciso, então os laços durante um ou dois meses foram realmente intensos. Esta hipótese é razoável, pois nesta ocasião Dumas não se dá muito ao trabalho de ocultar-se. Ele, como Armand Duval, o amante de Marguerite, tem as mesmas iniciais, as quais têm um duplo significado já que o nome carinhoso com o qual Marie tratava Dumas era "Adet" ou "A.D." (pronunciado em francês, a, de).
O maior favor de Dumas para Marie foi o de removê-la durante os meses de verão de 1845 de sua efervescente vida de Paris, levando-a para St. Germain en Laye. Esta viagem produziu algumas das páginas mais comoventes do romance e do Ato II da La Traviata: a ária de Alfredo "De' miei bollenti spiriti" e o recitativo precedente devem ser uma reflexão correta dos sentimentos de Dumas à época.
Como no romance e na ópera, o dinheiro foi uma das razões do fim do relacionamento. A infidelidade foi outra razão: Marie voltava a Paris com freqüência e encontrava, entre outros, Edoard de Perrégaux, com quem mais tarde ela deveria se casar por pouco tempo. Dumas, em uma famosa carta entregue mais tarde a Sarah Bernhardt, como gratidão por sua atuação como Marguerite, desfez-se em lágrimas:
"Minha querida Marie, -Não sou rico o suficiente para amá-la como você gostaria, mas nem pobre o suficiente para ser amado por você como você gostaria. Vamos ambos esquecer tudo- você, esquecendo um nome que lhe deve ser quase indiferente, eu, esquecendo uma felicidade que tornou-se impossível para mim. É inútil dizer o quanto estou triste já que você já sabe o quanto a amo. Adeus, então. Você possui muito sentimento para não compreender o motivo de minha carta e inteligência demais para não me perdoar. Milhares de memórias, A.D."
Marie voltou a Paris e, como Violetta no Ato III, retomou o contato com seus amigos e amantes. Liszt estava entre estes últimos e logo substituiu "Adet" na vida dela. Marie deixou Liszt para casar-se com o Conde de Perrégaux.
Após seu casamento, a saúde de Marie deteriorou-se rapidamente. Ela voltou a Paris e passou o inverno em seu quarto, cada vez mais deprimida. Gautier escreveu que em suas horas finais ela retomou um sentimento intenso, repentino, uma última explosão de sensações, a contrapartida do grito de Violetta "Ah gran Dio!…morir sì giovine". Finalmente Marie morreu em 3 de fevereiro de 1847, assistida, entre outros por sua criada Clothilde e seu marido Perrégaux. Dumas estava fora da França quando da morte de Marie e só soube do acontecido quando voltou para Marselha em 10 de fevereiro.
Dumas voltou para St. Germain en Laye e lá escreveu seu romance. Mais tarde ele adaptou o romance em peça teatral e foi neste formato que Verdi foi apresentado ao assunto que ele desenvolveria em La Traviata.
La Traviata, Verdi e Strepponi
Durante os anos em que Verdi estava trabalhando em La Traviata, ele enfrentou uma situação pessoal que espelhava seu projeto: seu relacionamento com Giuseppina Strepponi, uma antiga prima-dona. Antes que eles se casassem, os aldeões do pequeno vilarejo italiano onde viviam, viam a coabitação dos dois como imoral e vergonhosa. A vida comum deles (que durou mais de cinqüenta anos) influenciou uma das mais trágicas óperas de todos os tempos.
Verdi e Strepponi conheceram-se em 1839, quando Giuseppina era o esplendor de Milão e Verdi era virtualmente um jovem compositor desconhecido. A amizade deles amadureceu quando a soprano, usando sua influência com o empresário do Teatro La Scala, tornou possível a apresentação de Oberto, a primeira ópera de Verdi. Naquele tempo, Verdi tinha um casamento feliz com Margherita Barezzi, com quem havia tido dois filhos. A morte abateu-se sobre a pequena família e, quando Verdi retornou a Milão após ter visto primeiro sua filha, depois seu filho e finalmente sua amada esposa morrerem, ele acolheu de bom grado o conforto espiritual oferecido por Strepponi, uma mulher de rara sensibilidade e capaz de emoções profundas.
Sua voz em decadência fez com que Strepponi se retirasse do palco da ópera, mudando-se então para Paris. Verdi permaneceu em Milão até junho de 1847, quando, a caminho de Londres para a estréia de I masnadieri, passou por Paris. Se Verdi e Strepponi começaram sua intimidade em Paris, ou se continuaram o relacionamento que poderia ter começado em Parma já em 1843, ninguém sabe. A vida em comum dos dois, começou, como a de Alfredo e Violetta, em um apartamento parisiense no verão de 1847.
Com sua "Peppina", Verdi encontrou a felicidade que quase havia esquecido. Sua companheira era encantadora, inteligente, sensível, culta, uma lingüista esplêndida e la parisienne parfaite (a parisiense perfeita), como a chamou um famoso editor de Paris. O casal freqüentava os salões mais importantes onde a popular soprano, capaz de cantar de forma soberba para pequenos grupos mesmo que não fosse capaz de cantar em teatros, interpretava a música de Verdi e tornou o compositor ainda mais famoso em Paris do que já era. Entretanto, o casal logo decidiu evitar a vida pública, preferindo a privacidade da vida do campo. Deixaram a cidade, mais uma vez como Violetta e Alfredo, e foram viver em uma pequena vila em Passy, no país onde eles poderiam ficar sossegados e juntos.
O casal permaneceu em Passy, enamorados um pelo outro e pela vida do campo, até que as notícias das revoluções perturbaram o patriótico Verdi, e ele resolveu voltar para a Itália. Verdi e Strepponi prepararam sua casa em Sant'Agata, onde o compositor comprou uma propriedade, e voltaram à sua terra natal no início de agosto de 1849.
O idílio parisiense terminou, mas não a Traviata da vida privada de Verdi. Como os amantes do romance de Dumas, Verdi e Strepponi enfrentaram padrões morais inflexíveis. Em Busseto os provincianos italianos de mentalidade estreita mantiveram-se afastados da "Violetta" de Verdi, deixando-a sozinha no banco da igreja e evitando-a explicitamente nas ruas. Os fuxiqueiros perceberam, com presumida satisfação, que a saúde de Giuseppina era fraca, um castigo para ela, sem dúvida.
Verdi foi repentinamente atacado por todos os lados, por um grupo de "Velhos Germonts", formado tanto por homens como por mulheres. Verdi não dava atenção a toda a calúnia, muita dela em críticas faladas. Assustadoramente indiferente a todos durante toda sua vida, o distante compositor nem se preocupava nem cuidava da opinião pública, pelo menos não aos olhos dos estreitos camponeses.
Verdi escutava somente os protestos de um homem: seu benfeitor e amigo Antonio Barezzi. Pai da primeira esposa de Verdi, Barezzi era um pai para Verdi também e, quando ele protestou sobre a exposição da amante do compositor (como pensavam os camponeses, embora Verdi e Strepponi vivessem vidas separadas), o idoso Barezzi recebeu de Verdi uma das mais longas cartas escritas pelo compositor. É também uma das mais importantes, pois revela muito da própria mentalidade de Verdi e poderia ter sido escrita por Alfredo Germont para seu pai. Datada de janeiro de 1852, e enviada de Paris, a carta foi impressa pela primeira vez no Copialettere di G. Verdi.
Verdi escreveu: "Você vive em um lugar onde se tem o diabólico hábito de se imiscuir freqüentemente nos assuntos dos outros e de desaprovar tudo que não seja conforme as idéias deles; eu, normalmente, não intervenho, se não for consultado, nos assuntos dos outros, precisamente porque insisto que não interfiram nos meus …”
"Não é nenhuma dificuldade levantar a cortina que revelará os mistérios fechados entre quatro paredes e contar-lhe minha vida no lar. Não tenho nada a esconder. Em minha casa vive uma mulher livre, independente, como eu uma amante da vida solitária, que tem a sorte que a defende de qualquer necessidade. Nem eu nem ela damos um a outro conta das nossas ações, mas, por outro lado, quem sabe quais relações existem entre nós? Que assuntos? Que direitos eu tenho sobre ela e ela sobre mim? Quem sabe se ela é ou não minha esposa? ... Quem sabe se é bom ou mau? E se for mau, quem tem o direito de maldizer?"
"Quem sabe se ela é ou não minha esposa? ", pergunta Verdi. O fato é que, em 1852 e durante alguns anos, Strepponi não era a esposa de Verdi. Diversas razões já foram levantadas para a prolongada e desnecessária vida como amantes e esposos.
Nenhum "Germont pai" ficou entre eles. Nem eram casados. O que os mantinha separados então? O remorso de Giuseppina parece ter sido o principal obstáculo entre eles. Não seria muito difícil acreditar que ela tivesse um "complexo de Violetta", se tal coisa existisse. De uma natureza penitente e humilde, Strepponi era também uma amante da La Dame aux Camélias de Dumas, que ela havia lido quando da sua publicação em 1848. Ela havia ssistido, juntamente com Verdi, o drama em sua primeira apresentação em Paris, em fevereiro de 1852, no Teatro de Vaudeville.
"Oh, meu Verdi," escreveu Giuseppina em uma grande carta comovente, "Eu não o mereço, e o amor que você tem por mim é um presente, um bálsamo para um coração que muitas vezes está triste sob a aparência de felicidade. Continue a me amar mesmo após a morte, quando eu me apresentar perante a justiça divina, enriquecida pelo seu amor e pelas suas preces, Oh meu Redentor!" Mesmo um ouvido não orientado pode escutar nas palavras de Strepponi "Continua ad amarmi, amami, anche dopo morta" o eco de interpretação do coração não de Marguerite Gautier, mas de Violetta Valéry.
Violetta não é Marguerite Gautier, que reteve, mesmo em seu arrependimento, um rancor contra "o mundo inflexível". Violetta é Giuseppina Strepponi, humilde, pesarosa, adorando seu redentor. Musicalmente e verbalmente, Violetta é mais fina, mais inteligente, mais sensível que a cortesã delicada de Dumas. O drama de Violetta é o dos amantes, não de uma jovem galanteadora que procura uma ascensão como uma amante profissional. O mundo de La Traviata é a Paris de Giuseppina de 1847, não o de Marguerite. O salão é um salão de amigos, Flora é uma companheira e não uma alcoviteira.
Strepponi teve uma participação na preparação de La Traviata. Sem dúvida, ela é responsável pela sua afinidade com Violetta. Uma carta de 3 de janeiro de 1853, indica que Giuseppina tomou parte da composição da ópera, glorificada aqui, hesitante ali, e, como declara um crítico, "evocando o espírito que melhor respondia ao espírito de seu coração ."
O libretista Piave também conhecia a situação de Verdi e Strepponi muito bem. Ele abriu mão do cinismo pelo sentimento genuíno quando escreveu La Traviata e, quando escreveu a fala torturante de Germont "Il passato, perchè perchè v'accusa?", Piavi pode muito bem ter pensado no sentimento de remorso de Strepponi, cujo passado realmente a acusava, um passado que incluía duas crianças ilegítimas.
Aquela Giuseppina sentiu uma afinidade especial com Marie que nós conhecemos através de suas cartas, falando do seu amor pelo romance. Em seu temor da tuberculose, da morte, da mão punitiva de Deus, ela está perto do personagem de Marie-Marguerite-Violetta. Uma de suas cartas datada de 2 de março de 1853, está assinada como "Il tuo povero Livello", uma frase carregada de um significado impressionante. Livello é um substantivo em italiano, é uma peça de propriedade mantida em aluguel, e parece ter sido usada para referir-se a uma mulher ou cortesã sob a proteção de um amante, cujo "Livello" ela gostaria realmente de ser.
Na Saboia italiana em 29 de abril de 1859, Verdi e Strepponi foram casados pelo Abade Mermillod, terminando assim o pesadelo de sua Traviata pessoal.
SINOPSI
Ato I: Um salão na casa parisiense de Violetta. Após um prelúdio sugerindo um estado de espírito de tragédia iminente, a cena revela uma festa alegre e sofisticada. Violetta cumprimenta os convidados retardatários, inclusive Flora e seu acompanhante, o Marquês d'Obigny. Um outro amigo, Gaston, a apresenta a um recém-chegado, Alfredo Germont. Gaston diz a Violetta que Alfredo só faz pensar nela e, recentemente, enquanto ela estava enferma, procurava notícias sobre o estado dela todos os dias. Tocada por tal preocupação, Violetta observa a seu protetor da época, o Barão Douphol que isso era mais do que ele havia feito.
Violetta junta-se a Gaston para persuadir o relutante Alfredo a entreter o grupo com uma canção, e, afortunadamente, ele é um tenor lírico e brinda a todos com o 'Brindisi' (Libiamo ne'lieti calici), um elogio ao vinho e ao prazer, acompanhado por Violetta e todo o grupo.
Escuta-se música de uma sala adjacente e Violetta propõe a todos para lá se dirigirem, a fim de dançar. Ela sofre um desmaio ao sair e permanece na sala para recuperar-se. Alfredo também fica para trás e percebe os espasmos de tosse de Violetta, avisando-a que seu estilo de vida atual pode lhe ser fatal. Alfredo declara seu amor e descreve seus sentimentos desde que ele a viu pela primeira vez, um ano antes, mas Violetta responde que ela é incapaz de amar. Violetta lhe dá uma flor e lhe diz para voltar quando a flor murchar. Alfredo toma isso como um significado para o dia seguinte e parte alegremente. Os convidados terminam de dançar e também partem.
