terça-feira, 20 de novembro de 2007

BACH - MISSA EM SI MENOR

Missa em Si menor (BWV 232) é uma tradução musical da Missa latina de Johann Sebastian Bach. Embora partes da Missa em Si menor datem de 1724, o todo só foi montado na forma que conhecemos em 1749, imediatamente antes da morte do compositor em 1750.

Fundo histórico e contexto da Missa em Si menor
Surpreendentemente, Bach não deu um título à obra. Em vez disso, na partitura, as quatro partes da Missa Latina têm, cada uma, sua página título—Kyrie, Gloria, Simbolum Nicenun (conhecido como Credo Niceno - Credo) e o Sanctus, Hosana, Benedictus, Agnus Dei— e simplesmente agrupou todos juntos. Na verdade, as diferentes seções têm diferentes número e arranjo de intérpretes, levando à teoria de que Bach jamais teria esperado que a obra fosse toda executada numa única audição. Por outro lado, as partes no manuscrito são numeradas de 1 a 4 e a assinatura usual de Bach (S.D.G. = Soli Deo Gloria) é encontrar apenas no final do Dona Nobis Pacem. De qualquer modo, a Missa representa uma experiência musical poderosa e unificadora. Devido ao seu tamanho—aproximadamente duas horas de música—nunca foi tocada integralmente como parte da liturgiada igreja. Depois da morte de Bach, seu filho, Carl Philipp Emanuel Bach executou em Berlim a parte do Glória, mas não a missa completa. Apresentações em grande escala de toda a obra não foram encenadas até o século XIX, a primeira grande apresentação tendo ocorrido em 1850. A primeira audição americana da Missa, foi feita em 27 de março de 1900 pelo Bach Choir of Bethlehem, em Belém, Pensilvania (EUA).
Um comentarista resume a obra da seguinte maneira:
"A Missa em Si menor é a coroação de toda uma vida. Iniciada em 1733, por razões diplomáticas, foi concluída nos últimos anos da vida de Bach, quando ele já estava cego. Esta obra monumental representa a síntese de tudo que o Kantor de Leipsig contribuiu para a música em termos de estilo e de técnica. Mas é também o mais impressionante encontro espiritual entre os mundos da glorificação católica e o culto luterano da cruz (A. Basso)."
Bach era um luterano comprometido e é apenas aparentemente estranho que tenha composto uma missa latina dessa magnitude, integrante da liturgia da Igreja Católica Romana. Deve ser lembrado que as igrejas luteranas de seus dias, freqüentemente celebravam missas latinas. Como um dos maiores compositores religiosos, ele se preocupava com o cerne do mistério cristão. Lutero admitia na revisão que fez da Missa Romana tradicional, o Kyrie, o Gloria in Excelsis, o Credo de Niceniano e o Sanctus. Bach produziu quatro pequenas missas (com duas seções apenas) para uso litúrgico.

Cronologia
Segundo Mellers a cronologia das seções da Missa é obscura, mas pode ser mais ou menos estabelecida como segue:
* O Sanctus foi composto em 1724
* Os Kyrie e Gloria foram compostos em 1733, o primeiro como um lamento pela doença de Augustus, o Forte, que veio a falecer em 1 de fevereiro de 1733, e o segundo para celebrar a ascenção de seu sucessor, o Eleitor da Saxônia e mais tarde rei da Polônia, o Rei Augusto III, que, para assumir o trono da Polônia, se converteu ao catolicismo. Estas duas seções foram apresentadas por Bach a Augustus III, junto com uma nota datada de 27 de julho de 1733, como uma Missa com as partes Kyrie e Gloria, BWV 232a, na esperança de obter o título de Compositor da Corte Eleitoral da Saxônia, lamentando-se de que havia sofrido imerecidamente, uma injúria após outra em Leipzig.Provavelmente, estas partes da Missa foram executadas em 1733, na Sophienkirche, em Dresden, onde Wilhelm Friedemann Bach trabalhava como organista desde junho, sem a presença dos a quem for dedicada. Entretanto, em 1734, Bach interpretou uma cantata em honra de Augusto, na presença do rei e da rainha, cujo primeiro movimento era a mesma melodia do Hosanna
* O Credo pode ter sido escrito em 1732.
* Em 1747 ou 1748, Bach copiou, com cuidadosa caligrafia, toda a partitura.
Embora umas poucas seções da obra tenham sido especificamente identificadas como sendo reutilizadas de outras peças, alguns especialistas tais como Joshua Rifkin, acreditam que a maior parte das músicas foi reutilizada, primariamente pela evidência mostrada pelos manuscritos e pelos modelos composicionais. A única exceção seriam os 4 compassos de abertura do primeiro Kyrie e a seção Confiteor do Credo, ambos contendo rasuras e correções no manuscrito. Detalhes dos movimentos parodiados e suas fontes estão listados na relação dos movimentos.

Status
Foi sugerido que a Missa em Si menor ocupasse a mesma categoria de A Arte da Fuga, como uma espécie de síntese do profundo envolvimento de Bach, ao longo de sua vida, com a música coral e com a teologia. Normalmente, a obra é vista como um dos pontos altos da música européia composta entre 1600 e 1900. Também foi imensamente admirada por Beethoven ,cuja Missa Solene foi composta com o objetivo de se lhe igualar.
No Sanctus, Bach altera o texto litúrgico padrão. Sempre que na Missa se diz: santo Senhor...céus e terra estão plenos de tua glória, Bach recorre à fonte bíblica em Isaías, em que os anjos cantam:os céus e a terra estão cheios de tua glória e, ao invés de retratar a adoração de uma congregação aqui na Terra, ele representa os coros celestiais.

Estrutura da obra
I. Kyrie
Kyrie eleison (1º) coro em 5 partes (Soprano I, II, Contralto, Tenor, Baixo) em Si menor. Identificado como Adagio, Largo em compasso C (4/4).
Christe eleison Dueto (soprano I,II) in Ré maior, com violinos obbligato, Andante com compasso C.
Kyrie eleison (2º) Coro em 4 partes (Soprano, Contralto, Tenor, Baixo) in Fá sustenido menor, Allegro moderato, compasso 2/2 (¢), alla breve, (em Si-Sol-Lá).
II. Gloria – observe os 9 (3 x 3, trinitarista) movimentos com estrutura bastante simétrica e com Domine Deus no centro.
Gloria in excelsis coro a 5 partes (Soprano I, II, Contralto, Tenor, Baixo) em Ré maior, Vivace, compasso 3/8. A música foi reutilizada no coro de abertura da Cantata BWV 191, de Bach.
Et in terra pax Coro a 5 partes (Soprano I, II, Contralto, Tenor, Baixo) em Ré maior, Andante, compasso C. Música reutilizada no coral de abertura da BWV 191.
Laudamus te Aria (soprano II) em Lá maior, com violino obbligato, Andante, compasso C.
Gratias agimus tibi Coral a 4 partes (Soprano, Contralto, Tenor, Baixo) em Ré maior, Allegro moderato compasso C alla breve. A melodia é um rearranjo do segundo movimento da Cantata Ratwechsel de Bach: Wir danken dir, Gott, wir danken dir, BWV 29.
Domine Deus Dueto (soprano I, tenor) em Sol maior Andante, compasso C. A melodia foi reutilizada no dueto da Cantata BWV 191.
Qui tollis peccata mundi coro em 4 partes (Soprano II, Contralto, Tenor, Baixo), em Si menor, Lento, compasso 3/4. O coro é um retrabalho da primeira metade da Cantata BWV 46.
Qui sedes ad dexteram Patris Ária (contralto) em Si menorcomo oboé d'amore obbligato, Andante commodo, compasso 6/8.
Quoniam tu solus sanctus Ária (baixo) em Ré maior com corno da caccia obbligato, Andante lento, compasso 3/4.
Cum Sancto Spiritu Coro a 5 partes, (Soprano I, II, Contralto, Tenor, Baixo) em Ré maior, Vivace, compasso 3/4. A melodia é reutilizada como o coral final do BWV 191.
III. Symbolum Nicenum, ou Credo – note os 9 movimentos com estrutura simétrica e a crucifixão no centro.
Credo in unum Deum Coro em 5 partes (Soprano I, II, Contralto, Tenor, Baixo) em Lá mixolidio, Moderato, compasso 2/2.
Patrem omnipotentem Coro a 4 parte (Soprano, Contralto, Tenor, Baixo), em Ré maior, Allegro compasso 2/2. A música é um rearrajo do coral de abertura da Cantata BWV 171.
Et in unum Dominum Dueto (soprano I, Contralto) em Sol maior, Andante, compasso C.
Et incarnatus est coro a 5 parte (Soprano I, II, Contralto, Tenor, Baixo) em si menor, Andante maestoso, compasso 3/4.
Crucifixus coro a 4 partes (Soprano II, Contralto, Tenor, Baixo) em Mi menor, Grave, compasso 3/2. A melodia é um retrabalho do coro de abertura da Cantata BWV 12, Weinen, Klagen, Sorgen, Zagen.
Et resurrexit coro em 5 partes (Soprano I, II, Contralto, Tenor, Baixo) em Ré maior, Allegro, compasso 3/4.
Et in Spiritum Sanctum Ária (baixo) em Lá maior com oboé d'amore obbligati, Andantino, compasso 6/8.
Confiteor coro a 5 partes (Soprano I, II, Contralto, Tenor, Baixo) em Fá sustenido menor, Moderato, Adagio compasso 2/2.
Et expecto coro a 5 partes (Soprano I, II, Contralto, Tenor, Baixo) em Ré maior, Vivace ed allegro, compasso 2/2. A música é um rearranjo do coral (2º movimento) da Cantata BWV 120, Ratwechsel.
IV. Sanctus, Hosanna, Benedictus, e Agnus Dei
Sanctus coro a 6 partes (Soprano I, II, Contralto I, II, Tenor, Baixo) em Ré maior, Largo, compasso C, Vivace, compasso 3/8. Derivado de um trabalho anterior, perdido, para 3 sopranos e 1 contralto, escrito em 1724.
Hosanna coro duplo em 8 partes (Soprano I, II, Contralto I, II, Tenor I, II, Baixo I, II) em Ré maior,Allegro, compasso 3/8. Um retrabalho do coral deabertura do BWV 215, embora ambos possa ter compartilhado um modelo comum mais antigo, perdido.
Benedictus Ária para tenor em Si menor com flauta obbligato, Andante, compasso 3/4.
Hosanna (da capo) coro duplo em 8 partes, em Ré maior, como acima.
Agnus Dei Ária para contralto em Sol menor, com violino obbligato, Adagio, compasso 4/4. Deriva-se de uma ária de uma cantata nupcial perdida (1725) que Bach também re-utilizou como a ária de contralto do Oratório da Ascenção (BWV 11). Como as duas versões sobreviventes são bastante diferentes, acredita-se que ambas compartilhem de um mesmo modelo comum.
Dona nobis pacem coro em 4 partes, Moderato, compasso 2/2. A melodia é a mesma de Gratias agimus tibi do Gloria.

