quarta-feira, 30 de maio de 2007

BRUCKNER, Anton - Sinfonia no 9, em Ré menor (A 124)

Bruckner tinha 72 anos, em 1894, quando completou o terceiro movimento da sua Nona Sinfonia. Ele ainda viveria por mais dois anos, mas não encontrou forças para terminar o andamento final da obra, do qual foram deixados vários esboços. Assim, a partitura passou a ser conhecida como a ”Inacabada” do compositor. Tal qual acontecera com quase todas as suas sinfonias anteriores, a Nona sofreu cortes e
adaptações antes que uma edição confiável finalmente chegasse ao público, no século XX. Como nos chegou, ela é uma obra impactante pela grandiosidade da concepção e pelo clima de paz celestial do seu comovente Adagio de encerramento.
O movimento inicial foi escrito em forma sonata sobre três temas principais. Depois de
um largo motivo da Introdução, enunciado pelas oito trompas, aparece o primeiro tema importante em um poderoso tutti, que o apresenta em acordes de oitavas descendentes. Logo depois é mostrado o segundo motivo, nas cordas e em pauta lírica. O derradeiro material dessa longa exposição divide-se em duas partes de tonalidades diferentes. Tudo isso é amplamente trabalhado no Desenvolvimento e reapresentado de maneira triunfal na Reexposição. O Scherzo, de enorme energia, já foi chamado de “Inferno Dantesco” e de “apocalíptico”. Isso devido à sua ácida orquestração, às suas harmonias pouco usuais e à sua rítmica feroz. Seu aspecto por assim dizer “selvagem” encontrou em Gustav Mahler um admirador de primeira hora.
O longo e comovente Adagio final alimenta-se de várias idéias, algumas delas aparentadas entre si. Sua forma faz referências ao rondó e à sonata, em que uma primeira sucessão de temas, ora dados às cordas, ora às madeiras, leva à enunciação de um coral entregue aos metais, de maneira poderosa. Vêm, então, dois outros temas novos – um amplo e lírico, nas cordas, outro mais movimentado, em notas curtas. Anunciando o final, toda a orquestra erige um tutti que parece empregar todos os sons da gama cromática.

Nenhum comentário: