sábado, 12 de julho de 2008

MADAMA BUTTERFLY

Giacomo Puccini (1858 - 1924)
Por Puccini ter sido um genuíno talento do teatro, os críticos e acadêmicos sempre tentaram negar seu lugar entre os compositores sérios. O público, no entanto, tem outra opinião e considera Puccini como um de seus compositores favoritos. Nascido em Lucca, Itália, Puccini descendia de várias gerações de músicos profissionais. No início ele não se interessou em dar prosseguimento à tradição da família, mas sua mãe o obrigou a estudar música. Na adolescência Puccini já era um organista suficientemente bom para manter dois empregos como organista de igreja. Atraído por novas invenções e por maquinários, tinha a curiosidade de conhecer o órgão e seu mecanismo de música e divertia-se e improvisava durante as cerimonias religiosas. Vários fatores o levaram à carreira de compositor: a recepção favorável a algumas peças religiosas e uma cantata escritas por ele; a descoberta de Aida, a última ópera de Verdi e as bolsas de estudo de seu tio-avô e da Rainha Margherita de Saboia que lhe permitiram estudar no Conservatório de Milão de 1880 a 1883.
A vida da cidade grande nunca agradou muito a Puccini, mas influenciou seu trabalho. Sua existência boêmia como um estudante pobre foi expressa mais tarde na ópera La Bohème. Apesar de sua livre associação ao movimento verismo, um esforço para um teatro de ópera mais natural e acreditável, Puccini não hesitou em escrever peças de época ou em explorar locais exóticos. Na ópera Tosca escreveu um extenso melodrama ambientado em Roma durante o período napoleônico. Para Madame Butterfly Puccini escolheu uma história americana passada no Japão.
Gozando de uma aceitação gradual e consistente àquela altura de sua carreira, Puccini estava completamente despreparado para o fracasso total de Madame Butterfly, quando de sua primeira apresentação em 1904. No entanto, acreditava em seu trabalho e revisou a ópera até que fosse aceita. As complicações de Madame Butterfly fizeram com que retardasse o início de seu próximo trabalho e minaram sua autoconfiança, mas durante uma visita a New York, Puccini concordou em escrever La Fanciulla del West, baseada na popular peça de David Belasco The Girl of the Golden West. Apesar de relutar em assumir modernismos -a obra Elektra de Strauss o havia deixado confuso e desgostoso- Puccini, com cuidado, adotou mudanças de tempo em La Fanciulla, absorvendo a influência de Pelléas de Debussy, que ele admirava.A I Guerra Mundial provocou a principal interrupção na vida criativa de Puccini. As hostilidades complicaram suas negociações para escrever uma opereta para Viena, à época território inimigo. A opereta transformou-se então em uma ópera leve, La Rondine, produzida em Monte Carlo e acolhida com frieza no Metropolitan como a tarde decadente de um gênio. Puccini nunca mais recobrou sua superioridade jovial e sua espontaneidade romântica, mas continuou trabalhando seriamente, ampliando seus horizontes.
Um fumante inveterado, Puccini teve um câncer de garganta e foi levado para Bruxelas em 1924, para tratamento com um especialista. Apesar do sucesso da cirurgia, o coração de Puccini não resistiu e ele morreu logo em seguida. À época de sua morte, ele estava trabalhando em sua ópera mais ambiciosa, Turandot, baseada na adaptação romântica de Schiller de uma fantasia de Carlo Gozzi, o escritor satírico de Veneza do século XVIII. Em Turandot, pela primeira vez, Puccini escreveu muito para o coro, criando uma variedade orquestral, ampliada e enriquecida, que mostrava uma consciência de Petroucka de Stravinsky e de outros números contemporâneos.
A evolução de Madama Butterfly
Após o grande sucesso popular de Manon Lescaut (1893), La Bohème (1896) e Tosca (1900), Puccini viu-se um compositor sem tema ou, mais precisamente com temas demais. Considerou várias possibilidades mas, como ele escreveu ao seu amigo e editor, Giulio Ricordi, em novembro de 1900: "De fato, ainda não encontrei meu novo tema. Estou desesperado por ele e meu espírito atormentado."Na verdade Puccini havia encontrado seu tema e estava ansiosamente esperando para assinar um contrato sobre ele. Durante o verão de 1900, enquanto estava em Londres para a estréia inglesa de Tosca, Puccini havia assistido uma peça de um único ato, Madama Butterfly, uma dramatização de uma escritor teatral americano, David Belasco, sobre a história homônima de John Luther Long. Embora Puccini conhecesse um pouco de inglês, a clareza da cena de palco e o poder das emoções dos personagens convenceram-lhe imediatamente que este era seu novo tema. As memórias de Belasco, que não são sempre confiáveis, descrevem Puccini correndo aos bastidores após a apresentação, com seus olhos em lágrimas, agarrando o pescoço do autor e implorando pelos direitos de transformar Madama Butterfly em música. Embora o contrato só fosse assinado quatorze meses mais tarde, em novembro, Puccini já havia obtido uma tradução da história de Long, que ele encaminhou ao seu libretista, Luigi Illica, em março de 1901, com a seguinte nota "Leia e diga-me o que acha. Estou completamente envolvido." Finalmente, em setembro de 1901, o contrato foi assinado e Giuseppe Giacosa e Luigi Illica, os libretistas que haviam trabalhado em "Manon Lescaut", "La Bohème" e "Tosca", começaram a escrever o texto da nova ópera.
Para o enredo, os libretistas serviram-se não somente da história de Long e da peça de Belasco, mas também do romance semi-autobiográfico, "Madama Chrysanthème" (1887), do escritor francês e aventureiro Pierre Loti (1850-1923). Loti havia servido na marinha francesa no Oriente. Tirando partido da atração de tudo que fosse japonês, que havia se espalhado em toda a Europa, após Matthew Perry e a marinha americana terem iniciado o comércio do Japão com o mundo ocidental em 1853, Loti havia escrito uma série de novelas e histórias orientais de grande popularidade. Uma destas histórias era "Madama Chrysanthème". A obra de Loti apresenta as mesmas situações básicas da ópera de Puccini. Em sua chegada a Nagasaki, Pierre, um jovem oficial naval francês, cansado da vida, "levado pelo tédio e a solidão", decide tomar uma esposa japonesa para divertir-se. Um casamenteiro japonês, que, como seu par Goro veste um terno de negócios em estilo ocidental, fica feliz em fazer um favor e arranja uma noiva -Ki-Hou-San, Madama Crisântemo- e também uma casa dando para o porto de Nagasaki, ambos contratados em conveniente período mensal. Após uma breve cerimônia, o casal se retira para sua casa e o restante da obra, até que Pierre receba a ordem de navegar para a China, é cheia de descrições do Japão e seus "estranhos" costumes, talhados para satisfazerem o gosto pelo exótico do fim do século XIX.Os principais personagens de Loti são diferentes dos de Puccini -B.F. Pinkerton and Cio-Cio-San. Pierre está cansado da vida e nunca tem sentimentos como o ousado otimismo expresso na primeira ária de Pinkerton, Dovunque al mondo ("em todos os lugares do mundo"). Pierre não está apaixonado por sua noiva, considera seu casamento "uma brincadeira", faz comentários ofensivos sobre os japoneses e com freqüência responde às atenções de Crisântemo com irritação: "Tudo isso, que eu deveria considerar divertido em qualquer outra -qualquer outra que eu amei- irrita-me nela." Somente ao final do romance ele demonstra um pequeno envolvimento a sua "esposa" e sua "pequena casa enterrada entre flores."
Ki-Hou-San é ainda mais diferente do personagem de ópera baseado nela. Ela é três anos mais velha e nem um pouco ingênua sobre o eventual resultado de seu casamento. Embora aprecie a companhia de Pierre e sinta uma tristeza real quando ele parte, ao invés de responder com um desespero suicida, Crisântemo aceita como a conclusão natural de um acordo de negócios. Quando Pierre vem para despedir-se de sua "esposa", ele escuta um estranho barulho tilintando, acompanhando sua canção alegre. É Crisântemo, testando com um pequeno martelo cada uma das moedas de prata que ganhou, para certificar-se de que eram verdadeiras.
Loti, naturalmente, não era o único a alimentar o apetite do público pelas coisas japonesas. Havia muitas pinturas, palestras sobre viagens, peças, romances e óperas sobre assuntos japoneses. Entre os que contribuíram para a moda japonesa, estava John Luther Long (1861-1927), um advogado da Filadélfia e um escritor de contos e peças teatrais.
Embora Long nunca tivesse visitado o Japão, sua irmã era esposa de um missionário em Nagasaki e escrevia-lhe cartas cheias de anedotas sobre a vida e os costumes daquele país. Em uma destas cartas ela lhe contou a história de uma gueixa japonesa, convertida ao cristianismo, após ter sido abandonada por seu marido e Long transformou esta história em "Madama Butterfly", que foi publicada na revista The Century, em janeiro de 1898.
Long conta sua história como a vemos na ópera. Os mesmos personagens e os detalhes da trama, até mesmo incidentes como as perguntas de Butterfly para Sharpless, sobre quando os pintarroxos fazem seus ninhos nos EUA e a inscrição na faca de suicídio de Butterfly, todos estes detalhes existem na história. Até mesmo as cenas que se tornariam os números musicais principais, por exemplo, Un bel dì (Um lindo dia) e o dueto das flores, são facilmente identificados.No entanto, a história de Long não tem o conteúdo com o qual se faz grandes óperas. Pinkerton, que aparece somente no início da história, é um personagem totalmente sem emoções e detestável. Algumas vezes ele é evidentemente cruel em sua dominação da esposa inocente. As emoções são "impenetráveis" para Pinkerton, dificilmente um personagem a ser transformado em um tenor de ópera. Butterfly, embora solidária em seu fiel amor por Pinkerton (um avanço verdadeiro sobre a heroína de Loti) e em sua ingenuidade, é simples demais para chegar a ter uma estatura heróica. Algumas vezes o dialético Long faz com que seu personagem fale um jargão de inglês falado na China sem nenhum refinamento, tornando-a quase cômica. Embora possamos apiedar-nos da personagem, não ficamos profundamente comovidos. Por exemplo, na cena em que Puccini e seus libretistas modificaram para Um bel dì, a suprema declaração de fé de Butterfly é introduzida por eles, enquanto a personagem de Long, menos heróica, descreve uma brincadeira que ela fará com seu marido que retornará: "Assim que eu o vir subindo a colina -so-so-so-so-.... então! Nós nos esconderemos atrás do shoji, onde há orifícios onde podemos espiar." Ela olhou em volta procurando por eles. "Ah! Eles estão todos fechados! Mas" -ela enfia de forma selvagem seu dedo através do papel- "nós logo faremos alguns, ha, ha, ha! Então! Ela fez um outro buraco para a criada. "então nós ficaremos quietas como ratos, e faremos com que acredite que fomos embora. Melhor não deixarmos vestígios: 'Foram-se para sempre. Sahionara, Butterfly'? Não, é muito longo para ele. Ele ficará bravo desta forma com a primeira palavra e dirá aquelas repreensões sobre o inferno e o demônio e esbravejando alto. Este é o momento antes que ele fique zangado demais, correr e pular em seu pescoço, aha!" Do ponto de vista da ópera, mais importante que o fracasso de Long em fornecer personagens comoventes é a forma em que seu enredo difere do libreto em dois pontos cruciais. Primeiro, o conto falha em atiçar as emoções do leitor pois omite qualquer cena de amor verdadeiro entre o casal. Segundo, o leitor fica com a impressão clara que Butterfly realmente não comete suicídio, que a visão de seu filho a convence a viver por amor. Parece, ao contrário, ser mais provável que ela se torne a futura Princesa Yamadori ou outra Madama Crisântemo, verificando suas moedas de prata.
David Belasco (1853-1931) foi, provavelmente, a figura mais importante do teatro norte-americano do final do século dezenove e início do século vinte. Ele tinha, certamente, um senso de negócios para deixar que a história de Long fosse dramatizada por outro e tinha também um bom senso de teatro para permitir que permanecesse com suas fraquezas. Vendeu com sucesso os direitos da história e, em colaboração com Long, produziu sua peça de único ato, Madama Butterfly, que estreou em New York, apenas alguns meses antes de Puccini vê-la em Londres.
Sua peça é um grande melhoramento do conto e é quase, linha por linha, paralela ao segundo e terceiro atos da ópera. Como na ópera, Pinkerton com efeito reaparece no final, a tempo de descobrir Butterfly moribunda, pois ela realmente comete suicídio.
O Pinkerton de Belasco é muito mais atraente que o Pierre de Loti ou o Tenente de Long. A primeira parte da história de Long é eliminada, a parte que retrata Pinkerton como frio e cruel; e ele fica realmente chocado e abalado com remorsos pelo resultado final de seu casamento com Butterfly.
