Ópera em dois atos
Compositor: Gioacchino Rossini
Texto do libreto em italiano: Jacopo Ferretti, baseado em Cinderela.
Première Mundial: Roma, Teatro Valle, 25 de janeiro de 1817
Première Mundial: Roma, Teatro Valle, 25 de janeiro de 1817
ELENCO
Angelina, Cenerentola (Cinderela) do papel do título. (Meio-Soprano)
Clorinda, uma irmã adotiva. (Soprano)
Tisbe, a outra irmã adotiva. (Meio-Soprano)
Don Magnifico, o pai. (Baixo)
Don Ramiro, o Príncipe.
Dandini, o criado do príncipe.
Alidoro, o tutor do príncipe.
Criados, convidados do salão e cortesãos
Rossini e La Cenerentola
Quando a ópera La Cenerentola foi escrita, Rossini tinha somente 25 anos, mas suas outras óperas já lhe tinham garantido uma popularidade excepcional na Itália e em toda a Europa. La Cenerentola foi escrita para o empresário do Teatro Valle em Roma, o Signore Cartoni, e deveria ser apresentada durante a temporada do carnaval em Roma. Corria o ano de 1816 e o libretista escolhido foi Jacopo Ferretti, que sugeriu basear a nova ópera no conto de fadas francês Cendrillon (Cinderela) de Charles Perrault, porque o tema não era complicado e era bastante cômico.Ferretti escreveu o libreto em 22 dias e Rossini compôs a música em apenas 24 dias! O processo de composição foi mais rápido devido ao uso de músicas de óperas anteriores, como por exemplo, a utilização da abertura de La Gazzetta.Além do talento de Rossini para a comédia, a ópera é famosa pelo registro vocal acrobático do compositor, o que exige uma grande agilidade da linha vocal dos cantores. Essa era uma música mais difícil do que qualquer outra que Rossini havia composto anteriormente. Ele estava seguindo a tradição da escola de ópera de bel canto, com cenas e grupos vocais ornamentados, como vemos nos sextetos das finales do primeiro e do segundo ato. O mesmo efeito brilhante já havia sido usado nas finales de Il Barbieri di Siviglia.
La Cenerentola foi apresentada pela primeira vez no Teatro Valle em Roma, em 28 de janeiro de 1817, com vários cantores famosos no elenco. Geltrude Righetti Giorgi tinha o papel principal, e já era um nome famoso por sua atuação como a primeira Rosina na estréia de Il Barbieri di Siviglia em 1816. Devido ao fato que as vozes dos cantores estavam em declínio ou talvez pelo cansaço após os longos ensaios, a primeira apresentação de La Cenerentola foi um fracasso. Somente após a quinta apresentação, a ópera obteve um sucesso definitivo, que foi seguido por um sucesso ainda maior no Teatro La Scala de Milão, no dia 25 de agosto do mesmo ano. La Cenerentola mais tarde, viajou através de toda a Itália e o resto da Europa e foi um grande sucesso. Em 1844, foi a primeira ópera apresentada na Austrália. A primeira apresentação de La Cenerentola em New York teve lugar no Park Theater na baixa Manhattan em 27 de junho de 1826, tendo sido realizada pela companhia de Manuel García. Em uma versão sem os elementos sobrenaturais, a história da Cinderela adaptava-se perfeitamente aos presentes de Rossini para os enredos de surpresa, de fantasias e de confusão. A música brilhou desde a abertura até o rondó finale deslumbrante (o rondó é, na verdade, adaptado da ária final de Almaviva em Il Barbieri di Siviglia).Durante a primeira parte deste século, as apresentações de La Cenerentola foram raras devido à falta de talentos de coloratura de bel canto (uma única exceção foi a meio-soprano espanhola Conchita Supervia). Considerada como a obra prima de Rossini, somente após o período pós Segunda Guerra Mundial três excelentes meios-sopranos trouxeram de volta o esplendor da partitura musical de Rossini: Giuletta Simionata, Teresa Berganza e Marilyn Horne. O público musical pôde então apreciar o grande talento cômico de Rossini novamente.
