segunda-feira, 6 de agosto de 2007

ROSSINI, Gioacchino - L'Italiana in Algeri

Ópera em dois atos
Música de Gioacchino Rossini
Texto em italiano de Angelo Anelli
Première Mundial: Veneza, Teatro San Benedetto, 22 de maio de 1813
Argel e a época de L'Italiana
Argel, a capital da Argélia, é uma cidade muito antiga, com uma história complexa e colorida. Foi fundada pelos fenícios, o mesmo povo comerciante que fundou Cartago e, desde então, representou um papel importante no comércio mediterrâneo. Corsários ou piratas, como Haly na L'Italiana in Algeri de Rossini, realmente não cruzavam o Mediterrâneo até os primeiros anos do século XIX. A história de sua ascensão ao poder começou há muitos séculos atrás, quando um grupo religioso de berberes chamado Almohads governou uma boa parte do noroeste da África. Quando o poder dos Almohads declinou, a Espanha quis conquistar a região. Para imperdir que a Argélia caisse nas mãos da Espanha, o corsário Barbarossa e seus irmãos lideraram as forças turcas na tomada da área. Em 1518, Barbarossa estava no controle de Argel e a cidade, subseqüentemente, se tornou um porto para a atividade dos corsários. Os corsários eram empregados pelas cidades costeiras para capturar os barcos mercantes quando eles viajavam pelo mar Mediterrâneo. Estes ataques piratas começaram como manobras militares contra a Espanha, quando os turcos mantinham a região enfraquecida durante os séculos XVII e XVIII, os ataques começaram a ter um caráter mais comercial. Os escravos e o produto das pilhagens dos barcos do Mediterrâneo e das cidades tormaram-se uma fonte importante de renda para os governantes muçulmanos e Argel prosperou. Para proteger seus navios mercantes, as marinhas européias atacaram repetidamente os redutos dos navios piratas. Com seu poder naval e artilharia superior, a pirataria tornou-se menos rentável e a prosperidade de Argel diminuiu. Em 1815, o Capitão Americano Stephen Decatur liderou uma esquadra naval contra Argel e ele forçou o oficial governante a assinar um tratado banindo os ataques piratas a navios mercantes americanos. Um ano mais tarde, as forças aliadas britânicas e holandesas lançaram um ataque devastador sobre a frota argelina, praticamente acabando com ela. O final decisivo da dominação argelina sobre o Mediterrâneo veio em 1830, quando os franceses anexaram uma Argélia enfraquecida, começando uma ocupação de 130 anos. Hoje, a Argélia é um importante centro comercial da região do Mediterrâneo, comercializando vinhos, frutas cítricas, minério de ferro e cereais; também produz produtos químicos, tabaco, papel e cimento.
ELENCO
Isabella (meio-soprano) - Tem o caráter forte e engenhoso da mulher italiana. Ela está noiva de Lindoro, mas tem que sobrepujar o Bei Mustafá, que deseja casar-se com ela.
Elvira (soprano) - A esposa de Mustafá. Ela ama seu marido, mas ele deseja bani-la cansando-a com Lindoro.
Zulma (meio-soprano) - Escrava de Elvira. Ela tenta reconciliar Elvira e Lindoro pelo fato de Mustafá ter ordenado que eles se casem.
Lindoro (tenor) - Noivo italiano de Isabella. Ele foi seqüestrado por piratas e foi trazido para a corte de Mustafá. Mustafá pretende usá-lo como uma forma de se livrar da esposa indesejada; ele quer que Lindoro case com Elvira. Lindoro está desanimado porque ele ainda está apaixonado por Isabella.
Taddeo (barítono) - Um homem mais velho que está apaixonado por Isabella. Quando eles são capturados por piratas, ele escapa da escravidão dizendo que é tio de Isabella. Ele mantém esta identidade quando são levados para a corte de Mustafá e Mustafá o toma como seu guarda-costa pessoal.
Mustafá (baixo) - Bei de Argel. Ele está cansado de sua esposa e quer mandá-la embora em favor de uma jovem italiana. Ele se regozija quando os piratas trazem Isabella, mas fica frustrado com os planos astutos da jovem.
Haly (barítono) - Capitão dos Piratas. Recebe ordem para encontrar uma mulher italiana para Mustafá.
SINOPSE
ATO I
Palácio a beira-mar do Bei Mustafá. Elvira, a esposa do Bei Mustafá, reclama que seu marido não a ama mais. O próprio Mustafá vem e confirma os piores temores de Elvira. Ele diz que não deixará as mulheres tirarem o melhor dele e manda sua esposa embora. Mustafá diz que está cansado de sua esposa e que a dará para Lindoro, seu escravo italiano, em casamento. Então, ele ordena a Haly, um capitão pirata, que encontre uma mulher italiana para ele -alguém mais interessante do que as moças de seu harém, todas elas o aborrecem. Lindoro anseia por sua própria amada, Isabella, a que ele perdeu quando os piratas o capturaram. Mustafá diz a ele que pode ter Elvira. Lindoro tenta protestar insistindo que ele precisa de uma mulher com virtudes particulares, mas Mustafá declara que Elvira possui todas estas qualidades. No mar, Haly e seus piratas vêem um