sexta-feira, 8 de abril de 2011

HECTOR BERLIOZ - SYMPHONIE FANTASTIQUE


A audição da Symphonie Fantastique é acompanhada pelo público com a leitura de
um programa, escrito pelo próprio compositor – Episódio na vida de um artista – que
relata alguns dos momentos da sua paixão pela atriz inglesa Harriet Smithson. A
existência do programa torna unívoca a interpretação da música, esclarece o seu
sentido aos ouvintes e explica a sua forma. Foi a primeira obra de música
programática puramente instrumental, embora se baseie claramente nos princípios da
reforma da ópera de C. W. Gluck (1714-1787), em que se defendia a primazia da
transmissão dos afetos do libreto no discurso musical. Aliás, alguns pormenores de
instrumentação como as harpas, o corne inglês e os sinos são aqui pela primeira vez
utilizados em música sinfônica, apesar de já terem integrado a orquestra na ópera.
Para além do fato da sinfonia ter 5 andamentos, de características originais na época,
uma outra inovação inserida por Berlioz é o conceito de ideé-fixe, um tema melódico,
associado a uma personagem (neste caso a sua amada), que surge de forma recorrente
ao longo da obra.
A estréia da Symphonie Fantastique em 1830 em Paris foi símbolo do início
do Romantismo em França. Era a primeira vez que um compositor expunha
explicitamente uma experiência pessoal numa obra musical. A expressão do "eu" e do
sentimento tornaram-se, a partir daí, importantes pilares da música romântica em
toda a Europa. O conceito de música programática ficou também para as gerações
futuras, em compositores como Liszt ou os russos do Grupo dos Cinco. Hector Berlioz
foi, acima de tudo, um compositor que criou com originalidade, fundando importantes
conceitos para o futuro.

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