Ao se ver sozinha, Violetta pensa no que disse Alfredo. Ela revela o seu interior que deseja amar e ser amada, mas retoma seu espírito despreocupado (Sempre libra). A voz de Alfredo, à distância, causa-lhe novamente uma hesitação momentânea, mas ela rapidamente põe tais pensamentos de lado.
Ato II, Cena 1: Uma casa de campo perto de Paris. Alfredo passa três meses de idílio com Violetta e pensa no grande amor deles. De uma conversa com a criada Annina, Alfredo fica sabendo que o preço da felicidade deles é a venda das propriedades de Violetta. Ele decide ganhar dinheiro, recuperar sua honra (Cabaletta: O mio rimorso) e parte para Paris.
Violetta entra e uma mensagem lhe é entregue. Diz à criada para deixar entrar um cavalheiro que é esperado para tratar de negócios, lê a mensagem, um convite para uma festa em casa de Flora naquela noite e a joga fora. Um visitante é anunciado -não o homem esperado, mas o pai de Alfredo.
O velho Germont acusa Violetta de arruinar seu filho e é surpreendido quando ela prova que é o seu dinheiro que os está sustentando. Embora impressionado pela dignidade e beleza de Violetta, Germont pede que ela deixe Alfredo para não colocar em risco o casamento próximo de sua filha, a irmã de Alfredo. Ele reforça suas alegações com censuras morais e Violetta finalmente concorda em fazer o sacrifício. Em prantos ela pede que Germont a abrace como uma filha também e que um dia explique tudo a Alfredo.
Sozinha, Violetta rabisca uma mensagem, presumidamente para o Barão Douphol, e pede que Annina a entregue. Ela começa uma outra mensagem para Alfredo, mas é interrompida pelo retorno do amante. Ele está intrigado, mas mais preocupado com a notícia de que seu pai pretende visitá-los. Pede que Violetta conheça seu pai, que certamente a aceitará ao conhecê-la. Violetta, já em desespero, procura refúgio no amor de Alfredo (Amami, Alfredo…) antes de sair correndo.
Alguns momentos depois, um criado traz uma carta de despedida. O velho Germont volta e tenta confortar o desespero do filho implorando-lhe para retornar ao lar na Provença, mas o confuso Alfredo, ao encontrar o convite de Flora, começa a pensar em vingança contra Violetta.
Ato II, Cena 2: O salão de Flora em Paris. Os convidados começam a se entreter com mexericos e jogos na festa de Flora. Ela e o Dr. Grenvil ficam surpresos ao escutar do marquês d'Obigny que Violetta e Alfredo se separaram e que o Barão Douphol está acompanhando Violetta à festa. Os convidados divertem-se com um grupo de mulheres fantasiadas de ciganas que fingem ler a sorte e em seguida, com Gaston e alguns amigos vestidos como toureiros.
Alfredo chega e junta-se a uma mesa de jogos, seguido de perto por Violetta com o Barão. Alfredo vence vários jogos e seus comentários em voz alta sobre sua sorte nas cartas e o azar no amor provocam o Barão que o desafia para um jogo. O Barão perde e propõe a revanche para mais tarde. Ambos seguem os outros convidados em direção à ceia.
Violetta entra novamente, muito agitada, por ter enviado uma mensagem para que Alfredo a encontre. Quando ele chega, ela lhe implora para partir antes que aconteça uma briga com o Barão. Alfredo concorda com a condição que ela o siga, mas Violetta, lembrando-se de sua promessa ao velho Germont, responde que não pode segui-lo. Ela deixa que Alfredo pense que ela agora prefere o Barão. Alfredo atende os chamados dos outros convidados e, lançando o dinheiro de vitória no jogo na face de Violetta, pede aos convidados que testemunhem que ele já pagou a ela pelo período que passaram juntos.
Violetta desmaia com este insulto, os convidados censuram Alfredo e seu pai (que havia entrado sem ser notado) repreende seu filho por seu comportamento. Em um finale preparado, todos expressam suas reações: Violetta expressa seu desespero, Alfredo seu remorso, Germont sua piedade pois percebe que o amor de Violetta é verdadeiro, o Barão suas intenções de vingar o insulto sofrido e os outros convidados expressam sua preocupação com Violetta.
Ato III: O quarto de Violetta. Um prelúdio pungente indica que Violetta está morrendo de tuberculose. Ela está acamada, sendo atendida pela fiel Annina e sendo cuidada pelo Dr. Grenvil. O médico tenta animá-la mas admite à criada ao sair, que Violetta tem apenas algumas horas de vida. Escutando de Annina que é Carnaval, a enferma envia-a para dar aos pobres a metade de todo o dinheiro que lhe resta. Ao se ver sozinha, lê a carta que recebeu de Germont explicando que Alfredo agora já sabe de seu sacrifício e que ele está vindo para pedir-lhe seu perdão. Com tristeza Violetta suspira por ser tarde demais, despede-se dos sonhos do passado e implora o perdão dos Céus.
Escuta-se os sons do Carnaval do lado de fora, e Annina corre para preparar sua senhora para uma visita. É Alfredo, que implora seu perdão. Esquecendo-se de sua condição grave, os dois planejam uma nova vida juntos longe de Paris, mas Violetta já está exausta demais até para vestir-se. Alfredo envia Annina para procurar o médico, mas Violetta percebe que nada pode ajudá-la agora. Em uma explosão, ela protesta contra seu destino de morrer tão jovem, e Alfredo junta-se a ela em seu pranto.
Annina volta com o Dr. Grenvil e Germont, que dá a Violetta sua benção. Violetta pede que Alfredo leve um medalhão contendo uma miniatura dela: se ele um dia se casar o medalhão será para sua esposa, de alguém que estará no paraíso, rezando por ambos. Os outros mostram sua grande pena e Violetta repentinamente sente que sua dor cessou. Ela tenta voltar à vida mais uma vez, mas cai, morta.
FONTE:
http://archive.operainfo.org/broadcast/operaSynopsis.cgi?id=5&language=4
Verdi nasceu entre 9 e 11 de outubro (os dados não são claros) de 1813. Apesar de não ser um camponês, sua origem era extremamente modesta -seus pais eram donos de uma taberna em Roncole. Aprendiz do organista da vila, Verdi mostrou aptidão suficiente para prosseguir os estudos na cidade vizinha de Busseto. Sua educação foi garantida por um benfeitor paternal, Antonio Barezzi, um quitandeiro.
Barezzi ajudou Verdi a ir para Milão, onde sua matrícula no conservatório foi recusada, com a alegação de que ele já tinha 19 anos e era considerado velho demais e sem proficiência suficiente no teclado. Apesar desta recusa, Verdi estudou em particular, com um acompanhador musical do La Scala de Milão e o mentor viu que Verdi assistia à ópera com regularidade. Em 1836 Verdi casou-se com a filha de Barezzi, Margherita. Três anos mais tarde, em 1839, sua primeira ópera, Oberto, foi encenada no Teatro La Scala.
Em seguida, Verdi foi atingido pela tragédia. No início de abril de 1840, o filho pequeno de Verdi ficou doente e morreu, sendo seguido pela sua filha mais jovem, dois dias mais tarde. Em junho do mesmo ano, sua esposa Margherita teve um ataque de encefalite aguda e morreu, após um período curto de enfermidade. Toda a vida de Verdi foi destruída e ele retornou para Busseto. Os choques sucessivos levaram Verdi a considerar a idéia de abandonar a música.
Somente dois anos mais tarde, quando Verdi descobriu o libreto Nabucco, um conto do cerco aos hebreus durante os tempos bíblicos, seu interesse pela ópera retornou. Nabucco foi um grande sucesso e o retrato de opressão nele reproduzido, foi visto como uma declaração política sobre a Itália. O nome de Verdi tornou-se sinônimo do movimento de liberação e unificação da Itália e ele assumiu o crescimento constante de seu público com bastante seriedade. O sucesso de Nabucco estimulou Verdi, que continuou a compor algumas das mais importantes óperas da história, entre elas La Traviata, Rigoletto e Aida.
Apesar de ainda não estar no fim da carreira, Verdi retirou-se para Sant'Agata, sua propriedade agrícola, aos 58 anos de idade com sua segunda esposa, a famosa soprano Giuseppina Strepponi. Nos anos seguintes Verdi escreveu sua famosa Missa Requiem e um quarteto de cordas. Bem mais tarde, em 1887, aos 74 anos de idade, Verdi surpreendeu o mundo da ópera com Otello. Baseada na obra de Shakespeare, foi considerada por muitos especialistas como a maior realização da ópera italiana. Seis anos mais tarde, já com 80 anos, produziu outra obra de arte, novamente de Shakespeare, Falstaff, baseada nas Merry Wives de Windsor.
No inverno de 1901, sua esposa Giuseppina e muitos de seus amigos já haviam morrido e Verdi sofreu um derrame na suíte de seu hotel em Milão. Morreu aos 88 anos e, após um funeral simples como havia desejado, teve um funeral público de pompa e estilo normalmente reservados aos chefes de estado.
LA TRAVIATA
PERSONAGENS
La Traviata - aquela de se desencaminhou; em referência ao estilo de vida de Violetta.Violetta Valéry - (soprano) Uma cortesã sofrendo de tuberculose.Flora - (meio-soprano) amiga de Violetta.Marquês d'Obigny - (baixo)BarãoDouphol - (barítono) Um dos admiradores de Violetta.Dr. Grenvil - (baixo) O médico de Violetta.Gastone - (tenor) O Visconde de Letorières.Alfredo Germont - (tenor) O amante de Violetta.Annina - (soprano) A criada de Violetta.Giuseppe - (tenor) O criado de Violetta.Giorgio Germont - (barítono) Pai de Alfredo.Um Mensageiro - (baixo)
Informações sobre a ópera La Traviata
Ópera de Giuseppe Verdi em três atos. Texto em italiano de Francesco Maria Piave, baseado na novela La Dame aux Camélias (A Dama das Camélias) de Alexandre Dumas filho
As duas lendas mais comuns sobre La Traviata são: ela foi um fracasso na sua estréia e foi muito mal recebida, devido aos cenários e figurinos contemporâneos (1853). A primeira destas lendas surgiu no dia seguinte à estréia e a segunda foi criada em 1870. No entanto, é possível destruir ambos as lendas apontando-as como erros, usando-se as fontes de dados venezianas e milanesas que têm sempre estado disponíveis.
La Traviata foi concebida em 1852, o ano em que a peça de Dumas, A dama das Camélias foi encenada em Vaudeville em Paris. Em julho daquele ano, Verdi ainda não havia escolhido o tema e o libreto para a nova ópera que ele devia escrever para o Teatro La Fenice de Veneza. Em uma carta endereçada a Marzari, presidente do teatro, Verdi escreveu: "Se houvesse uma prima-dona de primeira classe em Veneza, eu logo teria pronto um tema incendiário, um tema que não seria um fracasso; mas as coisas como são, devemos procurar por algo mais adequado e adaptável à situação."
Este assunto incendiário -"simples e cheio de amor", como Verdi o descreveu em outra ocasião- era a história da heroína de Alexandre Dumas, Marguerite Gautier. Verdi compôs a ópera para o libreto de Francesco Maria Piave em Busseto e em Roma durante o outono e o inverno de 1852 e 1853. Enquanto estava trabalhando na partitura, recebeu más notícias de Paris sobre Fanny Salvini-Donatelli, a soprano escalada para a apresentação.
O compositor partiu para Veneza preparado para o pior. Os ensaios começaram na última semana de fevereiro daquele ano, imediatamente após sua chegada à cidade. Hospedado no Hotel Europa no Grande Canale, Verdi preocupava-se com os cantores: eles não haviam compreendido bem a música e a peça, haviam ignorado suas instruções e tinham demonstrado pouco interesse no trabalho. A primeira apresentação realizou-se em 6 de março de 1853. Nos dia 7 e 9 de março, Verdi escreveu o seguinte:
Para seu pupilo e secretário Emanuele Muzio: "La Traviata, apresentada ontem à noite, foi um fiasco. É minha responsabilidade ou dos cantores? O tempo dirá." Para Ricordi, seu editor: "Sinto muito em lhe dar notícias tristes, mas não posso esconder a verdade. La Traviata foi um fiasco. Vamos olhar para as causas Esta é a história toda. Addio, addio." Para Lucardi, o escultor em Roma: "Foi um fiasco! Um grande fiasco! Não sei de quem foi a culpa: é melhor não falar sobre isso. Não direi nada sobre a música e permita-me não dizer nada sobre os cantores. Dê esta notícia a Jacovacci [empresário do Teatro Apollo em Roma] e diga que esta é minha resposta a sua última carta, onde ele me perguntava sobre o elenco."