naufrágio e se alegram quando descobrem uma mulher italiana, Isabella, que eles podem levar para Mustafá. Isabella está determinada a encontrar o seu noivo perdido, Lindoro, e está irritada com seu companheiro de viagem, Taddeo. Os piratas prendem Taddeo e tentam vendê-lo como escravo, mas ele diz que é o tio de Isabella e que não pode deixá-la. Taddeo está chocado com a calma de Isabella quando ela descobre que irá fazer parte do harém de Mustafá. Eles discutem sobre seu ciúme e decidem que é melhor enfrentar esta situação juntos. Um pequeno hall no palácio de Mustafá. Mustafá promete a Lindoro que ele pode retornar à Itália, mas somente se ele levar Elvira. Sem saída, Lindoro aceita, mas deixa claro que ele não se casará com Elvira enquanto não chegarem à Itália. Elvira, entretanto, ama seu marido e não vê motivo para que ela ajude Lindoro a fugir. Quando Haly anuncia a captura de uma mulher italiana, Mustafá, alvoroçado, parte para encontrar-se com ela. No hall principal de seu palácio, considerado pelos eunucos como "o açoite das mulheres", Mustafá dá as boas vindas a Isabella, com cerimônia. À parte, ela observa que ele é ridículo e sente, com certeza, que ela será capaz de negociar com ele. Ele, por outro lado, acha-a encantadora. Como parece que ela se deixa à sua mercê, o ciumento Taddeo começa a fazer uma cena e é salvo somente quando ele declara que é tio dela. Elvira e Lindoro, prontos para partir para a Itália, vêm dar adeus. Lindoro e Isabella ficam atordoados quando se reconhecem. Para evitar a partida de Lindoro, Isabella insiste que Mustafá não pode banir sua mulher, acrescentando que Lindoro deve ficar como criado pessoal dela.
ATO II
Elvira e vários membros da corte estão discutindo quão facilmente a mulher italiana domou Mustafá, dando esperanças a Elvira de reconquistar o seu amor Quando Mustafá entra, entretanto, ele declara que irá visitar Isabella em seu quarto para tomar café. Ela sai de seu quarto perturbada porque, aparentemente, Lindoro a traiu ao concordar em fugir com Elvira. Lindoro aparece e reafirma sua lealdade a ela. Isabella diz que maquinou um esquema para libertarem-se. Após Lindoro partir, Mustafá reaparece, seguido pelos seus acompanhantes com o horrorizado Taddeo, que foi honrado com a posição de guarda-costas pessoal de Mustafá, em troca de ajudar a assegurar as afeições de Isabella. Vestido em roupas turcas, Taddeo não vê escolha a não ser aceitar esta "honra". Em seu apartamento, Isabella veste roupas turcas também e prepara-se para a visita de Mustafá, dizendo a Elvira que a maneira de manter seu marido é ser mais incisiva. Quando ela termina sua rotina de beleza, Isabella, sabendo que Mustafá pode ouvi-la ao fundo, canta, meio-caçoando, uma invocação à Vênus para ajudá-la a conquistar sua vítima. Para torná-lo impaciente, ela o mantém esperando, enquanto seu "criado" Lindoro age como intermediário. Finalmente, ela se apresenta a ele e ele apresenta Taddeo como seu guarda-costas. Mustafá espirra -um sinal para Taddeo partir- mas Taddeo fica. Para desprazer de Mustafá, Isabella convida Elvira para o café. Quando Isabella insiste que ele trate sua esposa gentilmente, Mustafá reage com aborrecimento, enquanto os outros imaginam sua frustração. Em outro lugar no palácio, Haly prediz que seu mestre não é páreo para a mulher italiana. Enquanto Lindoro e Taddeo planejam sua fuga, Taddeo diz que ele é o verdadeiro amor de Isabella. Lindoro diverte-se, mas percebe que precisa da ajuda de Taddeo para lidar com Mustafá. Mustafá entra, ainda bravo. Lindoro diz que Isabella, realmente, se importa muito com Mustafá e deseja que ele prove seu merecimento entrando para a ordem italiana de Pappataci (Sofredor Mudo). Acreditando que isto é uma honra, Mustafá pergunta o que ele tem que fazer, Simples, diz Lindoro: coma, beba e durma como quiser, mas ignore tudo ao seu redor. Ao lado, Haly e Zulma imaginam o que Isabella está planejando. No apartamento de Isabella, ela prepara uma festa de iniciação para Mustafá, implorando que seus companheiros italianos tenham confiança. Mustafá chega e Lindoro lembra-o do procedimento de iniciação. Após ter-se pronunciado um Pappataci, comida é trazida. Testando-o, Isabella e Lindoro fingem que estão fazendo amor enquanto Taddeo lembra que Mustafá deve ignorá-los. Um navio iça as velhas ao fundo e os amantes se preparam para embarcar junto com os cativos italianos, mas Taddeo percebe que ele, também, havia sido enganado e tenta fazer Mustafá reagir, mas ele persiste em manter seu voto de indiferença. Quando Mustafá realmente responde, os italianos têm a situação sob controle e dão um adeus cortês. Mustafá, após aprender a lição, toma Elvira de volta e todos cantam os elogios à engenhosa mulher italiana.

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