terça-feira, 22 de maio de 2007

BRAHMS, Johannes - Sinfonia No. 4, em mi menor, Op. 98

Criada a 25 de outubro de 1885 em Meinigen, sob a direção do compositor. Seus dois primeiros movimentos foram escritos em 1884, e os dois últimos em 1885.
É a última sinfonia do compositor, escrita em Mürzzuschlag, nas versões de 1884 e 1885, embora ele tenha iniciado esboços sobre sua quinta sinfonia, quando de sua passagem pela Itália em 1890, logo abandonados. O início desta sinfonia quinta sinfonia acabou sendo utilizado no quinteto de cordas Op. 111.
Ë universalmente apontada como a mais individual de suas sinfonias. Na simplicidade e originalidade de seus temas e no caráter subjetivo de suas idéias, assim como em seu desenvolvimento, leva a marca inconfundível do compositor.
O primeiro movimento é composto por dois temas. A sinfonia abre com o primeiro tema nos primeiros violinos. Este tema é muito simples, composto por uma célula rítmica formada por duas figuras (semínima e mínima), apoiado sobre arpejos ascendentes nas cordas (violoncelos e violas). Este desenho, acaba derivando em um novo motivo – descendente –, que não é um segundo tema, motivo este que aparece em diversos instrumentos da orquestra. Este pequeno desenvolvimento culmina com o surgimento do segundo tema que surge novamente nos violinos, tendo como acompanhamento acordes nos violoncelos e violas, fazendo lembrar muito o acompanhamento do primeiro tema. O terceiro tema, aparece depois de uma pequena ponte de elementos rítmicos fortes e enérgicos no violoncelo seguindo para o primeiro e segundo violino. Esta ponte rítmica surge novamente como início do desenvolvimento. A reexposição do primeiro tema volta novamente com os violinos e daí para a frente os elementos rítmicos dos diversos temas surgem como desenvolvimento encaminhando o surgimento de uma nova exposição do primeiro tema que sempre surge de forma clara no primeiro violino encaminhando para a Coda final de uma forma eloqüente e enérgica.
O segundo movimento inicia-se com o tema exposto na trompa de forma narrativa, tema este que é retomado pelas madeiras e as cordas. Este ritmo apresentado no tema dá uma sensação de marcha. O segundo tema, possui características bem diferentes do primeiro, em forma de cantllena, que é apresentado pelos violoncelos. O motivo do segundo tema é fracionado pelas violas e pelos fagotes que se apresentam em contraste com o solo do violoncelo. Num desenvolvimento pelas cordas em pizzicato e apoiado pelos sopros que realizam arpejos descendentes, preparam o ressurgimento do primeiro e segundo temas pelas cordas. Com a intervenção do tímpano tem-se o início da Coda final que é baseado sobre o motivo que forma o primeiro tema.
O terceiro movimento tem características de um scherzo, não pela forma, mas pelo movimento que mais aparenta ser um Rondó sonata. Inicia com uma pequena introdução que prepara a aparição do tema que possui características enérgicas provenientes de figuras rápidas, que introduzem uma fanfarra. Já o segundo tema, contrasta com o primeiro por seu lirismo. Este movimento possui uma característica diferente, a presença de um contrafagote, um piccolo e um triângulo.
O quarto movimento, um scherzo em forma de Passacaglia, - tema e variações. O tema é composto por oito compassos que surgem inicialmente nos instrumentos de sopro desenvolvendo 35 variações que finalizam com uma Coda final.
Este último movimento veio em função da influência que ele recebeu por estar estudando (1833) uma Passacaglia de George Muffat. Até então nunca houve um precedente de utilizar uma Passacaglia como final de uma estrutura de sonata em quatro movimentos, no entanto deveríamos considerar a perspectiva, mais ampla, de emprego de variações, tornando o discurso mais emocional e intelectual. Temos neste caso a terceira e a nona sinfonias de Beethoven que se utilizaram deste artifício. No entanto a forma livre de Variações, apresentadas por Beethoven são mais flexíveis, que a forma de Passacaglia utilizada por Brahms.
O tema da Passacaglia, é apresentado de forma harmônica, tendo apoio num baixo descendente que se move em terças descendentes, relação esta utilizada de alguma forma em todos os movimentos da sinfonia.
Brahms receava que a obra parecesse demasiadamente severa ao público em geral, consternando-se ao perceber que os amigos a receberam de forma fria. Críticos da época ao lerem a partitura, chegaram a dizer que o Scherzo deveria ser jogado no lixo e que a única parte da obra que deveria ser publicada seria a Passacaglia, mas como uma obra em separado.
A forma da Passacaglia, no final da sinfonia foi um dos obstáculos á aceitação imediata do público, no entanto aos poucos ela foi aceita como uma das mais austeras e verdadeiramente maiores em suas criações.

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