Durante mais de um século, os relatos de Verdi foram aceitos em seu valor nominal. Mas eis aqui os fatos:
Imediatamente após o prelúdio do primeiro ato, o público começou a gritar por Verdi, que teve que subir ao palco mesmo antes das cortinas se abrirem. Foi chamado novamente após os brindisi, depois do dueto de Alfredo e Violetta e "não sei quantas outras vezes mais, sozinho e com a prima-dona ao final do primeiro ato." Assim escreveu Tommaso Locatelli, um famoso crítico de Veneza, crítico do jornal La Gazzetta Uffiziale di Venezia. Sobre Salvini, com quem Verdi estivera apreensivo, "ela impressionou o público, que a inundou com aplausos."
A crítica continua: "A música era magnificamente tocada pela orquestra, tão magnífica que o delicioso prelúdio do terceiro ato conseguiu e mereceu uma série animada de aclamações aos gritos... O público estava encantado pelas mais bonitas e vivas melodias escutadas há um bom tempo... Alguém que não vê a beleza de 'Um di, quando le veneri', alguém que não se sinta tocado por aqueles 'Piangi', que não são tocados ou cantados mas que são sim falados pela orquestra, alguém que não sinta seu coração tremer com o suspiro musical de 'Pietà, gran Dio, di me', alguém que não se sinta tocado por aqueles momentos, não tem o direito de falar sobre música."
No lado da cobrança, o crítico diz que "três coisas são necessárias para a arte da música: voz, voz e voz. E verdadeiramente, Verdi criou algo bonito, mesmo se não tem um artista que compreenda e que possa desempenhar o que ele cria. Na noite passada Verdi teve o azar de não ter tido as três coisas acima mencionadas, e todas as peças que não foram cantadas por Mme. Salvini-Donatelli foram perdidas, por assim dizer." Certas peças para o tenor e o barítono ficaram abaixo da média: Di Provenza il mar foi cantada em sua forma inteira original e ficou assim longa demais. O tenor estava com uma voz inadequada para a difícil ária que deveria interpretar no início do segundo ato. Mas além destes momentos, que provocaram uma certa frieza no público, a apresentação foi razoavelmente bem. Nenhum assobio, nenhuma vaia, nenhum berro. Ao contrário, La Traviata foi repetida por 10 vezes durante sua primeira temporada no Teatro La Fenice, somente 4 apresentações a menos que Rigoletto havia tido em 1851.
A provável explicação para esta discrepância é que Verdi registrou sua própria reação àquela noite: ele a viu como um fiasco, mesmo se o público não a considerou assim. Se assumirmos que ele estava tentando criar algo novo com La Traviata, dando forma a uma história pessoal, comovente, transformando-a em uma peça musical coerente e estreita, então a apresentação deixou muito a desejar em relação ao que ele pretendia, tendo assim, com certeza, parecido um fracasso para ele. Também poderia ter sido um sucesso com o público. Entretanto, um compositor pode ter visto algo menos que uma apresentação completa e realizada, como um fiasco, e pode ter se perguntado se a ausência do efeito que ele havia planejado era sua culpa ou a dos cantores.
Uma questão menos duvidosa, entretanto, é a dos cenários e figurinos feitos para La Traviata. Durante gerações, os musicólogos e os críticos têm repetido uma afirmação, de que o fracasso foi devido aos figurinos modernos, que o público não conseguia tolerar. Nada poderia estar mais longe da verdade do que esta afirmação. La Traviata foi apresentada em Veneza, em sua estréia mundial, com cenários Luis XIV, como os jornais e os programas do dia mostram claramente. Além disso, a ópera foi apresentada no Teatro Gallo no ano seguinte com o mesmo cenário e os mesmos figurinos que haviam sido usados na estréia, um trabalho do cenógrafo veneziano Bertoja. Quando La Traviata chegou a Milão, em 10 de setembro de 1856, foi encenada no Teatro Canobbiana, novamente com sua decoração Luis XIV. Os homens do elenco usavam longas perucas cacheadas e sedas vermelho e azul, brocados dourados colarinhos em laço branco, meias de seda brancas, calções balão à altura do joelho e sapatos com fivelas e franjas. Violetta e Annina usaram vestidos um pouco mais modernos no século 18, apesar do vestido de baile do primeiro ato, usado por Violetta, sugerisse uma época anterior.
Como então, as pessoas chegaram a acreditar que a ópera havia sido encenada com figurinos contemporâneos? Esta é uma pergunta fácil de ser respondida: o historiador francês, Arthur Pougin, um dos primeiros biógrafos de Verdi, cometeu o erro original. "Com figurinos modernos," escreveu Pougin, "tão frios, tão tristes e tão monótonos." Outros escritores preguiçosos ou ocupados demais, ou mesmo confiantes demais na infalibilidade de Pougin, repetiram a mesma frase. Assim, a verdade se perdeu.
A Violetta real: Alexandre Dumas filho e Marie Duplessis
A vida de Marie Duplessis foi breve e, nos anos finais, foi brilhante. Ela tinha somente 23 anos quando morreu de tuberculose em 3 de fevereiro de 1847, bem perto do alto da sua fama e beleza. A impressão de Viénot de alguma forma explica o extraordinário feitiço que Marie exerceu sobre uma parte da sociedade parisiense. Alexandre Dumas filho, que transformou Marie Duplessis em Marguerite Gautier em La Dame aux Camélias, resumiu sua aparência àquela época em uma única frase: "On voyait qu'elle était encore à la virginité du vice." ("Via-se que ela estava ainda na virgindade do vício").
Um lado da personalidade de Marie negado por Dumas era a extrema humildade da sua origem. Seu pai, Marin Plessis, era um alcoólatra incapaz de prover o sustento de sua família (Marie, como tantas outras de suas compatriotas adicionou a aristocrática partícula "du" ao seu sobrenome quando considerou que sua classe social não podia prescindir dela). Marin não tinha uma situação e condição de criar nenhuma de suas duas filhas, Delphine e Rose-Alphonsine (o nome de batismo de Marie). A vida era difícil o suficiente para levar Marie da Normandia até Paris antes dos quinze anos.
Embora Marie houvesse começado sua vida parisiense em extrema pobreza, sua ascensão na escala social foi fascinante. Os amantes se seguiam em rápida sucessão, apoiando-a financeiramente. No entanto, somente com a chegada de Agénor, filho do Duque de Guiche, Marie atingiu a orla da sociedade.
Embora Alexandre Dumas Filho usasse seu próprio caso amoroso com Marie como a base de La Dame aux Camélias, ele provavelmente tomou emprestado o momento decisivo do romance, da ligação entre Agénor e Marie: a intervenção do Duque de Guiche. Agénor expôs sua amante em público e é bastante certo que o Duque de Guiche fez um apelo pessoal a Marie para deixar seu filho pelo motivo que Dumas colocou nos lábios do pai de Armand Duval: o casamento de sua filha não podia ser colocado em risco pela vida escandalosa que seu filho estava levando. "J'ai une fille…jeune, belle, pure comme un ange…Elle épouse l'homme qu'elle aime, elle entre dans une famille honorable qui veut que tout soit honorable dans la mienne" ("Tenho uma filha... jovem, bela, pura como um anjo... Ela vai se casar com o homem que ama, entrando assim em uma família honorável que deseja que tudo seja honorável também na minha família.") As palavras foram mantidas exatamente iguais mais tarde pelo libretista de Verdi, Piave, no segundo ato de La Traviata- "Pura siccome um angelo".
Para se ter realmente um lugar na sociedade educada, somente as qualidades físicas não eram suficientes. É bastante claro que Marie tinha tanto uma esperteza natural como bom gosto. A lista de livros vendidos após a sua morte oferecem sugestões sobre sua habilidade intelectual e interesses. Ela se interessava naturalmente pelos autores populares da época, mas também pelos poemas de Lamartine, Hugo, Goethe e de Musset (este último estava entre seus admiradores). Segundo Théophile Gautier, Marie tocava piano razoavelmente bem, conseguindo ter uma variação de temas de Robert le Diable e Les Huguenots e Dumas comentou sobre ela tocando Invitation to the Waltz de Weber. A cultura que adquiriu não é tão extraordinária como a velocidade com a qual a conquistou. Marie deve ter chegado a Paris totalmente analfabeta e, após quatro ou cinco anos, ela havia conseguido uma boa educação de salão.
O primeiro encontro de Dumas com Marie foi quase a exata duplicata do encontro que Armand planejou com Marguerite. Uma noite no Palais Royal ele a viu e trocaram olhares. Dejazet, o amigo que o acompanhava ao teatro, conhecia um amigo de Marie e as apresentações foram feitas. Piave usou a cena do baile do Ato I para realizar o mesmo encontro, e fiel a Dumas e à Dama, ele diz que já havia uma admiração distante: "Un dì felice…Mi balenaste innante, /E da quel dì tremante/ Vissi d'ignoto amor".
A fragilidade da afeição entre Marie e Dumas era difícil de estimar, mas se assumirmos que Armand Duval de La Dame aux Camélias é um auto-retrato razoavelmente preciso, então os laços durante um ou dois meses foram realmente intensos. Esta hipótese é razoável, pois nesta ocasião Dumas não se dá muito ao trabalho de ocultar-se. Ele, como Armand Duval, o amante de Marguerite, tem as mesmas iniciais, as quais têm um duplo significado já que o nome carinhoso com o qual Marie tratava Dumas era "Adet" ou "A.D." (pronunciado em francês, a, de).
O maior favor de Dumas para Marie foi o de removê-la durante os meses de verão de 1845 de sua efervescente vida de Paris, levando-a para St. Germain en Laye. Esta viagem produziu algumas das páginas mais comoventes do romance e do Ato II da La Traviata: a ária de Alfredo "De' miei bollenti spiriti" e o recitativo precedente devem ser uma reflexão correta dos sentimentos de Dumas à época.
Como no romance e na ópera, o dinheiro foi uma das razões do fim do relacionamento. A infidelidade foi outra razão: Marie voltava a Paris com freqüência e encontrava, entre outros, Edoard de Perrégaux, com quem mais tarde ela deveria se casar por pouco tempo. Dumas, em uma famosa carta entregue mais tarde a Sarah Bernhardt, como gratidão por sua atuação como Marguerite, desfez-se em lágrimas:
"Minha querida Marie, -Não sou rico o suficiente para amá-la como você gostaria, mas nem pobre o suficiente para ser amado por você como você gostaria. Vamos ambos esquecer tudo- você, esquecendo um nome que lhe deve ser quase indiferente, eu, esquecendo uma felicidade que tornou-se impossível para mim. É inútil dizer o quanto estou triste já que você já sabe o quanto a amo. Adeus, então. Você possui muito sentimento para não compreender o motivo de minha carta e inteligência demais para não me perdoar. Milhares de memórias, A.D."
Marie voltou a Paris e, como Violetta no Ato III, retomou o contato com seus amigos e amantes. Liszt estava entre estes últimos e logo substituiu "Adet" na vida dela. Marie deixou Liszt para casar-se com o Conde de Perrégaux.
Após seu casamento, a saúde de Marie deteriorou-se rapidamente. Ela voltou a Paris e passou o inverno em seu quarto, cada vez mais deprimida. Gautier escreveu que em suas horas finais ela retomou um sentimento intenso, repentino, uma última explosão de sensações, a contrapartida do grito de Violetta "Ah gran Dio!…morir sì giovine". Finalmente Marie morreu em 3 de fevereiro de 1847, assistida, entre outros por sua criada Clothilde e seu marido Perrégaux. Dumas estava fora da França quando da morte de Marie e só soube do acontecido quando voltou para Marselha em 10 de fevereiro.
Dumas voltou para St. Germain en Laye e lá escreveu seu romance. Mais tarde ele adaptou o romance em peça teatral e foi neste formato que Verdi foi apresentado ao assunto que ele desenvolveria em La Traviata.
La Traviata, Verdi e Strepponi
Durante os anos em que Verdi estava trabalhando em La Traviata, ele enfrentou uma situação pessoal que espelhava seu projeto: seu relacionamento com Giuseppina Strepponi, uma antiga prima-dona. Antes que eles se casassem, os aldeões do pequeno vilarejo italiano onde viviam, viam a coabitação dos dois como imoral e vergonhosa. A vida comum deles (que durou mais de cinqüenta anos) influenciou uma das mais trágicas óperas de todos os tempos.
Verdi e Strepponi conheceram-se em 1839, quando Giuseppina era o esplendor de Milão e Verdi era virtualmente um jovem compositor desconhecido. A amizade deles amadureceu quando a soprano, usando sua influência com o empresário do Teatro La Scala, tornou possível a apresentação de Oberto, a primeira ópera de Verdi. Naquele tempo, Verdi tinha um casamento feliz com Margherita Barezzi, com quem havia tido dois filhos. A morte abateu-se sobre a pequena família e, quando Verdi retornou a Milão após ter visto primeiro sua filha, depois seu filho e finalmente sua amada esposa morrerem, ele acolheu de bom grado o conforto espiritual oferecido por Strepponi, uma mulher de rara sensibilidade e capaz de emoções profundas.
Sua voz em decadência fez com que Strepponi se retirasse do palco da ópera, mudando-se então para Paris. Verdi permaneceu em Milão até junho de 1847, quando, a caminho de Londres para a estréia de I masnadieri, passou por Paris. Se Verdi e Strepponi começaram sua intimidade em Paris, ou se continuaram o relacionamento que poderia ter começado em Parma já em 1843, ninguém sabe. A vida em comum dos dois, começou, como a de Alfredo e Violetta, em um apartamento parisiense no verão de 1847.