Ainda de forma mais importante, a peça nos dá uma pequena noção de uma história de amor atrás da tragédia. A carta de Pinkerton para Sharpless revela que ele realmente sentia algo por sua esposa japonesa:
"Descubra algo sobre aquela pequena jovem japonesa. O que aconteceu com ela? Pode parecer estranho agora. Se a pequena Butterfly ainda se lembra de mim, talvez você possa me ajudar e fazê-la entender. Você não acreditaria, mas durante duas semanas após estar no mar, eu estava um pouco apaixonado por ela."
A isto Butterfly responde: "Oh, todos os deuses, que lindo!" Puccini e seus libretistas expandiram esta indicação de história de amor por detrás da tragédia em todo o primeiro ato da ópera. Eles sabiam que se o público visse Butterfly somente quando ela estava esperando pelo retorno de Pinkerton eles teriam pena dela, mas se eles a vissem quando estava se apaixonando, eles seriam solidários.Puccini e seus libretistas usaram as diretrizes básicas da história de Loti, Long e Belasco, mas enfatizaram as emoções dos personagens, especialmente o amor de Butterfly por Pinkerton. Ao tornar os personagens mais comoventes e ao concentrarem-se no lado emocional da história, tornaram "Madama Butterfly" na experiência emocionante que é. Para chegar a isso, alguns enredos chaves foram mudados. A introdução de Sharpless, o Cônsul americano, mudou para um ponto bem anterior no enredo, até mesmo antes da primeira aparição de Butterfly. Desta forma, poderia servir como um profeta para Pinkerton e o público sobre a tragédia que estava por vir. Butterfly, ao invés de se voltar para o cristianismo após ser rejeitada por sua família, adota a religião de Pinkerton como um gesto de pura fé e amor. Naturalmente o compositor e os libretistas adicionaram o lindo dueto de amor do primeiro ato, que, pela primeira vez, apresenta Butterfly ao público, em um momento em que ela está verdadeiramente feliz, tornando seu desejo pelo retorno de Pinkerton mais comovente e seu suicídio ainda mais trágico.
Os personagens também foram modificados para torná-los atraentes ao público. Pinkerton, embora dificilmente "heróico", é retratado como impulsivo, ardente e inocentemente inconsciente da tragédia que pode causar, ao invés de frio e cruel. Com amor ou com desejo, Pinkerton sente-se "atraído" por Butterfly, como ele diz a Sharpless suas palavras de conforto para ela após a rejeição da família, e sua paixão durante o longo dueto de amor revelam carinho e calor. No final, ele sente um verdadeiro remorso pela infelicidade que causou.Ainda de forma mais importante, a própria Butterfly torna-se uma figura de estatura verdadeira e uma mulher com emoções profundas, ao invés de uma boneca de porcelana estranha. Ela pode, ainda que ingenuamente, perguntar quando os pintarroxos fazem seus ninhos nos Estados Unidos, mas as emoções profundas de sua ária Um bel dì e sua cena final, "Tu? Piccolo iddio!" ("Você? Meu pequeno ídolo!") elevam-na de patética a heróica.
Puccini estava tão seguro do sucesso de "Madama Butterfly" que, mesmo após sua desastrosa estréia no Teatro La Scala, em 17 de fevereiro de 1904, ele defendeu-a e a apresentou-a novamente, somente três meses mais tarde, em 18 de maio, em Brescia, com algumas alterações mínimas. Desta vez ouviu-se Bravos no lugar das vaias durante toda a apresentação, e "Madama Butterfly" tem sido, desde então, uma das óperas mais populares do mundo. Tornou-se a ópera pessoal favorita do compositor e foi uma de suas últimas óperas que Puccini escutou antes de sua morte em 29 de novembro de 1924.
Para uma melhor compreenção:
A arte da Gueixa
A arte tradicional da gueixa é mantida ainda no Japão moderno, como tem sido feito há vários séculos. Treinada em canto, dança e conversação, a gueixa atua como uma anfitriã, guia e confidente de seus hóspedes. Magníficos quimonos de seda tingidos, cabelos e cabeças cuidadosamente penteadas e ornamentadas com ouro e contas, leques ornamentais com encantadoras paisagens pintadas, todos estes elementos criam a adorável karyukai, a "flor e o mundo do salgueiro" da gueixa.
A cerimônia japonesa do chá
O chá é a bebida nacional do Japão e a cerimônia do chá é uma cerimônia formal destinada a ser servida aos hóspedes especiais. A tradição da cerimônia do chá compreende um local específico (a casa de chá ou o jardim do chá), utensílios especiais (o braseiro, a chaleira, a jarra de água laqueada, o pincel e a concha do chá e a esteira), bem como um comportamento estilizado. Madama Butterfly pode ter servido chá para Pinkerton durante o período em que se cortejaram, mas ela não serve chá a Sharpless quando, no segundo ato, ele a visita em seu lar "americano"-ela lhe oferece cigarros americanos.
Os antepassados japoneses e o Ottoké
Os japoneses têm uma enorme preocupação com suas relações familiares e as linhas de ancestrais, especialmente em assuntos religiosos. Os objetos sagrados e os altares de família eram geralmente encontrados nos lares japoneses, sendo o centro do costume religioso tradicional. Um pouco antes de seu casamento, Butterfly mostra a Pinkerton os maiores tesouros que possui, entre eles há vários pequenos ídolos, os ottoké, que representam as almas de seus reverenciados antepassados.
O Quimono
O quimono, vestimenta tradicional japonesa, usada por mulheres e homens, é um vestido de mangas largas, enrolado no corpo e amarrado com um cinturão colorido chamado de obi. O obi, ricamente bordado, algumas vezes chegando a ter até três metros de comprimento, é amarrado de formas diversas, em uma demonstração do status da pessoa que o está usando. A mulher da foto usa seu obi amarrado na frente, o estilo usado por mulheres casadas na virada do século. Atualmente, a maior parte dos japoneses usam roupas no estilo ocidental e o quimono destina-se somente para ocasiões festivas. Butterfly teria escolhido um quimono e um obi brilhantemente decorados para seu casamento.
As relações comerciais entre os EUA e o Japão no século XIX
Em 1853, o Comodoro Matthew Perry da Marinha dos Estados Unidos navegou até a baía de Okinawa no Japão e iniciou o comércio com um país que havia resistido a ter relações com o Ocidente durante duzentos anos. Durante as décadas seguintes, navios americanos e homens da marinha (como o Pinkerton de Madama Butterfly) visitaram com freqüência o Japão, conduzindo o comércio e introduzindo elementos ocidentais na cultura japonesa. O navio da foto acima está mais perto do tempo de Perry (1850) que de Pinkerton (início do século vinte), mas é interessante, apesar de ser uma concepção de um artista japonês de um navio americano.
Hara-Kiri
Tradicionalmente, o hara-kiri era uma forma de suicídio reservada à classe dos guerreiros (os samurai). Teoricamente, proporcionava uma forma honrosa de terminar uma vida, quando continuá-la significaria desgraça e desonra.O hara-kiri foi, durante um certo tempo, um foco de atenção do público e inspiração para peças, novelas, filmes e óperas como Madama Butterfly de Giacomo Puccini.
Ópera em três atos Compositor: Giacomo Puccini
Texto do libreto em italiano: Giuseppe Giacosa e Luigi Illica, baseado na peça de David Belasco
Première Mundial: Milão, Teatro La Scala, 17 de fevereiro de 1904

Elenco
Cio-Cio-San (CHO-cho-sahn), conhecida como Butterfly (por seus movimentos com as mãos que simulavam o voo da borboleta), uma jovem gueixa japonesa.
Tenente B.F. Pinkerton, um oficial da Marinha dos Estados Unidos.
Sharpless, O Cônsul norte-americano e amigo de Pinkerton.
Suzuki (soo-ZOO-kee), criada de Butterfly.
The Bonze (BAHNZ), tio de Butterfly, um monge budista.
Goro (GOH-roh), seu casamenteiro.
Yamadori (yah-mah-DOH-ree), um nobre japonês.
Kate Pinkerton, a esposa norte-americana do Tenente Pinkerton.
Sorrow, filho de Butterfly e Pinkerton.

Sinopsis
Ato I:
Nagasaki, Japão, início do século vinte. Em uma colina que dá para o porto, o Tenente da Marinha norte-americana, Benjamin Franklin Pinkerton, inspeciona uma casa em estilo japonês com Goro, um casamenteiro do local que lhe arranjou um casamento com Madama Butterfly (Cio-Cio-San). Pinkerton é apresentado a Suzuki, que foi contratada como a criada de sua noiva. O cônsul americano, um homem de meia idade chamado Sharpless, é o primeiro a chegar, assobiando durante a subida íngreme. O descuidado Pinkerton explica a Sharpless que assinou um contrato de casamento de 999 anos, que pode ser cancelado a qualquer tempo, quando ele desejar. Impregnado pelo espírito norte-americano de aventura, Pinkerton oferece uma bebida a Sharpless e os dois brindam "América para sempre!" Sharpless fica preocupado com a jovem japonesa que pode tomar seus votos de forma mais séria.A discussão deles é interrompida pelo som de um cortejo nupcial que se aproxima, tendo à frente Cio-Cio-San, cuja voz se sobressai entre as outras. Ela cumprimenta Pinkerton e o cônsul e responde às educadas perguntas deste com informações sobre sua origem: quando a família perdeu toda a fortuna, ela tornou-se uma gueixa, o que ela cita como sendo uma profissão respeitável. Sua mãe ainda está viva, seu pai -morto (a esta menção seus amigos demonstram um certo embaraço). Ela alegremente diz a Sharpless para adivinhar sua idade; ele diz vinte, mas ela tem realmente quinze anos.Goro reúne os criados e anuncia os últimos a chegarem, o Comissário Imperial e o oficial de registro. Embora a mãe de Cio-Cio-San elogie de forma educada o noivo, alguns parentes e amigos prevêem um divórcio próximo. Sharpless espera que Pinkerton aprecie a noiva. Quando Pinkerton pergunta a Butterfly o que ela está carregando em suas mangas compridas, ela mostra seus artigos de toalete e também uma faca em um estojo, sobre a qual ela não quer discutir. Goro, com calma, explica que o pai de Cio-Cio-San cometeu hara-kiri por ordem do imperador. Butterfly diz a Pinkerton que ela visitou o consulado para informar-se sobre a adoção da religião dele. Goro bate palmas para atrair a atenção e o comissário lê o contrato de casamento, que ambas as partes assinam.Sharpless parte com o comissário e Pinkerton, impaciente para livrar-se dos parentes, propõe uma rodada de bebidas para todos. A festa logo é interrompida por gritos estranhos: um tio de Cio-Cio-San, um bonzo (monge budista) descobriu sobre seu casamento e invade a cena. Ele provoca os outros a denunciarem Butterfly e todos partem.Pinkerton consola Cio-Cio-San, que chama Suzuki para ajudá-la a vestir sua camisola nupcial. Ao cair da noite, Pinkerton fala com amor com sua noiva e eles se abraçam entrando na casa.
Ato II.
Três anos se passaram. Na mesma casa, Butterfly espera pacientemente pelo retorno de seu marido. Suzuki repara que elas estão quase sem dinheiro, e duvida que Pinkerton volte "quando os pintarroxos fizerem seu ninho", como havia prometido. Butterfly não concorda e descreve como o navio chegará no porto de Nagasaki.Goro e Sharpless visitam Butterfly, pois Pinkerton escreveu a Sharpless pedindo-lhe que a visitasse. Extremamente feliz, Butterfly pergunta com que freqüência os pintarroxos fazem seus ninhos nos Estados Unidos -talvez o façam menos freqüentemente que no Japão, o que explicaria a ausência de três anos de seu marido. Goro ri, e estimula Butterfly a rir, explicando que muitos pretendentes têm pedido sua mão em casamento. Goro apresenta-lhe o Príncipe Yamadori, mas Butterfly não está interessada e declara que já é casada. Goro, Yamadori e Sharpless reservadamente conversam que o navio de Pinkerton chegará logo, mas ele não quer ver Butterfly.Quando Goro e Yamadori partem, Sharpless lê para Butterfly uma carta de Pinkerton e pergunta-lhe o que ela faria se seu marido nunca voltasse. Ela diz que voltaria a ser uma gueixa -ou melhor ainda, morreria. Sharpless lhe aconselha a se casar com Yamadori e, é Butterfly apresenta seu filho, Sorrow. Ela acredita que Pinkerton voltará definitivamente assim que souber sobre seu filho.Um tiro de canhão é escutado à distância, anunciando um navio no porto. Butterfly reconhece-o como o navio de Pinkerton. Enchendo-se de alegria, ela obriga Suzuki a ajudá-la a colher flores e jogá-las em volta da casa. Suzuki traz para Butterfly seu vestido de noiva e as duas mulheres e a criança sentam-se e esperam pelo retorno de Pinkerton.
Ato III:
Com o fim da noite, entre sons e vozes do porto ouvidos à distância, Butterfly finalmente vai para seu quarto para dormir, até que Suzuki a acorde quando da chegada de Pinkerton. Pinkerton logo chega com Sharpless e eles pedem a Suzuki para não despertar Butterfly. Suzuki percebe uma mulher no jardim, a "verdadeira esposa americana" de Pinkerton. Sharpless havia contado a Pinkerton sobre a criança e os dois homens querem a ajuda de Suzuki para persuadirem Butterfly a deixar que Pinkerton e sua esposa levem a criança para os Estados Unidos. Pinkerton pede a Sharpless para fazer o que for necessário por Butterfly e parte, dando adeus a sua casa. A esposa de Pinkerton, Kate, pede a Suzuki para tranqüilizar Butterfly, dizendo-lhe que pode confiar nela para cuidar de Sorrow.
