quarta-feira, 9 de maio de 2007

BEETHOVEN, Ludwig van – Sinfonia no. 4 em si bemol maior, Op. 60

Escrita no verão de 1806 quando hospedado no castelo dos Brunswick localizado em Martonvasar na Hungria, o que leva a comentários, que esta sinfonia teria sido inspirada por sua paixão por Maria Tereza Brunswick. Na ocasião Beethoven passeava com Maria Tereza, muito inteligente e possuidora de fina sensibilidade, despertando em Beethoven o desejo de lhe fazer confidencias. Na ocasião, Beethoven recebeu de Maria Tereza um retrato autografado, que o guardou por toda a vida.
Dedicada ao conde Oppersdorf foi apresentada pela primeira vez em março de 1807 em Viena no castelo do príncipe Lobkowitz, em benefício do maestro, recebendo grande acolhida do principado e seus convidados e em posteriores apresentações do grande público. No programa ainda constava a abertura Coriolano.
Este ano de 1806, foi um ano muito fecundo para Beethoven, ele escreveu os três concertos, op 59, a quarta sinfonia, op. 60, o concerto para violino, op. 61 e concluiu a sonata op. 57, embora esta última obra tenha sido iniciada alguns anos antes.
Desta sinfonia não se encontraram habituais esboços preparatórios, o que leva a algumas perguntas: primeiro esses esboços foram perdidos, ou isso leva a supor que esta obra teria sido escrita de uma só vez?
Esta sinfonia, comparada com as sinfonias anteriores, revela maior maturidade e indiscutivelmente possui os primeiros princípios do romantismo, demonstrado especialmente em seu Adágio.
A sinfonia está dividida em quatro movimentos, sendo que o primeiro inicia com a habitual e longa introdução em movimento lento – Adágio – passando ao Allegro vivace. Na introdução ouve-se um longo pedal promovido pelas madeiras e trompas sobre a nota da tonalidade – si bemol - como que afirmando a tonalidade da obra, já as cordas desenvolvem alguns acordes em pianíssimo, prosseguindo os primeiros violinos com breves comentários em notas curtas, voltando ao tema principal com as mesmas características iniciais. O tutti final da introdução é preparado pela insistente nota la das flautas, clarinetes e fagotes, tutti este que já antecipa os primeiros compassos do allegro vivace que se apresenta com uma caráter explosivo e alegre. Esta parte do movimento é caracterizado por dois temas que se opõem por suas características, o primeiro exposto em notas em staccato e o segundo por notas sincopadas apresentadas pelos instrumentos de madeira. Após um vigoroso tutti surge uma nova fase em forma de canone apresentado pelo clarinete e fagote.
Vale destacar a o uso do tímpano, até agora utilizado de forma parcimoniosa por Beethoven, caracterizado pelo longo tremulo e sempre em pp.
O segundo movimento, é um Adágio em mi bemol maior. “ultrapassa tudo o que a mais viva imaginação poderá jamais sonhar em ternura e pura volúpia” Hector Berlioz. Os segundos violinos iniciam com um acompanhamento rítmico sugerindo um pulso constante que paira por todo o movimento como um ostinato. O tema principal surge nos primeiros violinos a partir do segundo compasso. O tutti repete o ritmos inicial em forte passando o tema para as flautas, clarinetes e fagotes, alternando-se assim com um segundo tema. A figura rítmica do início do movimento continua servindo de pano de fundo nas diversas aparições que se sucedem por quase todos os instrumentos, inclusive no tímpano, quase que imprimindo um caráter de estribilho. Por outra parte, Beethoven utiliza do recurso da variação.
O terceiro movimento é um Allegro vivace, que é um Scherzo duplo, embora não apareça essa indicação na partitura, combinado com dois trios, um pouco menos movido, indicado na partitura por un poço meno Allegro – um dos primeiros exemplos de duplicação do trio, inovação esta adotada por compositores posteriores a Beethoven. O movimento é assim disposto: Scherzo, trio, Scherzo, trio, Scherzo, por esse motivo duplicam-se as proporções do movimento. Embora esse movimento não possui uma característica tão interessante quanto outros do compositor, no entanto, possui uma característica interessante, o deslocamento do ritmo ternário para uma acentuação binária, posteriormente utilizado por Schumann, Brahms entre outros.
O quarto e último movimento, um Allegro ma non troppo, é construído na forma sonata e com caráter de Rondo. O arabesco ornamental do início, formado pelas quatro primeiras notas ouvidas, torna-se o impulso de fundo, quase com um aspecto de motuo perpetuo, para todo o movimento. Esse arabesco é parte integrante do primeiro tema que é logo ouvido por todas as cordas, concluído em vigorosos acordes por toda a orquestra. O segundo tema é repartido, inicialmente apresentado pelo primeiro violino seguido pela flauta, clarinete e fagote.A Coda está baseada no primeiro tema combinada nas cordas graves com os arabescos do início do movimento
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