Com sua "Peppina", Verdi encontrou a felicidade que quase havia esquecido. Sua companheira era encantadora, inteligente, sensível, culta, uma lingüista esplêndida e la parisienne parfaite (a parisiense perfeita), como a chamou um famoso editor de Paris. O casal freqüentava os salões mais importantes onde a popular soprano, capaz de cantar de forma soberba para pequenos grupos mesmo que não fosse capaz de cantar em teatros, interpretava a música de Verdi e tornou o compositor ainda mais famoso em Paris do que já era. Entretanto, o casal logo decidiu evitar a vida pública, preferindo a privacidade da vida do campo. Deixaram a cidade, mais uma vez como Violetta e Alfredo, e foram viver em uma pequena vila em Passy, no país onde eles poderiam ficar sossegados e juntos.
O casal permaneceu em Passy, enamorados um pelo outro e pela vida do campo, até que as notícias das revoluções perturbaram o patriótico Verdi, e ele resolveu voltar para a Itália. Verdi e Strepponi prepararam sua casa em Sant'Agata, onde o compositor comprou uma propriedade, e voltaram à sua terra natal no início de agosto de 1849.
O idílio parisiense terminou, mas não a Traviata da vida privada de Verdi. Como os amantes do romance de Dumas, Verdi e Strepponi enfrentaram padrões morais inflexíveis. Em Busseto os provincianos italianos de mentalidade estreita mantiveram-se afastados da "Violetta" de Verdi, deixando-a sozinha no banco da igreja e evitando-a explicitamente nas ruas. Os fuxiqueiros perceberam, com presumida satisfação, que a saúde de Giuseppina era fraca, um castigo para ela, sem dúvida.
Verdi foi repentinamente atacado por todos os lados, por um grupo de "Velhos Germonts", formado tanto por homens como por mulheres. Verdi não dava atenção a toda a calúnia, muita dela em críticas faladas. Assustadoramente indiferente a todos durante toda sua vida, o distante compositor nem se preocupava nem cuidava da opinião pública, pelo menos não aos olhos dos estreitos camponeses.
Verdi escutava somente os protestos de um homem: seu benfeitor e amigo Antonio Barezzi. Pai da primeira esposa de Verdi, Barezzi era um pai para Verdi também e, quando ele protestou sobre a exposição da amante do compositor (como pensavam os camponeses, embora Verdi e Strepponi vivessem vidas separadas), o idoso Barezzi recebeu de Verdi uma das mais longas cartas escritas pelo compositor. É também uma das mais importantes, pois revela muito da própria mentalidade de Verdi e poderia ter sido escrita por Alfredo Germont para seu pai. Datada de janeiro de 1852, e enviada de Paris, a carta foi impressa pela primeira vez no Copialettere di G. Verdi.
Verdi escreveu: "Você vive em um lugar onde se tem o diabólico hábito de se imiscuir freqüentemente nos assuntos dos outros e de desaprovar tudo que não seja conforme as idéias deles; eu, normalmente, não intervenho, se não for consultado, nos assuntos dos outros, precisamente porque insisto que não interfiram nos meus …”
"Não é nenhuma dificuldade levantar a cortina que revelará os mistérios fechados entre quatro paredes e contar-lhe minha vida no lar. Não tenho nada a esconder. Em minha casa vive uma mulher livre, independente, como eu uma amante da vida solitária, que tem a sorte que a defende de qualquer necessidade. Nem eu nem ela damos um a outro conta das nossas ações, mas, por outro lado, quem sabe quais relações existem entre nós? Que assuntos? Que direitos eu tenho sobre ela e ela sobre mim? Quem sabe se ela é ou não minha esposa? ... Quem sabe se é bom ou mau? E se for mau, quem tem o direito de maldizer?"
"Quem sabe se ela é ou não minha esposa? ", pergunta Verdi. O fato é que, em 1852 e durante alguns anos, Strepponi não era a esposa de Verdi. Diversas razões já foram levantadas para a prolongada e desnecessária vida como amantes e esposos.
Nenhum "Germont pai" ficou entre eles. Nem eram casados. O que os mantinha separados então? O remorso de Giuseppina parece ter sido o principal obstáculo entre eles. Não seria muito difícil acreditar que ela tivesse um "complexo de Violetta", se tal coisa existisse. De uma natureza penitente e humilde, Strepponi era também uma amante da La Dame aux Camélias de Dumas, que ela havia lido quando da sua publicação em 1848. Ela havia ssistido, juntamente com Verdi, o drama em sua primeira apresentação em Paris, em fevereiro de 1852, no Teatro de Vaudeville.
"Oh, meu Verdi," escreveu Giuseppina em uma grande carta comovente, "Eu não o mereço, e o amor que você tem por mim é um presente, um bálsamo para um coração que muitas vezes está triste sob a aparência de felicidade. Continue a me amar mesmo após a morte, quando eu me apresentar perante a justiça divina, enriquecida pelo seu amor e pelas suas preces, Oh meu Redentor!" Mesmo um ouvido não orientado pode escutar nas palavras de Strepponi "Continua ad amarmi, amami, anche dopo morta" o eco de interpretação do coração não de Marguerite Gautier, mas de Violetta Valéry.
Violetta não é Marguerite Gautier, que reteve, mesmo em seu arrependimento, um rancor contra "o mundo inflexível". Violetta é Giuseppina Strepponi, humilde, pesarosa, adorando seu redentor. Musicalmente e verbalmente, Violetta é mais fina, mais inteligente, mais sensível que a cortesã delicada de Dumas. O drama de Violetta é o dos amantes, não de uma jovem galanteadora que procura uma ascensão como uma amante profissional. O mundo de La Traviata é a Paris de Giuseppina de 1847, não o de Marguerite. O salão é um salão de amigos, Flora é uma companheira e não uma alcoviteira.
Strepponi teve uma participação na preparação de La Traviata. Sem dúvida, ela é responsável pela sua afinidade com Violetta. Uma carta de 3 de janeiro de 1853, indica que Giuseppina tomou parte da composição da ópera, glorificada aqui, hesitante ali, e, como declara um crítico, "evocando o espírito que melhor respondia ao espírito de seu coração ."
O libretista Piave também conhecia a situação de Verdi e Strepponi muito bem. Ele abriu mão do cinismo pelo sentimento genuíno quando escreveu La Traviata e, quando escreveu a fala torturante de Germont "Il passato, perchè perchè v'accusa?", Piavi pode muito bem ter pensado no sentimento de remorso de Strepponi, cujo passado realmente a acusava, um passado que incluía duas crianças ilegítimas.
Aquela Giuseppina sentiu uma afinidade especial com Marie que nós conhecemos através de suas cartas, falando do seu amor pelo romance. Em seu temor da tuberculose, da morte, da mão punitiva de Deus, ela está perto do personagem de Marie-Marguerite-Violetta. Uma de suas cartas datada de 2 de março de 1853, está assinada como "Il tuo povero Livello", uma frase carregada de um significado impressionante. Livello é um substantivo em italiano, é uma peça de propriedade mantida em aluguel, e parece ter sido usada para referir-se a uma mulher ou cortesã sob a proteção de um amante, cujo "Livello" ela gostaria realmente de ser.
Na Saboia italiana em 29 de abril de 1859, Verdi e Strepponi foram casados pelo Abade Mermillod, terminando assim o pesadelo de sua Traviata pessoal.
SINOPSI
Ato I: Um salão na casa parisiense de Violetta. Após um prelúdio sugerindo um estado de espírito de tragédia iminente, a cena revela uma festa alegre e sofisticada. Violetta cumprimenta os convidados retardatários, inclusive Flora e seu acompanhante, o Marquês d'Obigny. Um outro amigo, Gaston, a apresenta a um recém-chegado, Alfredo Germont. Gaston diz a Violetta que Alfredo só faz pensar nela e, recentemente, enquanto ela estava enferma, procurava notícias sobre o estado dela todos os dias. Tocada por tal preocupação, Violetta observa a seu protetor da época, o Barão Douphol que isso era mais do que ele havia feito.
Violetta junta-se a Gaston para persuadir o relutante Alfredo a entreter o grupo com uma canção, e, afortunadamente, ele é um tenor lírico e brinda a todos com o 'Brindisi' (Libiamo ne'lieti calici), um elogio ao vinho e ao prazer, acompanhado por Violetta e todo o grupo.
Escuta-se música de uma sala adjacente e Violetta propõe a todos para lá se dirigirem, a fim de dançar. Ela sofre um desmaio ao sair e permanece na sala para recuperar-se. Alfredo também fica para trás e percebe os espasmos de tosse de Violetta, avisando-a que seu estilo de vida atual pode lhe ser fatal. Alfredo declara seu amor e descreve seus sentimentos desde que ele a viu pela primeira vez, um ano antes, mas Violetta responde que ela é incapaz de amar. Violetta lhe dá uma flor e lhe diz para voltar quando a flor murchar. Alfredo toma isso como um significado para o dia seguinte e parte alegremente. Os convidados terminam de dançar e também partem.
Ao se ver sozinha, Violetta pensa no que disse Alfredo. Ela revela o seu interior que deseja amar e ser amada, mas retoma seu espírito despreocupado (Sempre libra). A voz de Alfredo, à distância, causa-lhe novamente uma hesitação momentânea, mas ela rapidamente põe tais pensamentos de lado.
Ato II, Cena 1: Uma casa de campo perto de Paris. Alfredo passa três meses de idílio com Violetta e pensa no grande amor deles. De uma conversa com a criada Annina, Alfredo fica sabendo que o preço da felicidade deles é a venda das propriedades de Violetta. Ele decide ganhar dinheiro, recuperar sua honra (Cabaletta: O mio rimorso) e parte para Paris.
Violetta entra e uma mensagem lhe é entregue. Diz à criada para deixar entrar um cavalheiro que é esperado para tratar de negócios, lê a mensagem, um convite para uma festa em casa de Flora naquela noite e a joga fora. Um visitante é anunciado -não o homem esperado, mas o pai de Alfredo.
O velho Germont acusa Violetta de arruinar seu filho e é surpreendido quando ela prova que é o seu dinheiro que os está sustentando. Embora impressionado pela dignidade e beleza de Violetta, Germont pede que ela deixe Alfredo para não colocar em risco o casamento próximo de sua filha, a irmã de Alfredo. Ele reforça suas alegações com censuras morais e Violetta finalmente concorda em fazer o sacrifício. Em prantos ela pede que Germont a abrace como uma filha também e que um dia explique tudo a Alfredo.
Sozinha, Violetta rabisca uma mensagem, presumidamente para o Barão Douphol, e pede que Annina a entregue. Ela começa uma outra mensagem para Alfredo, mas é interrompida pelo retorno do amante. Ele está intrigado, mas mais preocupado com a notícia de que seu pai pretende visitá-los. Pede que Violetta conheça seu pai, que certamente a aceitará ao conhecê-la. Violetta, já em desespero, procura refúgio no amor de Alfredo (Amami, Alfredo…) antes de sair correndo.
Alguns momentos depois, um criado traz uma carta de despedida. O velho Germont volta e tenta confortar o desespero do filho implorando-lhe para retornar ao lar na Provença, mas o confuso Alfredo, ao encontrar o convite de Flora, começa a pensar em vingança contra Violetta.
Ato II, Cena 2: O salão de Flora em Paris. Os convidados começam a se entreter com mexericos e jogos na festa de Flora. Ela e o Dr. Grenvil ficam surpresos ao escutar do marquês d'Obigny que Violetta e Alfredo se separaram e que o Barão Douphol está acompanhando Violetta à festa. Os convidados divertem-se com um grupo de mulheres fantasiadas de ciganas que fingem ler a sorte e em seguida, com Gaston e alguns amigos vestidos como toureiros.
Alfredo chega e junta-se a uma mesa de jogos, seguido de perto por Violetta com o Barão. Alfredo vence vários jogos e seus comentários em voz alta sobre sua sorte nas cartas e o azar no amor provocam o Barão que o desafia para um jogo. O Barão perde e propõe a revanche para mais tarde. Ambos seguem os outros convidados em direção à ceia.
Violetta entra novamente, muito agitada, por ter enviado uma mensagem para que Alfredo a encontre. Quando ele chega, ela lhe implora para partir antes que aconteça uma briga com o Barão. Alfredo concorda com a condição que ela o siga, mas Violetta, lembrando-se de sua promessa ao velho Germont, responde que não pode segui-lo. Ela deixa que Alfredo pense que ela agora prefere o Barão. Alfredo atende os chamados dos outros convidados e, lançando o dinheiro de vitória no jogo na face de Violetta, pede aos convidados que testemunhem que ele já pagou a ela pelo período que passaram juntos.
Violetta desmaia com este insulto, os convidados censuram Alfredo e seu pai (que havia entrado sem ser notado) repreende seu filho por seu comportamento. Em um finale preparado, todos expressam suas reações: Violetta expressa seu desespero, Alfredo seu remorso, Germont sua piedade pois percebe que o amor de Violetta é verdadeiro, o Barão suas intenções de vingar o insulto sofrido e os outros convidados expressam sua preocupação com Violetta.
