quarta-feira, 18 de julho de 2007

PROKOFIEV, Alexandre - ALEXANDRE NEVSKY, Op. 78

A saga de Alexandre Nevsky
Alexandre Nevsky (Александр Ярославич Невский em russo. (30 de maio, 1220?–14 de novembro, 1263) foi o grande líder da Rússia medieval, e ajudou a preservar sua identidade ortodoxa durante o período de incessantes ataques vindos do leste e oeste.
Grandes vitórias
Nascido em Pereslavl-Zalessky, Alexandre foi o quarto filho do príncipe Yaroslav Vsevolodovich, e aparentemente tinha pouca chance de reclamar o trono dourado de Vladimir. Em 1236, contudo, ele foi chamado pelos Novgorodianos para se tornar kniaz' (ou príncipe) de Novgorod e, como líder militar da cidade, defender as terras a noroeste dos invasores suecos e alemães
. Após o desembarque do exército sueco na confluência dos rios Izhora e Neva, Alexandre e seu pequeno exército atacaram repentinamente, em 15 de julho de 1240, destruindo completamente o exército sueco. A Batalha do Neva de 1240 salvou a Rússia de uma invasão inimiga em larga escala pelo norte. Como resultado, Alexandre, com 19 anos, recebeu o nome de "Nevsky" (em russo, "do Neva"). A vitória fortaleceu a influência política de Nevsky, mas ao mesmo tempo deteriorou sua relação com os boiares. Logo, Alexandre precisou abandonar Novgorod por causa deste conflito.
Após a invasão da Rússia pelos Cavaleiros Teutônicos, as autoridades de Novgorod convocaram Alexandre Nevsky. Na primavera de 1241 ele retornou do "exílio", reuniu rapidamente um exército e expulsou os invasores das cidades russas. Muitos historiadores russos consideram o cerco de Kopor'ye e Pskov como um exemplo da sofisticada arte militar de sitiar fortalezas. Alexandre e seus homens enfrentaram a calavaria Teutônica, comandada pelo Magistério da Ordem, Hermann, irmão de Albert de Buxhoeveden, o Cristianizador Católico da Livônia. Nevsky enfrentou o inimigo sobre o gelo do lago Chudskoye, e esmagou os Cavaleiros Teutônicos durante a Batalha do Lago Peipus em 5 de abril de 1242. As tentativas germânicas de invadir a Rússia continuaram sendo frustradas durante muitos séculos.
A vitória de Alexandre foi um evento significativo na história da Idade Média
. A nfantaria russa havia cercado e derrotado um exército de cavaleiros montados, protegidos por armaduras pesadas, muito antes que os infantes do oeste europeu aprendessem a derrotar cavaleiros montados. A grande vitória de Nevsky contra a Ordem Teutônica aparentemente envolveu a morte de poucos cavaleiros, e não as centenas indicadas por historiadores russos; as primeiras batalhas medievais decisivas foram conquistadas e perdidas por forças pequenas, aos olhos modernos. O valor cultural da vitória era incrivelmente maior do que seu valor estratégico, naquela época, e até hoje.
Político sagaz
Após a invasão Teutônica, Nevsky continuou a fortalecer o noroeste russo. Despachou enviados para a Noruega
e, como resultado, assinou o primeiro tratado de paz entre a Rus' e a Noruega, em 1251. Alexander liderou seu exército até a Finlândia e derrotou os suecos, que tentavam novamente bloquear o mar Báltico russo em 1256.
Nevsky era um político cauteloso, que enxergava longe. Ignorou as tentativas da Cúria Papal de causar a guerra entre a Rússia e a Horda Dourada
, pois entendia quão desnecessária seria uma guerra com os Tártaros naquele momento, pois eles eram invencíveis. Historiadores divergem quanto ao comportamento de Alexandre em relação aos mongóis.
Provavelmente, ele sabia que as investidas Católico Romanas eram uma ameaça mais tangível à identidade nacional russa do que o pagamento de tributo ao Khan, que não se importava com a religião ou cultura russas. Talvez ele tenha mantido a Rússia vassala dos mongóis
intencionalmente, para preservar sua própria posição, e também utilizar a Horda contra possíveis desafios à sua autoridade (ele forçou os cidadãos de Novgorod a pagar tributo a eles, para tentar impedir uma possível ocupação mongol do norte russo). Nevsky tentou fortalecer sua autoridade como príncipe, às custas dos boiares, enquanto suprimia levantes anti-feudais no país (levante em Novgorod de 1259).
De acordo com a versão mais plausível, a intenção de Alexandre era impedir que o enorme exército mongol invadisse e arruinasse a Rússia. Relatos confirmam que ele foi pessoalmente até a Horda e conseguiu eximir or russos de combater ao lado do exército tártaro em suas guerras contra outros povos.
O legado de Alexandre
Graças à amizade com o Grande Khan, Alexandre foi instaurado como Grão Príncipe de Vladimir (i.e., supremo comandante russo) em 1252. Uma década depois, Alexandre morreu na cidade de Gorodets-sobre-o-Volga, enquanto regressava de Sarai, a capital da Horda Dourada. Foi enterrado em Vladimir e canonizado pela Igreja Ortodoxa Russa em 1547.
No final do século 13, foi compilada uma crônica chamada A Vida de Alexandre Nevsky (Житие Александра Невского), na qual ele é descrito como um príncipe-soldado ideal, e defensor da Rússia. Pedro o grande ordenou que os restos mortais de Nevsky fossem transportados para o Monastério Alexandre Nevsky, em Petersburgo, onde estão até hoje. Em 21 de maio de 1725, o Czar criou a Ordem de Alexandre Nevsky, uma das mais altas condecorações militares. Durante a Grande Guerra Patriótica (29 de julho, 1942), a Ordem de Alexandre Nevsky soviética foi criada para reviver a memória da luta de Alexandre contra os alemães.
Sergei Eisenstein realizou um de seus maiores filmes, Alexandre Nevsky, sobre Alexandre e sua vitória sobre os Cavaleiros Teutônicos. A trilha para o filme foi composta por Sergei Prokofiev, que também arranjou uma versão para concerto. A frase de Alexandre no filme, "Aquele que vier até nós com uma espada, pela espada morrerá" (uma citação da frase bíblica "Aquele que vive pela espada, pela espada morrerá") tornou-se um slogan dos patriotas russos.