LIBRETO – VERSÃO ORIGINAL
Atto Primo

Collina presso Nagasaki. Casa giapponese, terrazza e giardino. In fondo, al basso, la rada, il porto, la città di Nagasaki.
(Si alza il sipario.) (Dalla camera in fondo alla casetta, Goro con molti inchini introduce Pinkerton, al quale con grande prosopopea, ma sempre ossequente, fa ammirare in dettaglio la piccola casa. Goro fa scorrere una parete nel fondo, e ne spiega lo scopo a Pinkerton.) (Si avanzano un poco sul terrazzo.)
Pinkerton (sorpreso per quanto ha visto dice a Goro:) ... E soffitto... e pareti...
Goro (godendo della sorprese di Pinkerton) Vanno e vengono a prova a norma che vi giova nello stesso locale alternar nuovi aspetti ai consueti.
Pinkerton (cercando intorno) Il nido nuzial dov'è?
Goro (accennando a due locali) Qui, o là... secondo...
Pinkerton Anch'esso a doppio fondo! La sala?
Goro (mostra la terrazza) Ecco!
Pinkerton (stupito) All'aperto?...
(Goro fa scorrere la parete verso la terrazza)
Goro (mostrando il chiudersi d'una parete) Un fianco scorre...
Pinkerton (mentre Goro fa scorrere le pareti) Capisco!... Capisco!... Un altro...
Goro Scivola!
Pinkerton E la dimora frivola...
Goro (protestando) Salda come una torre da terra, fino al tetto. (invita Pinkerton a scendere nel giardino)
Pinkerton È una casa a soffietto.
(Goro batte tre volte le mani palma a palma. Entrano due uomini ed una donna e si genuflettono innanzi a Pinkerton.)
Goro (con un voce un po' nasale, accennando) Questa è la cameriera che della vostra sposa (lezioso) fu già serva amorosa. Il cuoco... il servitor... Son confusi del grande onore.
Pinkerton (impaziente) I nomi?
Goro (indicando Suzuki) Miss Nuvola leggiera. (indicando un servo) Raggio di sol nascente. (indicando l'altro servo) Esala aromi.
Suzuki (sempre in ginocchio, ma fatta ardita rialza la testa) Sorride Vostro Onore? Il riso è frutto e fiore. Disse il savio Ocunama: dei crucci la trama smaglia il sorriso. (Scende nel giardino, seguendo Pinkerton che si allontana sorridendo.) Schiude alla perla il guscio, apre all'uomo l'uscio del Paradiso. Profumo degli Dei... Fontana della vita... Disse il savio Ocunama: dei crucci la trama smaglia il sorriso.
(Pinkerton è distratto e seccato. Goro, accorgendosi che Pinkerton comincia ad essera infastidito dalla loquela di Suzuki, batte tre volte le mani. I tre si alzano e fuggono rapidamente rientrando in casa.)
Pinkerton A chiacchiere costei mi par cosmopolita. (a Goro che è andato verso il fondo ad osservare) Che guardi?
Goro Se non giunge ancor la sposa.
Pinkerton Tutto è pronto?
Goro Ogni cosa.
Pinkerton Gran perla di sensale!
(Goro ringrazia con profondo inchino.)
Goro Qui verran: L'Ufficiale del registro, i parenti, il vostro Console, la fidanzata. Qui si firma l'atto e il matrimonio è fatto.
Pinkerton E son molti i parenti?
Goro La suocera, la nonna, lo zio Bonzo (che non ci degnerà di sua presenza) e cugini, e le cugine... Mettiam fara gli ascendenti... ed i collaterali, un due dozzine. Quanto alla discendenza... provvederanno assai (con malizia ossequente) Vostra Grazia e la bella Butterfly.
Pinkerton Gran perla di sensale! (Goro ringrazia con profondo inchino.)
Sharpless (dall'interno un po' lontano) E suda e arrampica! sbuffa, inciampica!
Goro (ch'è accorso al fondo, annuncia a Pinkerton) Il Consol sale. (si prosterna innanzi al Console)
Sharpless (entra stuffando) Ah!... quei Viottoli mi hanno sfiaccato!
Pinkerton (va incontro al Console: i due si stringono la mano.) Bene arrivato.
Goro (al Console) Bene arrivato.
Sharpless Ouff!
Pinkerton Presto Goro, qualche ristoro. (Goro entra in casa frettoloso)
Sharpless (sbuffando e guardando intorno) Alto.
Pinkerton (indicando il panorama) Ma bello!
Sharpless (contemplando la città ed il mare sottoposti) Nagasaki, il mare, il porto...
Pinkerton (accenna alla casa) e una casetta che obbedisce a bacchetta.
(Goro viene frettoloso dalla casa, seguito da due servi: portano bicchieri e bottiglie che depongono sulla terrazza; i due servi rientrano in casa e Goro si dà a preparare le bevande.)
Sharpless Vostra?
Pinkerton La comperai per novecento-novanta-nove anni, con facoltà ogni mese, di rescindere i patti. Sono in questo paese elastici del par, case e contratti.
Sharpless E l'uomo esperto ne profitta.
Pinkerton Certo.
(Pinkerton e Sharpless si siedono sulla terrazza dove Goro ha preparanto le bevande.)
Pinkerton (con franchezza) Dovunque al mondo lo Yankee vagabondo si gode e traffica sprezzando i rischi. Affonda l'ancora alla ventura. (s'interrompe per offrire da bere a Sharpless) Milk-Punch o Wisky? (riprendendo) Affonda l'ancora alla ventura finché una raffica scompigli nave e ormeggi, alberatura. La vita ei non appaga se non fa suo tesor i fiori d'ogni plaga...
Sharpless È un facile vangelo...
Pinkerton (continuando) ... d'ogni bella gli amor.
Sharpless .. è un facile vangelo che fa la vita vaga ma che intristisce il cor...
Pinkerton Vinto si tuffa, la sorte racciuffa. Il suo talento fa in ogni dove. Così mi sposo all'uso giapponese per novecento-novanta-nove anni. Salvo a prosciogliermi ogni mese.
Sharpless È un facile vangelo.
Pinkerton (si alza, toccando il bicchiere con Sharpless) America forever!
Sharpless America forever!
(Pinkerton e Sharpless si siedono ancora sulla terrazza.)
Sharpless Ed è bella la sposa?
(Goro che ha udito, si affaccia al terrazzo pauroso ed insinuante.)
Goro Una ghirlanda di fiori freschi. Una stella dai raggi d'oro. E per nulla: sol cento yen. (al Console) Se Vostra Grazia mi comanda ce n'ho un assortimento.
(Il Console ridendo, ringrazia e si alza pure.)
Pinkerton (con viva impazienza, allontanadosi) Va, conducila, Goro.
(Goro corre in fondo e scompare discendendo il colle.)
Sharpless Quale smania vi prende! Sareste addirittura cotto?
Pinkerton Non so!... non so! Dipende dal grado di cottura!
Amore o grillo, dir non saprei. Certo costei m'ha coll'ingenue arti in vescato. Lieve qual tenue vetro soffiato alla statura, al portamento sembra figura da paravento. ma dal suo lucido fondo di lacca come con subito mo to si stacca, qual farfalletta svolazza e posa con tal grazietta silenziosa che di rincorrerla furor m'assale se pure in frangerne dovessi l'ale.
Sharpless (seriamente e bonario) Ier l'altro, il Consolato sen' venne a visitar! Io non la vidi, ma l'udii parlar. Di sua voce il mistero l'anima mi colpì. Certo quando è sincer l'amor parla così Sarebbe gran peccato le lievi ali strappar e desolar forse un credulo cuor.
Pinkerton Console mio garbato, quetatevi, si sa... / la vostra età è di flebile umor. Non c'è gran male s'io vo' quell'ale drizzare ai dolci voli dell'amor! Sharpless Sarebbe gran peccato... Quella divina mite vocina \ non dovrebbe dar note di dolor.
Pinkerton (offre di nuovo da bere) Wisky?
Sharpless Un'altro bicchiere.
(Pinkerton mesce del wisky a Sharpless e colma anche il proprio bicchiere.)
Sharpless (leva il calice) Bevo alla vostra famiglia lontana.
PInkerton (leva esso pure il bicchiere) E al giorno in cui mi sposerò con vere nozze a una vera sposa americana.
/ Goro (riappare correndo affannato dal basso della collina) Ecco. Son giunte al sommo del pendio. (accena verso il sentiero) Già del femmmineo sciame qual di vento infogliame s'ode il brusìo. Le Amiche di Butterfly (interno, lontana) \ Ah! ah! ah!
(Pinkerton e Sharpless si recano in fondo al giardino osservando verso il sentiero della collina.)
Le Amiche Ah! ah! ah! ah! Ah! Quanto cielo! Quanto mar! (sempre interno) Quanto cielo! Quanto mar!
Butterfly (interno) Ancora un passo or via.
Le Amiche Come sei tarda!
Butterfly Aspetta.
Le Amiche Ecco la vetta. Guarda, guarda quanti fior!
/ Butterfly (serenamente) Spira sul mare e sulla terra un primaver il soffio giocondo. Le Amiche Quanto cielo! Quanto mar! Sharpless \ O allegro cinguettar di gioventù!
/ Butterfly Io sono la fanciulla più lieta del Giappone, anzi del mondo. Amiche, io son venuta al richiamo d'amor! d'amor venni alle soglie! ove s'accoglie il bene di chi vive e di chi muor! Amiche, io son venuta al richiamo d'amor, al richiamo d'amor, son venuta al richiamo d'amor, d'amor! Le Amiche Quanti fior! Quanto mar! Quanto cielo! Quanti fior! Gioia a te, gioia a te sia, dolce amica, ma pria di varcar la soglia che t'attira volgiti e mira le cose che ti son care, mira quanto cielo, quanti fiori, quanto mar!... (si cominciano a scorgere le Geishas che montano il sentiero) Gioia a te, gioia a te sia, dolce amica, ma pria di varcar la soglia \ volgiti e guarda le cose che ti son care! (appaiono in scena hanno tutte grandi ombrelli aperti, a vivi colori)
Butterfly (alle amiche) Siam giunte. (vede il gruppo dei tre uomini e riconosce Pinkerton. Chiude subito l'ombrello e pronta lo addita alle amiche.) B.F. Pinkerton. Giù! (si genuflette)
Le Amiche (chiudono gli ombrelli e si genuflettono) Giù!
(Tutte si alzano e si avvicinano a Pinkerton cerimoniosamente.)
Butterfly (fa una riverenza) Gran ventura.
Amiche (facendo una riverenza) Riverenza.
Pinkerton (sorridendo) È un po' dura la scalata?
Butterfly A una sposa costumata più penosa è l'impazienza...
Pinkerton (gentilment, ma u po' derisorio) Molto raro complimento.
Butterfly (con ingenuità) Dei più balli ancor ne so.
Pinkerton (rincalzando) Dei gioielli!
Butterfly (volendo sfoggiare il suo repertorio di complimenti) Se vi è caro sul momento...
Pinkerton Grazie, no.
(Sharpless ha osservato prima curiosamente il gruppo delle fanciulle, poi si è avvicinato a Butterfly, che lo ascolta con attenzione)
Sharpless Miss Butterfly. Bel nome, vi sta a meraviglia! Siete di Nagasaki?
Butterfly Signor sì. Di famiglia assai prospera un tempo. (alle amiche) Verità?
Amiche (approvando premurose) Verità!
Butterfly (con naturalezza) Nessuno so confessa mai nato in povertà; non c'è vagabondo che a sentirlo non sia di gran prosapia. Eppur conobbi la ricchezza. Ma il turbine rovescia le quercie più robuste... e abbiam fatto la ghescia per sostentarci. (alle amiche) Vero?
Amiche (confermano) Vero!
Butterfly Non lo nascondo, nè mi adonto. (vedendo che Sharpless sorride) Ridete? Perché? Cose del mondo.
Pinkerton (ha ascoltato con interesse, e si rivolge a Sharpless) Con quel fare di bambola quando parla m'infiamma.
Sharpless (anch'esso interessato dalle chiacchiere di Butterfly, continua a interrogarla) E ci avete sorelle?
Butterfly Non signore. Ho la mamma.
Goro (con importanza) Una nobile dama.
Butterfly Ma senza farle torto povera molto anch'essa.
Sharpless E vostro padre?
Butterfly (si arresta sorpresa, poi secco secco risponde) Morto.
(Le amiche chinano la testa; Goro è imbarazzato. Tutte si sventolano nervosamente coi ventagli.)
Sharpless (ritornando presso Butterfly) Quant'anni avete?
Butterfly (con civetteria quasi infantile) Indovinate.
Sharpless Dieci.