Ato III: O quarto de Violetta. Um prelúdio pungente indica que Violetta está morrendo de tuberculose. Ela está acamada, sendo atendida pela fiel Annina e sendo cuidada pelo Dr. Grenvil. O médico tenta animá-la mas admite à criada ao sair, que Violetta tem apenas algumas horas de vida. Escutando de Annina que é Carnaval, a enferma envia-a para dar aos pobres a metade de todo o dinheiro que lhe resta. Ao se ver sozinha, lê a carta que recebeu de Germont explicando que Alfredo agora já sabe de seu sacrifício e que ele está vindo para pedir-lhe seu perdão. Com tristeza Violetta suspira por ser tarde demais, despede-se dos sonhos do passado e implora o perdão dos Céus.
Escuta-se os sons do Carnaval do lado de fora, e Annina corre para preparar sua senhora para uma visita. É Alfredo, que implora seu perdão. Esquecendo-se de sua condição grave, os dois planejam uma nova vida juntos longe de Paris, mas Violetta já está exausta demais até para vestir-se. Alfredo envia Annina para procurar o médico, mas Violetta percebe que nada pode ajudá-la agora. Em uma explosão, ela protesta contra seu destino de morrer tão jovem, e Alfredo junta-se a ela em seu pranto.
Annina volta com o Dr. Grenvil e Germont, que dá a Violetta sua benção. Violetta pede que Alfredo leve um medalhão contendo uma miniatura dela: se ele um dia se casar o medalhão será para sua esposa, de alguém que estará no paraíso, rezando por ambos. Os outros mostram sua grande pena e Violetta repentinamente sente que sua dor cessou. Ela tenta voltar à vida mais uma vez, mas cai, morta.
FONTE:
http://archive.operainfo.org/broadcast/operaSynopsis.cgi?id=5&language=4
LIBRETO
Opera in tre attiLibretto di Francesco Maria Piave, dal drammaLa dame aux camelias, di Alexandre Dumas figlio.Musica di Giuseppe Verdi.Prima rappresentazione:Venezia, Teatro "La Fenice, 6 marzo 1853Ambientazione:Parigi e sue vicinanze, 1850 circa.
PERSONAGENS
PERSONAGENS
VIOLETTA VALERY (SOPRANO)
FLORA BERVOIX (MEZZOSOPRANO)
ANNINA (SOPRANO)
ALFREDO GERMONT (TENORE)
GIORGIO GERMONT, SUO PADRE (BARITONO)
GASTONE, VISCONTE DE LETORIERES (TENORE)
IL BARONE DOUPHOL (BARITONO)
IL MARCHESE D'OBIGNY (BASSO)
IL DOTTOR GRENVIL (BASSO)
GIUSEPPE, SERVO DI VIOLETTA (TENORE)
UN DOMESTICO DI FLORA (BASSO)
PICCADORI, ZINGARE
SERVI DI VIOLETTA E FLORA
MASCHERE
FLORA BERVOIX (MEZZOSOPRANO)
ANNINA (SOPRANO)
ALFREDO GERMONT (TENORE)
GIORGIO GERMONT, SUO PADRE (BARITONO)
GASTONE, VISCONTE DE LETORIERES (TENORE)
IL BARONE DOUPHOL (BARITONO)
IL MARCHESE D'OBIGNY (BASSO)
IL DOTTOR GRENVIL (BASSO)
GIUSEPPE, SERVO DI VIOLETTA (TENORE)
UN DOMESTICO DI FLORA (BASSO)
PICCADORI, ZINGARE
SERVI DI VIOLETTA E FLORA
MASCHERE
LIBRETO
ATTO PRIMO
Preludio
SCENA I
Salotto in casa di Violetta. Nel fondo e' la porta che mette ad altra sala;
ve ne sono
altre due laterali; a sinistra, un caminetto con sopra uno specchio.
Nel mezzo e' una
tavola riccamente imbandita.
(Violetta, seduta sopra un divano, sta
discorrendo col
Dottore e con alcuni amici, mentre alri vanno ad incontrare quelli che
sopraggiungono,
tra i quali sono il Barone e Flora al braccio del Marchese.)
CORO I
Dell'invito trascorsa e' gia' l'oraVoi tardaste
CORO II
Giocammo da Flora.E giocando quell'ore volar.
VIOLETTA
(andando loro incontro)
Flora, amici, la notte che resta
D'altre gioie qui fate brillar
Fra le tazze e' piu' viva la festa
FLORA E MARCHESEE
goder voi potrete?
VIOLETTA
Lo voglio;Al piacere m'affido, ed io soglio
Col tal farmaco i mali sopir.
TUTTI
Si', la vita s'addoppia al gioir
SCENA II
(Detti, il Visconte Gastone de Letorieres, Alfredo Germont.
Servi affacendatiintorno alla mensa.)
GASTONE
(entrando con Alfredo)
In Alfredo Germont, o signora,
Ecco un altro che molto vi onora;
Pochi amici a lui simili sono.
VIOLETTA
(Da' la mano ad Alfredo, che gliela bacia.)
Mio Visconte, merce' di tal dono.
MARCHESE
Caro Alfredo
ALFREDO
Marchese
(Si stringono la mano.)
GASTONE
(ad Alfredo)
T'ho detto:L'amista' qui s'intreccia al diletto.
(i servi frattanto avranno imbandito le vivande.)
VIOLETTA
(ai servi)
Pronto e' il tutto?
(Un servo accenna di si'.)
Miei cari sedete:E' al convito che s'apre ogni cor.
TUTTI
Ben diceste le cure segrete
Fuga sempre l'amico licor.
(Siedono in modo che Violetta resti tra Alfredo e Gastone, di fronte visara' Flora, tra il
Marchese ed il Barone, gli altri siedono a piacere. V'ha un momento disilenzio;
frattanto passano i piatti, e Violetta e Gastone parlano sottovoce traloro, poi:)
GASTONE
(piano, a Violetta)
Sempre Alfredo a voi pensa.
VIOLETTA
Scherzate?
GASTONE
Egra foste, e ogni di' con affanno
Qui volo', di voi chiese.
VIOLETTA
Cessate.Nulla son io per lui.
GASTONE
Non v'inganno.
VIOLETTA
(ad Alfredo)
Vero e' dunque? onde e' cio'?
Nol comprendo.
ALFREDO
(sospirando)
Si, egli e' ver.
VIOLETTA
(ad Alfredo)
Le mie grazie vi rendo.Voi Barone, feste altrettanto
BARONE
Vi conosco da un anno soltanto.
VIOLETTA
Ed ei solo da qualche minuto.
FLORA
(piano al Barone)
Meglio fora se aveste taciuto.
BARONE
(piano a Flora)
Mi e' increscioso quel giovin
FLORA
Perche'?A me invece simpatico egli e'.
GASTONE
(ad Alfredo)
E tu dunque non apri piu' bocca?
MARCHESE
(a Violetta)
E' a madama che scuoterlo tocca
VIOLETTA
(Mesce ad Alfredo)
Saro' l'Ebe che versa.
ALFREDO
(con galanteria)
E ch'io bramoimmortal come quella.
TUTTI
Beviamo.
GASTONEO
barone, ne' un verso, ne' un viva
Troverete in quest'ora giuliva?
(Il Barone accenna di no.)
Dunque a te
(ad Alfredo)
TUTTI
Si', si', un brindisi.
ALFREDO
L'estro
Non m'arride
GASTONE
E non se' tu maestro?
ALFREDO
(a Violetta)
Vi fia grato?
VIOLETTA
Si'.
ALFREDO
(S'alza.)
Si'? L'ho gia' in cor.
MARCHESE
Dunque attenti
TUTTI
Si', attenti al cantor.
ALFREDO
Libiam ne' lieti calici
Che la bellezza infiora,
E la fuggevol ora
S'inebri a volutta'.
Libiam ne' dolci fremiti
Che suscita l'amore,
Poiche' quell'occhio al core
(indicando Violetta)
Onnipotente va.
Libiamo, amor fra i calici
Piu' caldi baci avra'.
TUTTI
Libiamo, amor fra i calici
Piu' caldi baci avra'.
VIOLETTA
(S'alza.)
Tra voi sapro' dividere
Il tempo mio giocondo;
Tutto e' follia nel mondo
Cio' che non e' piacer.
Godiam, fugace e rapido
E' il gaudio dell'amore;
E' un fior che nasce e muore,
Ne' piu' si puo' goder.
Godiam c'invita un fervido
Accento lusinghier.
TUTTI
Godiam la tazza e il cantico
La notte abbella e il riso;
In questo paradiso
Ne scopra il nuovo di'.
VIOLETTA
(ad Alfredo)
La vita e' nel tripudio.
ALFREDO
(a Violetta)
Quando non s'ami ancora.
VIOLETTA
(ad Alfredo)
Nol dite a chi l'ignora.
ALFREDO
(a Violetta)
E' il mio destin cosi'
TUTTI
Godiam la tazza e il cantico
La notte abbella e il riso;
In questo paradiso
Ne scopra il nuovo di'.
(S'ode musica dal'altra sala.)
Che e' cio'?
VIOLETTA
Non gradireste ora le danze?
TUTTI
Oh, il gentil pensier! tutti accettiamo.
VIOLETTA
Usciamo dunque
(S'avviano alla porta di mezzo, ma Violetta e' colta da subito pallore.)
Ohime'!
TUTTI
Che avete?
VIOLETTA
Nulla,
Nulla.
TUTTI
Che mai v'arresta
VIOLETTA
Usciamo
(Fa qualche passo, ma e' obbligata a nuovamente fermarsi e sedere.)
Oh Dio!
TUTTI
Ancora!
ALFREDO
Voi soffrite?
TUTTIO
ciel! ch'e' questo?
VIOLETTA
Un tremito che provo
Or la' passate
(indica l'altra sala.)
Tra poco anch'io saro'
TUTTI
Come bramate
(Tutti passano all'altra sala, meno Alfredo che resta indietro.)
SCENA III
VIOLETTA
(guardandosi allo specchio)
Oh qual pallor!
(Volgendosi, s'accorge d'Alfredo.)
Voi qui!
ALFREDO
Cessata e' l'ansia
Che vi turbo'?
VIOLETTA
Sto meglio.
ALFREDO
Ah, in cotal guisa
V'ucciderete aver v'e' d'uopo cura
Dell'esser vostro
VIOLETTA
E lo potrei?
ALFREDOSe mia
Foste, custode io veglierei pe' vostri
Soavi di'.
VIOLETTA
Che dite? ha forse alcuno
Cura di me?
ALFREDO
(con fuoco)
Perche' nessuno al mondo
V'ama
VIOLETTA
Nessun?
ALFREDO
Tranne sol io.
VIOLETTA
(ridendo)
Gli e' vero!
Si' grande amor dimenticato avea
ALFREDO
Ridete? e in voi v'ha un core?
VIOLETTA
Un cor? si' forse e a che lo richiedete?
ALFREDO
Oh, se cio' fosse, non potreste allora
Celiar.
VIOLETTA
Dite davvero?
ALFREDO
Io non v'inganno.
VIOLETTA
Da molto e' che mi amate?
ALFREDO
Ah si', da un anno.
Un di', felice, eterea,
Mi balenaste innante,
E da quel di' tremante
Vissi d'ignoto amor.
Di quell'amor ch'e' palpito
Dell'universo intero,
Misterioso, altero,
Croce e delizia al cor.
VIOLETTA
Ah, se cio' e' ver, fuggitemi
Solo amistade io v'offro:
Amar non so, ne' soffro
Un cosi' eroico amor.
Io sono franca, ingenua;
Altra cercar dovete;
Non arduo troverete
Dimenticarmi allor.
GASTONE
(Si presenta sulla porta di mezzo.)
Ebben? che diavol fate?
VIOLETTA
Si foleggiava
GASTONE
Ah! ah! sta ben restate.
(Rientra.)
VIOLETTA
(ad Alfredo)
Amor dunque non piu'
Vi garba il patto?
ALFREDO
Io v'obbedisco Parto
(per andarsene)
VIOLETTA
A tal giungeste?
(Si toglie un fiore dal seno.)
Prendete questo fiore.
ALFREDO
Perche'?
VIOLETTA
Per riportarlo
ALFREDO
(tornando)
Quando?
VIOLETTA
Quando Sara' appassito.
ALFREDO
O ciel! domani
VIOLETTA
Ebben,
Domani.
ALFREDO
(Prende con trasporto il fiore.)
Io son felice!
VIOLETTA
D'amarmi dite ancora?
ALFREDO
(per partire)
Oh, quanto v'amo!
VIOLETTA
Partite?
ALFREDO
(tornando a lei baciandole la mano)
Parto.
VIOLETTA
Addio.
ALFREDO
Di piu' non bramo.
(Esce.)
SCENA IV
(Vio/etta e tutti gli altri che tornano dalla sala riscaldati dalle danze.)
TUTTI
Si ridesta in ciel l'aurora,
E n'e' forza di partir;
Merce' a voi, gentil signora,
Di si' splendido gioir.
La citta' di feste e' piena,
Volge il tempo dei piacer;
Nel riposo ancor la lena
Si ritempri per goder,
(Partono alla destra.)
SCENA V
(Violetta sola.)
VIOLETTA
E' strano! e' strano! in core
Scolpiti ho quegli accenti!
Sari'a per me sventura un serio amore?
Che risolvi, o turbata anima mia?
Null'uomo ancora t'accendeva O gioia
Ch'io non conobbi, essere amata amando!