ALEXANDRE NEVSKY, Op. 78 de Prokofiev
A cantata Alexandre Nevsky foi escrita em 1939, é uma adaptação realizada a partir de uma música que ele escreveu para o filme de Eseinstein.
A obra relata um episódio da história russa: a invasão do país no XIII século pelos cavaleiros Teotônios que semeam a desolação antes de serem vencidos por Alexander Nevsky.
Vibrante cena lírica exalta o sentimento patriótico que acontece numa batalha sobre o gelo, demonstrados na obra com a participação dos coros.
Quando Prokofiev aceitou fazer a partitura para a película, ele possuía grande admiração de longo tempo por Eisenstein por seu talento na direção de cena. Durante a realização da obra, Eisenstein revelou-se não só um diretor de cena, mas também um conhecedor de música.
A obra situa-se no séc. XIII, apresentando dois lados da vida russa nessa época: de um lado os Russos e do outro os cavaleiros Teotôbios. A tentação foi a utilização de música de época, mas o estudo dos cantos católicos da época estavam muito distantes da nossa realidade, que o seu conteúdo, parecia ser estranho que não satisfaria a imaginação do espectador, por esse motivo a música foi escolhida para reforçar a trama com emoções atuais.
Eisenstein utiliza-se de uma associação com linhas, cores e os sons, como símbolos:
“As linhas por oposição da formação geométrica Teotônios e as massas que representam o povo russo.
As cores, partem do princípio que as cores falam a linguagem que desejamos falar, quer dizer: o BRANCO, representa as massas compactas que simbolizam a crueldade, opressão e morte; o NEGRO, a vida exprime o heroísmo e o patriotismo russo.
Para os sons havia a necessidade de encontrar uma solução simbólica que permitiria à música associar à imagem vista a emoção. Assim as linhas ordenadas e geométricas dos Teotônios corresponderia à música mais viva, logo as linhas desordenadas e agitadas dos seguidores de Nevsky corresponderiam à música mais calma. Para traduzir isso haveria a necessidade de desenvolver em si próprio uma nova concepção: a a capacidade de reduzir ao mesmo denominador as impressões visuais e sonoras”
Sergei Eisenstein
A obra é composta por dois temas: o primeiro chamado de NEGRO, tema suave, vivo, de estrutura diatônica e de inspiração popular, aparece especialmente na segunda, quarta e ultima partes da obra. A estrutura A-B-A polifônica alternando as vozes ou os grupos de vozes, cordas e madeiras. Melodia curta, simples e diatônica em ritmo binário de tempo lento.
O texto em francês é o seguinte:
A : Ce fut sur la Neva que cela arriva
Sur ses eux profondes
C’est là que nous avons vaincu l’ennemi,
L’armée des Suédois.
Ah quel dur combat !
Ils furent vaincus.
Oui. Nous avons mis en pièce leurs beaux vaisseaux
Et notre sang, pour la terre russe, a coulé généreusement.
Partout où volait la hache une brèche s’ouvrait
Nous avons détruit l’armée suédoise
Ainsi meurt l’herbe folle dans le désert.
B : Jamais nous n’abandonnerons notre sol
C’est vouloir la mort que de violer notre sol
Marche à l’ennemi, sol russe natal,
Aux armes ! belle cité de Novgorod

