segunda-feira, 16 de julho de 2007

MOZART, W. A. - Concerto em re maior No. 26 para Piano KV 537 (coroação)

CONCERTO CLÁSSICO
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), adaptou ao concerto a forma Sonata, excluindo o Minueto e o Scherzo, com modificações de detalhes impostas para conseguir que os temas principais pudessem passar do solista para a orquestra, e vice versa. No entanto os andamentos continuaram sendo 3 (três) - dois movimentos rápidos intercalando um movimento lento, sendo que este segundo movimento diferenciava-se dos demais, não só pelo movimento mas também pela tonalidade diferente dos outros dois movimentos rápidos que eram no tom da tônica.
As modificações mais importantes afetam a exposição do tempo que passa a ter uma estrutura de Sonata, ampliada para uma dupla exposição observando o seguinte:
Durante muito tempo se confiou a primeira exposição à orquestra, criando assim um grande preâmbulo, logo foi considerado indispensável e adotado de forma definitiva - veremos isso mais adiante, quando da análise dos concertos de Beethoven para piano e orquestra, e a segunda exposição era dada ao solista com a cooperação mais ou menos intensa da orquestra.
Em muitos concertos as duas exposições oferecem sensíveis diferenças, como por exemplo:
1. O II Tema, ou seus motivos, não aparecem na primeira exposição, o que quase sempre se apresenta compensado por uma ampliação do I Tema que adquire um desenvolvimento, que por vezes se repete.
2. O I Tema ou os seus motivos, não aparecem na segunda exposição, o solo pode sugerir levemente algumas idéias.
3. Os elementos complementares dos I e II Temas não são apresentados sempre na mesma ordem; podem aparecer com variações que cedem o espaço a elementos novos.
4. Em contrapartida, em outros concertos fundem-se as duas exposições, pelo menos no que respeita os elementos temáticos principais.
5. Quando o II Tema aparece nas exposições, somente na segunda, o faz na tonalidade estabelecida no tipo de sonata; na primeira, figura no tom principal varia até este.
6. Quando um mesmo elemento temático figurava nas duas exposições, raramente se repetia de modo idêntico evitando-se assim a monotonia, então o compositor compilava de forma diferente, ampliava, modificava, enriquecia, passava-se para o solista, fazia ouvir pela orquestra, etc.
CONCERTO EM RE MAIOR PARA PIANO E ORQUESTRA - KV 537 (Coroação)
A obra deve seu apelido ao fato e ter sido apresentada durante os festejos da coroação de Leopoldo II, a 15 de outubro de 1790. Entretanto, ao que tudo indica, o concerto já existia desde fevereiro de 1788, talvez com orquestração diferente.
Parte do manuscrito, especialmente naquilo que tange ao solo, apresenta passagens apenas esboçadas; segundo alguns, o compositor teria agido assim para impedir que os copistas plagiassem seu trabalho; mas há quem diga que seja de opinião que Mozart ainda pensava em trabalhar mais firmemente na obra, dando-lhe outro tipo de acabamento. Seja como for, a versão que passou a ser conhecida e prestigiada foi a da edição realizada após a morte do compositor, restaurada por André d'Offenbach.
Dentro da evolução dos concertos para piano de Mozart, este concerto não representa um grande avanço. A tensão e o drama, características inovadoras que o compositor imprimiu a essa forma, são deixadas de lado.

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O primeiro movimento, um Allegro possui uma organização simples, com uma alternância simétrica entre o tutti e o solo. Depois da introdução, será sempre a orquestra a encarregada de mostrar primeiro os temas a serem desenvolvidos; assim, o solista jamais apresenta material novo.
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Primeiro tema reapresentado ao Piano (compasso 81)

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Segundo tema reapresentado ao Piano (compasso 164)
Seguindo o esquema geral da forma sonata, o movimento possui uma recapitulação literal, quase uma cópia da exposição, procedimento raro na obra de Mozart.
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Recapitulação literal - (compasso 292)

O segundo movimento, um Larghetto, está na tonalidade de La maior, construído com uma grande simplicidade de maneira estrófica em forma de Romanza. Os motivos de contraste utilizados para interseccionar esse refrão repetido 10 (dez) vezes - (compassos 1 - 5 - 9 - 13 - 28 - 32 - 72 - 76 - 91 e 95), nunca chegam a abalar a atmosfera plácida desse andamento delineado pelas cadências de final de frase.
O tema inicial do refrão possui 4 (quatro) compassos e é anunciado pelo piano solo, na terceira vez, será ouvido pelo tutti da orquestra.
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A tema da primeira estrofe é ouvido ao piano a partir do compasso 17 e 80, ambas sendo concluídas no compasso 28 e 91 pelo refrão, que no compasso 91 ouvimos as cordas junto com o piano solo. O tema da segunda estrofe encontra-se no compasso 35 e no compasso 99, sendo que essa última exposição encaminha-se para o final do movimento.
O terceiro movimento, um Allegretto, inicia-se com o solo do piano num jovial andamento na forma Rondó através da utilização de apenas três refrões básicos. Contudo, nas freqüentes trocas de materiais estabelecidas entre o piano solo e a orquestra, em meio ao movimento, há uma sugestão de desenvolvimento, o que faz pensar que Mozart estaria tentando fundir, de alguma maneira, os procedimentos do Rondó - tema e voltas, aos da forma sonata - motivos contrastantes colocados em processo de desenvolvimento temático.
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