sexta-feira, 8 de abril de 2011

RICHARD STRAUSS - TILL EULENSPIEGEL, OP. 28


Pensando na legendária figura de Till Eulenspiegel para assunto de uma ópera, Strauss
acabou por lhe dedicar um poema sinfônico, concluído em 1895. A história dessa
figura popular desde a Idade Média, um enorme pregador de peças que roubava dos
ricos para dar aos pobres, foi vista de modo bastante livre por Strauss. Basta dizer que
o compositor se recusou a fornecer um programa explicativo que pudesse servir de
guia para a audição do poema sinfônico.
No entanto, para quem gosta de descobrir a história da música, há de início, o retrato
de um herói, simbolizado por dois temas colocados nos primeiros compassos da obra:
o primeiro nas cordas e o segundo no difícil solo da trompa. Depois, há a sua ida ao
mercado, onde brinca com as mulheres e arma um enorme confusão – a ação dos
pratos na orquestra indica esta cena . Fugindo, o herói em seguida, traveste-se de
padre (melodia das violas e fagotes) para pregar um sermão bem moralista. Encontra
por fim, uma bela moça e se apaixona inutilmente. Sua próxima aventura, vê-se Till
diante de sérios pedagogos (passagem dos 4 fagotes e um clarinete baixo) tendo com
eles uma conversa pretensamente profunda.
Após outras aventuras, Till é preso e condenado à pena máxima (indicado por diversos
saltos de sétima entre vários instrumentos de sopro). Sua morte na forca é anunciada
pelo rufar da percussão e por insinuações de um cortejo lúgubre.
Depois de sua execução, a orquestra volta aos poucos mostrando motivos bem
humorados, encerrando como começou de forma brilhante.
Till Eulenspiegel é quem sabe uma das obras mais populares de Strauss, marcada por
uma enorme maestria na orquestração e na concepção formal. Do ponto de vista
estrutural, a obra organiza-se como um Rondó – tema principal, episódios
contrastantes com voltas variadas ao tema principal (A-B-A-C-A). O “A” corresponde à
exposição do tema principal e relativos a Till, já o “B” está associado ao sermão do
falso padre. Com a volta do “A” numa primeira variação, há o encontro amoroso. O
episódio “C” contem a conversa com os pedagogos e funciona como uma espécie de
recapitulação de todo o material exposto. A terceira aparição do “A” desenvolve mais
ainda o material original concluindo com uma CODA que associa a execução do herói a
uma inesperada ressurreição.

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