Butterfly Crescete.
Sharpless Venti.
Butterfly Calate. Quindici netti, netti; (con malizia) sono vecchia diggià.
Sharpless Quindici anni!
Pinkerton Quindici anni!
Sharpless L'età dei giuochi...
Pinkerton E dei confetti.
Goro (che ha veduto arrivare dal fondo altre persone e le ha riconosciute, annuncia con importanza) L'Imperial Commissario, l'Ufficiale del registro, i congiunti.
Pinkerton (a Goro) Fate presto.
(Goro corre in casa. Dal sentiero in fondo si vendono salire e sfilare i parenti di Butterfly: questa va loro incontro insieme alle amiche: grandi saluti, riverenze: i parenti osserano curiosamente i due americani. Pinkerton ha presso sottobraccio Sharpless e, condottolo da un lato, gli fa osservare, ridendo, il bizzarro gruppo dei parenti; il Commissario Imperiale e l'Ufficiale del registro salutano Pinkerton ed entrano in casa, ricevuti da Goro.)
Pinkerton Che burletta la sfilata della nuova parentela tolta in prestito, a mesata!
Parenti, Amici ed Amiche Dov'è? Dov'è?
Butterfly, e dei Amiche (indicando Pinkerton) Eccolo là
La Cugina, ed Amici Bello non è.
/ Butterfly (offesa) Bello è così che non si può... sognar di più. La Madre Mi pare un re! Parenti, Amici ed Amiche Mi pare un re. In verità. Vale un perù. Bello non è. Pinkerton (osservando il gruppo delle donne) Certo dietro a quella vela di ventaglio pavonazzo, \ la mia suocera si cela.
La Cugina (a Butterfly) Goro l'offrì pur anco a me.
/ Butterfly (sdegnosa alla cugina) Si, giusto tu! Pinkerton (indicando Yakusidè) \ E quel coso da strapazzo è lo zio briaco e pazzo.
Parenti, Amici ed Amiche (alla cugina) Ecco, perché prescelta fu, vuol far con te la soprappiù La sua beltà già disfiorì Divorzier`. Spero di sì. La sua beltà già disfiorì.
Goro (esce dalla casa e indispettito dal garrulo cicalio, va dall'uno all'altro raccomandando di parlare sottovoce) Per carità, tacete un po'.
Yakusidè (addocchiando i servi che cominciano a portare vini e liquori) Vino ce n'è?
La Madre e la Zia (sbirciando, cercando di non farsi scorgere) Guardiamo un po'.
/ Parenti ed Amiche (con soddisfazione, a Yakusidè) Ne vidi già color di thè, color di thè e chermisì! Ah, hu! Ah, hu! Parenti ed Amiche (altre) (guardando compassionevolmente Butterfly) La sua beltà già disfiorì, già disfiorì. Divorzierà \ Ah, hu! Ah, hu!
p.97 La Madre e la Zia Mi pare un re. Vale un Perù in verità bello è così che non si può sognar di più. Mi pare un re; bello è così che non si può sognar id più, sognar di più. Mi pare un re. Vale un Perù. Mi pare un re.
/ La Cugina Goro l'offrì pur anco a me, ma s'ebbe un no! bello non è in verità. Goro l'offrì pur anco a me ma s'ebbe un no. In verità bello non è, in verità. Divorzierà. Spero di sì. Divorzierà. Parenti ed Amiche (soprani 1) Bello non è, in verità, bello non è! bello non è, in verità. Goro l'offrì pur anco a me ma s'ebbe un no. In verità bello non è, in verità. Divorzierà. Spero di si. Divorzierà! Parenti ed Amiche (soprani 2) Bello è così che non si può sognar di più! Mi pare un re. Vale un Perù! In verità è così bel che pare un re, in verità mi par un re, in verità. Divorzierà. Spero di si. Divorzierà! Divorzierà. Spero di si. Divorzierà! Parenti ed Amici (tenori) Bello non è, in verità, bello non è! Goro l'offrì pur anco a te, ma s'ebbe un no! ma s'ebbe un no! La sua beltà già disfiorì, già disfiorì. Divorzierà. Spero di si. Divorzierà! Yakusidè Vino ce n'è? Guardiamo un po', guardiamo un po'. Ne vidi già color di thè, e chermisi, color di thè. \ Vino ce n'è? Vediamo un po'!
Goro (interviene di nuovo per far cessar il baccano) Per carità tacete un po'... (poi coi gesti fa cenno ditacere) Sch! sch! sch!
Sharpless (a Pinkerton a parte) O amico fortunato!
(ai cenni di Goro parenti e invitati si rinniscono in crocchio, sempre però agitandosi e chiacchierando)
/ Cugina, e dei Parenti ed Amiche Ei l'offrì pur anco a me! Madre, ed altre Parenti ed Amiche \ Egli è bel, mi pare un re!
/ Pinkerton Sì, è vero, è un fiore, un fiore! ... Sharpless \ O fortunato Pinkerton, ...
/ Cugina, e dei Parenti ed Amiche ... Ei l'offrì pur anco a me! ... Madre, ed altre Parenti ed Amiche \ ... Egli è bel, mi pare un re! ...
/ Pinkerton ... L'esotico suo odore ... Sharpless \ ... che in sorte v'è toccato ...
/ Cugina, e dei Parenti ed Amiche ... Ma risposi non lo vo' ... Madre, ed altre Parenti ed Amiche \ ... Non avrei risposto no! ...
/ Pinkerton ... m'ha il cervello sconvolto. Sharpless \ ... un fior pur or sbocciato! ...
/ Cugina, e dei Parenti ed Amiche ... e risposi: no! Madre, ed altre Parenti ed Amiche \ ... non direi mai no!
Sharpless Non più bella è d'assai ...
/ Cugina, e dei Parenti ed Amiche Senza tanto ricercar. Madre, ed altre Parenti ed Amiche \ No, mie care, non mi par,
/ Sharpless ... fanciulla io vidi mai di questa Butterfly E se a voi sembran scede il patto e la sua fede ... Butterfly (a suoi) Badate, attenti a me. Pinkerton Si, è vero, è un fiore, un fiore, e in fede mia l'ho colto! Cugina, e dei Parenti ed Amiche Io ne trovo dei miglior, e gli dirò un bel no, e gli dirò di no, di no! Madre, ed altre Parenti ed Amiche è davvero un gran signor, nè gli direi di no, nè mai direi di no, di no! Parenti ed Amici \ E divorzierà, e divorzierà, divorzierà!
Sharpless ... badate! Ella vi crede
Butterfly (a sua madre) Mamma, vien qua. (agli altri) Badate a me: attenti, orsù (parlato con voce infantile) uno, due tre ... e tutti giù
(Al cenno di Butterly tutti si inchinano innanzi a Pinkerton ed a Sharpless.)
(I parenti si rialzano e si spargono nel giardino; Goro ne conduce qualcuno nell'interno della casa. Pinkerton prende per mano Butterfly e la conduce veso la casa.)
Pinkerton Vieni, amor mio! Vi piace la casetta?
Butterfly Signor F. B. Pinkerton (mostra le mani e le braccia che sono impacciate dalle maniche rigonfie) perdono... Io vorrei... pochi oggetti da donna...
Pinkerton Dove sono?
Butterfly (indicando le maniche) Sono qui... vi dispiace?
Pinkerton (un poco sorpreso, sorride, poi subito acconsente con galanteria) O perché mai, mia bella Butterfly?
Butterfly (a mano a mano cava dalle maniche gli oggetti e li consegna a Suzuki, che è uscita sulla terrazza, e li depone nelle casa) Fazzoletti. La pipa. Una cintura. Un piccolo fermaglio. Uno specchio. Un ventaglio.
Pinkerton (vede un vasetto) Quel barattolo?
Butterfly Un vaso di tintura,
Pinkerton Ohibò!
Butterfly Vi spiace?... Via! (trae un astuccio lungo e stretto)
Pinkerton E quello?
Butterfly (molto seria) Cosa sacra a mia.
Pinkerton (curioso) E non si può vedere?
Butterfly C'è troppa gente. (sparisce nella casa portando con sè l'astuccio) Perdonate.
Goro (che si è avvicinato, dice all'orecchio di Pinkerton:) È un presente del Mikado a suo padre... coll'invito... (fa il gesto di chi s'apre il ventre)
Pinkerton (piano a Goro) E ... suo padre?
Goro Ha obbedito. (si allontana, rientrando nella casa)
(Butterfly, che è ritornata, va a sedersi sulla terrazza vicino a Pinkerton e leva dalle maniche alcune statuette.)
Butterfly Gli Ottokè.
Pinkerton (ne prende una e la esamina con curiosità) Quei pupazzi?... Avete detto?
Butterfly Son l'anime degli avi. (depone le statuette)
Pinkerton Ah!... il mio rispetto.
Butterfly (con rispettosa confidenza a Pinkerton) Ieri son salita tutta sola in segreto alla Missione. Colla nuova mia vita posso adottare nuova religione. (con paura) Lo zio Bonzo nol sa, nè i miei lo sanno. Io seguo il mio destino e piena d'umiltà, al Dio del signor Pinkerton m'inchino. È mio destino. Nella stessa chiesetta in ginocchio con voi pregherò lo stesso Dio. E per farvi contento potrò forse obliar la gente mia. (si getta nelle braccia di Pinkerton) Amore mio! (si arresta come avesse paura d'essere stata udita dai parenti)
(Intanto Goro ha aperto lo shosi -- nella stanza dove tutto è pronto pel matrimonio, si trovano Sharpless e le autorità -- Butterfly entra nella casa e si inginocchia; Pinkerton è in piedi vicino a lei -- i parenti sono nel giardino rivolti verso la casa, inginocchiati.)
Goro Tutti zitti!
Il Commissario Imperiale (legge) È concesso al nominato Benjamin Franklin Pinkerton
[1c], Luogotenente nella cannoniera Lincoln, marina degli Stati Uniti, America del Nord: ed alla damigella Butterfly del quartiere d'Omara Nagasaki, d'unirsi in matrimonio, per dritto il primo, della propria volontà, ed ella per consenso dei parenti (porge l'atto per la firma) qui testimonî all'atto.
Goro (molto cerimonioso) Lo sposo. (Pinkerton firma) Poi la sposa. (Butterfly firma) E tutto è fatto.
(Le amiche si avvicinano, complimentose, a Butterfly, alla quale fanno ripetuti inchini.)
Amiche Madama Butterfly!
Butterfly (facendo cenno colla mano, alza un dito, e corregge:) Madama F. B. Pinkerton.
(Le amiche festeggiano Butterfly, che ne bacia qualcuna: intanto l'Ufficiale dello Stato Civile ritira l'atto e le altre carete, poi avverte il Commissario Imperiale che tutto è finito.)
Commissionare (saluta Pinkerton) Augurî molti.
Pinkerton I miei ringraziamenti. (rende il saluto)
Commissionare (si avvicina al Console) Il signor Console scende?
Sharpless L'accompagno. (saluta Pinkerton) Ci vedrem domani. (stringendo la mano a Pinkerton)
Pinkerton A meraviglia.
L'Ufficiale del Registro (congedandosi da Pinkerton) Posterità.
Pinkerton Mi proverò.
(Il Console, il Commissario Imperiale e l'Ufficiale del registro si avviano per scendere alla città.)
Sharpless (ritorna indietro, e con accento significativo dice a Pinkerton:) Giudizio!
(Pinkerton con un gesto lo rassicura e lo saluta colla mano. Sharpless scende pel sentiero; Pinkerton che è andato verso il fondo lo saluta di nuovo.)
Pinkerton (ritorna innanzi e stropicciandosi le mani dice fra sè:) Ed eccoci in famiglia. Sbrighiamoci al più presto in modo onesto.
(I servi portano delle bottiglie di Saki e distribuiscono i bicchieri agli invitati.)
Pinkerton (brindando cogli invitati) Hip! hip!
Coro degl'invitati (brindando) O Kami! O Kami!
Pinkerton Beviamo ai novissimi legami,
Invitati, Yakusidè O Kami! O Kami!
Pinkerton beviamo ai novissimi legami.
Cugina, Madre Beviamo, beviamo.
Invitati, Cugina, Madre O Kami! O Kami! Beviamo ai novissimi legami.
(I brindisi sno interrotti da strane grida che partono dal sentiero della collina.)
Bonzo (dall'interno lontano) Cio-cio-san!
(A questo grido tutti i parenti e gli amici allibiscono e si raccolgono impauriti: Butterfly rimane isolata in un angolo.)
Bonzo Cio-cio-san! Abbominazione!
Butterfly, Invitati Lo zio Bonzo!
/ Goro Un corno al guastafeste! Chi ci leva d'intorno le persone moleste?!... Bonzo \ Cio-cio-san! Cio-cio-san! (sempre più vicino) Cio-cio-san!
(Al fondo appare la strana figura del Bonzo, preceduto da due portatori di lanterne e seguito da due Bonzi.) Cio-cio-san!
(Vista Butterfly, che si è scostata da tutti, il Bonzo stende le mani minacciose verso di lei.) Che hai tu fatto alla Missione?
