Logo na sua juventude em Cádiz, Manuel de Falla (1876-1946) encontrou a música de Edvard Grieg, experiência esta que colocou o jovem espanhol na trilha de uma carreira brilhante como compositor, representante principal de seu país no século XX. A linguagem musical de seu ídolo norueguês - sendo de caráter marcadamente nacional, junto à ausência de Durchführung, ou "desenvolvimento", como se ouve na forma sonata - cultivou em de Falla “um desejo intenso de criar um dia algo similar na música espanhola”.
Entre 1902 e 1907, ficou inspirado pelos ensinos de Felipe Pedrell, professor na Academia Real em Madrid, hoje conhecido como o fundador do nacionalismo na música espanhola, tendo entre seus alunos os nomes mais expressivos desta época-chave da história da música ibérica: Isaac Albéniz (1860-1909), Enrique Granados (1867-1916) e Roberto Gerhard (1896-1970). O ensino de Pedrell era decisivo e resultou na composição de La Vida Breve, embora a obra tenha tido de esperar até 1913 para estrear.
Em 1907, de Falla mudou-se para Paris, onde morou em circunstâncias precárias até 1914. Lá, recebeu apoio e ganhou a amizade de Debussy, Ravel e Dukas, todos com grande admiração pela Espanha e sua cultura. A influência musical que este trio de compositores franceses exerceu sobre de Falla pode ser ouvida no concerto para piano Noches em Los Jardines de España, composta entre 1911 e 1915.
A obra é dedicada a Ricardo Viñes, importante promotor da música de Debussy, Ravel e Satie e, de fato, de todos os principais compositores para piano da época. Afinal, Viñes não conseguiu agendar a estréia, e a primeira apresentação acabou ocorrendo em 9 de abril de 1916 por José Cubiles, também nascido em Cádiz, sob regência do maestro Ernandez Arbós, grande amigo e colaborador de Albéniz, com a Orquestra Sinfônica de Madrid.
De muitas maneiras a obra nega a expectiva do ouvinte que espera assistir a um concerto para piano convencional. Em primeiro lugar, não se conforma à tradição, de ter uma predominância de escrita brilhante e extrovertida, especialmente nos movimentos externos, pois o clima em geral é calmo e introvertido, especialmente nos primeiros dois movimentos, Allegretto tranquillo e misterioso e Allegretto giusto.
Mesmo o terceiro movimento, Vivo, encaminha para um final lento, sostenuto, intenso e piano-pianissimo (ppp), todos estes sendo termos que predominam nos últimos compassos desta música.
Evidentemente de Falla estava com outras intenções além de adicionar mais um concerto romântico ao repertório desta vez de sabor espanhol. Em vez disso, a obra revela a intenção de penetrar a substância e alma interior do cante jondo, ou, como de Falla costumava dizer, da “canção primitiva da Andaluzia”.
Na nota de programa que escreveu para a estréia, o compositor explicou que, embora tenha seguido “um plano bem estruturado em termos de tonalidade, ritmo e melodia”, também declarou com orgulho que a única proposta da obra era “evocar lugares, sensações e sentimentos”.
Apesar da influência periódica de Ravel na sua escrita para o solista, as melodias e a linguagem da orquestra derivam claramente da música regional, das canções e danças da Andaluzia, De Falla encerrou seus comentários dizendo que a música não pretende ser descritiva – com certeza, uma alusão aos poemas sinfônicos de Richard Strauss, muito apresentados na época.
A música é meramente expressiva, escreveu de Falla, adicionando o seguinte aviso em tom quase sinistro: “É inspirada em algo muito maior que os sons das festividades e danças. Luto e mistério também fazem a sua parte”. Sem dúvida, de Falla nunca aceitaria a descrição desta obra como um "concerto para piano". Preferiu sempre o termo "noturnos" em vez de "movimentos" e, por isso, resolveu intitular esta música única, sugestiva, sombria e sobretudo poética de Noches en los Jardines de España.
Entre 1902 e 1907, ficou inspirado pelos ensinos de Felipe Pedrell, professor na Academia Real em Madrid, hoje conhecido como o fundador do nacionalismo na música espanhola, tendo entre seus alunos os nomes mais expressivos desta época-chave da história da música ibérica: Isaac Albéniz (1860-1909), Enrique Granados (1867-1916) e Roberto Gerhard (1896-1970). O ensino de Pedrell era decisivo e resultou na composição de La Vida Breve, embora a obra tenha tido de esperar até 1913 para estrear.
Em 1907, de Falla mudou-se para Paris, onde morou em circunstâncias precárias até 1914. Lá, recebeu apoio e ganhou a amizade de Debussy, Ravel e Dukas, todos com grande admiração pela Espanha e sua cultura. A influência musical que este trio de compositores franceses exerceu sobre de Falla pode ser ouvida no concerto para piano Noches em Los Jardines de España, composta entre 1911 e 1915.
A obra é dedicada a Ricardo Viñes, importante promotor da música de Debussy, Ravel e Satie e, de fato, de todos os principais compositores para piano da época. Afinal, Viñes não conseguiu agendar a estréia, e a primeira apresentação acabou ocorrendo em 9 de abril de 1916 por José Cubiles, também nascido em Cádiz, sob regência do maestro Ernandez Arbós, grande amigo e colaborador de Albéniz, com a Orquestra Sinfônica de Madrid.
De muitas maneiras a obra nega a expectiva do ouvinte que espera assistir a um concerto para piano convencional. Em primeiro lugar, não se conforma à tradição, de ter uma predominância de escrita brilhante e extrovertida, especialmente nos movimentos externos, pois o clima em geral é calmo e introvertido, especialmente nos primeiros dois movimentos, Allegretto tranquillo e misterioso e Allegretto giusto.
Mesmo o terceiro movimento, Vivo, encaminha para um final lento, sostenuto, intenso e piano-pianissimo (ppp), todos estes sendo termos que predominam nos últimos compassos desta música.
Evidentemente de Falla estava com outras intenções além de adicionar mais um concerto romântico ao repertório desta vez de sabor espanhol. Em vez disso, a obra revela a intenção de penetrar a substância e alma interior do cante jondo, ou, como de Falla costumava dizer, da “canção primitiva da Andaluzia”.
Na nota de programa que escreveu para a estréia, o compositor explicou que, embora tenha seguido “um plano bem estruturado em termos de tonalidade, ritmo e melodia”, também declarou com orgulho que a única proposta da obra era “evocar lugares, sensações e sentimentos”.
Apesar da influência periódica de Ravel na sua escrita para o solista, as melodias e a linguagem da orquestra derivam claramente da música regional, das canções e danças da Andaluzia, De Falla encerrou seus comentários dizendo que a música não pretende ser descritiva – com certeza, uma alusão aos poemas sinfônicos de Richard Strauss, muito apresentados na época.
A música é meramente expressiva, escreveu de Falla, adicionando o seguinte aviso em tom quase sinistro: “É inspirada em algo muito maior que os sons das festividades e danças. Luto e mistério também fazem a sua parte”. Sem dúvida, de Falla nunca aceitaria a descrição desta obra como um "concerto para piano". Preferiu sempre o termo "noturnos" em vez de "movimentos" e, por isso, resolveu intitular esta música única, sugestiva, sombria e sobretudo poética de Noches en los Jardines de España.
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