BEETHOVEN - MISSA SOLEMNIS, Op. 123

As circunstâncias físicas e psicológicas envolvidas na composição desta missa tiveram influencia direta em seu caráter artístico. Grandes obras de arte, muitas vezes nascem sem nenhuma razão externa, revelando-se apenas como uma necessidade interna de seu criador, o que não ocorreu nesta obra.
Em 1819, Beethoven soube que seu amigo, patrono e aluno, o Arquiduque Rudolf von Österreich (1788-1831) seria investido no cargo de arcebispo de Olmütz no ano seguinte. Beethoven pensou então em escrever uma grande missa solene para homenagear seu amigo, já que outras obras já tinham sido oferecidas e dedicadas ao ilustre amigo. Em razão deste evento importante, este motivo seria um bom pretexto para escrever uma missa, que também seria uma boa desculpa para participar do evento, por isso o motivo tornou-se um marco gerador de idéias para a criação desta obra.
Como a obra passou a tomar proporções inestimáveis, logo percebeu que a obra não estaria pronta a tempo de apresentar a missa completa. Ela foi apresentada parcialmente – os três primeiros movimentos - para Rudolf em Viena, apenas em maio de 1824. A única apresentação integral da obra em vida do compositor, foi em S. Petersburgo, por iniciativa do Príncipe Nikolai Borisovich Galitzine (1794-1866).
Beethoven antes de se dedicar à escrita da obra, resolveu dedicar-se à pesquisa dos elementos musicais e ao texto latino da missa romana. Não que Beethoven não conhecesse a liturgia, ele tinha uma formação católica, mas por ser em latim, Beethoven, precisava conhecer mais detalhadamente a inflexão da palavra. Com relação ao estudo dos elementos musicais anteriormente mencionados, Beethoven conhecia muito bem cada forma musical e suas estruturas, mas ele queria encarar essa obra sob uma nova luz, por isso dedicou-se a um estudo profundo da polifonia modal e música religiosa antiga.
Uma anotação no seu diário datada de 1819, Beethoven revela a sua preocupação ao escrever esta obra:

“Para escrever música sacra pesquise todos os corais monásticos religiosos, assim como as estrofes traduzidas da forma mais correta, salmos e hinos cristãos na sua metrificação perfeita”.

Esta obra de Beethoven encontra-se na terceira fase composicional, assim como a nova sinfonia e os últimos quartetos.
Musicalmente esta missa por sua notoriedade, oferece material de sobra para um estudo detalhado e fascinante e quase que inesgotável. A influencia da música litúrgica modal – Et incarnatus est (modo dórico), Et ressurexit (modo mixolídio) - é apenas um dos aspectos que podem abrir a gama de estudos. Um outro aspecto que pode ser base de estudo é a redescoberta de Beethoven da liberdade e da flexibilidade da estrutura melódica e da composição. Retomar o caminho natural da música foi a abertura de um caminho para a música de Wagner e Debussy, entre outros. Um outro elemento marcante de Beethoven nesta fase é a retomada da técnica da fuga do contraponto, técnicas que marcaram essa terceira fase de suas obras. Beethoven escreveu a um dos violinistas de sua época – Karl Holz (1798-1868) falando da fuga, da seguinte maneira:

“Fazer uma fuga não requer muito conhecimento – nos meus tempos de estudante fiz dúzias delas. Mas hoje a imaginação impõe suas regras e um elemento novo e verdadeiramente poético deve ser introduzido na forma tradicional”.

Os resultados dessa consciência podem ser observados no finale da sonata Hammerklavier, nas sonatas Op. 101 e 110, na sonata para cello em re Op. 102 no. 2, a abertura “miraculosa” do quarteto em do sustenido menor, sem deixar esquecer a Grosse Fugue que encerra o quarteto em si bemol maior. Esta verificação se impõe a quase todas as suas últimas composições.
Cada parte desta missa possui um sentido distinto e individual, apesar de estar inteiramente integrados a um todo. Beethoven centrou-se nas palavras e orações chaves para atingir o clímax de sua visão ardente. Beethoven também dava força à composição enquanto escrevia. Certa feita Anton Schindler (1795-1864) completou uma cena surpreendente. Beethoven escrevia o Credo, e ao entrar em sua casa em agosto de 1819, deparou-se com Beethoven cantando alucinadamente as partes e batendo com os pés no chão, mostrando sua total concentração e envolvimento com cada parte que escrevia.
O Kyrie inicial é dividido em três partes, expondo as súplicas, culminando no Gloria, atingindo o ponto máximo com a fuga em si bemol nas palavras Et vitam venturi seculi no Credo.O Sanctus inicia-se com o quarteto solistas. O Benedictus Beethoven supera-se ao inserir um violino solo obbligato acompanhado pelas vozes com o texto “Bendito é aquele que vem em nome do senhor”. Este momento evoca a consagração da hóstia no ritual católico. No Agnus Dei Beethoven atingiu um clímax espiritual inigualável. Dona nobis pacem é uma reflexão à paz interior da humanidade. O clamor dos trompetes e dos tambores com efeitos militares são colocados sobre as vozes dando ênfase à suplica cantada pelas vozes solistas. Alguns críticos acreditam que esta passagem tem uma inspiração colhida na Paukenmesse (Missa em tempo de guerra) de Haydn, que possui características muito semelhantes. Ainda no Agnus Dei, Beethoven dá um destaque aos solos das vozes graves (contralto e baixo), em contraste com a participação das demais vozes solistas que sempre se apresentam emolduradas pelas partes corais.
Embora a obra seja coral sinfônico, em muitas passagens a orquestra obtém um maior destaque pela ação dramática, destacando-se sobre as vozes.
Beethoven considerava esta missa uma de suas principais obras, era nela que ele achava ser sua melhor composição, foi nela que Beethoven dedicou mais tempo e estudo, quem sabe por isso ele a amava tanto. Beethoven escreveu o seguinte:

“Sacrifiquei uma vez mais todas as pequenas coisas da vida social pela arte. Oh, Deus acima de tudo!”

Texto de Burnett James, 1975 (encarte do LP Beethoven Missa Solemnis da EMI/Algel).

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

BIZET – CARMEN Suítes No. 1 e No. 2

Carmen é a última e a mais famosa ópera de Bizet, a sua trama acontece na região espanhola de Sevilha. Bizet escreveu duas suítes que se encadeiam a partir dos temas da ópera Carmen, sendo as árias e as peças de conjunto preenchidas por vários instrumentos em substituição às vozes. As suítes foram transcritas em 1855 por Ernest Guiraud (parceiro de Bizet na elaboração dos recitativos e as falas da ópera Carmen) após a morte do compositor tendo ficado desaparecidas até 1935 quando tiveram sua première.
A primeira Suíte é quase que formada por prelúdios e entre-atos.
Estão assim divididas:
BIZET – CARMEN Suítes No. 1
1. Prélude
(Prelúdio do I Ato) – Allegro moderato. Este movimentos é tocado junto com a Aragonaise. É uma passagem tensa, com graves em tremolo nas cordas proporcionando o apoio para o sinistro e trágico tema da premonição da morte de Carmen e de seu próprio assassino.
2. Aragonaise (Prelúdio do IV Ato) – Allegro vivo. É uma animada dança espanhola destinada a preceder o quarto ato da ópera. Ele é cheio de coloridos nas madeiras escrito sobre fortes acentos da percussão.
3. Intermezzo (Prelúdio do III Ato) – Andantino quase Allegretto. É um noturno, que se inicia para flauta sobre arpejos da harpa. A música passa por várias seções da orquestra, geralmente liderada por um instrumento de sopro de madeira, culminando com a exuberância das cordas.
4. Séguidille (I Ato) – Allegretto. É o único movimento desta Suíte que começa como uma ária. A canção sedutora de Carmen para D. Jose na taberna de seu amigo Lilas Pastia.
5. Les dragons d’Alcala (Prelúdio do II Ato) – Allegro moderato. Originalmente vem um pouco antes do II Ato. É uma pequena Marcha, mais tarde cantada por Don Jose, relativo ao seu pelotão militar. Nesta versão a ária é introduzida pelos fagotes e como de costume, tema este que circula por todos os instrumentos de sopro.
6. Les Toréadors (Introdução do I Ato) – Allegro giocoso. Finalmente vem o tema associado aos toreadores, a abertura da ópera. Este também é um marcha festiva, rápida que nos reporta a procissão da fola a caminho da praça dos touros ao final do ato. Ao centro do movimento ouve-se nas cordas a famosa melodia do toreador, que será ouvida mais plenamente na segunda suíte.

BIZET – CARMEN Suítes No. 2
1. Marche des contrebandiers (Introdução do III Ato) – Allegro moderato. Descreve o curso noturno de passadores através das montanhas. Originalmente é para coro e solistas, com uma longa introdução orquestral, criando um clima de expectativa pela natureza da ação secreta dos contrabandistas.
2. Habañera (I Ato) – Allegretto quase andantino. Uma das árias mais famosas do repertório lírico. É uma ária em ar de chacotas e ao mesmo tempo sedutora, onde representa a voluptuosidade do amor cigano. Bizet baseou-se em uma canção popular espanhola do compositor Sebastián YRADIER (1809-1865). Nesta obra não vocal as linhas melódicas são longas e atribuídas a diversos instrumentos, em geral os de sopros de madeira, e em um momento passando pela seção do violino.
3. Nocturne (Ária de Michaela no III Ato) - Andante molto. Aqui, o tempo, flui em uma longa e melancólica melodia iniciando pelo solo da trompa passando na seqüência a ser propriedade do violino solo.
4. Chanson du Toréador (II Ato) – Allegro giocoso. É um dos momentos mais conhecidos e de maior sucesso da ópera, embora Bizet achasse que esse momento era o lixo da ópera. Aqui o tema do toureiro surge no solo do trompete contando sua história de sucessos através de dramáticos e empolgantes versos acompanhada em sua marcha pelo coro.
5. La garde montante (Coro das crianças do I Ato) – Allegro – mouvement de marche. Coro infantil do primeiro ato, em que as crianças zombam da troca da guarda. Assim, a peça começa com uma fanfarra militar apresentada pelo trompete transformando-se numa pequena marcha militar. Clarinetes e violinos revezam-se na apresentação da melodia, substituindo nesta versão as vozes infantis.
6. Danse Bohême (II Ato) – Andantino quase allegretto. Enérgica dança cigana que começa macia e a cada verso constrói um terraço em crescendo culminando com a precipitação dos pratos e do restante da percussão. Como é habitual, as partes vocais são distribuídas entre os diferentes instrumentos. A parte da Carmen geralmente é atribuida aos instrumentos de sopro de madeira ou ao trompete, e os corais são preenchidos pelas cordas.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

