segunda-feira, 11 de junho de 2007

HAYDN, Franz - SINFONIA 104 em RE maior

FRANZ JOSEPH HAYDN
Nasceu em Rohrau - Áustria a 31 de março de 1732 e faleceu em Viena a 31 de maio de 1809.
Filho de em tenor amador que se auto acompanhava por uma harpa, sem conhecer uma única nota musical, demonstrou na sua infância sua vocação para a música, primeiro através de sua voz de sopranino e depois como compositor prematuro. Quando sua mãe percebeu seus dotes musicais, mandou Haydn para a casa de seu tio J. M. Franck, que era um maestro e organista na cidade de Hamburgo, afim de que estudasse mais música, estudou canto, cravo e violino. Em 1740 candidatou-se a cantor do côro da catedral de Saint-Etiénne. Para o teste de admissão Haydn escreveu sua própria música, um "Salve Regina" a duas vozes, sendo admitido, continuou seus estudos musicais, especialmente dedicando-se ao estudo do piano. Por causa da mudança de voz, Haydn foi despedido do côro, procurou um amigo, também cantor, para morar de favor e ali dedica-se à leitura das leis da composição. Descobre C. Ph. E. Bach, cujas obras exercem grande influência em sua formação. Em 1751, compõe sua primeira missa e uma amigo encomenda-lhe uma obra "Der krumme Teufel" - uma espécie de opereta. Nesta época conhece o famoso cantor Porpora, que o coloca como acompanhador e em contrapartida estuda canto e composição. Em 1753, acompanhando seu professor, conhece Wagenseil, Dittersdorf e Gluck, que o aconselham a estudar música na Itália. Em 1755, foi convidado por K. J. Fürnberg a freqüentar sua casa de campo, onde se reunião muitos nobres e músicos. Para esta ocasião ele escreveu sua "Primeira Sinfonia" e seus 12 quartetos de cordas Op. 1 e 2, fazendo com que os convidados ficassem admirados de seu talento. Resultado disso, veio o convite para que ocupasse o cargo de Musikdirektor do conde Morzin. Lá ele encontra uma orquestra privada, para a qual escreve uma grande quantidade de obras, destacando uma meia dúzia de sinfonias.
Em 1761 é contratado pelo príncipe Esterhazy, onde permanece por quase toda a sua vida, como Kapellmeister, para quem escreveu a grande maioria de suas obras.
Confinado ao isolamento dos palácios do príncipe, obriga-se a ser original. Podia ter suas obras executadas tão imediatamente ele as compunha - privilégio raro . Desta forma escreveu um capítulo da história da sinfonia, que passa por tentativas, esboços até à solidez da sinfonia 103 (Rufar dos Tambores), que podemos dizer emenda com a primeira sinfonia de Beethoven. Haydn não inventou a sinfonia, pois anteriormente a ele, C.PH.E.Bach, Stamitz entre outros, já o haviam feito. É significativo no entanto a evolução musical aplicada por Haydn. A sinfonia ganhou muito pelo trabalho quase que perfeito da forma sinfonia e a criação da forma privilegiada do "Quarteto de Cordas", onde se encontram grandes obras primas neste gênero. Por volta dos 40 anos de idade, Haydn escrevia sinfonias vibrantes. Encomendado por uma sociedade parisiense escreve seis sinfonias, entre elas destacamos as chamadas: O Urso, La Reine, A Galinha, entre outras. Em 1790 e 1794, vai a Londres a convite do violinista Salomon, para a ocasião escreveu as últimas doze sinfonias, obtendo grande triunfo em sua apresentações. Quando voltou a Viena, seu nome já era comentado universalmente, com muitas de suas sendo apresentadas em diversas salas da Europa.
As 104 sinfonias de Haydn constituem um dos marcos mais importantes da história da música, por sua nobreza de caráter, simplicidade, genialidade, liberdade harmônica, perfeição, sua inegável veia melódica.
A sinfonia em seu aspecto material e espiritual, chegou à sua forma clássica graças a Haydn. Destaca-se de seus predecessores pelo caráter popular de muitos de seus temas. O caso mais típico está no andante da sinfonia 103 - "Rufar dos Tambores", que utiliza-se da ária do lavrador de seu oratório "As Estações".
Haydn, simplificou o material construtivo de suas sinfonias, mas em contrapartida complicou sua arquitetura e seu conteúdo. É típico na obra de Haydn a acentuação de motivos, temas e sua ampliação e elaboração. A troca dos movimentos lentos de suas sinfonias, tem em sua maioria, um estilo bem peculiar. Suas melodias, em geral, são simples, como canções populares, que muitas vezes são tratadas em forma de variação com grande virtuosismo, não muito usual para a época, técnica esta que foi adotada mais tarde por Beethoven.
Várias das melodias de Haydn tem sobrenome; estes se baseiam quase sempre em detalhes de pouca importância. Por exemplo as sinfonias de Paris possuem sobrenomes interessantes. A "Sinfonia 92" (1789), também chamada de "Oxford", escrita para a ocasião em que recebeu desta universidade o título de Dr. Honoris Causa; a "Sinfonia 82" (1786), chamada de "L'Ours" - O Urso, recebe este nome em virtude dos baixos do segundo e terceiro movimentos; A "Sinfonia 83" (1785), também chamada de "La Poule" - A Galinha, que possui no último movimento um tema que imita uma fanfarra de caça, escrita na ocasião da caça às perdizes; a "Sinfonia 85" (1785/86), chamada de "La Reine" - A Rainha, obra favorita da rainha Maria Antonieta. Nas Sinfonias Londrinas, por exemplo a "Sinfonia 94" (1791), chamada na Inglaterra de "The Surprise", porque no Andante há um efeito cômico de que a última nota do tema em pianíssimo coincide com um acorde em fortíssimo de toda a orquestra adicionando a isto um golpe de tímpano; A "Sinfonia 96" (1791), chamada de "The Miracle", em virtude de que na segunda audição da obra, os músicos da orquestra acomodaram-se bem próximo a Haydn, de tal forma que quando uma lâmpada se desprendeu, não atingiu a nenhum dos músicos. Estes são alguns dos exemplos dos sobrenomes de suas obras.
Haydn é autor de muitas obras, destacando 1 opereta alemã, 17 óperas italianas, óperas para marionetes, e música de cena. Para a igreja ele escreveu 14 missas, 2 grandes "Te Deum" e um "Stabat Mater", ofertórios e cânticos. Destaco os oratórios: "Il retorno di Tobia", "A Criação", e as "Estações". Entre outras obras vocais destaco coros, cantatas de circunstância, árias italianas a uma voz, 47 lieder alemães, 14 árias inglesas, duos, trios e quartetos vocais, 50 canons com duas a oito vozes e arranjos de 450 temas folclóricos britânicos. Na música sinfônica destaque especial para as 104 sinfonias, 16 aberturas, 35 danças alemãs, 15 concertos para piano, 8 para violino, 5 para violoncello, 1 para contrabaixo, 2 para trompa, 1 para trompete, 2 para oboé, e 5 para duas liras de braço. Na música de câmara destaco diversos divertimentos, 31 trios com piano, 84 quarteto de cordas e as 60 sonatas para piano.

