terça-feira, 22 de maio de 2007

BRAHMS, Johannes - Sinfonia No. 2 em re maior, Op. 73

Brahms até à idade de 43 anos ainda não havia escrito nenhuma sinfonia. Sua relutância para singrar neste campo da composição deve-se ao fato do seu medo de comparação com as sinfonias de Beethoven. Ele considerava Beethoven o ápice da forma e achava que depois de Beethoven ninguém mais tinha a possibilidade de suplantar a sua escrita. Brahms queria estar totalmente certo que poderia escrever com qualidade uma sinfonia, como ele mesmo dizia: queria estar preparado para enfrentar tal desafio.
A segunda das quatro sinfonias de Brahms foi composta em 1877 - logo após ter escrito a primeira sinfonia - na região de Pörtschach no Wörthersee nos Alpes austríacos. A segunda sinfonia teve sua première em Viena, dia 30 de dezembro de 1877, dirigida por Hans Richter, que também estreou a terceira sinfonia do compositor. Richter foi um dos mais importantes e renomados maestros de seu tempo, e sua presença foi uma prova da consideração que o maestro tinha do compositor. O público e a crítica receberam suas sinfonias com grande entusiasmo (esta mais que a sua primeira), atingindo rapidamente um lugar proeminente entre os compositores e obras da época. A maior preocupação do compositor era que o seu terceiro movimento fosse confundido com uma valsa, apesar do gosto dos vienenses pela dança. A estrutura da obra localiza-se no limite entre o classicismo e o romantismo, mostrando a ligação do compositor com o período.
O primeiro movimento, caracteriza-se pela vasta exposição, com um desenvolvimento relativamente breve e denso. O motivo do primeiro tema é formado por apenas três notas expostas no primeiro compasso da obra. A instrumentação chama a atenção por sua maestria de combinações. O segundo tema é apresentado pelas violas e violoncelos, logo retomado pelas madeiras que tem como resultado uma forma que se assemelha a uma valsa.
O segundo movimento é um episódio lento, quem sabe um dos mais interessantes da sinfonia. A melodia dos violoncelos tem um caráter meditativo sendo respondidos por uma leveza transportada pelos instrumentos de madeira. Um terceiro tema vai-se desenvolver de uma forma mais jocosa com os instrumentos de corda. Todo o movimento mostra uma escrita contrapontística muito bem elaborada, num equilíbrio entre a genialidade e a técnica da composição.
O terceiro movimento é uma dança ligeira e alegre, simples de caráter popular como um Laendler. O movimento apresenta e dois momentos um desenvolvimento temático com variações, em uma das vezes baseado no motivo inicial do tema e na última vez estruturado no motivo final do mesmo tema.
O quarto movimento e final, é um movimento longo. O primeiro tema é apresentado com o termo sotto voce pelas cordas baseado no motivo inicial da sinfonia, que também vai aparecer de uma forma exuberante durante o movimento. Com o clarinete surge o segundo tema, seguido por todos os demais naipes da orquestra, passando por transformações, quando aparece em terças e depois passando por uma nova idéia pontuada por um ritmo enérgico assemelhado aos ritmos lombardos. Aí inicia-se uma nova fase do movimento que é o desenvolvimento partindo do tema inicial. Um novo motivo rítmico é apresentado com a indicação do termo tranquillo, que se apresenta em tercinas de semínimas, que nos leva a uma associação com o tema inicial, tema este que dominará todo o final do desenvolvimento até ao momento da repetição. A Coda, muito curta conclui com a presença de fanfarras que utilizam o segundo tema, concluindo assim a sinfonia.

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