VERDI, Giuseppe - Rigoletto

GIUSEPPE VERDI (1813 - 1901)
Verdi nasceu entre 9 e 11 de outubro (os dados não são claros) de 1813. Apesar de não ser um camponês, sua origem era extremamente modesta -seus pais eram donos de uma taberna em Roncole. Aprendiz do organista da vila, Verdi mostrou aptidão suficiente para prosseguir os estudos na cidade vizinha de Busseto. Sua educação foi garantida por um benfeitor paternal, Antonio Barezzi, um quitandeiro.
Barezzi ajudou Verdi a ir para Milão, onde sua matrícula no conservatório foi recusada, com a alegação de que ele já tinha 19 anos e era considerado velho demais e sem proficiência suficiente no teclado. Apesar desta recusa, Verdi estudou em particular, com um acompanhador musical do La Scala de Milão e o mentor viu que Verdi assistia à ópera com regularidade. Em 1836 Verdi casou-se com a filha de Barezzi, Margherita. Três anos mais tarde, em 1839, sua primeira ópera, Oberto, foi encenada no Teatro La Scala.
Em seguida, Verdi foi atingido pela tragédia. No início de abril de 1840, o filho pequeno de Verdi ficou doente e morreu, sendo seguido pela sua filha mais jovem, dois dias mais tarde. Em junho do mesmo ano, sua esposa Margherita teve um ataque de encefalite aguda e morreu, após um período curto de enfermidade. Toda a vida de Verdi foi destruída e ele retornou para Busseto. Os choques sucessivos levaram Verdi a considerar a idéia de abandonar a música.
Somente dois anos mais tarde, quando Verdi descobriu o libreto Nabucco, um conto do cerco aos hebreus durante os tempos bíblicos, seu interesse pela ópera retornou. Nabucco foi um grande sucesso e o retrato de opressão nele reproduzido, foi visto como uma declaração política sobre a Itália. O nome de Verdi tornou-se sinônimo do movimento de liberação e unificação da Itália e ele assumiu o crescimento constante de seu público com bastante seriedade. O sucesso de Nabucco estimulou Verdi, que continuou a compor algumas das mais importantes óperas da história, entre elas La Traviata, Rigoletto e Aida.
Apesar de ainda não estar no fim da carreira, Verdi retirou-se para Sant'Agata, sua propriedade agrícola, aos 58 anos de idade com sua segunda esposa, a famosa soprano Giuseppina Strepponi. Nos anos seguintes Verdi escreveu sua famosa Missa Requiem e um quarteto de cordas. Bem mais tarde, em 1887, aos 74 anos de idade, Verdi surpreendeu o mundo da ópera com Otello. Baseada na obra de Shakespeare, foi considerada por muitos especialistas como a maior realização da ópera italiana. Seis anos mais tarde, já com 80 anos, produziu outra obra de arte, novamente de Shakespeare, Falstaff, baseada nas Merry Wives de Windsor.
No inverno de 1901, sua esposa Giuseppina e muitos de seus amigos já haviam morrido e Verdi sofreu um derrame na suíte de seu hotel em Milão. Morreu aos 88 anos e, após um funeral simples como havia desejado, teve um funeral público de pompa e estilo normalmente reservados aos chefes de estado.