E sdegnarla poss'io
Per l'aride follie del viver mio?
Ah, fors'e' lui che l'anima
Solinga ne' tumulti
Godea sovente pingere
De' suoi colori occulti!
Lui che modesto e vigile
All'egre soglie ascese,
E nuova febbre accese,
Destandomi all'amor.
A quell'amor ch'e' palpito
Dell'universo intero,
Misterioso, altero,
Croce e delizia al cor.
A me fanciulla, un candido
E trepido desire
Questi effigio' dolcissimo
Signor dell'avvenire,
Quando ne' cieli il raggio
Di sua belta' vedea,
E tutta me pascea
Di quel divino error.
Senti'a che amore e' palpito
Dell'universo intero,
Misterioso, altero,Croce e delizia al cor!
(Resta concentrata un istante, poi dice)
Follie! follie delirio vano e' questo!
Povera donna, sola
Abbandonata in questo
Popoloso deserto
Che appellano Parigi,
Che spero or piu'?
Che far degg'io!Gioire,
Di volutta' nei vortici perire.
Sempre libera degg'io
Folleggiar di gioia in gioia,
Vo' che scorra il viver mio
Pei sentieri del piacer,
Nasca il giorno, o il giorno muoia,
Sempre lieta ne' ritrovi
A diletti sempre nuovi
Dee volare il mio pensier.
(Entra a sinistra.)
ATTO SECONDO
SCENA I
Casa di campagna presso Parigi. Salotto terreno.
Nel fondo in faccia aglispettatori, e'un camino,
sopra il quale uno specchio ed un orologio, fra due porte chiuse
da cristalliche mettono ad un giardino.
Al primo piano, due altre porte, una di fronteall'altra.
Sedie, tavolini, qualche libro, l'occorrente per scrivere.
ALFREDO
(deponendo il fucile)
Lunge da lei per me non v'ha diletto!
Volaron gia' tre lune
Dacche' la mia Violetta
Agi per me lascio', dovizie, onori,
E le pompose feste
Ove, agli omaggi avvezza,
Vedea schiavo ciascun di sua bellezza
Ed or contenta in questi ameni luoghi
Tutto scorda per me.
Qui presso a leiIo rinascer mi sento,
E dal soffio d'amor rigenerato
Scordo ne' gaudii suoi tutto il passato.
De' miei bollenti spiritiIl giovanile ardore
Ella tempro' col placido
Sorriso dell'amore!
Dal di' che disse: vivereIo voglio a te fedel,
Dell'universo immemoreIo vivo quasi in ciel.
SCENA II
(Detto ed Annina in arnese da viaggio.)
ALFREDO
Annina, donde vieni?
ANNINA
Da Parigi.
ALFREDO
Chi tel commise?
ANNINA
Fu la mia signora.
ALFREDO
Perche'?
ANNINA
Per alienar cavalli, cocchi,
E quanto ancor possiede.
ALFREDO
Che mai sento!
ANNINA
Lo spendio e' grande a viver qui solinghi
ALFREDO
E tacevi?
ANNINA
Mi fu il silenzio imposto.
ALFREDO
Imposto! or v'abbisogna?
ANNINA
Mille luigi.
ALFREDO
Or vanne andro' a Parigi.
Questo colloquio ignori la signora.
Il tutto valgo a riparare ancora.
(Annina parte.)
SCENA III
(Alfredo solo)
O mio rimorso! O infamia
E vissi in tale errore?
Ma il turpe sogno a frangere
Il ver mi baleno'.
Per poco in seno acquetati,
O grido dell'onore;
M'avrai securo vindice;
Quest'onta lavero'.
(esce)
SCENA IV
(Violetta ch'entra con alcune carte, parlando con Annina, poi Giuseppe atempo.)
VIOLETTA
Alfredo?
ANNINA
Per Parigi or or partiva.
VIOLETTA
E tornera'?
ANNINA
Pria che tramonti il giorno
Dirvel m'impose
VIOLETTA
E' strano!
ANNINA
(presentandole una lettera)
Per voi
VIOLETTA
(La prende.)
Sta bene. In breve
Giungera' un uom d'affari, entri all'istante.
(Annina e Giuseppe escono.)
SCENA V
(Violetta, quindi il signor Germont introdotto da Giuseppe che avanza duesedie eparte.)
VIOLETTA
(leggendo la lettera)
Ah, ah, scopriva Flora il mio ritiro!
E m'invita a danzar per questa sera!
Invan m'aspettera'
(Getta il foglio sul tavolino e siede.)
ANNINA
E' qui un signore
VIOLETTA
Ah! sara' lui che attendo.
(Accenna a Giuseppe d'introdurlo.)
GERMONT
Madamigella Vale'ry?
VIOLETTA
Son io.
GERMONT
D'Alfredo il padre in me vedete!
VIOLETTA
(Sorpresa, gli accenna di sedere.)
Voi!
GERMONT
(sedendo)
Si', dell'incauto, che a ruina corre,
Ammaliato da voi.
VIOLETTA
(alzandosi risentita)
Donna son io, signore, ed in mia casa;
Ch'io vi lasci assentite,
Piu' per voi che per me.
(per uscire)
GERMONT
(Quai modi!)
Pure
VIOLETTA
Tratto in error voi foste.
(Toma a sedere.)
GERMONT
De' suoi beni
Dono vuol farvi
VIOLETTA
Non l'oso' finora
Rifiuterei.
GERMONT
(guardandosi intorno)
Pur tanto lusso
VIOLETTA
A tutti
E' mistero quest'atto
A voi nol sia.
(Gli da' le carte.)
GERMONT
(dopo averle scorse coll'occhio)
Ciel! che discopro!
D'ogni vostro avere
Or volete spogliarvi?
Ah, il passato perche', perche' v'accusa?
VIOLETTA
(con entusiasmo)
Piu' non esiste or amo Alfredo, e Dio
Lo cancello' col pentimento mio.
GERMONT
Nobili sensi invero!
VIOLETTA
Oh, come dolce
Mi suona il vostro accento!
GERMONT
(alzandosi)
Ed a tai sensi
Un sacrificio chieggo
VIOLETTA
(alzandosi)
Ah no, tacete
Terribil cosa chiedereste
previdi v'attesi era
GERMONT
D'Alfredo il padre
La sorte, l'avvenir domanda or qui
De' suoi due figli.
VIOLETTA
Di due figli!
GERMONT
Si'.
Pura siccome un angeloIddio mi die' una figlia;
Se Alfredo nega riedereIn seno alla famiglia,
L'amato e amante giovane,
sposa andar dovea,
Or si ricusa al vincolo
Che lieti ne rendea
Deh, non mutate in triboli
Le rose dell'amor.
Ai preghi miei resistere
Non voglia il vostro cor.
VIOLETTA
Ah, comprendo dovro' per alcun tempo
Da Alfredo allontanarmi doloroso
Fora per me pur
GERMONT
Non e' cio' che chiedo.
VIOLETTA
Cielo, che piu' cercate? offersi assai!
GERMONT
Pur non basta
VIOLETTA
Volete che per sempre a lui rinunzi?
GERMONT
E' d'uopo!
VIOLETTA
Ah, no giammai!
Non sapete quale affetto
Vivo, immenso m'arda in petto?
Che ne' amici, ne' parentiIo non conto tra i viventi?
E che Alfredo m'ha giurato
Che in lui tutto io trovero'?
Non sapete che colpita
D'altro morbo e' la mia vita?
Che gia' presso il fin ne vedo?
Ch'io mi separi da Alfredo?
Ah, il supplizio e' si spietato,
Che morir preferiro'.
GERMONT
E' grave il sacrifizio,
Ma pur tranquilla udite
Bella voi siete e giovane
Col tempo
VIOLETTA
Ah, piu' non dite
V'intendo m'e' impossibile
Lui solo amar vogl'io.
GERMONT
Sia pure ma volubile
Sovente e' l'uom
VIOLETTA
(colpita)
Gran Dio!
GERMONT
Un di', quando le veneriIl tempo avra' fugate,
Fia presto il tedio a sorgere
Che sara' allor? pensate
Per voi non avran balsamoI piu' soavi affetti
Poiche' dal ciel non furono
Tai nodi benedetti.
VIOLETTA
E' vero!
GERMONT
Ah, dunque sperdasi
Tal sogno seduttore
Siate di mia famiglia
L'angiol consolatore
Violetta, deh, pensateci,
Ne siete in tempo ancor.
E' Dio che ispira, o giovine
Tai detti a un genitor.
VIOLETTA
(con estremo dolore)
(Cosi' alla misera - ch'e' un di' caduta,
Di piu' risorgere - speranza e' muta!
Se pur beneficio - le indulga Iddio,
L'uomo implacabile - per lei sara'.)
(a Germont, piangendo)
Dite alla giovine - si' bella e pura
Ch'avvi una vittima - della sventura,
Cui resta un unico - raggio di bene
Che a lei il sacrifica - e che morra'!
GERMONT
Si', piangi, o misera - supremo, il veggo,
E' il sacrificio - ch'ora io ti chieggo.
Sento nell'anima - gia' le tue pene;
Coraggio e il nobile - cor vincera'.
(Silenzio.)
VIOLETTA
Or imponete.
GERMONT
Non amarlo ditegli.
VIOLETTA
Nol credera'.
GERMONT
Partite.
VIOLETTA
Seguirammi.
GERMONT
Allor
VIOLETTA
Qual figlia m'abbracciate forte
Cosi' saro'.
(S'abbracciano.)
breve ei vi fia reso,
Ma afflitto oltre ogni dire.
A suo conforto
GERMONT
Che pensate?
VIOLETTA
Sapendol, v'opporreste al pensier mio.
GERMONT
Generosa! e per voi che far poss'io?
VIOLETTA
(tornando a lui)
Morro'! la mia memoria
Non fia ch'ei maledica,
Se le mie pene orribili
Vi sia chi almen gli dica.
GERMONT
No, generosa, vivere,
E lieta voi dovrete,
Merce' di queste lagrime
Dal cielo un giorno avrete.
VIOLETTA
Conosca il sacrifizio
Ch'io consumai
sara' suo fin l'ultimo
Sospiro del mio cor.
GERMONT
Premiato il sacrifizio
Sara' del vostro amor;
D'un opra cosi' nobile
Sarete fiera allor.
VIOLETTA
Qui giunge alcun: partite!
GERMONT
Ah, grato v'e' il cor mio!
VIOLETTA
Non ci vedrem piu' forse.
(S'abbracciano.)
A DUE
Siate felice Addio!
(Germont esce per la porta del giardino.)
SCENA VI
(Violetta, poi Annina, quindi Alfredo.)
VIOLETTA
Dammi tu forza, o cielo!
(Siede, scrive, poi suona il campanello.)
ANNINA
Mi richiedeste?
VIOLETTA
Si', reca tu stessa
Questo foglio
ANNINA
(ne guarda la direzione e se ne mostra sorpresa.)
VIOLETTA
Silenzio va' all'istante
(Annina parte.)
Ed ora si scriva a lui
Che gli diro'?
Chi men dara' il coraggio?
(Scrive e poi suggella.)
ALFREDO
(entrando)
Che fai?
VIOLETTA
(nascondendo la lettera)
Nulla.
ALFREDO
Scrivevi?
VIOLETTA
(confusa)
Si' no
ALFREDO
Qual turbamento! a chi scrivevi?
VIOLETTA
A te
ALFREDO
Dammi quel foglio.
VIOLETTA
No, per ora
ALFREDO
Mi perdona son io preoccupato.
VIOLETTA
(alzandosi)
Che fu?
ALFREDO
Giunse mio padre
VIOLETTA
Lo vedesti?
ALFREDO
Ah no: severo scritto mi lasciava
Pero' l'attendo, t'amera' in vederti.
VIOLETTA
(molto agitata)
Ch'ei qui non mi sorprenda
Lascia che m'allontani tu lo calma
(mal frenato il pianto)
Ai piedi suoi mi gettero' divisi
Ei piu' non ne vorra' sarem felici
Perche' tu m'ami, Alfredo, non e' vero?
ALFREDO
O, quanto Perche' piangi?
VIOLETTA
Di lagrime avea d'uopo or son tranquilla
(sforzandosi)
Lo vedi? ti sorrido
Saro' la', tra quei fior presso a te sempre.
Amami, Alfredo, quant'io t'amo Addio.
(Corre in giardino.)
SCENA VII
(Alfredo, poi Giuseppe, indi un Commissario a tempo.)
ALFREDO
Ah, vive sol quel core all'amor mio!
(Siede, prende a caso un libro, legge alquanto, quindi si alza guarda l'ora
sull'orologio sovrapposto al camino.)
E' tardi: ed oggi forse
Piu' non verra' mio padre.
GIUSEPPE
(entrando frettoloso)
La signora e' partita
L'attendeva un calesse, e sulla via
Gia' corre di Parigi Annina pure
Prima di lei spariva.
ALFREDO
Il so, ti calma.
GIUSEPPE
(Che vuol dir cio'?)
(Parte.)
ALFREDO
Va forse d'ogni avere
Ad affrettar la perdita Ma Annina
Lo impedira'.
(Si vede il padre attraversare in lontananza il giardino.)
Qualcuno e' nel giardino!Chi e' la'?
(per uscire)
COMMISSARIO
(alla porta)
Il signor Germont?
