quarta-feira, 30 de maio de 2007

GERSHWIN, George Um americano em Paris

Apesar do título sugerir uma obra descritiva, Um Americano em Paris é um poema sinfônico, segundo o próprio Gershwin, que justifica-se: “Meu propósito é o de apresentar as impressões de um americano visitando Paris. Enquanto passeia pela cidade, presta atenção aos ruídos das ruas e se impregna do ambiente parisiense... não tentei em absoluto evocar cenas determinadas... cada ouvinte pode encontrar aqui os episódios que sua imaginação sugerir.”
A peça se inicia com vários temas que sugerem um passeio por Paris. O "americano", turista assumido, desce o Champs-Elysées e vai sentar-se na mesa de um bar do Quartier Latin. Neste trajeto, guarda várias impressões: uma briga de taxistas (para a qual Gershwin exigiu verdadeiras buzinas de automóvel), cujas buzinas são geralmente representadas pelos trompetes; suas andanças sem destino na frente dos teatros de music-hall, evocadas em uma canção popular executada pelo trombone; um flerte imaginário durante um passeio pela margem esquerda de Paris, representado por um diálogo entre a clarineta e o violino, em solos alternados.
O tom é nostálgico, numa transição para o blues, como se o americano sonhasse... com a América. O exotismo de Paris é ignorado. Surge então um ritmo de charleston, pelos trompetes, para espantar a melancolia. Por fim, na repetição de todos os temas anteriores, evoca-se o encontro do ‘americano’ com um conterrâneo, com o qual troca impressões da cidade. O tema nostálgico volta mais pomposo. Retorna, por fim, o motivo do passeio inicial e a coda conclui sobre o tema de blues triunfante. A peça ganhou o mundo ao ser tema do filme homônimo estrelado por Gene Kelly, Leslie Caron e Cyd Charisse, considerado uma das melhores produções musicais de Hollywood.

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