A fonte de inspiração: Le Roi s'amuse
Le Roi s'amuse, peça escrita por Victor Hugo, foi a base usada para Rigoletto. A peça trata de um governador desonroso, de uma aristocracia injusta e insensível e da injustiça social. Então, qual era o problema? Este é um assunto comum do teatro e do cinema contemporâneo, mas em 1830, atuações tão desrespeitosas à classe governante eram mal vistas e até mesmo condenadas.
Victor Hugo começou a escrever proficuamente durante o anos de 1830 e era considerado como um dos pais do romantismo francês. Acreditava que o drama e, de fato toda a arte, era capaz de tratar com o "feio" e com o "bonito". Ele então desejava mostrar um rei sem consciência, corrupto, egoísta e cruel; um grupo de cortesãos unidos pelo cinismo em um estado onde tudo era podre. Como personagem central, Victor Hugo escolheu um homem deformado, um homem que personifica a feiúra e a ódio. A única virtude do homem era seu amor pela filha, seu único prazer era levar o rei a mais boêmia e excessos vis.
Alguns minutos antes da cortina ser aberta no Le Roi, em 22 de novembro de 1832, espalhou-se a notícia em todo o teatro que Louis Phillipe, o governante da França havia sido assassinado. A notícia não era verdadeira; haviam atirado sem sucesso no rei. No entanto, esta notícia, aliada a alguns atores desajeitados e nervosos e a uma série de contratempos no palco, conseguiram desfazer a ilusão da peça. O povo vaiou.
William Archer, chamou Le Roi -"um pesadelo de peça". Como uma peça não é o que podemos apreciar hoje- os personagens são estáticos, impregnados em um período particular e seus eventos não são convincentes. Apesar disso, Verdi imortalizou a peça e é vista agora como a base de uma das óperas mais populares no repertório padrão.
A Itália à época da composição de Rigoletto
Corria o ano de 1848. Toda a Europa estava em reviravolta, seguindo o exemplo da França, num renovado apelo pela eliminação do governo monárquico. Paris havia derrubado o governo de Louis Phillipe e a França havia sido proclamada uma república. Viena e Berlim estavam em ascensão, e a Itália juntava-se ao clamor pela abolição do governo absoluto, especificamente, de sua continuada ocupação pelo monarca austríaco.
Os primeiros levantes italianos ocorreram em Messina e Palermo. Logo em seguida, começaram a ocorrer demonstrações em Nápoles, onde Ferdinando II foi forçado a liberalizar a constituição. O mesmo aconteceu na Toscana, no Piemonte e em Roma. Em Milão, durante os famosos Cinco Dias de Milão (entre 12 e 18 de março), os insurgentes lutaram dos tetos e janelas e atiraram até mesmo das torres do Duomo, até que as tropas austríacas foram forçadas a retirar-se da cidade.
Mais tarde os austríacos levaram de novo os soberanos aos seus tronos, mas o povo italiano manteve sua rebelião. Verdi também procurava por um material que representaria o povo italiano e sua luta contra os austríacos. Compôs a La Bataglia di Legnano, uma celebração da primeira vitória italiana sobre o imperador germânico. O nome de Verdi tornou-se o símbolo da oposição italiana da época de 1850.
No início de 1851, Verdi informou à direção do Teatro La Fenice que uma nova ópera, La maladezione (o título original de Verdi para Rigoletto) estava terminada. Ele a havia escrito em Sant'Agata com um espírito de grande exaltação. Mas antes da apresentação, apareceram sérias diferenças com o censor de Hapsburg. A polícia via Verdi como um agitador que havia contribuído para a atmosfera anti-austríaca, e sua ópera, que continha uma tentativa de assassinato de uma cabeça coroada, era bastante ofensiva para os oficiais austríacos.
Piave, o libretista, alterou as passagens mais controversas, mudando o local da ação da França para a Itália, e transformando Francis I da França em um libertino Duque de Mantova, uma figura política sem importância. O título tornou-se menos terrível e a ópera foi finalmente apresentada no Teatro La Fenice em 11 de março de 1851, para um público entusiástico.
Mais tarde, ao ser representada em Roma, o censor fez tantas alterações que a história tornou-se quase incompreensível.
A sensibilidade da censura
Não foi a primeira, nem a última vez que Verdi se deparou com problemas com a censura, segundo ele: “não tinham nada que objetar do tema do espinhoso tema de libertinagem e lascívia da história de sedução de uma mulher” No entanto essa passagem permaneceu inócua, no obstante a versão definitiva de Rigoletto ter da censura o beneplácito da versão operística.
A resposta a isso deve ser buscada em outro momento. Desde a caída da revolução de 1848/49, Veneza pertencia de novo à esfera do domínio da monarquia dos Habsburgo. As autoridades desta monarquia evidentemente não podiam tolerar que uma cabeça coroada aparecesse como um herói negativo de um drama de costumes. No entanto outros aspectos da ópera preocuparam o censura. Ficaram satisfeitos com a troca de personagens e o lugar da ação, substituindo o rei francês Francisco I por um poderoso potentado em um pequeno condado.
O Rigoletto
No centro da ação está o protagonista Rigoletto, com todas as suas contradições e complexidades. Disforme em aparência, maligno em sua maneira de ser, o caráter de um pai temeroso e ao mesmo tempo carinhoso. Uma pessoa que, em seu caráter e destino, esconde em seu ser poderosas contradições. Na obra dramática, a palavra teatral não é suficiente para demonstrar em algumas passagens o sofrimento em sua verdadeira medida. Na versão operística, a eloqüência do canto e a intensidade da orquestra completa se fazem indispensáveis. Na passagem em que Rigoletto increpa os cortesões se mantém insuperável, como também sua descrição do sofrimento de um pai aniquilado e muitas outras passagens de sua grande representação do conflito espiritual.
A ópera dos duos
O próprio Verdi admitiu que havia concebido uma ópera “quase totalmente sem árias e seus grandes finais como um encadeamento infinito de duos”. Tudo leva a soluções pouco convencionais, entre outras, a renúncia dos tradicionais finais de conjunto, estes são substituídos por finais de ato de rápido impacto, quase fulminante. O primeiro ato conclui com um coro de cortesões (zitti, zitti miviamo a vendetta...), que fluiu da ária da Gilda, mostrando dessa forma o tipo de representação negativa das massas, uma característica de Verdi, o segundo ato encerra-se com um dueto de vingança de Rigoletto em forma de cabaletta de uma cadeia de duetos. Também o terceiro e último ato termina com o duo de Rigoletto e a agonizante Gilda, seguido por um momento orquestral, que parece surgir de uma tempestade que se encerrando a ópera.
SINOPSIS
Ato I,
Cena 1:
Durante um baile no Palácio Ducal, o galanteador Duque de Mantua descreve seu amor por todas as mulheres bonitas e seu interesse particular por uma jovem desconhecida que ele viu na igreja. O Duque continua a flertar com a Condessa Ceprano, enquanto Marullo conta aos seus amigos cortesãos que Rigoletto, o bobo da corte corcunda, tem uma amante. Rigoletto zomba cruelmente do Conde Ceprano por sua infidelidade e o Conde promete vingança. O Conde Monterone, cuja filha foi seduzida pelo Duque, interrompe a festa e clama por vingança. Rigoletto ridiculariza Monterone que joga uma praga de pai no brincalhão aterrorizado.
Cena 2:
Naquela noite, Rigoletto recusa os serviços oferecidos por Sparafucile, um assassino profissional. Sua filha Gilda, a única fonte de felicidade da vida de Rigoletto, cumprimenta-o afetuosamente quando ele entra no pátio. Gilda indaga sobre sua história familiar e Rigoletto revela somente que sua mãe está morta. Rigoletto ordena a sua governante, Giovanna, que observe Gilda de perto, e ordena que Gilda nunca saia do lar. Gilda não revela a seu pai que está apaixonada por um homem que ela vê na igreja, que, na verdade, é o Duque disfarçado. Assim que Rigoletto deixa Gilda sozinha, o Duque, vestido como um estudante pobre, conta a Gilda seu amor por ela. Após a partida do Duque, Rigoletto volta para a casa e descobre os cortesãos do Duque raptando Gilda, que eles acreditam ser a nova amante do nobre. Os cortesãos enganam Rigoletto dizendo que eles estão raptando a Condessa Ceprano e ele é convencido a ficar de olhos vendados e segurar a escada, inadvertidamente contribuindo para o rapto de sua amada filha.
Ato II:
O Duque alegra-se ao saber que Gilda foi raptada e corre para encontrá-la em seu quarto. Rigoletto entra, tentando esconder sua infelicidade, e procura desesperadamente por pistas que possam levá-lo ao paradeiro de sua filha. Quando Rigoletto compreende o que aconteceu, ele implora sem sucesso aos cortesãos do Duque para que lhe dêem sua filha de volta. Gilda corre para fora do quarto do Duque e conta a seu pai os acontecimentos daquela noite. Ao ver o Conde Monterone a caminho da prisão. Rigoletto jura vingança contra o Duque.
Ato III:
Rigoletto traz Gilda para a taberna de Sparafucile para que ela veja o Duque flertando com a irmã do assassino, Maddalena. O amor de Gilda pelo Duque é inabalável e Rigoletto lhe ordena que ela volte para casa e vista roupas de homem, preparando-se para a viagem deles a Verona. Assim que Gilda parte, Sparafucile encontra Rigoletto fora da taberna; eles decidem que o Duque será assassinado e Rigoletto retornará à meia-noite para recolher o corpo. Quando Maddalena escuta a ameaça de assassinato, tenta convencer o Duque a deixar a taberna, e quando este recusa-se a partir, ela implora ao seu irmão que poupe a vida do Duque. Sparafucile não quebrará seu acordo com Rigoletto. No entanto, ele diz a sua irmã que se alguém mais entrar na taberna naquela noite eles matarão aquela pessoa e a vida do Duque será assim salva. Enquanto isso, Gilda retorna à taberna. Escutando a conversa de Maddalena e de Sparafucile, ela resolve sacrificar-se para salvar o Duque. Gilda bate à porta e é rapidamente morta e colocada em um saco para Rigoletto, que apanha o saco exaltado. Enquanto rema em direção ao meio do rio, preparando-se para despejar o corpo, Rigoletto escuta o Duque cantando na taberna. Ele rasga o saco em tiras e descobre sua filha moribunda que implora o perdão do pai. Com a morte de Gilda, Rigoletto dolorosamente lembra-se da praga de Monterone.
