terça-feira, 8 de maio de 2007

JOAHANN SEBASTIAN BACH - Missa em si menor

Foi concebida numa escala monumental. Muito se tem escrito sobre a obra, especialmente pela controvérsia: Bach era luterano e escreveu uma obra católica. Convém lembrar que após a Reforma, Lutero baniu do ofício evangélico o que restou do princípio das oferendas da liturgia romana da eucaristia, da qual só se preservou o canto do Sanctus. Também algumas missas latinas eram normalmente escritas por compositores protestantes e o ordinário da missa era de largo uso na Igreja Evangélica Alemã, apesar do dogma romano ser repudiado. No entanto a obra como estava escrita não se prestava ao rito católico, não apenas pelas variantes do texto, que contradiziam o rito católico romano, ma sobretudo por causa do re-agrupamento das partes do fim.
O ordinário imutável da missa dominical é composto de 5 partes:
1. Kyrie (extraído da liturgia grega)
2. Gloria
3. Credo
4. Sanctus
5. Agnus Dei.
Cada parte poderia ser dividida em vários movimentos.
A data original da obra é imprecisa, embora se sabe que o Kyrie e o Gloria datam de 1733, o Credo, o Sactus e o Osana é de alguns anos mais tarde, provavelmente de do período que compreende 1734 a 1738, segundo alguns pesquisadores. A obra é uma colcha de retalhos, ou seja há passagens inéditas e a presença de melodias utilizadas em outras obras do compositor.
A conclusão da obras ou a apresentação integral foi prejudicada pelo decreto imposto pelo luto nacional imposto pelo estado da Saxônia, quando da morte do Eleitor Augusto II. Na ocasião determinara-se que a atividade musical estaria restrita, proibida, por 5 meses, por ocasião do luto decretado. Querendo homenagear o sucessor, que lhe garantiu o posto em Leipzig, Bach escreveu essa missa com o intuito de agradar a corte católica de Dresden, no entanto o projeto malogrou. Somente em 1736, Bach viu seus esforços recompensados, ao ser nomeado compositor da corte. O kantor da cidade, tornou-se oficialmente o mestre de capela da corte do Eleitor da Saxônia e Rei da Polônia.
Bach, jamais ouviu a obra integralmente. Várias apresentações de movimentos isolados foral feitos com a presença do compositor: o Sanctus foi apresentado no Natal de 1734 e 1740, em 1733 o Kyrie e o Gloria foram apresentados em Desden. No entanto com relação aos outros movimentos nada se sabe sobre suas apresentações. Em 1784, o Credo foi apresentado em Hamburgo por Karl Ph. E. Bach, recebendo grande aclamação. A primeira execução integral aconteceu em 1835. Acho que na história da música nenhum compositor demorou tanto tempo para executar uma première de uma obra.
Com relação à orquestração, sabe-se que Bach utilizou-se outras formações, como foi o caso de Dresden, porque não havia disponibilidade dos instrumentos originais escritos na partitura. Com relação ao baixo contínuo, há indicações de Bach sobre a utilização do órgão e do cravo. Manuscritos da época de Bach, nas partes de coro, há indicações da utilização dos dois instrumentos, o que tende a demonstrar que Bach utilizava-se destes instrumentos, como um duplo acompanhamento.
Outras dúvidas estão em suas partituras. Por exemplo, o Credo e o Confiteor, no original estão desprovidos de orquestração, o que nos leva a uma dúvida se esses dois movimentos deveriam ser cantados a cappella, ou se a orquestra dobraria as partes vocais. Ambas as possibilidades são plausíveis, já que na época muitas partes corais eram dobradas pelos instrumentos. Outro fator de dúvida está no fato de no Benedictus não haver instrumentos solista indicado na partitura, já que na época era usual introduzir um violino solo.
Bach, nesta obra renuncia a alguns instrumentos habitualmente por ele utilizados, como é o caso da Viola da Gamba, a Flauta Doce, o Violoncello Piccolo, o Corneto, o Trombone, limitando-se claramente a uma instrumentação mais usual.Bach utiliza grandes momentos solistas no Gloria, mostrando os diversos naipes da orquestra: o violino solo para o “Laudamus Te”, a flauta solo para o “Dominus Te”, o oboé d’amore para o “Qui sedes” e finalmente a trompa solo no “Quoniam tu solus sanctus”.

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