SINFONIA 104 em RE maior

É considerada a última sinfonia e uma das mais belas do repertório de Haydn. Ë uma obra tão típica de Haydn, como "Eine Kleine Nachtmusik" o é de Mozart. A chamada sinfonia "Londres" parece sintetizar o estilo sinfônico de Haydn.
Escrita em 1795, um ano após a sinfonia 101, ganhou o sobrenome de "Londres" mais ou menos por acaso, já que as últimas sinfonias foram escritas tendo em vista a Inglaterra. Haydn reafirma o seu gosto pela nova forma sonata aplicada à orquestra.
Inicia-se com um adagio, passando a um allegro no compasso 17. Abrindo esta portentosa introdução em ré maior, como uma figura pontuada em uníssono, com uma grande carga de afirmação heróica, que enfatiza as duas notas mais importantes da tonalidade - o Ré e o Lá.
Toda a introdução adota a forma da subdivisão em três partes pequenas, com exposição, desenvolvimento e recapitulação em miniaturas.
Após esta introdução dramática, surge o primeiro tema num allegro . É um exemplo clássico dos temas cantantes sempre utilizados por Haydn.
Quando passa á dominante, o tema entra novamente, de forma que o que seria propriamente o tema secundário tem a qualidade de um pequeno epílogo, visto que o primeiro tema prevalecerá por todo o tempo.
O desenvolvimento, um dos mais avançados e interessantes da literatura pré-bethoveniana, baseia-se inteiramente em um motivo retirado do primeiro tema: são quatro notas breves seguidas de duas notas longas, em um movimento melódico quase que linear. Essa idéia insistente passa por todas as vozes destacando-se do contexto ou mesmo em contraponto com outros elementos do tema.
Mesmo na exposição, Haydn modula e utiliza para suas seções de tuttis o tema principal.
O segundo movimento, um andante em sol maior sol menor, constituído de variações sobre o tema.
Constitui também é uma espécie de síntese. Na primeira entrada dos trompetes e tímpanos percebe-se uma nova explosão em tom menor; associada a uma melancólica série de pausas provocadas por fermatas nos solos de flauta, e acima de tudo um tipo de Coda onde a música prossegue numa calma corrente de emoção.
O terceiro movimento, um minueto, há acentos deslocados que dão uma tintura própria do Leste europeu à robusta melodia, e na segunda seção existe um famoso crescendo dos tímpanos que culmina com a repetição.
O trio é em Si bemol, que se alcança através da chamada nota-pivô; neste caso, o Ré, que é tanto a tônica do tom anterior como a terça do novo tom.
Na terceira parte do minueto há um prolongado retorno para o da capo do minueto.
O quarto movimento Finale é um movimento em forma sonata, e é supostamente baseado em um grito de rua inglês "hot cross bun". Uma das danças checas para piano de Smetana baseia-se em uma variante deste tema, e os croatas dizem ser esta melodia de seu país. Possui características muito claras folclóricas.
Ritmicamente, a melodia se repete de forma invertida o esquema temático do primeiro movimento.
Uma antítese é proporcionada por um segundo elemento, um motivo descendente de notas longas.
Combinando ciência e arte, Haydn trabalhou o segundo tema de modo que ele pode ser combinado com o primeiro - o que faz imediatamente após a barra dupla, no início da seção de desenvolvimento.
Nesse Finale clássico, Haydn também prolonga sua música além do usual: há episódios em que o tempo parece quase parar.
Haydn conclui sua última sinfonia com um tutti vibrante, demonstrando pelo resumo desta obra que durante os 40 anos de trabalho árduo e apaixonante com a forma sinfonia, ele a tornou em uma forma perfeita para o seu tempo.

BIBLIOGRAFIA
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HAYDN, Joseph - "Symphonie Nr. 104" - partitura Universal Edition - Viena

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