LIBRETTO
Scena I
Sala magnifica nel palazzo ducale, con porte nel fondo che mettono ad altre sale, pure splendidamente illuminate. Folla di Cavalieri e Dame che passeggiano nelle sale del fondo - Paggi che vanno e vengono - Nelle sale in fondo si vedrà ballare. Da una delle sale vengono parlando fra loro il Duca e Borsa.
DUCA:
Della mia bella incognita borghese Toccare il fin dell'avventura io voglio.
BORSA:
Di quella giovin che vedete al tempio?
DUCA:
Da tre mesi ogni festa.
BORSA:
La sua dimora?
DUCA:
In un remoto calle; Misterioso un uom v'entra ogni notte.
BORSA:
E sa colei chi sia l'amante suo?
DUCA:
Lo ignora. (Un gruppo di dame e cavalieri attraversano la sala)
BORSA:
Quante beltà!... Mirate.
DUCA:
Le vince tutte di Cepran la sposa.
BORSA:
Non v'oda il conte, o Duca...
DUCA:
A me che importa?
BORSA:
Dirlo ad altra ei potria...
DUCA:
Né sventura per me certo saria. Questa o quella per me pari sono a quant'altre d'intorno, d'intorno mi vedo; del mio core l'impero non cedo meglio ad una che ad altra beltà. La costoro avvenenza è qual dono di che il fato ne infiora la vita; s'oggi questa mi torna gradita, forse un'altra, forse un'altra doman lo sarà, un'altra, forse un'altra doman lo sarà. La costanza, tiranna del core, detestiamo qual morbo, qual morbo crudele; sol chi vuole si serbe fidele; non v'ha amor, se non v'è libertà. De' mariti il geloso furore, degli amanti le smanie derido; anco d'Argo i cent'occhi disfido se mi punge, se mi punge una qualche beltà, se mi punge una qualche beltà.
Scena II
Detti, il Conte di Ceprano che segue da lungi la sua sposa servita da altro Cavaliere. Dame e Signori entrano da varie parti.
DUCA: (alla Contessa di Ceprano movendo ad incontrarla con molta galanteria)
Partite?... crudele!...
CONTESSA DI CEPRANO:
Seguire lo sposo m'è forza a Ceprano.
DUCA:
Ma dee luminoso in Corte tal astro qual sole brillare. Per voi qui ciascuno dovrà palpitare. Per voi già possente la fiamma d'amore (con enfasi baciandole la mano) inebria, conquide, distrugge il mio core.
CONTESSA DI CEPRANO:
Calmatevi...
DUCA:
La fiamma d'amore inebria, conquide, distrugge il mio core.
CONTESSA DI CEPRANO:
Calmatevi, calmatevi...
DUCA:
Per voi già possente la fiamma d'amoreinebria, conquide, (dà il braccio alla Contessa ed esce con lei)distrugge il mio core.
Scena III
Detti e Rigoletto, che s'incontra nel signor di Ceprano; poi Cortigiani
RIGOLETTO: (al Conte Ceprano)
In testa che avete, signor di Ceprano?
(Ceprano fa un gesto d'impazienza e segue il Duca)
RIGOLETTO: (ai Cortigiani)
Ei sbuffa! Vedete?
CORO:
he festa!
RIGOLETTO:
Oh sì!..
BORSA:
Il Duca qui pur si diverte!...
RIGOLETTO:
Così non è sempre? Che nuove scoperte! Il giuoco ed il vino, le feste, la danza, battaglie, conviti, ben tutto gli sta. Or della Contessa l'assedio egli avanza, (ridendo) e intanto il marito fremendo ne va. (esce)
Scena IV
Detti e Marullo
MARULLO: (entra premuroso)
Gran nuova! Gran nuova!
BORSA:
Che avvenne? parlate!
MARULLO:
Stupir ne dovrete...
BORSA:
Narrate, narrate...
MARULLO: (ridendo)
Ah, ah!... Rigoletto...
BORSA:
Ebben?
MARULLO:
Caso enorme!...
BORSA:
Perduto ha la gobba? non è più difforme?
MARULLO:
Più strana è la cosa! (con gravità)
Il pazzo possiede...
BORSA: (con sorpresa)
Infine?
MARULLO:
Un'amante!
BORSA: (con sorpresa)
Un'amante! Chi il crede?
MARULLO:
Il gobbo in Cupido or s'è trasformato...
BORSA:
Quel mostro? Cupido!
BORSA, MARULLO:
Cupido beato!
Scena V
Detti e il Duca, seguito da Rigoletto, poi da Ceprano
DUCA: (a Rigoletto)
Ah, più di Ceprano importuno non v'è... La cara sua sposa è un angiol per me!
RIGOLETTO:
Rapitela.
DUCA:
È detto; ma il farlo?
RIGOLETTO:
Sta sera.
DUCA:
Non pensi tu al conte?
RIGOLETTO:
Non c'è la prigione?
DUCA:
Ah no.
RIGOLETTO:
Ebben... s'esilia.
DUCA:
Nemmeno, buffone.
RIGOLETTO:
Allora... (indicando di farla tagliare) allora la testa...
CONTE DI CEPRANO:(Oh l'anima nera!)
DUCA:(battendo colla mano una spalla al Conte)
Che dì, questa testa?...
RIGOLETTO:
È ben naturale! Che far di tal testa? A cosa ella vale?
CONTE DI CEPRANO: (infuriato brandendo la spada)
Marrano!
DUCA: (a Ceprano)
Fermate!
RIGOLETTO:
Da rider mi fa.
MARULLO:
In furia è montato!
DUCA: (a Rigoletto)
Buffone, vien qua.
BORSA:
In furia è montato!
MARULLO:
In furia è montato!
CORO:
In furia è montato!
DUCA:
Ah sempre tu spingi lo scherzo all'estremo.
CONTE DI CEPRANO: (a Cortigiani)
Vendetta del pazzo!Contr'esso un rancore di noi chi non ha?
RIGOLETTO:
Che coglier mi puote? Di loro non temo.
DUCA:
Quell'ira che sfidi, colpir... ti potrà...
CONTE DI CEPRANO:
Vendetta! In armi chi ha core
BORSA, MARULLO
Ma come?
RIGOLETTO:
Del duca il protetto nessun... toccherà.
CONTE DI CEPRANO:
doman sia da me. A notte.
BORSA, MARULLO:
Sì. Sarà.
DUCA:
Ah sempre tu spingi
RIGOLETTO:
Che coglier mi puote? Di loro non temo,
BORSA, MARULLO, CONTE di CEPRANO:
Vendetta del pazzo! Contr'esso un rancore
DUCA:
Lo scherzo all'estremo,
RIGOLETTO:
Del duca il protetto nessun toccherà, no, no,
BORSA, MARULLO, CONTE di CEPRANO:
Pei tristi suoi modi di noi chi non ha?
DUCA:
Ah sempre tu spingi lo scherzo all'estremo,
RIGOLETTO:
Nessun, nessuno, nessun, nessuno
CONTE DI CEPRANO:
Vendetta! vendetta!
BORSA, MARULLO
Vendetta! vendetta!
DUCA:
Quell'ira che sfidi, quell'ira che sfidi, colpir ti potrà.
RIGOLETTO:
nessun, nessuno del duca il protetto, nessuno toccherà.
CONTE DI CEPRANO:
Vendetta! Sta notte chi ha core sia in armi da me.
BORSA, MARULLO:
Vendetta! sì! a notte sarà.
DUCA:
Ah sempre tu spingi
RIGOLETTO:
Che coglier mi puote? Di loro non temo,
BORSA, MARULLO, CONTE DI CEPRANO:
Vendetta del pazzo! Contr'esso un rancore
DUCA:
Lo scherzo all'estremo,
RIGOLETTO:
Del duca il protetto nessun toccherà, no, no,
BORSA, MARULLO, CONTE DI CEPRANO:
pei tristi suoi modi di noi chi non ha?
DUCA:
Ah sempre tu spingi lo scherzo all'estremo,
RIGOLETTO:
Nessun, nessuno, nessun, nessuno
CONTE DI CEPRANO:
Vendetta! vendetta!
BORSA, MARULLO
Vendetta! vendetta!
DUCA:
Quell'ira che sfidi, quell'ira che sfidi, colpir ti potrà.
RIGOLETTO:
Nessun, nessuno del duca il protetto, nessuno toccherà.
CONTE DI CEPRANO:
Vendetta! sta notte chi ha core sia in armi da me.
BORSA, MARULLO:
Vendetta! sì! a notte sarà.
BORSA:
Sì vendetta!
MARULLO:
Sì, vendetta!
CEPRANO:
Sì, vendetta! (La folla dei danzatori invade la sala)
DUCA, RIGOLETTO:
Tutto è gioja!
BORSA:
Sì vendetta!
MARULLO:
Sì, vendetta!
CEPRANO:
Sì, vendetta!
DUCA, RIGOLETTO:
Tutto è festa!
TUTTI:
Tutto è gioja, tutto è festa; tutto invitaci a godere! Oh guardate, non par questa or la reggia del piacere! Oh guardate, non par questa, oh guardate, non par questa or la reggia del piacer! Oh guardate, non par questa or la reggia del piacer!
SCENA VI
Detti ed il Conte di Monterone
MONTERONE: (entro la scena)
Ch'io gli parli.
DUCA:
No!
MONTERONE: (presentandosi)
Il voglio.
BORSA, RIGOLETTO, MARULLO, CEPRANO:
Monterone!
MONTERONE: (fissando il Duca con nobile orgoglio)
Sì, Monteron... la voce mia qual tuono vi scuoterà dovunque.
RIGOLETTO: (al Duca contraffacendo la voce di Monterone)
Ch'io gli parli. (con caricatura) Voi congiuraste, voi congiuraste contro noi, signore; e noi, e noi, clementi in vero, perdonammo... Qual vi piglia or delirio, a tutte l'ore di vostra figlia a reclamar l'onore?
MONTERONE: (guardando Rigoletto con ira sprezzante)
Novello insulto! (al Duca) Ah sì, a turbare, ah sì, a turbare sarò vostr'orgie... verrò a gridare fino a che vegga restarsi inulto di mia famiglia l'atroce insulto; e se al carnefice pur mi darete. spettro terribile mi rivedrete, portante in mano il teschio mio, vendetta a chiedere, vendetta a chiedere al mondo, al mondo, a Dio.
DUCA:
Non più, arrestatelo.
RIGOLETTO:
È matto!
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
Quai detti!
MONTERONE: (al Duca e Rigoletto)
Ah, siate entrambi voi maledetti!
BORSA, CEPRANO, MARULLO:
Ah!
MONTERONE:
Slanciare il cane a leon morente è vile, o Duca... e tu, serpente, (a Rigoletto) tu che d'un padre ridi al dolore, sii maledetto!
RIGOLETTO: (da sè colpito)
(Che sento! orrore!)
DUCA, BORSA, CEPRANO, MARULLO:
Oh tu che la festa audace hai turbato, da un genio d'inferno qui fosti guidato;
RIGOLETTO: (Orrore!)
DUCA, BORSA, CEPRANO, MARULLO:
è vano ogni detto, di qua t'allontana va, trema, o vegliardo, dell'ira sovranna è vano ogni detto, di qua t'allontana va, trema, o vegliardo, dell'ira sovrana tu l'hai provocata, più speme non v'è, un'ora fatale fu questa per te, un'ora fatale fu questa per te, fu questa per te,(Monterone parte fra due alabardieri, tutti gli altri seguono il Duca in altra stanza).
SCENA VII
L'estremità più deserta d'una via cieca.A sinistra una casa di discreta apparenza con una piccola corte circondata da muro. Nella corte un grosso ed alto albero ed un sedile di marmo; nel muro una porta che mette alla strada; sopra il muro un terrazzo praticabile, sostenuto da arcate. La porta del primo piano dà sul detto terrazzo. A destra della via è il muro altissimo del giardino, e un fianco del palazzo di Ceprano. È notte.Rigoletto chiuso nel suo mantello. Sparafucile lo segue, portando sotto il mantello una lunga spada.
RIGOLETTO: (Quel vecchio maledivami!)
SPARAFUCILE:
Signor?...
RIGOLETTO:
Va, non ho niente.
SPARAFUCILE:
Né il chiesi... a Voi presenteUn uom di spada sta.
RIGOLETTO:
Un ladro?
SPARAFUCILE:
Un uorn che libera Per poco da un rivale,E voi ne avete...
RIGOLETTO:
Quale?
SPARAFUCILE:
La vostra donna è là.
RIGOLETTO: (Che sento!)
E quanto spendere Per un signor dovrei?
SPARAFUCILE:
Prezzo maggior vorrei...
RIGOLETTO:
Com'usasi pagar?
SPARAFUCILE:
Una metà s'anticipa,Il resto si dà poi...
RIGOLETTO: (Dimonio!)
E come puoiTanto securo oprar?
SPARAFUCILE:
Soglio in cittade uccidere.Oppure nel mio tetto.L'uomo di sera aspettoUna stoccata, e muor.
RIGOLETTO:
E come in casa?
SPARAFUCILE:
È facile...M'aiuta mia sorella...Per le vie danza,.. è bella...Chi voglio attira... e allor...
RIGOLETTO:
Comprendo...
SPARAFUCILE:
Senza strepito...È questo il mio stromento, (mostra la spada)Vi serve?
RIGOLETTO:
No... al momento...
SPARAFUCILE:
Peggio per voi...
RIGOLETTO:
Chi sa?...
SPARAFUCILE:
Sparafucil mi nomino...
RIGOLETTO:
Straniero?...
SPARAFUCILE:
Borgognone...(Per andarsene.)
RIGOLETTO:
E dove all'occasione?...
