Escrita em 29 de maio de 1913 em Paris, e apresentada com a direção de Pierre Monteux.
Em suas “Chroniques de ma vie”, Stravinsky relata sua visão inicial da “Sagração da Primavera” que ocorreu em 1910:
“terminado em S. Petersburgo as últimas páginas do “Pássaro de Fogo”, entrevi de maneira absolutamente inesperada, o espetáculo de um grande rito sacro pagão: os velhos sábios, sentados em círculo e observando a dança mortal de uma adolescente que eles sacrificavam afim de lhes tornar propício o deus da primavera”.
No ano seguinte, entrega-se à composição da obra, já prometida para os balés russos de Diaghilev, concluída pouco antes de sua apresentação pública a 29 de março de 1913. esta estréia foi desastrosa, tendo em vista o grande tumulto que tomou conta do Teatro dos Champs-Élysées, desde os primeiros compassos da partitura.
O cenário do ballet foi concebido pela pintora e arqueóloga Nicolas Roerich, erudita em se falando de mataria de antiguidade eslava. As partes principais da partitura foram escritas em Clarens, na Suiça, durante o inverso de 1912-1913. A concepção coreográfica ficou na responsabilidade de Nijinski. O paganismo, tremendamente enraizado nas tradições culturais russas dominaram todo o sujeito da obra com efeitos primitivos e os mais paradoxais.
O “Sacre du Printemps” subdivide-se em duas grandes partes : le Baiser à la Terre e le grand Sacrifice, cada qual connstituido por uma série de jogos ritualísticos e cenas de encantamentos que levam respectivamente à la Danse de la Terre e à la Danse sacrale.
A primeira parte, chamada de ADORAÇÃO DA TERRA, inicia com uma longa Introduction, que é basicamente confiada aos instrumentos de sopro. Inicia com um tema de fagote na região aguda tirado de um canto popular da Lituânia. A entrada progressiva dos instrumentos alcança um nível muito cerrado das linhas instrumentais diversas. Depois de uma reexposição do tema inicial , surge Les Augures printaniers com a Danse des adolescentes, em acordes repetitivos das cordas e acentos sincopados, uma dança selvagem, ornamentados por pequenos arabescos e motivos dos instrumentos de sopro.
No Jeu du rapt uma melodia simples e popular é apresentada pelas trompas e trombones, extendendo-se por diversos instrumentos de sopro agudos sobre o trêmulo das cordas em um pedal, culminando com um fortíssimo marcatíssimo, o tema principal do episódio, feito de notas de valores iguais.
Les Rondes printanières surge uma passagem de tranqüilidade com clarinetes na região aguda, fornecendo aí o primeiro motivo. Na seqüência, as cordas graves auxiliadas pelos fagotes e clarinetes graves, apresentam o motivo base desta seção. Tomando conta de toda a orquestra, aos poucos, em cuidadoso processo de acrescentação, esse motivo é substituído pelo primeiro tema, que agora reaparece na flauta e no oboé. Uma forte intervenção dos tímpanos acompanhado pelos trombones e tuba, anuncia um novo quadro.
A grande cena dos Jeu des cités rivales possui dois temas principais, sendo um apresentado pelas trompas e trompetes de forma rítmica marcada por constantes diálogos, o outro tema é apresentado sobre quatro notas conjuntas entre os oboés e os clarinetes com características de encantamento.
Duas cenas curtas e intensas fecham a primeira parte do ballet: le Cortège du Sage, solene com repetições de formulas lacônicas aos metais pontuadas por golpes de tímpanos. Depois de atingir e sustentar um fortíssimo a orquestra toda silencia para dar lugar a quatro compassos misteriosos, quase inaudíveis, chamados pelos tímpanos, surge a Danse de la Terre. O furor rítmico volta a tomar conta de toda a orquestra; os pratos são inseridos para auxiliar na marcação dos motivos apresentados pelos metais.
A primeira parte da obra encerra-se em um tempo fraco do compasso, assegurando a continuidade da obra.
