segunda-feira, 16 de julho de 2007

PERGOLESI, Giovanni Baptista - STABAT MATER

O Stabat Mater de Pergolesi, foi escrito a pedido da Confraria Cavalieri della Vergine dei Dolori . A obra deveria substituir a precedente, de Sacarlatti, considerada ultrapassada. Pergolesi concluiu seu Stabat Mater no mosteiro franciscano de Pozuolli durante a fase aguda de sua enfermidade, possivelmente tuberculose.
Estudos revelam que a obra foi escrita, em várias partes separadas por longos intervalos, tendo sido concluída presumivelmente em 1736.
Em 1739, três anos depois de sua composição, o musicólogo Charles de Brosses, viu esta obra como capolavoro della musica latina (obra prima da música latina). A composição obteve sucesso fantástico a tal ponto que muitas bibliotecas em todo o mundo obtiveram cópia do manuscrito original.
O libreto foi escrito por Jacopone da Todi. Poucos foram os compositores que conseguiram passar o fascínio e a forma emotiva deste texto extraordinário, com um lirismo religioso, uma consciência popular associada à experiência humana.
Pergolesi desenvolve a obra de forma simples, humilde, sem grandes intelectualismos. Utiliza-se do estilo operístico de seu tempo, arie, duetti, accompagnato, resumidos a instrumentos de cordas e órgão com belas melodias intensas.
Pergolesi compartilha com a Virgem o sofrimento ao pé da cruz. A dor é marcada pela presença das dissonâncias entre o soprano e a mezzo soprano no dueto inicial da obra.
A obra divide-se em três partes: a primeira, mostra a dor de Maria aos pés da Cruz (1 ao 5); a segunda, mostra a compaixão que se transforma em amor ardente por Cristo (6 ao 8); e a terceira e última parte a triunfante invocação conclusiva, mediante o prêmio eterno do Paraíso.
STABAT MATER
1. DUETO

Stabat Mater dolorosa
Estava a mãe dolorosa
iuxta crucem lacrimosa,
chorando junto da cruz
dum pendebat filius.
da qual seu Filho pendia.
2. ARIA
Cuius animam gementem,
sua alma gemente,
contristatam et dolentem,
inconsolável e angustiada,
pertransivit gladius.
era traspassada por um punhal.
3. DUETO
O quam tristis et afflicta
Oh! que triste e aflita
fuit illa benedicta
estava a bendita Mãe
Mater unigeniti!
do Filho unigênito!
4. ARIA
Quae maerebat et dolebat,
Transpassada de dor,
et tremebat, cum videbat,
chora vendo
nati poenas incliti.
o tormento do seu Filho.
5. DUETO
Quis est homo, qui non fleret,
Quem poderia conter as lágrimas
Christi matrem si vederet
vendo a Mãe de Cristo
in tanto supplicio?
dolorida junto do seu Filho?
Quis non posset contristari,
Quem poderia não se entristecer
piam matrem contemplari
ao contemplar a mãe de Cristo
dolentem cum filio?
sofrendo tamanho suplício?
Pro peccatis suae gentis
Pelos pecados de seu povo
vidit Jesum in tormentis
viu Jesus no tormento,
et flagellis subditum.
flagelado por seus súditos.
6. ARIA
Vidit suum dulcem natum
Viu seu doce Filho
moriendo desolatum
morrendo, desolado
dum emisit spiritum.
ao entregar seu espírito.
7. ARIA
Eia, Mater, fons amoris,
Oh, mãe, fonte de amor,
me sentire vim doloris
faz-me sentir toda a sua dor
fac, ut tecum lugeam.
para que eu chore contigo.
8. DUETO
Fac ut ardeat cor meum
Faz com que meu coração arda
in amando Christum Deum
no amor por Cristo Senhor
ut sibi complaceam.
para que eu possa consolá-lo.
9. DUETO
Sancta Mater, istud agas,
Mãe santa, grava
crucifixi fige plagas,
profundamente no meu coração
cordi meo valide.
as chagas do teu Filho crucificado.
Tui nati vulnerati,
Por mim o teu Filho coberto de chagas,
tam dignati pro me pati,
quis sofrer seus tormentos;
poenas mecum divide.
quero compartilhá-los.
Fac me vere tecum flere,
Faz com que chore
crucifixo condolere,
e que padeça com Ele a sua cruz
donec ego vixero.
enquanto dure a minha existência.
Iuxta crucem tecum stare
Quero estar de pé,
te libenter sociare
ao teu lado, junto da cruz,
in planctu desidero.
chorando junto a ti.
Virgo virginum praeclara,
Virgem das virgens esclarecida,
mihi non sis amara,
não sejas rigorosa comigo,
fac me tecum plangere.
deixa-me chorar junto a ti.
10. ARIA
Fac, ut portem Christi mortem,
Faz com que compartilhe a morte
passionis fac consortem
de Cristo, que participe de sua Paixão
et plagas recolere.
e que rememore as suas chagas.
Fac me plagis vulnerari,
Faz com que me firam as suas feridas,
cruce hac inebriari
com que sofra os padecimentos da cruz
ob amorem filii.
pelo amor do teu Filho.
11. DUETO
Inflammatus et accensus,
Inflamado e elevado pelas chamas
per te Virgo, sim defensus
seja definido por ti, ó Virgem,
in die judicii.
no dia do juízo final.
Fac me cruce custodiri
Faz com que seja custodiado pela cruz,
morte Christe, praemuniri
fortalecido pela morte de Cristo
comfoveri gratia.
e confortado pela sua graça.
12. DUETO
Quando corpus morietur,
Quando o corpo morra,
fac ut animae donetur
faz com que a minha alma alcance
paradisi gloria.
a glória do paraíso.
Amen
Amém.

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