SPARAFUCILE:
Qui sempre a sera.
RIGOLETTO:
Va.(Sparafucile parte).
SCENA VIII
Rigoletto, guardando dietro a Sparafucile
RIGOLETTO:
Pari siamo!... io la lingua, egli ha il pugnale;L'uomo son io che ride, ei quel che spegne!...Quel vecchio maledivami!...O uomini!... o natura!...Vil scellerato mi faceste voi...!Oh rabbia!... esser difforme!... esser buffone!...Non dover, non poter altro che ridere!...Il retaggio d'ogni uom m'è tolto... il pianto!...Questo padrone mio,Giovin, giocondo, sì possente, bello,Sonnecchiando mi dice:Fa ch'io rida, buffone...Forzarmi deggio, e farlo!... Oh, dannazione!...Odio a voi, cortigiani schernitori!...Quanta in mordervi ho gioia!.. Se iniquo son, per cagion vostra è solo...Ma in altr'uom qui mi cangio!... Quel vecchio malediami!... tal pensiero Perché conturba ognor la mente mia!.,.Mi coglierà sventura?... Ah no, è follia.(Apre con chiave, ed entra nel cortile.)
SCENA IX
Detto e Gilda ch'esce dalla casa e si getta nelle sue braccia.
RIGOLETTO:
Figlia...
GILDA:
Mio padre!
RIGOLETTO:
A te dappressoTrova sol gioia il core oppresso.
GILDA:
Oh quanto amore!
RIGOLETTO:
Mia vita sei!Senza te in terra qual bene avrei?(Sospira)
GILDA:
Voi sospirate!... che v'ange tanto?Lo dite a questa povera figlia...Se v'ha mistero... per lei sia franto...Ch'ella conosca la sua famiglia.
RIGOLETTO:
Tu non ne hai...
GILDA:
Qual nome avete?
RIGOLETTO:
A te che importa?
GILDA:
Se non volete Di voi parlarmi...
RIGOLETTO:
Non uscir mai(interrompendola)
GILDA:
Non vo' che al tempio.
RIGOLETTO:
Or ben tu fai.
GILDA:
Se non di voi, almen chi siaFate ch'io sappia la madre mia.
RIGOLETTO:
Deh non parlare al miseroDel suo perduto bene...Ella sentia, quell'angelo,Pietà delle mie pene...Solo, difforme, povero,Per compassion mi amò,Moria... le zolle copranoLievi quel capo amato...Sola or tu resti al misero...O Dio, sii ringraziato!... (Singhiozzando)
GILDA:
Quanto dolor!... che spremereSì amaro pianto può?Padre, non più, calmatevi...Mi lacera tal vista...Il nome vostro ditemi,Il duol che sì v'attrista...
RIGOLETTO:
A che nomarmi?... è inutile!...Padre ti sono, e basti...Me forse al mondo temono,D'alcuno ho forse gli asti...Altri mi maledicono...
GILDA:
Patria, parenti, amici Voi dunque non avete?
RIGOLETTO:
Patria!... parenti!... dici?...Culto, famiglia, patria,(con effusione)Il mio universo è in te!
GILDA:
Ah se può lieto rendervi,Gioia è la vita a me!Già da tre lune son qui venuta,Né la cittade ho ancor veduta;Se il concedete, farlo or potrei...
RIGOLETTO:
Mai?... mai!... uscita, dimmi unqua sei?
GILDA:
No.
RIGOLETTO:
Guai!
GILDA: (Che dissi!)
RIGOLETTO:
Ben te ne guarda!(Potrien seguirla, rapirla ancora!Qui d'un buffone si disonoraLa figlia, e ridesi... Orror!) Olà?(Verso la casa)
SCENA X
Detti e Giovanna dalla casa.
GIOVANNA:
Signor!
RIGOLETTO:
Venendo, mi vede alcuno?Bada, di' il vero...
GIOVANNA:
Ah no, nessuno.
RIGOLETTO:
Sta ben... la porta che dà al bastioneÈ sempre chiusa?
GIOVANNA:
Lo fu e sarà.
RIGOLETTO:
Veglia, o donna, questo fiore(a Giovanna) Che a te puro confidaiVeglia attenta, e non sia maiChe s'offuschi il suo candor.Tu dei venti dal furoreCh 'altri fiori hanno piegatoLo difendi, e immacolato Lo ridona al genitor
GILDA:
Quanto affetto!... quali cure!Che temete, padre mio?Lassù in cielo, presso DioVeglia un angiol protettor.Da noi stoglie le sventure Di mia madre il priego Santo;Non fia mai divelto o infrantoQuesto a voi diletto fior.
SCENA XI
Detti ed il Duca in costume borghese dalla strada.
RIGOLETTO:
Alcuno è fuori... (Apre la porta della corte e, mentre esce a guardar sulla strada, il Duca guizza furtivo nella corte e si nasconde dietro l'albero, gettando a Giovanna una borsa la fa tacere)
GILDA:
Cielo!Sempre novel sospetto...
RIGOLETTO: (a Gilda tornando)
Alla chiesa vi seguiva mai nessuno?
GIOVANNA:
Mai.
DUCA: (Rigoletto!)
RIGOLETTO:
Se talor qui picchianoGuardatevi da aprir...
GIOVANNA:
Nemmeno al duca...
RIGOLETTO:
Meno che a tutti a lui...Mia figlia addio.
DUCA: (Sua figlia!)
GILDA:
Addio, mio Padre.(S'abbracciano e Rigoletto parte chiudendosi dietro la porta)
SCENA XII
Gilda, Giovanna, il Duca nella corte, poi Ceprano e Borsa a tempo sulla via.
GILDA:
Giovanna, ho dei rimorsi...
GIOVANNA
E perché mai?
GILDA: Tacqui che un giovin ne seguiva al tempio.
GIOVANNA:
Perché ciò dirgli?... l'odiate dunqueCotesto giovin, voi?
GILDA:
No, no, ché troppo è bello e spira amore...
GIOVANNA:
E magnanimo sembra e gran signore.
GILDA:
Signor né principe - io lo vorrei;Sento che povero - più l'amerei. Sognando o vigile - sempre lo chiamo.E l'alma in estasi - gli dice t'a...
DUCA: (esce improvviso, fa cenno a Giovanna d'andarsene, e inginocchiandosi a' piedi di Gilda termina la frase):
T'amo!T'amo ripetilo - sì caro accento, Un puro schiudimi - ciel di contento!
GILDA:
Giovanna?... Ahi misera! -non v'è più alcunoChe qui rispondami!... - Oh Dio!... nessuno!...
DUCA:
Son io coll'anima - che ti rispondo...Ah due che s'amano - son tutto un mondo!...
GILDA:
Chi mai, chi giungere - vi fece a me?
DUCA:
S'angelo o demone - che importa a te?Io t'amo...
GILDA:
Uscitene.
DUCA:
Uscire!... adesso!...Ora che accendene - un fuoco istesso!...Ah inseparabile - d'amore il dio Stringeva, o vergine, - tuo fato al mio! -È il sol dell'anima, - la vita è amore, Sua voce è il palpito - del nostro core...E fama e gloria, - potenza e trono.Terrene, fragili - cose qui sono.Una pur avvene - sola, divina,È amor che agli angeli - più ne avvicina!Adunque amiamoci, - donna celeste, D'invidia agli uomini - sarò per te.
GILDA: (Ah de' miei vergini - sogni son questeLe voci tenere - sì care a me!)
DUCA:
Che m'ami, deh ripetimi...
GILDA:
L'udiste.
DUCA:
Oh me felice!
GILDA:
Il nome vostro ditemi...Saperlo non mi lice?
CEPRANO:
Il loco è qui...(A Borsa dalla via)
DUCA (pensando):
Mi nomino...
BORSA:
Sta ben...(A Ceprano e partono)
DUCA:
Gualtier Maldè...Studente sono... povero...
GIOVANNA: (tornando spaventata):
Romor di passi è fuore...
GILDA:
Forse mio padre...
DUCA: (Ah cogliere Potessi il traditoreChe sì mi sturba!)
GILDA: (a Giovanna):
AdduciloDi qua al bastione... ite...
DUCA:
Di' m'amerai tu?...
GILDA:
E voi?
DUCA:
L'intera vita... poi...
GILDA:
Non più... non più... partite...
A2:
Addio... speranza ed animaSol tu sarai per me.Addio... vivrà immutabileL'affetto mio per te.(Il Duca entra in casa scortato da Giovanna. Gilda resta fissando la porta ond'è partito)
SCENA XIII
Gilda
GILDA:
Gualtier Maldè!... nome di lui sì amato,Scolpisciti nel core innamorato!Caro nome che il mio corFesti primo palpitar,Le delizie dell'amorMi dêi sempre rammentar!Col pensiero il mio desirA te ognora volerà,E pur l'ultimo sospir,Caro nome, tuo sarà.(Entra in casa e compariscce sul terrazzo con una lucerna per vedere ancora una volta il creduto Gualtiero, che si suppone partito dall'altra parte)
SCENA XIV
Marullo, Ceprano, Borsa, Cortigiani armati e mascherati dalla via. Gilda sul terrazzo che tosto rientra.
BORSA (indicando Gilda al Coro):
È là.
CEPRANO:
Miratela...
CORO:
Oh quanto è bella!
MARULLO:
Par fata od angiol.
CORO:
L'amante è quella Di Rigoletto!
SCENA XV
Detti e Rigoletto concentrato.
RIGOLETTO: (Riedo!... perché?)
BORSA:
Silenzio... all'opra... badate a me.
RIGOLETTO: (Ah da quel vecchio fui maledetto!) (Urta in Borsa)
Chi è là?
BORSA:(ai compagni)
Tacete... c'è Rigoletto.
CEPRANO:
Vittoria doppia!... l'uccideremo...
BORSA:
No, ché domani più rideremo...
MARULLO:
Or tutto aggiusto...
RIGOLETTO: (Chi parla qua?)
MARULLO:
Ehi Rigoletto?... Di'?
RIGOLETTO (con voce terribile):(Chi va là)
MARULLO:
Eh non mangiarci!... Son...
RIGOLETTO:
Chi?
MARULLO:
Marullo.
RIGOLETTO:
In tanto bujo lo sguardo è nullo.
MARULLO:
Qui ne condusse ridevol cosa...Torre a Ceprano vogliam la sposa.
RIGOLETTO: (Ohimè respiro!..)
Ma come entrare?
MARULLO (piano a Ceprano):
La vostra chiave? (A Rigoletto) Non dubitareNon dee mancarci lo stratagemma..(Gli dà la chiave avuta da Ceprano)Ecco le chiavi...
RIGOLETTO:
Sento il tuo stemma.(Palpandole)(Ah terror vano fu dunque il mio!)(Respirando)N'è là il palazzo... con voi son 'io.
MARULLO:
Siam mascherati...
RIGOLETTO:
Ch'io pur mi mascheriA me una larva?
MARULLO:
Sì, pronta è già.Terrai la scala...(Gli mette una maschera, e nello stesso tempo lo benda con un fazzoletto, e lo pone a reggere una scala, che avranno appostata al terrazzo)
RIGOLETTO:
Fitta è la tenebra...
MARULLO: (ai compagni):
La benda cieco e sordo il fa.
TUTTI:
Zitti, zitti moviamo a vendetta, Ne sia colto or che meno l'aspetta.Derisore sì audace costanteA sua volta schernito sarà!...Cheti, cheti, rubiamgli l'amante, E la corte doman riderà.(Alcuni salgono al terrazzo, rompon la porta del primo piano, scendono, aprono ad altri ch'entrano dalla strada, e riescono, trascinando Gilda, la quale avrà la bocca chiusa da un fazzoletto. Nel traversare la scena, ella perde una sciarpa)
GILDA (da lontano):
Soccorso, padre mio...
CORO:
Vittoria!...
GILDA:
Aita! (Più lontano)
RIGOLETTO:
Non han finito ancor!...qual derisione!...(Si tocca gli occhi)Sono bendato!...(Si strappa impetuosamente la benda e la maschera, ed al chiarore d'una lanterna scordata riconosce la sciarpa, vede la porta aperta, entra, ne trae Giovanna spaventata: la fissa con istupore, si strappa i capelli senza poter gridare; finalmente, dopo molti sforzi esclama:Ah!... la maledizione!!(sviene)
Atto II
SCENA I
Salotto nel palazzo ducale. Vi sono due porte laterali, una maggiore nel fondo che si chiude. Al suoi lati pendono i ritratti, in tutta figura, a sinistra del Duca, a destra della sua sposa. V'ha un seggiolone presso una tavola coperta di velluto e altri mobili (Entra il Duca agitatissimo)
DUCA:
Ella mi fu rapita! E quando, o ciel... ne'brevi istanti, prima che il mio presagio interno sull'orma corsa ancora mi spingesse! Schiuso era l'uscio!... e la magion deserta! E dove ora sarà quell'angiol caro?... colei che prima potè in questo core destar la fiamma di costanti affetti?... colei sì pura, al cui modesto sguardo quasi spinto a virtù talor mi credo!... Ella mi fu rapita! E chi l'ardiva?... Ma ne avrò vendettalo chiede il pianto della mia diletta. Parmi veder le lagrime scorrenti da quel ciglio, quando fra il dubbio e l'ansia del subito periglio, dell'amor nostro memore, Il suo Gualtier chiamò. Ned ei potea soccorrerti, cara fanciulla amata, ei che vorria coll'anima farti quaggiù beata; ei che le sfere agli angeli, per te non invidiò. (entrano frettolosi i cortigiani)