O segundo tema chamado de BRANCO, tema é um estilização dos temas polifônicos latinos, com repetições e dissonâncias gritantes nas orquestra, aparecendo na terceira parte. O tema tem características bárbaras, violentas, hostis, obstinado e mecânico. Utiliza-se do coro, predominantemente as vozes masculinas, metais (tuba, trombones, trompas e trompetes). As cordas e as madeiras emitem notas estridentes. De ritmo binário e estrutura A-B-A, está bem claro na introdução. O tempo é de característica Andante e sua melodia sobre notas repetidas e repetições da mesma frase, caracteristicamente polifônico e de harmonia dissonante.
O texto em francês é o seguinte:
Peregrinus,
expectavi,
Pedes meos,
In cymbalis

A batalha no gelo mistura os dois temas, em alternância e sobreposição, afirmando a vitória do diatonismo, símbolo da simplicidade popular.
A introdução (Andante) mostra a imensidão do gelo. Violinos, violas com acentos, trombones, mais corne inglês sobre o segundo tema (Teotônios)
Moderato: afirmação do segundo tema na orquestra, depois o coro (trompa e tuba, depois os trombones e tuba, seguida pela presença da percussão que marca um ritmo regular: tímpanos, grand cassa, tambor militar e entrada dos coros. A partir deste momento ouvimos uma acelerando no tempo, como uma febre que invade toda a orquestra, onde aparece um ritmo binário a quatro tempos – ritmo da marcha. A dinâmica segue a mesma proporção, indo do ppp ao fff (Allegro)
Allegro: segue o segundo tema com a entrada dos trompetes, aumentando os seus valores, alternando-se com o primeiro tema, num contraponto cerrado – coro da batalha.
Agagio: a ruína dos Teotônios escala descendente na orquestra, com dinâmicas igualmente descendentes.
Allegretto: tema triunfal do primeiro (violino). Orquestra de cordas.

ALEXANDRE NEVSKY (1937-38) (*)
1° Situation de l’oeuvre dans l’histoire artistique de l’URSS et dans la vie de Prokofiev
Au nom de la liberté, les années qui ont succédé à la Révolution ont vu le triomphe de l’avantgarde
et tous les excès artistiques furent autorisés (constructivisme, orphisme….) Mais il
apparut bientôt que le caractère élitiste de cet esthétisme d’avant-garde était incompatible
avec la nécessité de créer pour les masses populaires. (cf. les problèmes rencontrés par
Eisenstein en 1935 : il est accusé de pratiquer un art trop intellectuel, trop éloigné des
préoccupations du peuple et se condamner à pratiquer l’auto-confession à propos de son film
le Pré Béjine).
C’est au moment de cette prise de conscience que Prokofiev revient en URSS et que –pour
les raisons expliquées plus haut- les autorités soviétiques identifient sa musique avec leurs
conceptions artistiques.
« La lyrique de Prokofiev est particulièrement pénétrée d’une forte virilité. Sa lyrique n’est
pas un monde limité en lui-même. Elle n’a pas été produite par un détachement de l’actualité
ni par un rêverie sans fondement. La lyrique de PRKV est issue de son bonheur vital; elle est
d’un homme ayant pleinement étreint la vie , créant au coeur de la vie même, dont la
dialectique le réjouir…Il est remarquable que ces traits essentiels de PRKV apparurent dès
ses débuts, quand il s’avança avec se oeuvres, à la limite de notre époque, combattant pour
celle-ci, combattant la musique doucereuse, épicée, raffinée, cultivée dans les serres du
modernisme esthétisant – luttant contre toue tendance décadente.[…]A présent, PRKV est en
plein épanouissement de ses forces. Jouissons de sa musique trépidante et hardie, car elle
nous infuse l’énergie voulue, si nécessaire dans notre travail »
(V. Meyerhold, 1929)
En dépit d’une évolution naturelle vers la simplification harmonique, le lyrisme mélodique et
l’orchestration assagie, PRKV a dû faire certaine concession aux exigences politiques :
« Il est difficile d’écrire un opéra sur un sujet soviétique ; ici, un public neuf, des sentiments
neufs et de nouvelles moeurs rendent inutiles et étrangers les procédés propres à l’opéra
classique….Le choix du sujet est difficile : il ne faut pas s’attaquer à un sujet immobile,
pétrifié, dénué d’idées ou au contraire trop édifiant. Il faut des personnages bien vivants, avec
leurs passions, leurs amours, leurs haines, leurs plaisirs et leurs tristesses qui découlent
naturellement du mode de vie nouveau ».