Parenti ed Amici Rispondi, Cio-cio-san!
Pinkerton (seccato per la scenata del Bonzo) Che mi strilla quel matto?
Bonzo Rispondi, che hai tu fatto?
Parenti ed Amici (volgendosi, ansiosi, verso Butterfly) Rispondi, Cio-cio-san!
Bonzo Come, hai tu gli occhi asciutti? Son dunque questi i frutti? (urlando) Ci ha rinnegato tutti!
Parenti ed Amici (scandolezzati, con grido acuto, prolungato) Hou! Cio-cio-san!
Bonzo Rinnegato, vi dico,... il culto antico
Parenti ed Amici Hou! Cio-cio-san!
Bonzo (inprecando contro Butterfly, che si copre il volto colle mani: la madre si avanza per difenderla, ma il Bonzo duramente la respinge e si avvicina terribile a Butterfly, gridandole sulla faccia:) Kami sarundasico!
Parenti ed Amici Hou! Cio-cio-san!
Bonzo All'anima tua guasta qual supplizio sovrasta!
Pinkerton (ha perduto la pazienza e si intromette fra il Bonzo e Butterfly) Ehi, dico: basta, basta!
Bonzo (alla voce di Pinkerton, il Bonzo si arresta stupefatto, poi con subita risoluzione invita i parenti e le amiche a partire) Venite tutti. Andiamo! (a Butterfly) Ci hai rinnegato e noi...
(Tutti si ritirano frettolosamente al fondo e stendono le braccia verso Butterfly.)
Bonzo, Yakusidè, Parenti ed Amici Ti rinneghiamo!
Pinkerton (con autorità, ordinando a tutti d'andarsene) Sbarazzate all'istante. In casa mia niente baccano e niente bonzeria.
Parenti ed Amici (grido) Hou!
(Alle parole di Pinkerton, tutti corrono precipitosamente verso il sentiero che scende alla città: la Madre tenta di nuovo di andare presso Butterfly, ma viene travolta dagli atlri. Il Bonzo sparisce pel sentiero che va al tempio seguito dagli accoliti.)
Parenti ed Amici (nell'uscire) Hou! Cio-cio-san! (un po' lontani) Hou! Cio-cio-san!
(Le voci a poco a poco si allontanano. Butterfly sta sempre immobile e muta colla faccia nelle mani, mentre Pinkerton si è recato alla sommità dal sentiero per assicurarsi che tutti quei seccatori se ne vanno.)
Bonzo, Yakusidè, Parenti ed Amici (uomini) Kami sarundasico!
Parenti ed Amici (donne) Hou! Cio-cio-san!
Bonzo, Yakusidè, Parenti ed Amici (uomini) Ti rinneghiamo!
Parenti ed Amici (donne) (cupo) Hou! Cio-cio-san!
Bonzo, Yakusidè, Parenti ed Amici (cupo) Ti rinneghiamo!
Parenti ed Amici Hou! Cio-cio-san! (lontano molto) Hou! Cio-cio-san!
(Comincia a calare la sera. Butterfly scoppia in pianto infantile. Pinkerton l'ode e va premuroso presso di lei, sollevandola dall'abbattimento in cui è caduta e togliendole con delicatezza le mani dal viso piangente.)
Pinkerton Bimba, bimba, non piangere per gracchiar di ranocchi...
Parenti ed Amici (lontanissimo) Hou! Cio-cio-san!
Butterfly (turandosi le orecchie, per non udire le grida) Urlano ancor!
Pinkerton (rincorandola) Tutta la tua tribù e i Bonzi tutti del Giappon non valgono il pianto di quegli occhi cari e belli.
Butterfly (sorridendo infantilmente) Davver? (Comincia a calare la sera.) Non piango più. E quasi del ripudio non mi duole per le vostre parole che mi suonan così dolci nel cuor. (si china per baciare la mano a Pinkerton)
Pinkerton (colcemente impedendo) Che fai?... la man?
Butterfly Mi han detto che laggiù fra la gente comstumata è questo il segno del maggior rispetto.
Suzuki (internamente, brontolando) E Izaghi ed Izanami Sarundasico, e Kami, e Izaghi ed Izanami Sarundasico, e Kami.
Pinkerton (sorpreso pertale sordo bisbiglio) Chi brontolandola lassù?
Butterfly È Suzuki che fa la sua preghiera seral.
(Scende sempre più la sera, e Pinkerton conduce Butterfly verso la casetta.)
Pinkerton Viene la sera
Butterfly ...e l'ombra e la quiete.
Pinkerton E sei qui sola.
Butterfly Sola e rinnegata! Rinnegata! e felice!
(Pinkerton batte tre volte le mani: i servi e Suzuki accorrono subito, e Pinkerton ordina ai servi:) Pinkerton A voi, chiudete!
(I servi fanno scorrere silenziosamente alcune pareti.)
Butterfly (a Pinkerton) Sì, sì, noi tutti soli... E fuori il mondo...
Pinkerton (ridendo) E il Bonzo furibondo.
Butterfly (a Suzuki, che è venuta coi servi e sta aspettando gli ordiri) Suzuki, le mie vesti.
(Suzuki fruga in un cofano e dà a Butterfly gli abiti per la notte ed un cofanetto coll'occorrente per la toeletta.)
Suzuki (inchinandosi a Pinkerton) Buona notte.
(Pinkerton batte le mani: I servi corrono via. Butterfly entra nella casa ed aiutata da Suzuki fa cautelosamente la sua toeletta da notte, levandosi la veste nuziale ed indossandone una tutta bianca; poi siede su di un cuscino e mirandosi in uno specchietto si ravvia i capelli: Suzuki esce.)
Butterfly Quest'obi pomposa di sioglier mi tarda / si vesta la sposa di puro candor. Tra motti sommessi sorride e mi guarda. Celarmi pottessi! ne ho tanto rossor! Pinkerton (guardando amorosamente Butterfly) Con moti di scoiattolo i nodi allenta e scioglie!... Pensar che quel giocottolo è mia moglie! mia moglie! (sorridendo) \ Ma tal grazia dispiega, / ch'io mi strugge per la febbre d'un subito desìo. Butterfly \ E ancor l'irata voce mi maledice...
(Pinkerton, alzandosi, poco a poco s'avvicina a Butterfly.)
Butterfly ... Butterfly, rinnegata... Rinnegata... e felice...
Pinkerton (stende le mani a Butterfly che sta per scendere dalla terrazza) Bimba dagli occhi pieni di malìa ora sei tutta mia. Sei tutta vestita di giglio. Mi piace la treccia tua bruna fra i candidi veli.
Butterfly (scendendo dal terrazzo) Somiglio la Dea della luna, la piccola Dea della luna che scende la notte dal ponte del ciel.
Pinkerton E affascina i cuori...
Butterfly E li prende e li avvolge in un bianco mantel E via se li reca negli alti reami,
Pinkerton Ma intanto finor non m'hai detto, ancor non m'hai detto che m'ami. Le sa quella Dea le parole che appagan gli ardenti desir?
Butterfly Le sa. Forse dirle non vuole per tema d'averne a morir, per tema d'averne a morir!
Pinkerton Stolta paura, l'amor non uccide ma dà vita e sorride per gioie celestiali come ora fa (avvicinandosi a Butterfly e carezzandole il viso) nei tuoi lunghi occhi ovali
(Butterfly, con subito movimento si ritrae dalla carezza ardente di Pinkerton)
Butterfly (con intenso sentimento) Adesso voi (entusiasmandosi) siete per me l'occhio del firmamento. E mi piaceste dal primo momento che vi ho veduto.
(Ha un moto di spavento e fa atto diturarsi gli orecchi, come se ancora avesse ad udire le urla die parenti: poi si rassicura e con fiducia si rivolge a Pinkerton.)
Siete alto, forte. Rideste con modi si palesi e dite corse che mai non intesi. Or son contenta, or son contenta.
(Notte completa: cioelo purissimo e stellato. Avvicinandosi lentamente a Pinkerton seduto sulla panca nel giardino. Si inginocchia ai piedi di Pinkerton e los guarda con tenerezza, quasi suplichevole.)
Vogliatemi bene, un ben piccolino, un bene da bambino, quale a me si conviene. Vogliatemi bene. Noi siamo gente avvezza alle piccole cose umili e silenziose, ad una tenerezza sfiorante e pur profonda come il ciel, come l'onda del mare!
Pinkerton Dammi ch'io baci le tue mani care. Mia Butterfly! come t'han ben nomata tenue farfalla...
Butterfly (a queste parole Butterfly si rattrista e ritira le mani) Dicon che oltre mare se cade in man dell'uom, (con paurosa espressione) ogni farfalla da uno spillo è trafitta (con strazio) ed in travola infitta!
Pinkerton (riprendendo dolcemente le mani a Butterfly e sorridendo) Un po' di vero c'è. E tu lo sai perché? Perché non fugga più. (con entusiasmo e affettuosamento abbracciandola) Io t'ho ghermita Ti serro palpitante. Sei mia.
Butterfly (abbandonandosi) Sì, per la vita.
Pinkerton Vieni, vieni! Via dall'anima in pena l'angoscia paurosa. (indica il cielo stellato) È notte serena! Guarda: dorme ogni cosa!
Butterfly (guardando il cielo, estatica) Ah! Dolce notte!
Pinkerton Vieni, vieni!
Butterfly Quante stelle! / Non le vidi mai sì belle! Pinkerton \ È notte serena! Ah! vieni, vieni! È notte serena! Guarda: dorme ogni cosa!
Butterfly Dolce notte! Quante stelle!
Pinkerton Vieni, vieni!
Butterfly Non le vidi mai sì belle!
Pinkerton vieni, vieni!...
Butterfly Trema, brilla ogni favilla ...
Pinkerton Vien, sei mia!...
Butterfly ... col baglior d'una pupilla! Oh! / Oh! quanti occhi fissi, attenti d'ogni parte a riguardar! pei firmamenti, via pei lidi, via pel mare! Pinkerton (con cupido amore) Via l'angoscia dal tuo cor ti serro palpitante. Sei mia. Ah, vien, vien, sei mia! \ Ah! Vieni, guarda: dorme ogni cosa! Ti serro palpitante. Ah, vien!
Butterfly Oh! quanti occhi fissi attenti. / Quanti sguardi ride il ciel! Ah! Dolce notte! Tutto estatico d'amor ride il ciel! Pinkerton Guarda: dorme ogni cosa. Ah! vien! Ah! vieni, vieni! \ Ah! vien, Ah! vien! sei mia!
(Salgono dal giardino nella casetta.)
(Cala il sipario.)
Fine dell'atto primo.
Atto Secondo
Parte Prima
Interno della casetta di Butterfly
(Si alzo il sipario. Le pareti sono chiuse lasciando la camera in una semioscurità. Suzuki prega, raggomitolata davanti all'immagine di Budda: suona di quando in quando la campanella delle preghiere. Butterfly è stesa a terra, appoggiando la testa nelle palme delle mani.)
Suzuki (pregando) E Izagi ed Izanami, Sarundasico e Kami... (interrompendosi) Oh! la mia testa! (suona la campanella per richiamare l'attenzione degli Dei) E tu Ten-Sjoodaj! (con voce di pianto, guardando Butterfly) fate che Butterfly non pianga più, mai più, mai più!
Butterfly (senza muoversi) Pigri ed obesi son gli Dei giapponesi. L'americano Iddio son persuasa ben più presto risponde a chi l'imlori. Ma temo ch'egli ignori che noi stiam qui di casa. (rimane pensierosa)
(Suzuki si alza, apre la parete del fondo verso il giardino.)
Butterfly Suzuki, è lungi la miseria?
(Suzuki va ad un piccolo mobile ed apre un cassetto cercando delle monete.)
Suzuki (va presso Butterfly mostrandole poche monete) Questo è l'ultimo fondo.
Butterfly Questo? Oh! troppe spese! (ripone il danaro nel piccolo mobile e lo chiude)
Suzuki (sospirando) S'egli non torna e presto, siamo male in arnese.
Butterfly (decisa, alzandosi) Ma torna.
Suzuki (crollando la testa) Tornerà!
Butterfly (indispettita, avvicinandosi a Suzuki) Perché dispone che il Console provveda alla pigione, rispondi su!
(Suzuki tace)
Butterfly (sempre insistendo) Perché con tante cure la casa rifornì di serrature, s'ei non volessi ritornar mai più?
Suzuki Non lo so.
Butterfly (un poco irritata e meravigliata di tanta ignoranza) Non lo sai? (ritornando calma e con fiducioso orgoglio) Io te lo dico. Per tener ben fuori le zanzare, i parenti ed i dolori, e dentro, con gelosa custodia, la sua sposa, la sua sposa che son io: Butterfly.
Suzuki (poco convinta) Mai non s'è udito di straniero marito che sia tornato al suo nido.
Butterfly (furibonda afferra Suzuki) Ah! Taci! o t'uccido. (insistendo nel persuadere Suzuki) Quell'ultima mattina: tornerete, signor? gli domandai. Egli, col cuore grosso, per celarmi la pena... sorridendo rispose: O Butterfly, piccina mogliettina, tornerò colle rose alla stagion serena quando fa la nidiata il petti rosso. (calma e convinta si sdraia per terra) Tornerà.