SCENA II
Marullo, Ceprano, Borsa ed altri Cortigiani
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
Duca, duca?
DUCA:
Ebben?
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
L'amante fu rapita a Rigoletto.
DUCA:
Come? e donde?
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
Dal suo tetto.
DUCA:
Ah, ah! dite, come fu? (siede)
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
Scorrendo uniti remota via, brev'ora dopo caduto il dì, come previsto ben s'era in pria, rara beltà ci si scoprì. Era l'amante di Rigoletto, che, vista appena, si dileguò. Già di rapirla s'avea il progetto,quando il buffone vêr noi spuntò; che di Ceprano noi la contessa rapir volessimo, stolto credé; la scala, quindi, all'uopo messa, bendato, ei stesso ferma tenè. Salimmo, e rapidi la giovinetta a noi riusciva quindi asportar. Quand'ei s'accorse della vendettarestò scornato ad imprecar, ad imprecar.
DUCA: (da sè) (Cielo! è dessa!..la mia diletta!)(al coro)
Ma dove or trovasi la poveretta?
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
Fu da noi stessi addotta or qui.
DUCA: (da sè) (Ah, tutto il ciel non mi rapì!) (da sè, alzandosi con gioia) (Possente amor mi chiama, volar io deggio a lei; il serto mio darei per consolar quel cor.Ah! sappia alfin chi l'ama, conosca alfin chi sono, apprenda ch'anco in trono ha degli schiavi Amor) (Esce frettoloso dal mezzo)
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
Oh qual pensier or l'agita, come cangiò d'umor!)
SCENA III
Marullo, Ceprano, Borsa, altri Cortigiani, poi Rigoletto
MARULLO:
Povero Rigoletto!
RIGOLETTO: (entro la scena)
La rà, la rà, la la, la rà, la rà, la rà, la rà la rà, la la, la rà, la rà.
TUTTI:
Ei vien! Silenzio.(Rigoletto entra la scena affettando indifferenza)
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
Oh buon giorno, Rigoletto...
RIGOLETTO: (Han tutti fatto il colpo!)
CEPRANO:
Ch'hai di nuovo, buffon?..
RIGOLETTO: (contraffacendo Ceprano)
Ch'hai di nuovo, buffon?.. Che dell'usato più nojoso voi siete.
BORSA, MARULLO, CEPRANO:(ridendo)
Ah! ah! ah!
RIGOLETTO: (aggirandosi per la scena)
La rà, la rà, la la la rà, la rà, la rà, la rà. (spiando inquieto dovunque) (Ove l'avran nascosta?)
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
Guardate com'è inquieto!
RIGOLETTO:
La rà, la rà, la rà, la rà, la rà, la rà, la rà, la rà, la rà, la rà, la rà.
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
Sì! sì! guardate com'è inquieto!
RIGOLETTO: (a Marullo)
Son felice che nulla a voi nuocesse l'aria di questa notte.
MARULLO:
Questa notte!..
RIGOLETTO:
Sì... Oh fu il bel colpo!..
MARULLO:
S'ho dormito sempre!
RIGOLETTO:
Ah, voi dormiste!.. Avrò dunque sognato!.. (S'allontana cantarellando, e visto un fazzoletto lo afferra) La rà, la rà, la la, la rà, la rà, la rà, la la.
BORSA, MARULLO, CEPRANO:(Ve', come tutto osserva!)
RIGOLETTO: (gettando il fazzoletto)
Non è il suo. Dorme il Duca tuttor?
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
Sì, dorme ancora.
SCENA IV
Detti e un Paggio della Duchessa
PAGGIO:
Al suo sposo parlar vuol la Duchessa.
CEPRANO:
Dorme.
PAGGIO:
Qui or or con voi non era?..
BORSA:
È a caccia...
PAGGIO:
Senza paggi!.. senz'armi!..
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
E non capisci che per ora vedere non può alcuno?..
RIGOLETTO: (che a parte è stato attentissimo al dialogo, balzando improvviso tra loro prorompe)
Ah! ella è qui dunque!.. Ella è col Duca!..
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
Chi?
RIGOLETTO:
La giovin che sta notte al mio tetto rapiste... Ma la saprò riprender... Ella è la...
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
Se l'amante perdesti, la ricerca altrove.
RIGOLETTO:
Io vo' mia figlia...
BORSA, MARULLO, CEPRANO:
La sua figlia!..
RIGOLETTO:
Sì... la mia figlia... D'una tal vittoria... che?.. adesso non ridete?.. (corre verso la porta, ma i cortigiani gli attraversano il passaggio) Ella è la!.. la vogl'io... la rendete. Cortigiani, vil razza dannata, per qual prezzo vendeste il mio bene? A voi nulla per l'oro sconviene!.. ma mia figlia è impagabil tesor. La rendete... o se pur disarmata, questa man per voi fora cruenta; nulla in terra più l'uomo paventa, se dei figli difende l'onor. (si getta ancora sulla porta che gli è nuovamente contesa) Quella porta, assassini, assassini, m'aprite, la porta, la porta, assassini, m'aprite. (lotta alquanto coi cortigiani, poi torna spossato sul davanti della scena) Ah! voi tutti a me contro venite!.. (piange) tutti contra me!.. Ah!.. Ebben, piango... Marullo... signore, tu ch'hai l'alma gentil come il core, dimmi tu dove l'hanno nascosta?.. È là? non è vero? ... tu taci!.. ohimè! (piange) Miei signori.. perdono, pietate... al vegliardo la figlia ridate... ridonarla a voi nulla ora costa, tutto al mondo è tal figlia per me.
SCENA V
Detti e Gilda ch'esce dalla stanza a sinistra e si getta nelle braccia del padre
GILDA:
Mio padre!
RIGOLETTO:
Dio! mia Gilda!.. Signori... in essa... è tutta la mia famiglia... Non temer più nulla, angelo mio... (ai Cortigiani) fu scherzo!.. non è vero? Io che pur piansi orrido... (a Gilda) E tu a che piangi?..
GILDA:
Ah l'onta, padre mio...
RIGOLETTO:
Cielo! Che dici?
GILDA:
Arrosir voglio innanzi a voi soltanto...
RIGOLETTO: (rivolto al Cortigiani con imperioso modo) Ite di qua, voi tutti... Se il duca vostro d'appressarsi osasse, ch'ei non entri, gli dite, e ch'io ci sono. (si abbandona sul seggiolone)
BORSA, MARULLO, CEPRANO: (tra loro)
Coi fanciulli e co'dementi spesso giova il simular. Partiam pur, ma quel ch'ei tenti non lasciamo d'osservar. (partono)
SCENA VI
Rigoletto e Gilda
RIGOLETTO:
Parla... siam soli...
GILDA: (Ciel dammi coraggio!)
Tutte le feste al tempio mentre pregava Iddio, bella e fatale un giovine offriasi al guardo mio... se i labbri nostri tacquero, dagl'occhi il cor, il cor parlò. Furtivo fra le tenebre sol ieri a me giungeva... Sono studente, povero, commosso mi diceva, e con ardente palpito amor mi protestò. Partì... il mio core aprivasi a speme più gradita, quando improvvisi apparvero color che m'han rapita, e a forza qui m'addussero nell'ansia più crudel.
RIGOLETTO:
Ah! (da sè) (Solo per me l'infamia a te chiedeva, o Dio... ch'ella potesse ascendere quanto caduto er'io... Ah presso del patibolo bisogna ben l'altare!.. ma tutto ora scompare... l'altare... si rovesciò!) (a Gilda) Piangi! piangi fanciulla, fanciulla piangi... scorrer, scorrer fa il pianto sul mio cor.
GILDA:
Padre, in voi parla un angel per me consolator.
RIGOLETTO:
Compiuto pur quanto a fare mi resta... lasciare potremo quest'aura funesta.
GILDA:
RIGOLETTO: (da sè) (E tutto un sol giorno cangiare potè)
SCENA VII
Detti, un usciere e il Conte di Monterone che attraversa la scena fra gli alabardieri
USCIERE:(alle guardie)
Schiudete... ire al carcere Monteron dee.
MONTERONE: (fermandosi verso il ritratto del Duca)
Poichè fosti invano da me maledetto, nè un fulmine o un ferro colpiva il tuo petto, felice pur anco, o duca, vivrai!... (esce fra le guardie dal mezzo)
RIGOLETTO:
No, vecchio t'inganni... un vindice avrai!
SCENA VIII
Rigoletto e Gilda
RIGOLETTO: (con impeto volto al ritratto)
Sì, vendetta, tremenda vendetta di quest'anima è solo desio... di punirti già l'ora saffretta, che fatale per te tuonerà.Come fulmin scagliato da Dio, te colpire il buffone saprà.
GILDA:
O mio padre, qual gioja feroce balenarvi ne gl'occhi vegg'io!..Perdonate, a noi pure una voce di perdono dal cielo verrà,(Mi tradiva, pur l'amo, gran Dio! per l'ingrato ti chiedo pietà!) (escono dal mezzo)
Atto III
SCENA I
Deserta sponda del Mincio. A sinistra è una casa a due piani, mezzo diroccata, la cui fronte, volta allo spettatore, lascia vedere per una grande arcata l'interno d'una rustica osteria al pian terreno, ed una rozza scala che mette al granaio, entro cui, da un balcone senza imposte, si vede un lettuccio. Nella facciata che guarda la strada è una porta che s'apre per dietro; il muro poi è sì pieno di fessure che dal di fuori si può facilmente scorgere quanto avviene nell'interno. Il resto del teatro rappresenta la destra parte del Mincio, che nel fondo scorre dietro un parapetto in mezza ruina; al di là del fiume è Mantova. È notte.Gilda e Rigoletto, inquieto, sono sulla strada. Sparafucile nell'interno dell'osteria, seduto sopra una tavola, sta ripulendo il suo cinturone senza nulla intendere di quanto accade al di fuori.
RIGOLETTO:
E l'ami?
GILDA:
Sempre.
RIGOLETTO:
Pure tempo a guarirne t'ho lasciato.
GILDA:
Io l'amo.
RIGOLETTO:
Povero cor di donna!.. Ah il vile infame!.. Ma ne avrai vendetta, o Gilda...
GILDA:
Pietà, mio padre...
RIGOLETTO:
E se tu certa fossi ch'ei ti tradisse, l'ameresti ancora?
GILDA:
Nol so... ma pur m'adora.
RIGOLETTO:
Egli!
GILDA:
Sì.
RIGOLETTO: (la conduce presso una delle fessure del muro, ed ella vi guarda)
Ebben, osserva dunque.
GILDA:
Un uomo vedo.
RIGOLETTO:
Per poco attendi.
SCENA II
Detti e il Duca, che, in assisa di semplice ufficiale di cavalleria, entra nella sala terrena per una porta a sinistra.
GILDA: (trasalendo)
Ah padre mio!
DUCA: (a Sparafucile)
Due cose, e tosto...
SPARAFUCILE:
Quali?
DUCA:
Una stanza e del vino...
RIGOLETTO:
Son questi i suoi costumi!
SPARAFUCILE:
Oh il bel zerbino! (entra nell'interno)
DUCA:
La donna è mobile qual piuma al vento, muta d'accento e di pensiero. Sempre un amabile leggiadro viso, in pianto o in riso, è menzognero. È sempre misero chi a lei s'affida, chi le confida mal cauto il core! Pur mai non sentesi felice appieno chi su quel seno non liba amore! (Sparafucile rientra con una bottiglia di vino e due bicchieri che depone sulla tavola, quindi batte col pomo della sua lunga spada due colpi al soffitto. A quel segnale una ridente giovane, in costume di zingara, scende a salti la scala. Il Duca corre per abbracciarla, ma ella gli sfugge. Frattanto Sparafucile, uscito sulla via, dice a parte a Rigoletto)
SPARAFUCILE:
È là il vostr'uomo... viver dee o morire?
RIGOLETTO:
Più tardi tornerò l'opra a compire. (Sparafucile si allontana dietro la casa lungo il fiume)
