Já reconhecido internacionalmente como compositor, em 1891 Antonin Dvorák foi convidado por Jeanette Thurber a assumir a direção do Conservatório Nacional de Música de Nova York, apesar do nome, uma instituição particular com intenções filantrópicas. Chegou à cidade em 1892, em meio às comemorações do quarto centenário da descoberta européia da América, trazendo pronto o Te Deum, para ser executado nas homenagens.
Foi no período nova-iorquino que Dvorák escreveu a 9ª Sinfonia - do novo Mundo, executada pela primeira vez num concerto da Sociedade Filarmônica de Nova York, dirigido por Anton Seidl, em dezembro de 1893, com o compositor presente.
Conforme escreveu nas notas de programa para o concerto, Dvorák, “em sua chegada à América, sentiu-se profundamente impressionado pelas condições desse país e pelo espírito do qual estas eram as manifestações exteriores. Continuando sua atividade, percebeu que as obras que criava eram essencialmente diferentes das que havia composto em seu país natal. Estavam claramente influenciadas pelas novas circunstâncias e pela vida nova de que eram a evidência material”. Ao seu editor, Simrock, em Berlim, escreveu: “O sucesso da Sinfonia foi magnífico. Os jornais dizem que nunca um compositor teve tamanho triunfo… o público aplaudiu tanto que me senti como um rei em meu camarote”.
Apesar das afirmações de que Dvorák teria utilizado temas de origem indígena e negra para compor a Sinfonia, o próprio compositor escreveu, em carta a um amigo, ter tentado “apenas escrever no espírito daquelas melodias nacionais americanas”. Dvorák teve contato com a música dos negro spirituals através de Henry Burleigh, um compositor e cantor negro, aluno do Conservatório e, entre os projetos americanos não realizados, estava a composição de uma ópera com temática indígena, A Canção de Hiawatha.
Mais relevante que o fato de muitos temas da 9ª Sinfonia manterem forte semelhança com temas negro-americanos, é a profusão de temas de forte individualidade, unidos por traços estilísticos comuns: quase todos se iniciam no tempo forte e se movem no intervalo de terça menor, além de repetirem o motivo inicial. Destes temas, o primeiro, e mais importante, reaparece em todos os movimentos, e os principais temas de cada parte ressurgem no desenvolvimento e na coda do movimento final em brilhante construção cíclica.
Após a introdução lenta, um vigoroso tema em arpejo ascendente e ritmo sincopado, tocado pelas trompas, dá início ao allegro molto. Esse tema funciona como moto unificador da obra e reaparecerá em vários momentos. Segue-se uma segunda idéia, com caráter de dança folclórica, preparando o verdadeiro segundo tema, em sol maior, na flauta, uma melodia que lembra o famoso spiritual Swing low, sweet Chariot. No desenvolvimento, o retorno do primeiro tema ao lado do segundo revelará o estreito parentesco entre as duas idéias. Na recapitulação, as concepções secundárias aparecem em tonalidades contrastantes que acentuam a conclusão no mi menor principal.
O segundo movimento, Largo, inicia-se com um solene coral de metais e madeiras graves, antes do célebre solo de corne-inglês, cuja melodia poderia ser associada a uma canção negra norte-americana. O contraste na parte central é criado por melodia em tom menor e início descendente, acompanhada por trêmulo de cordas. Uma transição com caráter de dança alegre, ensombrecida por súbitas reminiscências do primeiro movimento, traz de volta o largo, que termina com o coral da introdução.
O scherzo, em mi menor, com seu engenhoso tema em imitação, começando no segundo tempo, é primoroso no gênero. Na repetição da melodia principal, é notável a superposição de compassos, evocando o ritmo vertiginoso das danças folclóricas. Dois trios alternam com o scherzo, ambos com caráter de dança eslava. O primeiro de ritmo amável e caprichoso, o segundo com ritmos pontuados e trinados nas madeiras. A Coda faz ressurgir o tema do primeiro movimento, antes da conclusão, em mi menor.
O quarto movimento, allegro con fuoco, após introdução rápida, apresenta seu tema principal de caráter épico nas trompas e trompetes. Uma transformação desse tema origina a transição, que leva ao nostálgico segundo tema, no solo de clarinete. Depois de conclusão brilhante, o desenvolvimento se inicia de forma surpreendente, com os trinados de madeiras do scherzo, dramaticamente interrompidos por intervenções do primeiro tema. Reaparece então o motivo do largo, contra um fundo agitado, derivado do primeiro tema, e um crescendo grandioso conduz à breve recapitulação dos dois temas principais. Uma conclusão tranqüila, construída sobre reminiscências, precede a Coda, em que se defrontam os temas principais do quarto e primeiro movimentos.