SINOPSE
ATO I
A história se passa no final do século XVIII ou início do século XIX, na mansão em ruínas de Don Magnifico, barão de Montefiascone. Suas duas filhas, Clorinda e Tisbe, experimentam jóias vistosas enquanto Cenerentola (Cinderela), sua filha adotiva, que trabalha como criada da família, canta uma canção perdida no tempo sobre um rei que encontrou uma esposa entre os súditos comuns. Um mendigo aparece à porta (na realidade Alidoro, o tutor do príncipe) e as irmãs o mandam embora, mas Cenerentola oferece-lhe pão e café. Enquanto o mendigo fica à porta, vários cortesãos anunciam que o Príncipe Ramiro em breve fará visitas aos súditos; ele está procurando pela jovem mais bonita do reino para toma-la como sua noiva. As irmãs ordenam a Cenerentola para que traga mais jóias. Magnifico, despertado pela comoção, vem saber o que está acontecendo, ralhando com as filhas por interromperem seu sonho sobre um asno que criava asas. Quando fica sabendo sobre a visita do príncipe, diz a suas filhas para salvarem a fortuna da família casando-se e tornando-se uma princesa. Todos se retiram para suas habitações e o Príncipe Ramiro, disfarçado como seu próprio criado chega sozinho. Desta forma ele pode conhecer as mulheres da família sem que elas saibam quem ele é. Cenerentola assusta-se com o belo estrangeiro e ele parece também admirá-la. Quando o príncipe pergunta a Cenerentola quem ela é, ela lhe dá uma explicação envergonhada sobre a morte de sua mãe e sua própria posição como criada, em seguida se desculpa por ter que partir para atender ao chamado da irmãs adotivas. Quando Magnifico entra, Ramiro diz que o príncipe chegará logo. Magnífico manda vir Clorinda e Tisbe e ambas cumprimentam Dandini (na realidade o criado do príncipe, disfarçado na figura do próprio príncipe). As irmãs adulam Dandini, que as convida para um baile. Don Magnifico também prepara-se para partir para o baile, discutindo com Cenerentola que não quer ser deixada para trás. Ramiro percebe como Cenerentola é mal tratada. Seu tutor, Alidoro, ainda vestido como o mendigo que havia vindo anteriormente, verifica uma lista de recenseamento e pergunta pela terceira filha da casa. Magnifico nega que ela ainda esteja viva. Assim que Dandini parte com Magnifico, Alidoro diz a Cenerentola que ela deve acompanhá-lo ao baile. Ele se livra de seus andrajos, se identifica como um membro da corte (mas não menciona que é realmente o príncipe!) e assegura à jovem que os céus lhe recompensarão pela pureza de seu coração. Dandini, ainda se fazendo passar por príncipe, acompanha as duas irmãs na casa de campo real e oferece a Magnifico uma visita à adega, desejando que ele se embriague. Dandini se desembaraça das irmãs e diz que elas o verão mais tarde.Num quarto de vestir do palácio, Magnifico é saudado como o novo conselheiro de vinhos do príncipe. Ninguém, ele decreta, deverá misturar uma gota de água com qualquer vinho nos próximos quinze anos. Esperando com ansiedade pela festa, ele e seus criados partem. Dandini relata ao príncipe sua opinião negativa sobre as duas irmãs. Ramiro fica confuso, pois havia escutado Alidoro falar bem de uma das filhas de Magnifico. Clorinda e Tisbe reencontram Dandini; quando ele oferece Ramiro (que elas não percebem ser na verdade o príncipe!) como um acompanhante para uma delas, elas desprezam a companhia de um mero criado. Alidoro anuncia a chegada de uma dama desconhecida envolta em um véu. Ramiro reconhece algo em sua voz. Quando ela levanta o véu, Ramiro, Dandini e também as irmãs percebem que há algo familiar na aparência da jovem. Magnifico, que entra para anunciar a ceia, também fica confuso e percebe a semelhança da recém-chegada com Cenerentola. Todos sentem-se como em um sonho, mas à beira de serem acordados pelo mesmo choque brutal.
ATO II
Em uma sala do palácio, Magnifico preocupa-se com esta nova ameaça à elegibilidade de suas filhas, dizendo-lhes para não se esquecerem de sua importância quando uma delas subir ao trono. Ele sai com as jovens e logo em seguida entra Ramiro, chocado com a convidada recém-chegada, pela sua semelhança com a jovem que ele havia encontrado naquela manhã. Ramiro se esconde quando Dandini (ainda disfarçado em príncipe) chega cortejando Cenerentola, magnificamente vestida. Ela recusa educadamente, dizendo que já está apaixonada por outra pessoa - o criado dele. Ao ouvir isso, Ramiro feliz sai de seu esconderijo. Para testar sua sinceridade, a jovem lhe dá uma pulseira de um par de braceletes iguais, dizendo que, se ele realmente se importa com ela, ele a encontrará. Após sua partida, Ramiro, encorajado por Alidoro, reúne seus homens para que comecem uma busca. Mais uma vez, o criado do príncipe enfrenta Magnifico, que ainda acredita que ele é o príncipe, e insiste que ele decida com qual de suas duas filhas vai se casar. Dandini lhe diz ser somente um criado. Quando Magnifico reage indignado, Dandini lhe ordena que saia do palácio. Na casa de Magnifico, Cenerentola, mais uma vez vestida em farrapos, cuida do fogo e canta sua balada. Magnifico e as irmãs retornam, todos em péssimo humor, e ordenam a Cenerentola que lhes prepare a ceia. Ela obedece enquanto uma tempestade de trovões começa do lado de fora. Dandini aparece à porta, anunciando que a carruagem foi destruída do lado de fora. Cenerentola, ao trazer uma cadeira para o príncipe, percebe que ele é Ramiro, que por sua vez reconhece a pulseira. Cria-se uma confusão, quando Magnifico e suas filhas percebem o que está se passando. Irritado com tanta mesquinhez, Ramiro os ameaça, mas Cenerentola pede que ele mostre compaixão. Com a família ainda contra ela, Cenerentola parte com o príncipe, enquanto Alidoro agradece aos céus por este resultado feliz. Cenerentola e o Príncipe Ramiro casam-se imediatamente. Na sala do trono do palácio de Ramiro, Magnifico procura ganhar favores com a nova princesa, mas ela lhe pede somente para ser enfim reconhecida como sua filha. Segura em sua felicidade ela pede ao príncipe para perdoar Magnifico e as duas jovens: tendo nascido na desgraça, ela viu suas sortes mudarem. Mais humildes agora, o pai de Cenerentola e as irmãs adotivas a abraçam e ela declara que os dias passados ao lado do fogo acabaram.
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