Alexandre Nevsky, renouant avec l’épopée, dans un contexte politico-social d’avant-guerre,
offre au compositeur comme au cinéaste, l’occasion de répondre aux exigences des
gouvernants soviétiques.
2° La collaboration avec Eisenstein
Quand Eisenstein m’a proposé d’écrire une partition pour le film « Alexandre Nevski », j’ai
accepté avec plaisir car j’admirais depuis longtemps son magnifique talent de metteur en
scène. Au cours de nos travaux, l’intérêt n’a cessé de croître et Eisenstein s’est révélé non
seulement un brillant metteur en scène, mais un musicien très fin. L’action située au XIIIè
siècle, est bâtie sur deux éléments opposés : d’un côté les Russes, de l’autre les Croisés
Teutons. La tentation naturelle était d’employer la musique de l’époque, mais l’étude des
chants catholiques a montré que, durant sept siècles, ils étaient tellement éloignés de nous et
que leur contenu émotif nous était devenu si étranger, qu’ils ne suffisaient pas à satisfaire
l’imagination du spectateur. Voilà pourquoi il était beaucoup plus intéressant de les
interpréter, non pas comme ils l’avaient été à l’époque de la Bataille sur le glace, ma is ainsi
que nous les ressentions actuellement….la musique étant composée, sa transmission
phonétique jouait un grand rôle. Malgré d’énormes et continuels progrès, l’enregistrement
n’ avait pas encore atteint toute sa perfection. …l’idée me vient de savoir s’il était possible
d’employer les côtés « négatifs » du microphone afin d’obtenir des effets particuliers : on sait,
par exemple, que l’émission violente d’un son dans un microphone abîme la pellicule et
provoque un bruit désagréable à l’audition. Comme l e son des trompettes teutoniques étaient
incontestablement désagréables aux oreilles russes, je fis jouer directement la fanfare dans le
microphone, ce qui provoqua un effet dramatique curieux…Le cinéma est un art jeune,
correspondant à notre époque, qui offre au compositeur des possibilités nouvelles et
intéressantes à exploiter ; il doit les approfondir et ne pas se contenter d’écrire de la musique
pour al donner ensuite aux personnes chargées au studio de l’ inscription sur la pellicule…. »
(Eisenstein, Le film historique soviétique, 1940).
a) Le défi cinématographique :
Pour Eisenstein, il s’agit de synchroniser les lignes, les couleurs et les sons. Pour cela il
a recours aux symboles :
Les lignes : E. joue sur l’opposition de formations géométriques (teutons) et de masses
grouillantes (russes)
Les couleurs : partant du principe que « les couleurs parlent le langage qu’on veut leur
faire parler »
, il les réduit à deux :
- le BLANC représentera les masses compactes qui symbolisent la cruauté,
l’oppression, la mort.
- Le NOIR nuancé, la vie qu’expriment l’héroïsme et le patriotisme des russes
Les sons : il fallait également trouver une solution symbolique qui permette à la musique de
« s’associer à l’image en vue de l’émotion à produire, mais pas forcément en correspondant
les uns aux autres ».
Ainsi, aux lignes ordonnées et géométriques des Teutons correspondra
la musique la plus “heurtée” alors qu’aux lignes désordonnées et mouvantes des partisans de
Nevsky correspondra la musique la plus calme.
« Pour être maître de cette méthode, il est nécessaire de développer en soi une nouvelle
perception : la capacité de réduire au même dénominateur les impressions visuelles et
sonores »