ALFREDO
Son io.
COMMISSARIO
Una dama
Da un cocchio, per voi, di qua non lunge,
Mi diede questo scritto
(Da' una lettera ad Alfredo, ne riceve qualche moneta e parte.)
SCENA VIII
(Alfredo, poi Germont ch'entra in giardino.)
ALFREDO
Di Violetta! Perche' son io commosso!
A raggiungerla forse ella m'invitaIo tremo!
Oh ciel! Coraggio!
(Apre e legge.)
"Alfredo, al giungervi di questo foglio"
(come fulminato grida)
Ah!
(Volgendosi si trova a fronte del padre, nelle cui braccia si abbandonaesclamando:)
Padre mio!
GERMONT
Mio figlio!
Oh, quanto soffri! tergi, ah, tergi il pianto
Ritorna di tuo padre orgoglio e vanto
ALFREDO
(Disperato, siede presso il tavolino col volto tra le mani.)
GERMONT
Di Provenza il mar, il suol - chi dal cor ti cancello?
Al natio fulgente sol - qual destino ti furo'?
Oh, rammenta pur nel duol - ch'ivi gioia a te brillo';
E che pace cola' sol - su te splendere ancor puo'.
Dio mi guido'!
Ah! il tuo vecchio genitor - tu non sai quanto soffri'
Te lontano, di squallor il suo tetto si copri'
Ma se alfin ti trovo ancor, - se in me speme non falli',
Se la voce dell'onor - in te appien non ammuti',
Dio m'esaudi'!
(abbracciandolo)
Ne' rispondi d'un padre all'affetto?
ALFREDO
Mille serpi divoranmi il petto
(respingendo il padre)
Mi lasciate.
GERMONT
Lasciarti!
ALFREDO
(risoluto)
(Oh vendetta!)
GERMONT
Non piu' indugi; partiamo t'affretta
ALFREDO
(Ah, fu Douphol!)
GERMONT
M'ascolti tu?
ALFREDO
No.
GERMONT
Dunque invano trovato t'avro'!
No, non udrai rimproveri;
Copriam d'oblio il passato;
L'amor che m'ha guidato,
Sa tutto perdonar.
Vieni, i tuoi cari in giubilo
Con me rivedi ancora:
A chi peno' finora
Tal gioia non negar.
Un padre ed una suora
T'affretta a consolar.
ALFREDO
(Scuotendosi, getta a caso gli occhi sulla tavola, vede la lettera di Flora, esclama:)
Ah! ell'e' alla festa! volisi
L'offesa a vendicar.
(Fugge precipitoso.)
GERMONT
Che dici? Ah, ferma!
(Lo insegue.)
SCENA IX
Galleria nel palazzo di Flora, riccamente addobbata ed illuminata.
Una porta nel fondo e due laterali.
A destra, piu' avanti, un tavoliere con quanto
occorre pel giuoco; asinistra, ricco tavolino con fiori e rinfreschi, varie sedie e un divano.
(Flora, ilMarchese, il Dottore ed altri invitati entrano dalla sinistra discorrendofra loro.)
FLORA
Avrem lieta di maschere la notte:
N'e' duce il viscontino
Violetta ed Alfredo anco invitai.
MARCHESE
La novita' ignorate?
Violetta e Germont sono disgiunti.
DOTTORE E FLORA
Fia vero?
MARCHESE
Ella verra' qui col barone.
DOTTORE
Li vidi ieri ancor parean felici.
(S'ode rumore a destra.)
FLORA
Silenzio udite?
TUTTI
(Vanno verso la destra.)
Giungono gli amici.
SCENA X
(Detti, e molte signore mascherate da Zingare, che entrano dalla destra.)
ZINGARE
Noi siamo zingarelle
Venute da lontano;
D'ognuno sulla mano
Leggiamo l'avvenir.
Se consultiam le stelle
Null'avvi a noi d'oscuro,
E i casi del futuro
Possiamo altrui predir.
I.Vediamo! Voi, signora,
(Prendono la mano di Flora e l'osservano.)
Rivali alquante avete.
(Fanno lo stesso al Marchese.)
II.Marchese, voi non siete
Model di fedelta'.
FLORA
(al Marchese)
Fate il galante ancora?
Ben, vo' me la paghiate
MARCHESE
(a Flora)
Che dianci vi pensate?
L'accusa e' falsita'.
FLORA
La volpe lascia il pelo,
Non abbandona il vizio
Marchese mio, giudizio
O vi faro' pentir.
TUTTI
Su via, si stenda un velo
Sui fatti del passato;
Gia' quel ch'e' stato e' stato,
Badate/Badiamo all'avvenir.
(Flora ed il Marchese si stringono la mano.)
SCENA XI
(Detti, Gastone ed altri mascherati da Mattadori, Piccadori spagnuoli,
ch'entranovivamente dalla destra.)
GASTONE E MATTADORI
Di Madride noi siam mattadori,
Siamo i prodi del circo de' tori,
Teste' giunti a godere del chiasso
Che a Parigi si fa pel bue grasso;
E una storia, se udire vorrete,
Quali amanti noi siamo saprete.
GLI ALTRI
Si', si', bravi: narrate, narrate:
Con piacere l'udremo
GASTONE E MATTADORI
Ascoltate.
E' Piquillo un bel gagliardo
Biscaglino mattador:
Forte il braccio, fiero il guardo,
Delle giostre egli e' signor.
D'andalusa giovinetta
Follemente innamoro';
Ma la bella ritrosetta
Cosi' al giovane parlo':
Cinque tori in un sol giorno
Vo' vederti ad atterrar;
E, se vinci, al tuo ritorno
Mano e cor ti vo' donar.
Si', gli disse, e il mattadore,
Alle giostre mosse il pie';
Cinque tori, vincitore
Sull'arena egli stende'.
GLI ALTRI
Bravo, bravo il mattadore,
Ben gagliardo si mostro'
Se alla giovane l'amore
In tal guisa egli provo'.
GASTONE E MATTADORI
Poi, tra plausi, ritornato
Alla bella del suo cor,
Colse il premio desiato
Tra le braccia dell'amor.
GLI ALTRI
Con tai prove i mattadori
San le belle conquistar!
GASTONE E MATTADORI
Ma qui son piu' miti i cori;
A noi basta folleggiar
TUTTI
Si', si', allegri
Or pria tentiamo
Della sorte il vario umor;
La palestra dischiudiamo
Agli audaci giuocator.
(Gli uomini si tolgono la maschera, chi passeggia e chi si accinge a giuocare.)
SCENA XII
(Detti ed Alfredo, quindi Violetta col Barone. Un servo a tempo.)
TUTTI
Alfredo! Voi!
ALFREDO
Si', amici
FLORA
Violetta?
ALFREDO
Non ne so.
TUTTI
Ben disinvolto! Bravo!
Or via, giuocar si puo'.
GASTONE
(Si pone a tagliare, Alfredo ed altri puntano.)
VIOLETTA
(Entra al braccio del Barone.)
FLORA
(andandole incontro)
Qui desiata giungi.
VIOLETTA
Cessi al cortese invito.
FLORA
Grata vi son, barone, d'averlo pur gradito.
BARONE
(piano a Violetta)
(Germont e' qui! il vedete!)
VIOLETTA
(Ciel! gli e' vero).
Il vedo.
BARONE
(cupo)
Da voi non un sol detto si volga
A questo Alfredo.
VIOLETTA
(Ah, perche' venni, incauta!Pieta' di me, gran Dio!)
FLORA
(a Violetta, facendola sedere presso di se' sul divano)
Meco t'assidi: narrami quai novita' vegg'io?
(Il Dottore si avvicina ad esse, che sommessamente conversano. Il Marchese sitrattiene a parte col Barone, Gastone taglia, Alfredo ed altn puntano,altri passeggiano.)
ALFREDO
Un quattro!
GASTONE
Ancora hai vinto.
ALFREDO
(Punta e vince)
Sfortuna nell'amore
Vale fortuna al giuoco!
TUTTI
E' sempre vincitorel
ALFREDO
Oh, vincero' stasera; e l'oro guadagnato
Poscia a goder tra' campi ritornero' beato.
FLORA
Solo?
ALFREDO
No, no, con tale che vi fu meco ancor,
Poi mi sfuggi'a
VIOLETTA
(Mio Dio!)
GASTONE
(ad Alfredo, indicando Violetta)
(Pieta' di lei!)
BARONE
(ad Alfredo, con mal frenata ira)
Signor!
VIOLETTA
(al Barone)
(Frenatevi, o vi lascio.)
ALFREDO
(disinvolto)
Barone, m'appellaste?
BARONE
Siete in si' gran fortuna,
Che al giuoco mi tentaste.
ALFREDO
(ironico)
Si'? la disfida accetto
VIOLETTA
(Che fia? morir mi sento.)
BARONE
(puntando)
Cento luigi a destra.
ALFREDO
(puntando)
Ed alla manca cento.
GASTONE
Un asse un fante hai vinto!
BARONE
Il doppio?
ALFREDO
Il doppio sia.
GASTONE
(tagliando)
Un quattro, un sette.
TUTTI
Ancora!
ALFREDO
Pur la vittoria e' mia!
CORO
Bravo davver! la sorte e' tutta per Alfredo!
FLORA
Del villeggiar la spesa fara' il baron,
Gia' il vedo.
ALFREDO
(al Barone)
Seguite pur.
SERVO
La cena e' pronta.
CORO
(avviandosi)
Andiamo.
ALFREDO
Se continuar v'aggrada
(tra loro a parte)
BARONE
Per ora nol possiamo:
Piu' tardi la rivincita.
ALFREDO
Al gioco che vorrete.
BARONE
Seguiam gli amici; poscia
ALFREDO
Saro' qual bramerete.
(Tutti entrano nella porta di mezzo: la scena rimane un istante vuota.)
SCENA XIII
(Violetta che ritorna affannata, indi Alfredo.)
VIOLETTA
Invitato a qui seguirmi,
Verra' desso? vorra' udirmi?
Ei verra', che' l'odio atroce
Puote in lui piu' di mia voce
ALFREDO
Mi chiamaste? che bramate?
VIOLETTA
Questi luoghi abbandonate
Un periglio vi sovrasta
ALFREDO
Ah, comprendo! Basta, basta
E si' vile mi credete?
VIOLETTA
Ah no, mai
ALFREDO
Ma che temete?. .
VIOLETTA
Temo sempre del Barone
ALFREDO
E' tra noi mortal quistione
S'ei cadra' per mano mia
Un sol colpo vi torri'a
Coll'amante il protettore
V'atterrisce tal sciagura?
VIOLETTA
Ma s'ei fosse l'uccisore?
Ecco l'unica sventura
Ch'io pavento a me fatale!
ALFREDO
La mia morte! Che ven cale?
VIOLETTA
Deh, partite, e sull'istante.
ALFREDO
Partiro', ma giura innante
Che dovunque seguira
iI miei passi
VIOLETTA
Ah, no, giammai.
ALFREDO
No! giammai!
VIOLETTA
Va', sciagurato.
Scorda un nome ch'e' infamato.
Va mi lascia sul momento
Di fuggirti un giuramento
Sacro io feci
ALFREDO
E chi potea?
VIOLETTA
Chi diritto pien ne avea.
ALFREDO
Fu Douphol?
VIOLETTA
(con supremo sforzo)
Si'.
ALFREDO
Dunque l'ami?
VIOLETTA
Ebben l'amo
ALFREDO
(Corre furente alla porta e grida)
Or tutti a me.
SCENA XIV
(Detti, e tutti i precedenti che confusamente ritornano.)
TUTTI
Ne appellaste? Che volete?
ALFREDO
(additando Violetta che abbattuta si appoggia al tavolino)
Questa donna conoscete?
TUTTI
Chi? Violetta?
ALFREDO
Che facesse
Non sapete?
VIOLETTA
Ah, taci
TUTTI
No.
ALFREDO
Ogni suo aver tal femmina
Per amor mio sperdeaIo cieco, vile, misero,
Tutto accettar potea,
Ma e' tempo ancora! tergermi
Da tanta macchia bramo
Qui testimoni vi chiamo
Che qui pagata io l'ho.
(Getta con furente sprezzo una borsa ai piedi di Vloletta, che sviene trale braccia di
Flora e del Dottore. In tal momento entra il padre.)
SCENA XV
(Detti, ed il Signor Germont, ch'entra all'ultime parole.)
TUTTI
Oh, infamia orribile
Tu commettesti!
Un cor sensibile
Cosi' uccidesti!
Di donne ignobile
Insultator,
Di qui allontanati,
Ne desti orror.
GERMONT
(con dignitoso fuoco)
Di sprezzo degno se stesso rende
Chi pur nell'ira la donna offende.
Dove'e' mio figlio? piu' non lo vedo:
In te piu' Alfredo - trovar non so.
(Io sol fra tanti so qual virtude
Di quella misera il sen racchiudeIo so che l'ama, che gli e' fedele,
Eppur, crudele, - tacer dovro'!)
ALFREDO
(da se')
(Ah si' che feci! ne sento orrore.
Gelosa smania, deluso amore
Mi strazia l'alma piu' non ragiono.
Da lei perdono - piu' non avro'.
Volea fuggirla non ho potuto!
Dall'ira spinto son qui venuto!