Suzuki (con incredulità) Speriam.
Butterfly (insistendo) Dillo con me: Tornerà.
Suzuki (per compiacerla ripete, ma con dolore) Tornerà... (scoppia in pianto)
Butterfly (sorpresa) Piagni? Perché? perché? Ah, la fede ti manca... (fiduciosa e sorridente) Senti.
(fa la scena come s realmente vi assistesse e si avvicina poco a poco allo shosi del fondo) Un bel dì, vedremo levarsi un fil di fumo dall'estremo confin del mare. E poi la nave appare. Poi la nave bianca entra nel porto, romba il suo saluto. Vedi? È venuto! Io non gli scendo incontro. Io no. Mi metto là sul ciglio del colle e aspetto, e aspetto gran tempo e non mi pesa, la lunga attesa. E uscito dalla folla cittadina un uomo, un picciol punto s'avvia per la collina. Chi sarà? chi sarà? E come sarà giunto che dirà? che dirà? Chiamerà Butterfly dalla lontana. Io snza dar risposta me ne starò nascosta un po' per celia... e un po' per non morire al primo incontro, ed egli alquanto in pena chiamerà, chiamerà: iccina mogliettina olezzo di verbena, i nomi che mi dava al suo venire (a Suzuki) Tutto questo avverrà, te lo prometto. Tienti la tua paura, io consicura fede l'aspetto. (Butterfly e Suzuki si abbracciano commosse)
(Butterfly congeda Suzuki, che esce dall'uscio di sinistra, e la segue mestamente collo sguardo.)
(Nel giardino compariono Goro e Sharpless. Goro guarda entro la camera, scorge Butterfly e dice a Sharpless che lo segue:)
Goro C'è. Entrate. (Goro sparisce nel giardino.)
Sharpless (affacciandosi, bussa discretament contro la parete del fondo) Chiedo scusa...
(Sharpless scorge Butterfly la quale udendo entrare qualcuno si è mossa.) Madama Butterfly...
Butterfly (senza volgersi, ma correggendo) Madama Pinkerton. Prego. (si volge e riconoscendo il Console batte le mani per allegrezza) Oh!
(Suzuki entra premurosamente e preparea un tavolino coll'occorrente per fumare)
Butterfly (allegramente) il mio signor Console, signor Console.
Sharpless (sorpreso) Mi ravvisate?
Butterfly (facendo gli onori di casa) Benvenuto in casa americana.
Sharpless Grazie.
(Butterfly, invita il Console a sedere presso il tavolino: Sharpless si lascia cadere grottescamente su di un cuscino: Butterfly si siede dall'altra parte e sorride maliziosamente dietro il ventaglio vedendo l'imbarazzo del Console; poi con molta grazia gli chiede:) Butterfly Avi, antenati tutti bene?
Sharpless (ringrazia sorridendo) Ma spero.
Butterfly (fa cenno a Suzuki di preparare la pipa) Fumate?
Sharpless Grazie. (desideroso di spiegare lo scopo per cui è venuto, cava una lettera di tasca) Ho qui...
Butterfly (interrompendolo, senza accorgersi della lettera) Signore, io vedo il cielo azzurro. (dopo aver tirata una boccata dalla pipa che Suzuki ha preparata, l'offre al Console.)
Sharpless (rifiutando) Grazie... (tentando ancora di riprendere il discorso) Ho...
Butterfly (depone la pipa sul tavolino e assai premurosa dice:) Preferite forse le sigarette americane? (ne offre)
Sharpless (un po' seccato ne prende una) Grazie. (e tenta continuare il discorso) Ho da mostrarvi... (si alza)
Butterfly (porge a Sharpless un fiammifero acceso) A voi.
Sharpless (accende la sigaretta, ma poi la depone subito e presentando la lettera si siede sullo sgabello) Mi scrisse Benjamin Franklin Pinkerton.
Butterfly (con grande premura) Davvero! È in salute?
Sharpless Perfetta
Butterfly (alzandosi con grande letizia) Io son la donna più lieta del Giappone. (Suzuki è in faccende per preparare il thè.) Potrei farvi una domanda?
Sharpless Certo.
Butterfly (torna a sedere) Quando fanno il lor nido in America i pettirossi?
Sharpless (stupito) Come dite?
Butterfly Sì, prima o dopo di qui?
Sharpless Ma perché?
(Goro che si aggira nel giardino, si avvicina alla terrazza e ascolta, non visto, quanto dice Butterfly.)
Butterfly Mio marito m'ha promesso, di ritornar nella stagion beata che il pettirosso rifà la nidiata. Qui l'ha rifatta per ben tre volte ma uò darsi che di là usi nidiar men spesso.
(Goro s'affaccia e fa una risata)
Butterfly (volgendosi) Chi ride (vedendo Goro) Oh, c'è il nakodo! (piano a Sharpless) Un uom cattivo.
Goro (avanzandosi e inchinandosi ossequioso) Godo...
Butterfly (a Goro che s'inchina di nuovo e si allontana nel giardino) Zitto! (a Sharpless) Egli osò... No... (cambiando idea) prima rispondete alla dimanda mia.
Sharpless (imbarazzato) Mi rincresce, ma ignoro... Non ho studiato ornitologia,
Butterfly Orni...
Sharpless ...tologia.
Butterfly Non lo sapete insomma.
Sharpless (ritenta di tornare in argomento) No. Dicevamo...
Butterfly (lo interrompe, seguendo la sua idea) Ah, sì. Goro, appena B.F. Pinkerton fu in mare mi venne ad assediare con ciarle e con presenti per ridarmi ora questo, or quel marito. Or promette tesori per uno scimunito...
Goro (intervenendo per giustificarsi, entra nella stanza e si rivolge a Sharpless) Il ricco Yamadori Ella è povera in canna. I suoi parenti l'han tutti rinnegata.
(al di là della terrazza si vede giungere il Principe Yamadori in un palanchino, attorniato dai servi)
Butterfly (vede Yamadori e lo indica a Sharpless sorridendo) Eccolo, attenti!
(Yamadori, accolto da Goro genuflesso, scende dai palanchino, saluta il Console e Butterfly, che si è avvicinata alla parete del fondo; Yamadori si siede sulla terrazza rivolto rispettosamente verso Butterfly la quale s'inginocchia nella stanza.)
Butterfly (a Yamadori) Yamadori, ancor le pene dell'amor non v'han deluso? Vi tagliate ancor le vene se il mio bacio vi ricuso?
Yamadori Tra le cose più moleste è l'inutil sospirar.
Butterfly (con graziosa malizia) Tante mogli omai toglieste, vi doveste abituar.
Yamadori L'ho sposate tutto quante e il divorzio mi francò.
Butterfly Obbligata.
/ Yamadori A voi però giurerei fede costante. Sharpless (sospirando, rimette in tasca la lettera) Il messaggio, ho gran paura, \ a trasmetter non riesco.
Goro (con enfasi, indicando Yamadori) Ville, servi, oro, ad Omara un palazzo principesco.
Butterfly (con serietà) Già legata è la mia fede...
Goro e Yamadori (a Sharpless) Maritata ancor si crede.
Butterfly (alzando di scatto) Non mi credo, sono, sono!
Goro Ma la legge...
Butterfly Io non la so.
Goro ...per la moglie, l'abbandono al divorzio equiparò
Butterfly La legge giapponese non già del mio paese.
Goro Quale?
Butterfly Gli Stati Uniti
Sharpless (fra sè) Oh, l'infelice!
Butterfly (nervosissima, accalorandosi) Si sa che aprir la porta e la moglie cacciar per la più corta qui divorziar si dice. Ma in America questo non si può (a Sharpless) Vero?
Sharpless (imbarazzato) Vero... Però...
Butterfly (lo interrompe rivolgendosi a Yamadori ed a Goro trionfante) Là un bravo giudice serio, impettito dice al marito: "Lei vuol andarsene? Sentiam perché" "Sono seccato del coniugato!" E il magistrato: (comicamente) "Ah, mascalzone, presto in prigione!" (per troncare il discorso ordina a Suzuki) Suzuki, il thè.
(Butterfly va presso Suzuki che à già preparato il thè, e lo versa nelle tazze.)
Yamadori (sottovoce a Sharpless) Udiste?
Sharpless (sottovoce) Mi rattrista una sì piena cecità
Goro (sottovoce a Sharpless e Yamadori) Segnalata è già la nave di Pinkerton.
Yamadori (disperato) Quand'essa lo riveda...
Sharpless (sottovoce ai due) Egli non vuol mostratsi. Io venni appunto per levarla d'inganno... (vedendo che Butterfly, seguita da Suzuki, si avvicina per offrire il thè, tronca il discorso.)
Butterfly (offrendo il thè a Sharpless) Vostra Grazia permette? (apre il ventaglio e dietro a questo accenna ai due, ridendo) Che persone moleste!
(Yamadori s'alza per andarsene) Yamadori (sospirando) Addio. Vi lascio il cuor pien di cordoglio: ma spero ancor...
Butterfly Padrone.
(Yamadori s'avvia per uscire, poi torna indietro presso Butterfly) Yamadori Ah! se voleste...
Butterfly Il guaio è che non voglio...
(Yamadori, dopo aver salutato Sharpless, sospirando, se ne va, sale nel palanchino e si allontana seguito dai servi e da Goro. Butterfly ride ancora dietro il ventaglio. Sharpless siede sullo sgabello, assume un fare grave, serio, poi con gran rispetto ed una certa commozione invita Butterfly a sedere, e torna a tirar fuori di tasca la lettera.)
Sharpless Ora a noi. Sedete qui; (mostrando la lettera) legger con me volete questa lettera?
Butterfly (prendendo la lettera) Date. (baciandola) Sulla bocca, (mettendola sul cuore) sul cuore... (a Sharpless, gentilmente) Siete l'uomo migliore del mondo. Incominciate. (rende la lettera e si mette ad ascoltare cola massima attenzione)
Sharpless (leggendo) "Amico, cercherete quel bel fior di fanciulla..."
Butterfly (non può trattenersi e con gioia esclama) Dice proprio così?
Sharpless (serio) Sì, così dice, ma se ad ogni momento...
Butterfly (rimettendosi tranquilla, torna ad ascoltare) Taccio, taccio, più nulla.
Sharpless "Da quel tempo felice, tre anni son passati."
Butterfly (interrompe la lettura) Anche lui li ha contati!
Sharpless (riprende) "E forse Butterfly non mi rammenta più.
Butterfly (sorpresa molto, volgendosi a Suzuki) Non lo rammento? Suzuki, dillo tu. (ripete come scandolezzata le parole della lettera) "Non mi rammenta più"!
(Suzuki esce per la porta di sinistra asportando il thè.)
Sharpless (fra sè) Pazienza! (sèguita a leggere) "Se mi vuol bene ancor, se m'aspetta"
Butterfly (prendendo la lettera dallo mani di Sharpless, esclama con viva tenerezza:) Oh, le dolci parole! (baccia la lettera) Tu, benedetta!
Sharpless (riprende la lettera e seguita a leggerla imperterrito ma con voce tremante per l'emozione) A voi mi raccomando, perché vogliate con circospezione prepararla...
Butterfly (con affanno, ma lieta) Ritorna...
Sharpless ...al colpo...
Butterfly (si alza saltando di gioia e battendo le mani) Quando? presto! presto!
Sharpless (sbuffando) Benone! (si alza di scatto eripone la lettera in tasca) (fra sè) Qui troncarla conviene... (indispettito) Quel diavolo d'un Pinkerton! (guarda Butterfly negli occhi serîssimo) Ebbene, che fareste, Madama Butterfly, s'ei non dovesse ritornar più mair?
(Butterfly immobile, come colpita a morte, china la testa e risponde con sommessione infantile, quasi balbettando:) Due cose potri far: tornar a divertir la gente, col cantar... oppur, meglio, morire.
(Sharpless è vivamente commosso e passeggia agitatissimo; poi torna verso Butterfly, le prende le due mani e con paterna tenerezza le dice:) Sharpless Di strapparvi assai mi costa dai miraggi ingannatori. Accogliete la proposta di quel ricco Yamadori.
Butterfly (con voce rotta dal pianto e ritirando le mani) Voi, voi, signor, mi dite questo! Voi?
Sharpless (imbarazzato) Santo Dio, come si fa?
Butterfly (batte le mani e Suzuki accorre) Qui, Suzuki, presto, presto, che Sua Grazia se ne va.
Sharpless (fa per avviarsi ad uscire) Mi scacciate?
(Butterfly, pentita, corre a Sharpless e singhiozzando lo trattiene) Butterfly Ve ne prego: già l'insistere non vale. (congeda Suzuki, la quale va nel giardino)
Sharpless (scusandosi) Fui brutale, non lo nego.
Butterfly (dolorosamente, portandosi la mano al cuore) Oh, mi fate tanto male, tanto male, tanto, tanto!