Foi no período nova-iorquino que Dvorák escreveu a 9ª Sinfonia - do novo Mundo, executada pela primeira vez num concerto da Sociedade Filarmônica de Nova York, dirigido por Anton Seidl, em dezembro de 1893, com o compositor presente.
Conforme escreveu nas notas de programa para o concerto, Dvorák, “em sua chegada à América, sentiu-se profundamente impressionado pelas condições desse país e pelo espírito do qual estas eram as manifestações exteriores. Continuando sua atividade, percebeu que as obras que criava eram essencialmente diferentes das que havia composto em seu país natal. Estavam claramente influenciadas pelas novas circunstâncias e pela vida nova de que eram a evidência material”. Ao seu editor, Simrock, em Berlim, escreveu: “O sucesso da Sinfonia foi magnífico. Os jornais dizem que nunca um compositor teve tamanho triunfo… o público aplaudiu tanto que me senti como um rei em meu camarote”.
Apesar das afirmações de que Dvorák teria utilizado temas de origem indígena e negra para compor a Sinfonia, o próprio compositor escreveu, em carta a um amigo, ter tentado “apenas escrever no espírito daquelas melodias nacionais americanas”. Dvorák teve contato com a música dos negro spirituals através de Henry Burleigh, um compositor e cantor negro, aluno do Conservatório e, entre os projetos americanos não realizados, estava a composição de uma ópera com temática indígena, A Canção de Hiawatha.
Mais relevante que o fato de muitos temas da 9ª Sinfonia manterem forte semelhança com temas negro-americanos, é a profusão de temas de forte individualidade, unidos por traços estilísticos comuns: quase todos se iniciam no tempo forte e se movem no intervalo de terça menor, além de repetirem o motivo inicial. Destes temas, o primeiro, e mais importante, reaparece em todos os movimentos, e os principais temas de cada parte ressurgem no desenvolvimento e na coda do movimento final em brilhante construção cíclica.
Após a introdução lenta, um vigoroso tema em arpejo ascendente e ritmo sincopado, tocado pelas trompas, dá início ao allegro molto. Esse tema funciona como moto unificador da obra e reaparecerá em vários momentos. Segue-se uma segunda idéia, com caráter de dança folclórica, preparando o verdadeiro segundo tema, em sol maior, na flauta, uma melodia que lembra o famoso spiritual Swing low, sweet Chariot. No desenvolvimento, o retorno do primeiro tema ao lado do segundo revelará o estreito parentesco entre as duas idéias. Na recapitulação, as concepções secundárias aparecem em tonalidades contrastantes que acentuam a conclusão no mi menor principal.
O segundo movimento, Largo, inicia-se com um solene coral de metais e madeiras graves, antes do célebre solo de corne-inglês, cuja melodia poderia ser associada a uma canção negra norte-americana. O contraste na parte central é criado por melodia em tom menor e início descendente, acompanhada por trêmulo de cordas. Uma transição com caráter de dança alegre, ensombrecida por súbitas reminiscências do primeiro movimento, traz de volta o largo, que termina com o coral da introdução.
O scherzo, em mi menor, com seu engenhoso tema em imitação, começando no segundo tempo, é primoroso no gênero. Na repetição da melodia principal, é notável a superposição de compassos, evocando o ritmo vertiginoso das danças folclóricas. Dois trios alternam com o scherzo, ambos com caráter de dança eslava. O primeiro de ritmo amável e caprichoso, o segundo com ritmos pontuados e trinados nas madeiras. A Coda faz ressurgir o tema do primeiro movimento, antes da conclusão, em mi menor.
O quarto movimento, allegro con fuoco, após introdução rápida, apresenta seu tema principal de caráter épico nas trompas e trompetes. Uma transformação desse tema origina a transição, que leva ao nostálgico segundo tema, no solo de clarinete. Depois de conclusão brilhante, o desenvolvimento se inicia de forma surpreendente, com os trinados de madeiras do scherzo, dramaticamente interrompidos por intervenções do primeiro tema. Reaparece então o motivo do largo, contra um fundo agitado, derivado do primeiro tema, e um crescendo grandioso conduz à breve recapitulação dos dois temas principais. Uma conclusão tranqüila, construída sobre reminiscências, precede a Coda, em que se defrontam os temas principais do quarto e primeiro movimentos.
Gostei muito do post. Faz uns dias, fiquei intrigado com essa sinfonia e ando tentando aprender algumas coisas sobre ela. Para mim, que sou completo iniciante, foi muito esclarecedor. Parabéns pelo blog!
ResponderExcluirconheci-a hoje escutando a MEC!!! gostei muito do post!!! Continue sempre!!! Muito interessante conhecer mais so autor e da obra.
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