La conception cinématographique fondée sur l’opposition entre la géométrie carrée, figée, des
chevaliers teutons et la souplesse désordonnée mais vivante des partisans de Nevsky permet
au compositeur de réaliser une oeuvre musicale grandiose et active comme il en rêve depuis
son enfance : « j’avais envie de composer des opéras avec des marches, des tempêtes, des
scènes compliquées et voilà qu’on me ligotait avec des règles ennuyeuses »
(vers 1901)
b) la méthode de travail
Il est difficile de savoir aujourd’hui qui a été composé en 1 er de la musique ou des images.
Selon toute vraisemblance, certaines séquences (la « Bataille sur la glace ») ont été tournées
ou montées en plans contrastés d’après la musique, pour d’autres, la mus ique a été écrite après
avoir visionné les images. Dans ce cas, il fallait que le compositeur « voit » exactement ce
que le cinéaste « voyait » et que le travail des deux créateurs soit rigoureusement synchronisé.
Cette entente n’a pu se réaliser qu’en ra ison du caractère rigoureux et épris d’exactitude de
PRKV.
Renvoi aux pages 497, 498, 499
3° la musique
PRKV joue sur l’utilisation de 2 thèmes :
- correspondant au NOIR : thème souple, vivant, diatonique, d’inspiration populaire .
Il prédomine dans les 2è (« Chant sur Alexandre Nevsky »), 4è (« Aux armes peuple
russe ») et dernière partie (« L’entrée d’Alexandre Nev sky dans Pskov »)
- correspondant au BLANC : thème qui est une sorte de stylisation empesée des
chants polyphoniques latins, avec répétitions obsédante et dissonances grinçantes à
l’orchestre : 3è partie (« Les croisés dans Pskov »)
- la « bataille sur la glace » mêle les 2 thèmes (alternance, superposition) et affirme le
triomphe du diatonisme, symbole de la simplicité populaire.
Voir Thème1 :
Caractère :
populaire ; Gravité, mais limpidité et vie (transformation en plus véhément dans la
partie centrale)
Rythme : carrure binaire
Tempo : lent
mélodie : courte, tournure simple, diatonisme.
Matériel sonore : choeur mixte+cordes+ bois
Ecriture : polyphonique faisant alterner les voix ou les groupes de voix
Structure : ABA
Paroles :
A :
Ce fut sur la Neva que cela arriva
Sur ses eux profondes
C’est là que nous avons vaincu l’ennemi,
L’armée des Suédois.
Ah quel dur combat !
Ils furent vaincus.
Oui. Nous avons mis en pièce leurs beaux
vaisseaux
Et notre sang, pour la terre russe, a coulé
généreusement.
Partout où volait la hache une brèche
s’ouvrait
Nous avons détruit l’armée suédoise
Ainsi meurt l’herbe folle dans le désert.
B : Jamais nous n’abandonnerons notre sol
C’est vouloir la mort que de violer notre
sol
Marche à l’ennemi, sol russe natal,
Aux armes ! belle cité de Novgorod
Voir Thème 2 :
Caractère : barbare, violent, hostile. Obstiné, mécanique.
Matériel sonore : choeur mixte mais avec prédominance des voix d’hommes + cuivres (tuba,
trombones, cors, trompettes). Les cordes et les bois émettent des fusées de notes stridentes.
Rythme : binaire. Très affirmé, même martelé dans l’introduction
Tempo : andante
Mélodie : sur notes répétées. Répétition invariable de la même phrase. Caractère obstiné
renforcé par le rythme immuable. Impression de mécanique.
Ecriture : polyphonique ; harmonie dissonante
Choeur : obstiné sur paroles et mélodie répétés :
Peregrinus,
expectavi,
Pedes meos,
In cymbalis

Structure : ABA
LA BATAILLE SUR LA GLACE :
image : face à face puis affrontement des deux entités opposés : les Teutons caparaçonnés de
fer et les partisans de Nevsky animé par la foi patriotique. PRKV lie le son au geste et
imprègne littéralement l’image de sa musique
Introduction (andante) : pose le cadre : immensité glacée. A rapprocher du N°1 .
Violons + accents (alto) entrée des trombones + cor anglais sur le thème 2 (teutons)
Moderato : affirmation du th. 2 à l’orchest re puis au choeur (cor+tuba, puis trombone +tuba) +
entrée des percussions qui martèlent le rythme régulier: timbales, • grosse cai sse, • tambour
militaire. Entrée des choeurs.
A partir de là on entend une accélération du tempo, comme une fièvre qui gagne tout
l’orchestre dont tous les pupitres d’emparent du rythme binaire à 4 temps (rythme de la
marche).
La nuance suit la même progression : de ppp (entrée des trombones) à ƒƒƒ (Allegro)
Allegro : poursuite du thème 2 avec entrée des trompettes ; Elargissement des valeurs / thème
1 puis alternance th. 1 (puis contrepoint serré = coeur de la bataille.
Adagio : engloutissement des Teutons = registre descendant et allègement orchestral. Nuance
décroissante.
Allegretto : triomphe du thème 1 (violon). Orchestre de cordes.
Résumé :
Construction : crescendo et decrescendo de nuances, d’orchestre, de tempo. Matériel : 2
thèmes qui s’opposent, s’affrontent et disparition de l’un.
Rappel : « Dans les steppes de l’Asie centrale » de Borodine

(*)Publicado na web 7/12/04 (autor desconhecido)

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