(Butterfly vacilla; Sharpless fa per sorreggerla, ma Butterfly si domina subito)
Butterfly Niente, niente! Ho creduto morir. Ma passa presto come passan le nuvole sul mare. (prendendo una risoluzione) Ah! m'ha scordata?
(Butterfly corre nella stanza di sinistra.)
(Butterfly rientra trionfalmente tenendo il suo bambino seduto sulla spalla sinistra e lo mostra a Sharpless gloriandosene.)
Butterfly (con entusiasmo) E questo? E questo? E questo, egli potrà pure scordare? (depone il bambino a terra e lo tiene stretto a sè)
Sharpless (con emozione) Egli è suo?
Butterfly (indicando mano mano) (con dolcezza e con un po' di agitazione) Chi vide mai a bimbo del Giappon occhi azzurrini? E il labbro? E i ricciolini d'oro schietto?
Sharpless (sempre più commosso) È palese, e Pinkerton lo sa?
Butterfly No. No. (con passione) È nato quand'egli stava in quel suo gran paese. Ma voi (accarezzando il bimbo) gli scriverete che l'aspetta un figlio senza pari! E mi saprete dir s'ei non s'affretta per le terre e pei mari! (mettendo il bimbo a sedere sul cuscino e inginocchiandosi vicino a lui)
(bacia teneramente il bambino) Sai cos'ebbe cuore di pensare (indicando Sharpless) quel signore?
(pigliando il bimbo in braccio) Che tua madre dovrà prenderti in braccio ed alla pioggia e al vento andar per la città a guadagnarsi il pane e il vestimento. Ed alle impietosite genti la man tremante stenderà gridando: Udite, udite la triste mia canzon. A un infelice madre la carità, muovetevi a pietà.... (si alza, mentre il bimbo rimane seduto sul cuscino giocando con una bambola) E Butterfly, orribile destino, danzerà per te, E come fece già (rialza il bimbo e colle mani levate lo fa implorare) La Chesha canterà! E la canzon giuliva e lieta in un sighizzo finirà!
Ah! no, no! questo mai! (buttandosi a' ginocchi davanti a Sharpless) questo mestier che al disonore porta! Morta! morta! Mai più danzar! Piuttosto la mia vita vo' troncar! Ah! Morta! (cade a terra vicino al bimbo che abbraccia strettamente ed accarezza con moto convulsivo)
Sharpless (non può trattenere le lagrime) Quanta pietà! (vincendo la propria emozione) Io scendo al piano. Mi perdonate?
(Butterfly con atto gentile dà la mano a Sharpless che la stringe nelle sue con effusione.)
Butterfly (volgendosi al bimbo prende una mano e la mette in quella di Sharpless) A te, dàgli la mano.
Sharpless I bei capelli biondi! (lo bacia) Caro, come ti chiamano?
Butterfly (al bimbo, con grazia infantile) Rispondi: Oggi il mio nome è Dolore. Però dite al babbo, scrivendogli, che il giorno del suo ritorno, (alzandosi) Gioia, Gioia mi chiamerò! <4>
Sharpless Tuo padre lo saprà, te lo prometto... (fa un saluto a Butterfly ed esce rapidamente dalla porta di destra)
Suzuki (di fuori, gridando) Vespa! Rospa maledetto! (entra trascinando con violenza Goro che tenta inutilmente di sfuggirle.)
(Grido acuto di Goro.)
Butterfly (a Suzuki) Che fu?
Suzuki Ci ronza intorno il vampiro! e ogni giorno ai quattro venti spargendo va che niuno sa chi padre al bimbo sia! (lascia Goro)
Goro (protestando) (con voce di paura) Dicevo... solo... che là in America (avvicinandosi al bambino e indicndolo) quando un figliolo è nato maledetto (Butterfly istintivamente si mette innanzi al bambino, come per difenderlo.) trarrà sempre reietto la vita fra le genti!
(grido selvaggio di Butterfly)
(corre presso al reliquario e prende il coltello che sta appeso) Butterfly (con voce selvaggia) Ah! tu menti! menti! menti! Ah! menti!
(afferra Goro, che cade a terra, e minaccia d'ucciderlo. Goro emette grida fortissime, disperate, polungate.)
Butterfly Dillo ancora e t'uccido!
Suzuki No! (intromettendosi: poi, spaventat a tale scena, prende il bimbo e lo porta nella stanza a sinistra)
Butterfly (lo respinge col piede) Va via!
(Goro fugge. Butterfly rimane immobile come impietrita.)
(Butterfly si scuote a poco a poco e va a riporre il coltello.)
Butterfly (volgendo commossa il pensiero al suo bambino) Vedrai, piccolo amor, mia pena e mio conforto, mio piccolo amor... Ah! vedrai che il tuo vendicator (esaltandosi) ci porterà lontano, lontan, nella sua terra, lontan ci porterà
(Colpo di cannone sulla scena)
Suzuki Il cannone del porto!
(Butterfly e Suzuki corrono verso il terrazzo.)
Suzuki Una nave da guerra...
Butterfly Bianca, bianca... il vessillo Americano delle stelle... Or governa per ancorare. (prende sul tavolino un cannocchiale e corre sul terrazzo ad osservare) (tutta tremante per l'emozione, appunta il cannocchiale verso il porto e dice a Suzuki:) Reggimi la mano ch'io ne discerna il nome, Il nome, il nome. Eccolo: Abramo Lincoln! (dà il cannocchiale a Suzuki e rientra nella stanza in preda a una grande esaltazione) Tutti han mentito! tutti, tutti! sol io lo sapevo, sol io che l'amo. (a Suzuki) Vedi lo scimunito tuo dubbio? È giunto! è giunto! è giunto! proprio nel punto che ognun diceva: piangi e dispera... Trionfa il mio amor! il mio amor; la mia fe' trionfa intera: ei torna e m'ama! (giubilante, corre sul terrazzo)
(a Suzuki che l'ha seguita sul terrazzo) Scuoti quella fronda di ciliegio e m'innonda di fior. Io vo' tuffar nella pioggia odorosa l'arsa fronte. (singhiozzando per tenerezza)
Suzuki (calmandola) Signora, quetatevi... quel pianto...
Butterfly (ritorna con Suzuki nella stanza) No, rido, rido! Quanto lo dovermo aspettar? Che pensi? Un'ora!
Suzuki Di più!
Butterfly Due ore forse. (aggirandosi per la stanza) Tutto, tutto sia pien di fior, come la notte è di faville. (accenna a Suzuki di andare nel giardino) Va pei fior.
(Suzuki si avvia; giunta sul terrazzo si rivolge a Butterfly.)
Suzuki (dal terrazzo) Tutti i fior?
Butterfly (a Suzuki gaiamente) Tutti i fior, tutti, tutti. Pesco, viola, gelsomin, quanto di cespo, o d'erba, o d'albero fiorì.
Suzuki (nel giardino ai piedi del terrazzo) Uno squallor d'inverno sarà tutto il giardin! (coglie fiori nel giardino)
Butterfly Tutta la primavera voglio che olezzi qui.
Suzuki (dal giardino) Uno squallor d'inverno sarà tutto il giardin. (appare ai piedi del terrazzo con un fascio di fiori che sporge a Butterfly) A voi signora.
Butterfly (prendendo i fiori dalle mani di Suzuki) Cogline ancora.
(Butterfly dispone i fiori nei vasi, mentre Suzuki scende ancora nel giardino.)
Suzuki (dal giardino) Soventi a questa siepe veniste a riguardare lungi, piangendo nella deserta immensità.
Butterfly Giunse l'atterso, nulla più chiedo al mare; diedi pianto alla zolla, essa i suosi fior mi dà.
Suzuki (appare nuovamente sul terrazzo colle mani piene di fiori) Spoglio è l'orto.
Butterfly Spoglio è l'orto? Vien, m'aiuta.
Suzuki Rose al varco della soglia
(Butterfly e Suzuki spargono fiori ovunque)
Butterfly Tutta la primavera
Suzuki Tutta la primavera
Butterfly voglio che olezzi qui.
Suzuki voglio che olezzi qui.
Butterfly Seminiamo intorno april,
Suzuki Seminiamo intorno april.
Butterfly seminiamo intorno april!
/ Suzuki Tutta la primavera, tutta, tutta. Butterfly (gettando fiori) \ Tutta la primavera voglio che olezzi qui...
Suzuki Gigli? viole?
Butterfly intorno, intorno spandi.
Suzuki Seminiamo intorno april.
/ Butterfly Seminiamo intorno april. Il suo sedil s'inghirlandi, di convolvi s'inghirlandi; gigli e viole intorno spandi, seminiamo intorno april! Suzuki Gigli, rose spandi, tutta la primavera, spandi gigli, viole, \ seminiamo intorno april!
Butterfly e Suzuki (gettando fiori mentre colla persona seguono il ritmo con un blando ondeggiare di danza) Gettiamo a mani piene mammole e tuberose, corolle di verbene, petali d'ogni fior! Corolle di verbene, petali d'ogni fior!
(Suzuki dispone due lampade vicino alla toeletta dove si accoscia Butterfly.)
Butterfly (a Suzuki) Or vienmi ad adornar. No! pria portami il bimbo.
(Suzuki va nella stanza a sinistra e porta il bambino che fa sedere vicino a Butterfly, mentre questa si guarda in un piccolo specchio a mano e dice tristamente:) Butterfly non son più quella! Troppi sospiri la bocca mandò, e l'occhio riguardò nel lontan troppo fiso. (a Suzuki) Dammi sul viso un tocco di carmino (prende un pennello e mette del rosso sulle guanciee del suo bimbo) ed anche a te, piccino, perché la veglia non ti faccia vôte per pallore le gote.
Suzuki (invitandola a stare tranquilla) Non vi movete, che v'ho a ravviare i capelli.
Butterfly (sorridendo a questo pensiero) Che ne diranno! E lo zio Bonzo? (con una punta di stizza) già del mio danno tutti contenti! (sorridente) E Yamadori coi suoi languori! Beffati, scornati, beffati, spennati gli ingrati!
Suzuki (ha terminato la toeletta) È fatto.
Butterfly (a Suzuki) L'obi che vestii da sposa. Quà' ch'io lo vesta.
(Mentre Butterfly indossa la veste, Suzuki mette l'altra al bambino, avvolgendolo quasi tutto nelle pieghe ampie e leggere.)
Butterfly Vo' che mi veda indosso il vel del primo dì! (a Suzuki, che ha finito d'abbigliare il bambino) E un papvero rosso nei capelli. (Suzuki punta il fiore nei capelli di Butterfly, che se ne compiace.) Così.
(È sera.)
Butterfly (con grazia infantile fa cenno a Suzuki di chiudere lo shosi.) Nello shosi or farem tre forellini per riguardar, e starem zitti come topolini ad aspettar...
(Scende sempre più la notte. Suzuki chiude lo shosi nel fondo. Butterfly conduce il bambino presso lo shosi...)
(... fa tre fori nello shosi: uno alto per sè, uno più basso per Suzuki ed il terzo ancor più basso pel bimbo, che fa sedere su di un cuscino, accennandogli di guardare attento fuori del foro preparatogli. Suzuki dopo aver portato le due lampade vinico alle shosi, si accoscia e spia essa pure all'esterno. Butterfly si pone innanzi al foro più alto e spiando da esso rimane immbile, rigida come una statua; il bimbo, che sta fra la madre e Suzuki, guarda fuori curiosamente.)
(È notte; i raggi lunari illumniano dall'esterno lo shosi.)
(Il bimbo si addormenta, rovesciandosi all'indietro, disteso sul cuscino e Suzuki si addormenta pure, rimandendo accosciata: solo Butterfly rimane sempre ritta ed immobile.)
Cala lentamente il sipario.
Fine dell'atto secondo.
Atto Secondo
Parte Seconda
S'alza il sipario.
(Butterfly, sempre immobile, spia al di fuori; il bimbo, rovesciato sul cuscino, dorme e dorme pure Suzuki, ripiegata sulla persona.)
Marinai (della baia, lontanissimi) Oh eh! oh eh! oh eh! oh eh! oh eh! oh eh! oh eh! oh eh! oh eh! oh eh! oh eh! oh eh! oh eh! oh eh! oh eh!
(Rumori di catene, di áncore e di manovre marinaresche) (Fischi d'uccelli dal giardino) (Comincia l'alba.) (L'alba sorge rosea.) (Spunta l'aurora.) (Al di fuori risplende il sole.)
Suzuki (svegliandosi di soprassalto) Gia il sole! (si alza, va verso Butterfly e le batte sulla spalla) Cio-cio-san...
Butterfly (si scuote e fidente dice:) Verrà, verrà, vedrai. (vede il bimbo addormentato e lo prende sulle braccia, avviandosi verso la stanza a sinistra)
Suzuki Salite a riposare, affranta siete al suo venire... vi chiamerò.
Butterfly (salendo la scaletta) Dormi amor mio, dormi sul mio cor. Tu se con Dio ed io col mio dolor... A te irai degli astri d'or. Bimbo mio dormi! (entra nella camera a sinistra)
Suzuki (mestamente, crollando la testa) Povera Butterfly!