Or che lo sdegno ho disfogato,
Me sciagurato! - rimorso n'ho.
VIOLETTA
(riavendosi)
Alfredo, Alfredo, di questo core
Non puoi comprendere tutto l'amore;
Tu non conosci che fino a prezzo
Del tuo disprezzo - provato io l'ho!
Ma verra' giorno in che il saprai
Com'io t'amassi confesserai
Dio dai rimorsi ti salvi allora;
Io spenta ancora - pur t'amero'.
BARONE
(piano ad Alfredo)
A questa donna l'atroce insulto
Qui tutti offese, ma non inulto
Fia tanto oltraggio - provar vi voglio
Che tanto orgolio - fiaccar sapro'.
TUTTI
Ah, quanto peni! Ma pur fa core
Qui soffre ognuno del tuo dolore;
Fra cari amici qui sei soltanto;
Rasciuga il pianto - che t'inondo'.
ATTO TERZO
Preludio
SCENA I
Camera da letto di Violetta. Nel fondo e' un letto con cortine mezze tirate;
una finestra chiusa da imposte interne; presso il letto uno sgabello su cui una
bottiglia diacqua, una tazza di cristallo, diverse medicine.
A meta' della scena una toilette, vicino
un canape'; piu' distante un altro mobile, sui cui arde un lume da notte;
varie sedie ed altri mobili.
La porta e' a sinistra; di fronte v'e' un caminetto con fuoco
acceso.
(Violetta dorme sul letto. Annina, seduta presso il caminetto, e' pure addormentata.)
VIOLETTA
(destandosi)
Annina?
ANNINA
(svegliandosi confusa)
Comandate?
VIOLETTA
Dormivi, poveretta?
ANNINA
Si', perdonate.
VIOLETTA
Dammi d'acqua un sorso.
(Annina eseguisce.)
Osserva, e' pieno il giorno?
ANNINA
Son sett'ore.
VIOLETTA
Da' accesso a un po' di luce
ANNINA
(Apre le imposte e guarda nella via.)
Il signor di Grenvil!
VIOLETTA
Oh, il vero amico!
Alzar mi vo' m'aita.
(Si rialza e ricade; poi, sostenuta da Annina, va lentamente verso il
canape', ed il
Dottore entra in tempo per assisterla ad adagiarsi.
Annina vi aggiunge deicuscini.)
SCENA II
(Dette e il Dottore.)
VIOLETTA
Quanta bonta' pensaste a me per tempo!
DOTTORE
(Le tocca il polso.)
Or, come vi sentite?
VIOLETTA
Soffre il mio corpo, ma tranquilla ho l'alma.
Mi conforto' iersera un pio ministro.
Religione e' sollievo a' sofferenti.
DOTTORE
E questa notte?
VIOLETTA
Ebbi tranquillo il sonno.
DOTTORE
Coraggio adunque la convalescenza
Non e' lontana
VIOLETTA
Oh, la bugia pietosa
A' medici e' concessa
DOTTORE
(stringendole la mano)
Addio a piu' tardi.
VIOLETTA
Non mi scordate.
ANNINA
(piano al Dottore accompagnandolo)
Come va, signore?
DOTTORE
(piano a parte)
La tisi non le accorda che poche ore.
(Esce.)
SCENA III
(Violetta e Annina)
ANNINA
Or fate cor.
VIOLETTA
Giorno di festa e' questo?
ANNINA
Tutta Parigi impazza e' carnevale
VIOLETTA
Ah, nel comun tripudio, sallo il cielo
Quanti infelici soffron! Quale somma
V'ha in quello stipo?
(indicandolo)
ANNINA
(L'apre e conta.)
Venti luigi.
VIOLETTA
Dieci ne reca ai poveri tu stessa.
ANNINA
Poco rimanvi allora
VIOLETTA
Oh, mi sara' bastante;
Cerca poscia mie lettere.
ANNINA
Ma voi?
VIOLETTA
Nulla occorra' sollecita, se puoi
(Annina esce)
SCENA IV
(Violetta, sola.)
VIOLETTA
(Trae dal seno una lettera.)
"Teneste la promessa la disfida
Ebbe luogo! il barone fu ferito,
Pero' migliora Alfredo
E' in stranio suolo; il vostro sacrifizio
Io stesso gli ho svelato;
Egli a voi tornera' pel suo perdono;
Io pur verro' Curatevi meritate
Un avvenir migliore. - Giorgio Germont".
(desolata)
E' tardi!
(Si alza.)
Attendo, attendo ne' a me giungon mai! . . .
(Si guarda allo specchio.)
Oh, come son mutata!
Ma il dottore a sperar pure m'esorta!
Ah, con tal morbo ogni speranza e' morta.
Addio, del passato bei sogni ridenti,
Le rose del volto gia' son pallenti;
L'amore d'Alfredo pur esso mi manca,
Conforto, sostegno dell'anima stanca
Ah, della traviata sorridi al desio;
A lei, deh, perdona; tu accoglila, o Dio,
Or tutto fini'.
Le gioie, i dolori tra poco avran fine,
La tomba ai mortali di tutto e' confine!
Non lagrima o fiore avra' la mia fossa,
Non croce col nome che copra quest'ossa!
Ah, della traviata sorridi al desio;
A lei, deh, perdona; tu accoglila, o Dio.
Or tutto fini'!
(Siede.)
CORO DI MASCHERE
(all'esterno)
Largo al quadrupede
Sir della festa,
Di fiori e pampini
Cinto la testa
Largo al piu' docile
D'ogni cornuto,
Di corni e pifferi
Abbia il saluto.
Parigini, date passo
Al trionfo del Bue grasso.
L'Asia, ne' l'Africa
Vide il piu' bello,
Vanto ed orgoglio
D'ogni macello
Allegre maschere,
Pazzi garzoni,
Tutti plauditelo
Con canti e suoni!
Parigini, date passo
Al trionfo del
Bue grasso.
SCENA V
(Detta ed Annina, che torna frettolosa.)
ANNINA
(esitando)
Signora!
VIOLETTA
Che t'accade?
ANNINA
Quest'oggi, e' vero?
Vi sentite meglio?
VIOLETTA
Si', perche'?
ANNINA
D'esser calma promettete?
VIOLETTA
Si', che vuoi dirmi?
ANNINA
Prevenir vi volli
Una gioia improvvisa
VIOLETTA
Una gioia! dicesti?
ANNINA
Si', o signora
VIOLETTA
Alfredo! Ah, tu il vedesti? ei vien! l'affretta .
(Annina afferma col capo, e va ad aprire la porta.)
SCENA VI
(Violetta, Alfredo e Annina.)
VIOLETTA
(Andando verso l'uscio.)
Alfredo!
(Alfredo comparisce pallido per la commozione, ed ambedue, gettandosi lebraccia alcollo, esclamano:)
Amato Alfredo!
ALFREDO
Mia Violetta!
Colpevol sono so tutto, o cara.
VIOLETTA
Io so che alfine reso mi sei!
ALFREDO
Da questo palpito s'io t'ami impara,
Senza te esistere piu' non potrei.
VIOLETTA
Ah, s'anco in vita m'hai ritrovata,
Credi che uccidere non puo' il dolor.
ALFREDO
Scorda l'affanno, donna adorata,
A me perdona e al genitor.
VIOLETTA
Ch'io ti perdoni? la rea son io:
Ma solo amore tal mi rende'
A DUE
Null'uomo o demone, angelo mio,
Mai piu' staccarti potra' da me.
Parigi, o cara/o noi lasceremo,
La vita uniti trascorreremo:
De' corsi affanni compenso avrai,
La mia/tua salute rifiorira'.
Sospiro e luce tu mi sarai,
Tutto il futuro ne arridera'.
VIOLETTA
Ah, non piu', a un tempio
Alfredo, andiamo,
Del tuo ritorno grazie rendiamo
(Vacilla.)
ALFREDO
Tu impallidisci
VIOLETTA
E' nulla, sai!
Gioia improvvisa non entra mai
Senza turbarlo in mesto core
(Si abbandona come sfinita sopra una sedia col capo cadente all'indietro.)
ALFREDO
(spaventato, sorreggendola)
Gran Dio! Violetta!
VIOLETTA
(sforzandosi)
E' il mio malore
Fu debolezza! ora son forte
(sforzandosi)
Vedi? sorrido
ALFREDO
(desolato)
(Ahi, cruda sorte!)
VIOLETTA
Fu nulla Annina, dammi a vestire.
ALFREDO
Adesso? Attendi
VIOLETTA
(alzandosi)
No voglio uscire.
(Annina le presenta una veste ch'ella fa per indossare e impedita dalladebolezza,esclama:)
Gran Dio! non posso!
(Getta con dispetto la veste e ricade sulla sedia.)
ALFREDO
(ad Annina)
(Cielo! che vedo!)
Va pel dottor
VIOLETTA
(ad Annina)
Digli che Alfredo
E' ritornato all'amor mio
Digli che vivere ancor vogl'io
(Annina parte.)
(ad Alfredo)
Ma se tornando non m'hai salvato,
A niuno in terra salvarmi e' dato.
(sorgendo impetuosa)
Gran Dio! morir si' giovane,
Io che penato ho tanto!
Morir si' presso a tergere
Il mio si' lungo pianto!
Ah, dunque fu delirio
La cruda mia speranza;
Invano di costanza
Armato avro' il mio cor!
Alfredo! oh, il crudo termine
Serbato al nostro amor!
ALFREDO
Oh mio sospiro, oh palpito,
Diletto del cor mio!
Le mie colle tue lagrime
Confondere degg'io
Ma piu' che mai, deh, credilo,
M'e' d'uopo di costanza,
Ah! tutto alla speranza
Non chiudere il tuo cor.
Violetta mia, deh, calmati,
M'uccide il tuo dolor.
(Violetta s'abbatte sul canape'.)
SCENA ULTIMA
(Detti, Annina, il signor Germont, ed il Dottore.)
GERMONT
Ah, Violetta!
VIOLETTA
Voi, Signor!
ALFREDO
Mio padre!
VIOLETTA
Non mi scordaste?
GERMONT
La promessa adempio
A stringervi qual figlia vengo al seno,
O generosa
VIOLETTA
Ahime', tardi giungeste!
Pure, grata ven sono
Grenvil, vedete? tra le braccia io spiro
Di quanti ho cari al mondo
GERMONT
Che mai dite!
(osservando Violetta)
(Oh cielo e' ver!)
ALFREDO
La vedi, padre mio?
GERMONT
Di piu' non lacerarmi
Troppo rimorso l'alma mi divora
Quasi fulmin m'atterra ogni suo detto
Oh, malcauto vegliardo!
Ah, tutto il mal ch'io feci ora sol vedo!
VIOLETTA
(frattanto avra' aperto a stento
un ripostiglio della toilette, e toltone
un medaglione dice:)
Piu' a me t'appressa ascolta, amato Alfredo.
Prendi: quest'e' l'immagine
De' miei passati giorni;
A rammentar ti torni
Colei che si' t'amo'.
Se una pudica vergine
Degli anni suoi nel fiore
A te donasse il core
Sposa ti sia lo vo'.
Le porgi questa effigie:
Dille che dono ell'e'
Di chi nel ciel tra gli angeli
Prega per lei, per te.
ALFREDO
No, non morrai, non dirmelo
Dei viver, amor mio
A strazio si' terribile
Qui non mi trasse Iddio
Si' presto, ah no, dividerti
Morte non puo' da me.
Ah, vivi, o un solo feretro
M'accogliera' con te.
GERMONT
Cara, sublime vittima
D'un disperato amore,
Perdonami lo strazio
Recato al tuo bel core.
GERMONT, DOTTORE E ANNINA
Finche' avra' il ciglio lacrimeIo piangero' per te
Vola a' beati spiriti;
Iddio ti chiama a se'.
VIOLETTA
(rialzandosi animata)
E' strano!
TUTTI
Che!
VIOLETTA
Cessarono
Gli spasmi del dolore.
In me rinasce m'agita
Insolito vigore!
Ah! io ritorno a vivere
(trasalendo)
Oh gioia!
(Ricade sul canape'.)
TUTTI
O cielo! muor!
ALFREDO
Violetta!
ANNINA E GERMONT
Oh Dio, soccorrasi
DOTTORE
(dopo averle toccato il polso)
E' spenta!
TUTTI
Oh mio dolor!
(quadro e cala la tela.)
FINE
¡Hola! Si estás interesado en conocer más detalles sobre Marie Duplessis, La Dama de las Camelias, te recomiendo que eches un ojo a este blog:
ResponderExcluirhttp://marieduplessis.blogspot.com/
Saludos!
Olá amigo. Seu blog é realmente espetacular, eu sempre procurei a letra completa da Traviata e a achei apenas em seu blog. Muito obrigado mesmo. E se o senhor acha que eu sou uma pessoa já adulta que gosta de ópera, ficará surpreso em saber que tenho apenas quinze anos e admiro tais coisas. A ópera é a mim algo que inspira a razão do viver. Parabéns pelo blog. Muito Bom Mesmo!
ResponderExcluirAh, se não for pedir demais, tens a letra de "Otello"?
Aguardo resposta.
Meus parabéns por essa análise de La Traviata. Trouxe-me informações inéditas e bem embasadas que ajudarão a entender cada vez mais essa obra-prima de Verdi.
ResponderExcluir