A segunda parte – O SACRIFÍCIO – possui igualmente uma introduction. Episódio de clima estático, onde a flauta em sol associa-se a um violino solo para apresentar um tema logo respondido pelas cordas com características solísticas. Um segundo motivo aparece nos trompetes, associado a um ritmo bem marcado. As trompas retomam o motivo do início, sobre uma nota aguda das flautas, ligando diretamente esta parte aos Cercles mystérieux des adolescentes, que ampliam os temas repetitidos do ritual. É neste momento que percebemos a influência de Debussy. Sobre os trilos dos violinos divisi, a flauta apresenta um tema na região grave do instrumento, imediatamente ecoado pelos clarinetes. O ritmo torna-se mais marcado e um grande crescendo e um accelerando é notado. Onze fortes golpes de tímpano e bumbo, anunciaam a Glorification de l’élue. Constitue-se de uma seção agitada onde no início os compassos mudam constantemente. Surge aí uma austeridade grandiosa na Evocation des ancêtres, constituída por uma fanfarra coral de metais e madeiras, que sofrem intervenções das cordas e percussão. O desenho descendente do fagote e contrafagote anuncia a Action rituelle des ancêtres. Sobre uma marcação simétrica das cordas, metais e percussão, o corne inglês e a flauta desenvolvem o principal motivo melódico deste quadro, que logo explodirá nas trompas (8), trazendo uma relativa tranqüilidade com o tema das madeiras – arabescos e glissandos entre dois clarinetes graves indicam a aparição de um dos momentos mais complexos da obra: La Danse sacrale. A orquestra inteira anuncia pequenos motivos rítmicos com constantes acetuações deslocadas sobre graus cromáticos descendentes que geram uma sensação de pulso assimétrico e imprevisível, e parte central um último motivo popular ritual, se aliam aos limites da tensão nesta dança de morte. A formidável massa sonora resolve ao final com um inesperado arabesco desenhado pelas cordas, flautas e flautins, seguindo-se um único e curto acorde marcado pelos metais graves, percussão, violoncellos e contrabaixos, encerram o sacrifício.
O impacto auditivo desta obra, vem de uma condensação sem precedentes de todos os elementos da escrita musical. As harmonias resulta de uma sobreposição de movimentos melódicos, de acordes e tonalidades diferentes. A junção de timbres produzem efeitos acústicos brutos, provocando um frisson e uma vigorosa pulsação, que nos leva a uma associação da celebração ritual.
Quanto aos temas, são na sua maioria de origem popular do folclores russo e bem reconhecíveis, onde predominam compassos irregulares de 5, 7 e de 11 tempos.
A grande sorte paradoxal desta obra, é de não haver imitações de outros compositores, permanecendo isolada no universo sonoro musical.
ORQUESTRAÇÃO: a orquestra é de grandes proporções a saber
3. (Ott).(Fl alto - G). 4. (CI).3. (Cl.Picc).(BCl).4 (Cfg) – 8. (Cor picc).4.3.2 – 5 Tno (1 piccolo, 2 pequenos e 2 grandes com dois executantes), Triangulo, Tamburino, Guero (rape), Cimbali Antici, Piati, Gran Cassa, Tantan e Cordas.
Em suas “Chroniques de ma vie”, Stravinsky relata sua visão inicial da “Sagração da Primavera” que ocorreu em 1910:
“terminado em S. Petersburgo as últimas páginas do “Pássaro de Fogo”, entrevi de maneira absolutamente inesperada, o espetáculo de um grande rito sacro pagão: os velhos sábios, sentados em círculo e observando a dança mortal de uma adolescente que eles sacrificavam afim de lhes tornar propício o deus da primavera”.
No ano seguinte, entrega-se à composição da obra, já prometida para os balés russos de Diaghilev, concluída pouco antes de sua apresentação pública a 29 de março de 1913. esta estréia foi desastrosa, tendo em vista o grande tumulto que tomou conta do Teatro dos Champs-Élysées, desde os primeiros compassos da partitura.