Butterfly (voce un po' lontana) Dormi amor mio, dormi sul mio cor. (voce più lontana) Tu sei con Dio ed io col mio dolor.
Suzuki Povera Butterfly!
(si batte lievemente all'uscio d'ingresso.)
Suzuki Chi sia?
(si batte più forte. Suzuki va ad aprire lo shosi nel fondo.)
Suzuki (grida, per la grande sorpresa) Oh!
Sharpless (sul limitare dell'ingresso fa cenni a Suzuki di silenzio) Stz!
Pinkerton (raccomanda a Suzuki di tacere) Zitta! zitta!
Sharpless Zitta! zitta!
(Pinkerton e Sharpless entrano cautamente in punta di piedi.)
Pinkerton (premuorsamente a Suzuki) Non la destar.
Suzuki Era stanca sì tanto! Vi stette ad aspettare tutta la notte col bimbo.
Pinkerton Come sapea?
Suzuki Non giunge da tre anni una nave nel porto, che da lunge Butterfly non ne scruti il color, la bandiera.
Sharpless (a Pinkerton) Ve lo dissi?
Suzuki (per andare) La chiamo...
Pinkerton (fermando Suzuki) No: non ancor.
Suzuki (indicando la stanza fiorita) Lo vedete, ier sera, la stanza volle spargerdi fiori.
Sharpless (commosso, a Pinkerton) Ve lo dissi?
Pinkerton (turbato) Che pena!
(Suzuki sente rumore nel giardino, va a guardare fuori ed esclama con meraviglia:) Suzuki Chi c'è là fuori nel giardino? Una donna!
Pinkerton (va da Suzuki e la riconduce sul davanti, raccomandandole di parlare sottovoce) Zitta!
Suzuki (agitata) Chi è? chi è?
Sharpless Meglio dirle ogni cosa...
Suzuki (sgomenta) Chi è? chi è?
Pinkerton (imbarazzato) È venuta con me.
Suzuki Chi è? chi è?
Sharpless (con forza repressa ma deliberatamente) È sua moglie!
Suzuki (sbalordita, alza le braccia al cielo, poi si precipita in ginocchio colla faccia a terra) Anime sante degli avi! Alla piccina s'è spento il sol, s'è spento il sol!...
Sharpless (calma Suzuki e la solleva da terra) Scegliemmo quest'ora mattutina per ritrovarti sola, Suzuki, e alla gran prova un aiuto, un sostegno cercar con te.
Suzuki (desolata) Che giova? Che giova?
Sharpless (prende a parte Suzuki e cerca colla persuasione di averne il consenso, mentre Pinkerton, sempre più agitato, si aggira per la stanza ed osserva) Io so che alle sue pene non ci sono conforti! Ma del bimbo conviene assicurar le sorti! / La pietosa che entrar non osa materna cura del bimbo avrà Pinkerton Oh, l'amara fragranza di questi fior, \ velenosa al cor mi va. / Immutata è la stanza dei nostri amor. Suzuki O, me trista! E volete \ ch'io chieda ad una madre...
Sharpless Suvvia, parla, / suvvia, parla con quella pia e conducila qui s'anche la veda Butterfly, non importa. Anzi, meglio se accorta del vero si facesse alla sua vista. Suvvia, parla con quella pia, suvvia, conducila qui, conducila qui... Suzuki E volete ch'io chieda ad una madre Oh! me trista! Oh! me trista! Anime sante degli avi! Alla piccina s'è spento il sol! Oh! me trista! Anime sante degli avi! Alla piccina s'è spento il sol! (spinta da Sharpless va nel giardino a raggiungere Mistress Pinkerton) Pinkerton (va verso il simulacro di Budda) Ma un gel di morte vi sta. (vede il proprio ritratoo) Il mio ritratto Tre anni son passati, tre anni son passati, tre anni son passati e noveratin' ha i giorni e l'ore, \ i giorni e l'ore!
Sharpless (conducendo via Suzuki) Vien, Suzuki, vien!
Pinkerton (vinto dall'emozione e non potendo trattenere il pianto si avvicina a Sharpless e gli dice risolutamente:) Non posso rimaner,
Suzuki (andandosene) Oh! me trista!
Pinkerton Sharpless, v'aspetto per via.
Sharpless Non ve l'avevo detto?
Pinkerton Datele voi qualche soccorso: mi struggo dal rimorso, mi struggo dal rimorso.
Sharpless Vel dissi? vi ricorda? quando la man vi diede: "badate! Ella ci crede" e fui profeta allor! Sorda ai consigli, sorda ai dubbi, vilipesa nell'ostinata attesa raccolse il cor.
Pinkerton Sì, tutto in un istante io vedo il fallo mio e sento che di questo tormento tregua mai non avrò, mai non avrò! no!
Sharpless Andate: il triste vero da sola apprenderà.
Pinkerton (dolcemente con rimpianto) Addio fiorito asil, di letizia e d'amor. Sempre il mite suo sembiante con strazio atroce vedrò.
Sharpless Ma or quel sincero pressago è già.
Pinkerton Addio, fiorito asil,
Sharpless Vel dissi, vi ricorda? e fui profeta allor.
Pinkerton non reggo al tuo squallor, ah, non reggo al tuo squallor. Fuggo, fuggo: son vil! / Addio, non reggo al tuo squallor, ah! son vil, ah! son vil! Sharpless \ Andate, il triste vero apprenderà.
(Pinkerton strette le mani al Console, esce rapidamente dal fondo: Sharpless crolla tristamente il capo.)
(Suzuki viene dal giardino seguita da Kate che si ferma ai piedi del terrazzo.)
Kate (con dolcezza a Suzuki) Glielo dirai?
Suzuki (risponde a testa bassa, senza scomporsi dalla sua rigidezza) Prometto.
Kate E le darai consiglio d'affidarmi?
Suzuki Prometto.
Kate Lo terrò come un figlio.
Suzuki Vi credo. Ma bisogna ch'io le sia sola accanto. Nella grande ora... sola! Piangerà tanto tanto! piangerà tanto!
Butterfly (voce lontana dalla camera a sinistra, chiamando) Suzuki! (più vicina) Suzuki! Dove sei? Suzuki! (appare alla porta socchiusa; Kate per non essere vista si allontana nel giardino)
Suzuki Son qui... pregavo e rimettevo a posto. No... (si precipita per impedire a Butterfly di entrare) no, no, no, no, non scendete...
(Butterfly entra precipitosa, svincolandosi da Suzuki che cerca invano di tratteneria.)
Suzuki (gridando) no, no, no.
Butterfly (aggirandosi per la stanza con grande agitazione, ma giubilante) È qui, è qui... dov'è nascosto? è qui, è qui... (scorgendo Sharpless) Ecco il Console. (sgomenta, cercando Pinkerton) e dove? dove? (dopo aver guardato da per tutto, in ogni angolo, nella piccola alcova e dietro il paravento, sgomenta si guarda attorno) Non c'è!
(Vede Kate nel giardino e guarda fissamente Sharpless)
Butterfly (a Sharpless) Quella donna? Che vuol da me? Niuno parla...
(Suzuki piange silenziosamente.)
Butterfly (sorpresa) Perché piangete?
(Sharpless si avvicina a Butterfly per parlarle; questa teme di capire e si fa piccina come una bimba paurosa.)
Butterfly No: non ditemi nulla, nulla... forse potrei cader morta sull'attimo... (con bontà affettuosa ed infantile a Suzuki) Tu, Suzuki, che sei tanto buona, non piangere! e mi vuoi tanto bene, un Si, un No, di' piano: Vive?
Suzuki Sì.
(come se avesse ricevuto un colpo mortale: irrigidita) Butterfly Ma non viene più. Te l'han detto!
(Suzuki tace)
Butterfly (irritata al silenzio di Suzuki) Vespa! Voglio che tu risponda.
Suzuki Mai più.
Butterfly (con freddezza) Ma è giunto ieri? (che ha capito, guarda Kate, quasi affascinata) Ah! quella donna mi fa tanta paura! tanta paura!
Sharpless È la causa innocente d'ogni vostra sciagura. Perdonatele.
Butterfly (comprendendo, grida:) Ah! è sua moglie! (con voce calma) Tutto è morto per me! tutto è finito! Ah!
Sharpless Coraggio.
Butterfly Voglion prendermi tutto! (disperata) il figlio mio!
Sharpless Fatelo pel suo bene il sacrifizio...
Butterfly (disperata) Ah! triste madre! triste madre! Abbandonar mio figlio! (rimane immobile) (calma) E sia! A lui devo obbedir!
Kate (che si è avvicinata timidamente al terrazzo, senza entrare nella stanza) Potete perdonarmi, Butterfly?
Butterfly Sotto il gran ponte del cielo non v'è donna di voi più felice. Siatelo sempre; non v'attristatate per me.
Kate (a Sharpless, che le si è avvicinato) Povera piccina!
Sharpless (assai commosso) È un immensa pietà!
Kate E il figlio lo darà?
Butterfly (che ha udito, dice con solennità e spiccando le parole:) Alui lo potrò dare se lo verrà a cercare. (con intenzione, ma con grande semplicità) Fra mezz'ora salite la collina.
(Suzuki accompagna Kate e Sharpless che scono dal fondo. Butterfly cade a terra, piangendo; Suzuki s'affretta a soccorrerla.)
Suzuki (mettendo una mano sul cuore di Butterfly) Come una mosca prigioniera l'ali batte il piccolo cuor!
(Butterfly si rinfranca poco a poco: vedendo che è giorno fatto, si scioglie da Suzuki, e le dice:) Butterfly Troppa luce è difuor, e troppa primavera. Chiudi.
(Suzuki va a chiudere lo shosi, in modo che la camera rimane quasi in completa oscurità.)
(Suzuki ritorna verso Butterfly.)
Butterfly Il bimbo ove sia?
Suzuki Giuoca... Lo chiamo?
Butterfly (con angoscia) Lascialo giuocar, lacialo giuocar. Va a fargli compagnia.
Suzuki (piangendo) Resto con voi.
Butterfly (risolutamente, battendo forte le mani) Va, va. Te lo comando.
(Fa alzare Suuki, che piange disperatamente, e la spinge fuori dell'uscio di sinistra.)
(Butterfly si inginocchia davanti all'immagine di Budda.)
(Butterfly rimane immobile, assorta in doloroso pensioro, ancora si odono i singhiozzi di Suzuki, i quali vanno a poco a poco affievolendosi.)
(Butterfly ha un moto di spasimo.)
(Butterfly va allo stipo e ne leva il velo bianco, che getta attraverso il paravento, poi prende il coltello, che chiuso in un astuccio di lacca, sta appeso alla parete presso il simulacro di Budda.)
(ne bacia religiosamente la lama, tenendola colle mani per la punta e per l'impugnatura)
Butterfly (legge a voce bassa le parole che vi sono incise) "Con onor muore chi non può serbar vita con onore." (si punta il coltello lateralmente alla gola)
(S'apre la porta di sinistra e vedesi il braccio di Suzuki che spinge il bambino verso la madre: questi entra correndo colle manine alzate: Butterfly lascia cadere il coltello, si precipita verso il bambino, lo abbraccia e lo bacia quasi a soffocarlo.)
Butterfly Tu? tu? tu? tu? tu? tu? tu? (con grande sentimento, affannosamente agitata) piccolo Iddio! Amore, amore mio, fior di giglio e di rosa. (prendendo la testa del bimbo, accostandola a sè) Non saperlo mai per te, pei tuoi puri occhi, (con voce di pianto) muor Butterfly... perché tu possa andar di là dal mare senza che ti rimorda ai di maturi, il materno abbandono. (con esaltazione) O a me, sceso dal trono dell'alto Paradiso, guarda ben fiso, fiso di tua madre la faccia! che ten resti una traccia, guarda ben! Amore, addio! addio! piccolo amor! (con voce fioca) Va, gioca, gioca!
(Butterfly prende il bambino, lo posa su di una stuoia col viso voltato verso sinistra, gli dà nelle mani la banderuola americana ed una puppattola e lo invita a trastullarsene, mentre delicatamente gli benda gli occhi. Poi afferra il coltello e, collo sguardo sempre fisso sul bambino, va dietro il paravento.)
(qui si ode cadere a terra il coltello, e il gran velo bianco scompare dietro al paravento.)
(Si vede Butterfly sporgersi fuori dal paravento, e brancolando muovere verso il bambino -- il gran velo bianco le circonda il collo: con un debole sorriso saluta colla mano il bambino e si trascina presso di lui, avendo ancora forza di abbracciarlo, poi gli cade vicino.)
Pinkerton (interno) Butterly! Butterfly! Butterfly!
(La porta di destra è violentemente aperta. Pinkerton e Sharpless si precipitano nella stanza, accorrendo presso Butterfly che con debole gesto indica il bambino e muore. Pinkerton si inginocchia, mentre Sharpless prende il bimbo e lo bacia singhiozzando.)
Sipario rapido.
Fine dell'opera.

FONTES
http://archive.operainfo.org/

Libreto: http://home.earthlink.net/~markdlew/lib/butterfly/index.htm

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