SCENA III
Gilda e Rigoletto sulla via, il Duca e Maddalena nel piano terreno
DUCA:
Un dì, si ben rammentomi, o bella, t'incontrai... mi piacque di te chiedere, e intesi che qui stai. Or sappi, che d'allora sol te quest'alma adora.
GILDA:
Iniquo!...
MADDALENA:
Ah, ah!... e vent'altre appresso le scorda forse a desso? Ha un'aria il signorino da vero libertino... DUCA:
Sì... un mostro son... (per abbracciarla)
GILDA:
Ah padre mio!...
MADDALENA:
Lasciatemi, stordito.
DUCA:
Ih, che fracasso!
MADDALENA:
Stia saggio.
DUCA:
E tu sii docile, non farmi tanto chiasso. Ogni saggezza chiudesi nel gaudio e nell'amore... (le prende la mano) La bella mano candida!...
MADDALENA:
Scherzate voi, signore.
DUCA:
No, no.
MADDALENA:
Son brutta.
DUCA:
Abbracciami.
GILDA:
Iniquo!
MADDALENA:
Ebro!...
DUCA: (ridendo)
D'amor ardente.
MADDALENA:
Signor l'indifferente, vi piace canzonar?
DUCA:
No, no, ti vo'sposar.
MADDALENA:
Ne voglio la parola...
DUCA:
Amabile figliuola!
RIGOLETTO: (a Gilda che avrà tutto osservato ed inteso)
E non ti basta ancor?
GILDA:
Iniquo traditor!
DUCA:
Bella figlia dell'amore, schiavo son de'vezzi tuoi; con un detto sol tu puoile mie pene consolar. Vieni e senti del mio core il frequente palpitar. Con un detto sol tu puoi le mie pene consolar.
MADDALENA:
Ah! ah! rido ben di core, chè tai baje costan poco, quanto valga il vostro gioco, mel credete so apprezzar. Sono avvezza, bel signoreAd un simile scherzar.
GILDA:
Ah così parlar d'amorea me pur l'infame ho udito! Infelice cor tradito, per angoscia non scoppiar, Perché o credulo mio core,un tal uomo dovevi amar!
RIGOLETTO: (a Gilda)
Taci, il piangere non vale;Ch'ei mentiva or sei sicura...Taci, e mia sarà la cura la vendetta d'affrettar.Pronta fia sarà fatale, io saprollo fulminar.
RIGOLETTO:
M'odì!... ritorna a casa... oro prendi, un destriero, una veste viril che t'apprestai, e per Verona parti... Sarovvi io pur doman...
GILDA:
Or venite...
RIGOLETTO:
Impossibil.
GILDA:
Tremo.
RIGOLETTO:
Va! (Il Duca e Maddalena stanno fra loro parlando, ridendo e bevendo. Rigoletto va dietro la casa, e ritorna con Sparafucile, contandogli delle monete)
SCENA IV
Sparafucile, Rigoletto, il Duca e Maddalena
RIGOLETTO:
Venti scudi hai tu detto?... Eccone dieci; e dopo l'opra il resto. Ei qui rimane?
SPARAFUCILE:
Sì.
RIGOLETTO:
Alla mezzanotte ritornerò.
SPARAFUCILE:
Non cale. A gettarlo nel fiume basto io solo.
RIGOLETTO:
No, no, il vo' far io stesso.
SPARAFUCILE:
Sia!... Il suo nome?
RIGOLETTO:
Vuoi saper anche il mio? Egli è Delitto, Punizion son io. (Parte. Entro le scene si vedrà un lampo)
SCENA V
Detti meno Rigoletto
SPARAFUCILE:
La tempesta è vicina!... più scura fia la notte.
DUCA: (per prenderla)
Maddalena...
MADDALENA: (sfuggendogli)
Aspettate... mio fratello viene...
DUCA:
Che importa?
MADDALENA:
Tuona!
SPARAFUCILE: (entrando in casa)
E pioverà fra poco.
DUCA:
Tanto meglio! (a Sparafucile) Tu dormerai in scuderia... all'inferno... ove vorrai.
SPARAFUCILE:
Oh, grazie.
MADDALENA: (piano al Duca)
Ah, no, partite.
DUCA: (a Maddalena)
Con tal tempo?
SPARAFUCILE: (piano a Maddalena)
Son venti scudi d'oro. (al Duca) Ben felice d'offrirvi la mia stanza... se a voi piace tosto a vederla andiamo. (prende un lume e s'avvia per la scala)
DUCA:
Ebben! sono con te... presto... vediamo. (dice una parola all'orecchio di Maddalena e segue Sparafucile)
MADDALENA:
Povero giovin!.. grazioso tanto! Dio, qual notte è questa!
DUCA: (sul granaio)
Si dorme all'aria aperta? bene, bene!.. Buona notte.
SPARAFUCILE:
Signor, vi guardi Iddio. (il Duca depone la spada e il cappello)
DUCA:
Breve sonno dormiam... stanco son io. (Depone il cappello, la spada e si stende sul letto, dove in breve addormentasi. Maddalena frattanto siede presso la tavola, Sparafucile beve della bottiglia lasciata dal Duca. Rimangono ambidue taciturni per qualche istante, e preoccupati da gravi pensieri)
MADDALENA:
È amabile in vero cotal giovinotto!
SPARAFUCILE:
Oh sì, venti scudi ne dà di prodotto.
MADDALENA:
Sol venti?.. son pochi!.. valeva di più.
SPARAFUCILE:
La spada, s'ei dorme, va... portami giù.
MADDALENA: (Sale al granaio e contemplando il dormente)
Peccato è pur bello!(Ripara alla meglio il balcone e scende).
SCENA VI
Detti e Gilda, che comparisce nel fondo della via in costume virile, con stivali e speroni, e lentamente si avanza verso l'osteria, mentre Sparafucile continua a bere. Spessi lampi e tuoni.
GILDA:
Ah, più non ragiono!.. Amor mi trascina!.. mio padre, perdono... Qual notte d'orrore!.. Gran Dio, che accadrà!
MADDALENA: (sarà discesa ed avrà posata la spada del Duca sulla tavola)
Fratello?..
GILDA:
Chi parla?.. (osserva per la fessura)
SPARAFUCILE:
Al diavol ten va...
MADDALENA:
Somiglia un Apollo quel giovine... io l'amo... ei m'ama...riposi... nè più l'uccidiamo.
GILDA: (ascoltando)
Oh cielo!
SPARAFUCILE: (gettandole un sacco)
Rattoppa quel sacco...
MADDALENA:
Perchè?
SPARAFUCILE:
Entr'esso il tuo Apollo, sgozzato da me, gettar dovrò al fiume...
GILDA:
L'inferno qui vedo!
MADDALENA:
Eppure il danaro salvarti scommetto, serbandolo in vita.
SPARAFUCILE:
Difficile il credo.
MADDALENA:
M'ascolta... anzi facil ti svelo un progetto. De'scudi già dieci dal gobbo ne avesti; venire cogl'altri più tardi il vedrai... Uccidilo e, venti allora ne avrai,Così tutto il prezzo goder si potrà.
GILDA:
Che sento! mio padre!
SPARAFUCILE:
Uccider quel gobbo!... che diavol dicesti! Un ladro son forse?... Son forse un bandito?... Qual altro cliente da me fu tradito?... Mi paga quest'uomo... fedele m'avrà
MADDALENA:
Ah, grazia per esso.
SPARAFUCILE:
È duopo ch'ei muoja...
MADDALENA: (va per salire)
Fuggire il dovrò…
SPARAFUCILE:
Ancor c'è mezz'ora...
MADDALENA: (piangendo)
Attendi, fratello...
GILDA:
Che! piange tal donna!.. N'è a lui darò aita!.. Ah, s'egli al mio amore divenne rubello, io vo'per la sua gettar la mia vita... (scoppio di fulmine, lampo, e tuono; colpi di battente Gilda batte alla porta)
MADDALENA:
Si picchia?
SPARAFUCILE:
Fu il vento... (Gilda batte ancora)
MADDALENA:
Si picchia, ti dico.
SPARAFUCILE:
È strano!.. Chi è?
GILDA:
Pietà d'un mendico; asil per la notte a lui concedete.
MADDALENA:
Fia lunga tal notte!
SPARAFUCILE: (va a cercare nel credenzone)
Alquanto attendete.
MADDALENA:
Su, spicciati. presto, fa l'opra compitaanelo una vita con altra salvar.
SPARAFUCILE:
Ebbene... son pronto, quell'uscio dischiudi; più ch'altro gli scudi mi preme salvar.
GILDA:
Ah! presso alla morte, sì giovine, sono! Oh ciel, per gl'empi ti chieggo perdono! Perdona tu, o padre, questa infelice! ...Sia l'uomo felice - ch'or vado a salvar.
MADDALENA:
Su spicciati, presto fa l'opra compitaAnelo una vita - con l'altra salvar.
SPARAFUCILE:
Bene.. son prontoquell'uscio dischiudi;più ch'altro gli scudimi preme salvar;(fulmine, lampo, e tuono Gilda picchia di nuovo. Sparafucile va a postarsi con un pugnale dietro la porta; Maddalena apre, poi corre a chiudere la grande arcata di fronte, mentre entra Gilda, dietro a cui Sparafucile chiude la porta, e tutto resta sepolto nel silenzio e nel bujo)
SCENA VII
Rigoletto solo si avanza dal fondo della scena chiuso nel suo mantello. La violenza del temporale è diminuita, nè più si vede e sente che qualche lampo e tuono Rigoletto
RIGOLETTO:
Della vendetta alfin giunge l'istante! da trenta dì l'aspetto di vivo sangue a lagrime piangendo, sotto la larva del buffon... (esaminando la casa) Quest'uscio è chiuso!.. Ah, non è tempo ancor!.. S'attenda. Qual notte di mistero! una tempesta in cielo!.. in terra un omicidio!.. Oh come in vero qui grande mi sento!.. (L'orologio suona mezzanotte) Mezza notte!.. (batte alla porta)
SCENA VIII
Detto e Sparafucile dalla casa
SPARAFUCILE:
Chi è là?
RIGOLETTO:
Son io...
SPARAFUCILE:
Sostate. (rientra e torna trascinando un sacco) è qua spento il vostr'uomo!..
RIGOLETTO:
Oh gioja!.. Un lume!..
SPARAFUCILE:
Un lume?.. No, il danaro. Lesti, all'onda il gettiam...
RIGOLETTO: (gli dà una borsa)
No... basto io solo.
SPARAFUCILE:
Come vi piace... Qui men atto è il sito... più avanti è più profondo il gorgo... Presto, che alcun non vi sorprenda... Buona notte. (rientra in casa)
SCENA IX
Rigoletto, poi il Duca a tempo
RIGOLETTO:
Egli è là!.. morto!.. oh sì!.. vorrei vederlo! ma che importa!.. è ben desso!.. Ecco i suoi sproni!.. Ora mi guarda, o mondo!.. Quest'è un buffone, ed un potente è questo! Ei sta sotto i miei piedi!.. è desso! oh gioja!.. è giunta alfine la tua vendetta, o duolo!.. Sia l'onda a lui sepolcro, un sacco il suo lenzuolo!.. All'onda! all'onda! (fa per trascinare il sacco verso la sponda, quando è sorpreso dalla lontana voce del Duca, che nel fondo attraversa la scena)
RIGOLETTO:
Qual voce!.. illusion notturna è questa!..(traselando)No, no!..egli è desso!..Maledizione! (verso la casa) Olà... dimon bandito?.. Chi è mai, chi è qui in sua vece?.. (taglia il sacco) Io tremo... è umano corpo!.. (lampeggia)
SCENA ULTIMA
Rigoletto e GildaMia figlia!.. Dio!.. mia figlia!.. Ah, no!.. è impossibil!.. per Verona è in via!.. Fu vision!.. è dessa!.. (inginocchiandosi) Oh mia Gilda!.. fanciulla... a me rispondi!.. l'assassino mi svela... Olà? (picchia disperatamente alla porta) Nessuno!.. nessun!.. Mia figlia?.. mia Gilda?.. oh mia figlia?..
GILDA:
Chi mi chiama?
RIGOLETTO:
Ella parla!.. si move!.. è viva!.. oh Dio! Ah, mio ben solo in terra... mi guarda, mi conosci...
GILDA:
Ah... padre mio!..
RIGOLETTO:
Qual mistero!.. che fu!.. sei tu ferita?.. dimmi...
GILDA:
L'acciar... (indicando il core) qui... qui mi piagò..
RIGOLETTO:
Chi t'ha colpita?..
GILDA:
V'ho l'ingannato... colpevole fui... l'amai troppo... ora muojo per lui!..
RIGOLETTO: (da sè) (Dio tremendo! ella stessa fu côlta dallo stral di mia giusta vendetta!) (a Gilda)
Angiol caro, mi guarda, m'ascolta... parla, parlami, figlia diletta!
GILDA:
Ah, ch'io taccia!.. a me... a lui perdonate!.. benedite... alla figlia... o mio padre.. lassù... in cielo, vicina alla madre... in eterno per voi ... pregherò.
RIGOLETTO:
Non morir... mio tesoro, pietade... se t'involi qui sol rimarrei... non morire, o qui teco morrò!..
GILDA:
Non più... A lui... perdonate... mio padre... Ad... dio!(Muore)
RIGOLETTO:
Gilda! mia Gilda! è morta!.. Ah! la maledizione!!
(Strappandosi i capelli cade sul cadavere della figlia)