Corregidor. Ele aumentou de alguns movimentos após ter ido a Andaluzia procurar por diversos temas populares.. A nova obra retornou ao título da obra de Alarcón da qual havia tirado o tema originário, El sombrero de tres picos, que estreou com grande triunfo no Alhambra Theatre de Londres com os Balés Russos, a 22 de julho de 1919. Ernest Ansermet a regeu, sendo a coreografia de Leonide Massime, os cenários e figurinos de Picasso; Karsavina e o próprio Massime dançavam os papeis principais. A partitura é dedicada a Leopoldo Matos.
O conto, que é uma farsa, narra as desventuras burlescas de um velho Corregedor (espécie de juiz de distrito), que é o homem do sombrero: apaixonado por uma bela dona do moinho, ele faz a sua corte e se ridiculariza inúmeras vezes para grande alegria da jovem e de seu marido, a princípio ciumento, depois cúmplice; no final, os vizinhos agarram o infeliz Corregedor e o jogam grotescamente para o alto Omo um boneco desengonçado.
A ação se divide em duas partes: durante a tarde e depois à noite, das quais as duas suítes para a orquestra conservam esta ordem.
SUÍTE No. 1
Compreende três movimentos: Introdução, Dança da moleira e o Corregedor e Final.
1. Introdução e tarde. Uma fanfarra formada pelas trompas, trompetes e os tímpanos serve de introdução, enquanto a Tarde – entrada do moleiro e sua mulher – dá lugar a uma breve evocação de estilo impressionista.
2. Dança da moleira. Trata-se de um fandango, dança característica da Andaluzia em ritmo ternário, onde explora a sensualidade e a paixão, executada em movimento moderado. É amplamente desenvolvido num desenho do fagote anunciando a chegada cerimoniosa do Corregedor; enquanto o moleiro se esconde, a sua mulher finge ignorar o galanteador e continua sua dança. Quando o Corregedor inicia sua corte, a mulher lhe oferece uvas para zombar dele – neste movimento alterna-se o compassos binários e ternários, característica do folclore andaluz – nisso a mulher se esquiva.
3. O Corregedor e final. O velho sedutor persegue a bela, mas cai. Socorrendo-o o moleiro simula espanto e auxilia o Corregedor a se levantar, porém o Corregedor percebe a trama e afasta-se ameaçando o moleiro.
SUÍTE No. 2
Esta suíte também é formada por três movimentos: Os vizinhos, Dan’xca do moleiro e Dança final.
1. Os vizinhos. Todos estão reunidos no moinho para festejar o dia de S. João. A dança é uma seguidilha (allegro ma non troppo) em compasso 3/8 cheio de vitalidade, evocando a embriaguez coletiva da festa andaluz.
2. Dança do moleiro. A mulher do moleiro pede a seu marido que dance. A farruca do moleiro (poco vivo), mais pesada e mais violenta em compasso 2/2, em evidente contraste com o movimento anterior. Esta parte foi acrescentada a pedido de Diaghilev e Falla a escreveu em apenas 24 horas. É uma das danças mais características do estilo flamenco.
3. Dança final. A suíte orquestral elimina inúmeros episódios intermediários da ação cênica, e reencontra aqui a partitura original o momento da dança conclusiva, sobre um motivo de grande jota. Trata-se de um Allegro rítmico em três tempos rápidos, de uma virtuosidade. Todo o vilarejo participa desta dança que consagra a derrota do Corregedor. A orquestração torna-se aqui ainda mais resplandecente do que as peças anteriores.
Nesta suíte, as danças populares e ritmos abundam numa completa recriação e cuja escrita instrumental, suntuosa porém refinada, e de uma constante elegância, é evocadora dos russos.
Nos catálogos discográficos aparece uma versão completa de ballet com curtas passagens de solista para voz feminina. Em geral figuram apenas nos programas de concertos as duas suítes e com mais freqüência a segunda suíte.
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