sexta-feira, 8 de abril de 2011

RICHARD STRAUSS - VIER LETZTE LIEDER (QUATRO ÚLTIMAS CANÇÕES)


É um conjunto de obras para soprano e orquestra que estão entre as últimas peças
de Richard Strauss, compostas em1948, quando o compositor tinha 84 anos. A estréia
se deu em Londres em 22 de maio de 1950, tendo por solista a soprano Kirsten
Flagstad acompanhada da Philharmonia Orchestra, regida por Wilhelm Furtwängler.
Strauss não viveu para ouvir sua obra apresentada. Poucos anos de sua morte, já havia
se tornado um dos mais famosos ciclos de canções (lieder) do repertório lírico.
As canções tratam da morte e foram escritas pouco antes de o próprio Strauss morrer.
Contudo, ao invés da resistência típica do Romantismo, texto e música se combinam
para conferir a essas Quatro Últimas Canções um forte senso de calma, aceitação e
plenitude. Segundo o regente Christian Thielemann, "Im Abendrot", que evoca a morte
em seu fim, é uma obra "muito esperançosa; não há nenhuma evidência de que eles
estão prestes a morrer nesse momento. Acontece que eles estão em um lugar tão
bonito e pacífico que perguntam um ao outro, 'Seria essa a forma como a morte é?' É
claramente uma mensagem positiva".
A partitura é para uma solista soprano, cuja voz deve freqüentemente flutuar sobre
uma orquestra de peso, e todas as quatro canções têm significativos trechos
para trompa, e em September e Beim Schlafengehen há notáveis passagens com solo
de violino. A justaposição entre as belas linhas vocais e o suave acompanhamento
dos metais pode ser entendida como referência à própria vida de Strauss: sua
mulher, Pauline de Ahna, era uma famosa soprano, e seu pai Franz Strauss um tocador
profissional de trompa.
1. "Frühling"
("Primavera") (Autoria: Hermann Hesse)
In dämmrigen Grüften
träumte ich lang
von deinen Bäumen und blauen
Lüften,
Von deinem Duft und Vogelsang.
Nun liegst du erschlossen
In Gleiß und Zier
von Licht übergossen
wie ein Wunder vor mir.
Du kennst mich wieder,
du lockst mich zart,
es zittert durch all meine Glieder
deine selige Gegenwart!
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Em cavernas sombrias
sonhei longamente
com suas flores e céus azuis,
com seus odores e cantos de
pássaros.
Agora você está revelada
com todo o brilho e adorno,
inundada de luzes
como um milagre diante de mim.
Você me reconhece novamente,
você me atrai docemente,
todos os meus membros tremem
com sua bem-aventurada
presença!
Composta em 20 de julho de 1948
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2. "September"
("Setembro") (Autoria: Hermann Hesse)
Der Garten trauert,
kühl sinkt in die Blumen der Regen.
Der Sommer schauert
still seinem Ende entgegen.
Golden tropft Blatt um Blatt
nieder vom hohen Akazienbaum.
Sommer lächelt erstaunt und matt
In den sterbenden Gartentraum.
Lange noch bei den Rosen
bleibt er stehn, sehnt sich nach Ruh.
Langsam tut er
die müdgeword'nen Augen zu.
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O jardim está de luto.
A chuva cai fria sobre as flores.
O verão estremece em silêncio,
aguardando o seu fim.
Douradas, folha após folha caem
do alto pé de acácia.
O verão sorri, surpreso e lânguido,
no sonho moribundo do jardim.
Muito tempo ainda junto às rosas
ele se detém, aspirando ao repouso.
Lentamente ele fecha
seus olhos cansados.
Composta em 20 de setembro de 1948
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3. "Beim Schlafengehen"
("Going to Sleep") (Texto: Hermann Hesse)
Nun der Tag mich müd'
gemacht,
soll mein sehnliches Verlangen
freundlich die gestirnte Nacht
wie ein müdes Kind
empfangen.
Hände, laßt von allem Tun,
Stirn, vergiß du alles Denken.
Alle meine Sinne nun
wollen sich in Schlummer
senken.
Und die Seele, unbewacht,
will in freien Flügen schweben,
um im Zauberkreis der Nacht
tief und tausendfach zu leben.
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Agora que o dia me cansou,
serão meus fervorosos desejos
acolhidos gentilmente pela noite
estrelada
como uma criança fatigada.
Mãos, parem toda atividade.
Fronte, esqueça todo pensamento.
Todos os meus sentidos agora
querem mergulhar no sono.
E minha alma, sem amarras,
deseja flutuar com as asas livres
para, na esfera mágica da noite,
viver uma vida profunda e múltipla.
Composta em 4 de agosto de 1948
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4. "Im Abendrot"
("Evening") (Texto: Joseph von Eichendorff)
Wir sind durch Not und
Freude
gegangen Hand in Hand;
vom Wandern ruhen wir
nun überm stillen Land.
Rings sich die Täler neigen,
es dunkelt schon die Luft.
Zwei Lerchen nur noch
steigen
nachträumend in den Duft.
Tritt her und laß sie
schwirren,
bald ist es Schlafenszeit.
Daß wir uns nicht verirren
in dieser Einsamkeit.
O weiter, stiller Friede!
So tief im Abendrot.
Wie sind wir wandermüde--
Ist dies etwa der Tod?
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Através de dores e alegrias,
nós caminhamos de mãos dadas;
agora descansamos da nossa errância
sobre uma terra silenciosa.
Em torno de nós se inclinam os vales
e já escurece o céu.
Apenas duas cotovias alçam vôo,
sonhando no ar perfumado.
Aproxime-se, e deixe-as voejar.
Logo será hora de dormir.
Venha, que não nos percamos
nesta grande solidão.
Ó paz imensa e tranqüila
tão profunda no crepúsculo!
Como nós estamos cansados dessa
jornada -
Seria talvez isso já a morte?
Composta em 6 de maio de 1948

Um comentário:

Anônimo disse...

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