O cenário do ballet foi concebido pela pintora e arqueóloga Nicolas Roerich, erudita em se falando de mataria de antiguidade eslava. As partes principais da partitura foram escritas em Clarens, na Suiça, durante o inverso de 1912-1913. A concepção coreográfica ficou na responsabilidade de Nijinski. O paganismo, tremendamente enraizado nas tradições culturais russas dominaram todo o sujeito da obra com efeitos primitivos e os mais paradoxais.
O “Sacre du Printemps” subdivide-se em duas grandes partes : le Baiser à la Terre e le grand Sacrifice, cada qual connstituido por uma série de jogos ritualísticos e cenas de encantamentos que levam respectivamente à la Danse de la Terre e à la Danse sacrale.
A primeira parte, chamada de ADORAÇÃO DA TERRA, inicia com uma longa Introduction, que é basicamente confiada aos instrumentos de sopro. Inicia com um tema de fagote na região aguda tirado de um canto popular da Lituânia. A entrada progressiva dos instrumentos alcança um nível muito cerrado das linhas instrumentais diversas. Depois de uma reexposição do tema inicial , surge Les Augures printaniers com a Danse des adolescentes, em acordes repetitivos das cordas e acentos sincopados, uma dança selvagem, ornamentados por pequenos arabescos e motivos dos instrumentos de sopro.
No Jeu du rapt uma melodia simples e popular é apresentada pelas trompas e trombones, extendendo-se por diversos instrumentos de sopro agudos sobre o trêmulo das cordas em um pedal, culminando com um fortíssimo marcatíssimo, o tema principal do episódio, feito de notas de valores iguais.
Les Rondes printanières surge uma passagem de tranqüilidade com clarinetes na região aguda, fornecendo aí o primeiro motivo. Na seqüência, as cordas graves auxiliadas pelos fagotes e clarinetes graves, apresentam o motivo base desta seção. Tomando conta de toda a orquestra, aos poucos, em cuidadoso processo de acrescentação, esse motivo é substituído pelo primeiro tema, que agora reaparece na flauta e no oboé. Uma forte intervenção dos tímpanos acompanhado pelos trombones e tuba, anuncia um novo quadro.
A grande cena dos Jeu des cités rivales possui dois temas principais, sendo um apresentado pelas trompas e trompetes de forma rítmica marcada por constantes diálogos, o outro tema é apresentado sobre quatro notas conjuntas entre os oboés e os clarinetes com características de encantamento.
Duas cenas curtas e intensas fecham a primeira parte do ballet: le Cortège du Sage, solene com repetições de formulas lacônicas aos metais pontuadas por golpes de tímpanos. Depois de atingir e sustentar um fortíssimo a orquestra toda silencia para dar lugar a quatro compassos misteriosos, quase inaudíveis, chamados pelos tímpanos, surge a Danse de la Terre. O furor rítmico volta a tomar conta de toda a orquestra; os pratos são inseridos para auxiliar na marcação dos motivos apresentados pelos metais.
A primeira parte da obra encerra-se em um tempo fraco do compasso, assegurando a continuidade da obra.
A segunda parte – O SACRIFÍCIO – possui igualmente uma introduction. Episódio de clima estático, onde a flauta em sol associa-se a um violino solo para apresentar um tema logo respondido pelas cordas com características solísticas. Um segundo motivo aparece nos trompetes, associado a um ritmo bem marcado. As trompas retomam o motivo do início, sobre uma nota aguda das flautas, ligando diretamente esta parte aos Cercles mystérieux des adolescentes, que ampliam os temas repetitidos do ritual. É neste momento que percebemos a influência de Debussy. Sobre os trilos dos violinos divisi, a flauta apresenta um tema na região grave do instrumento, imediatamente ecoado pelos clarinetes. O ritmo torna-se mais marcado e um grande crescendo e um accelerando é notado. Onze fortes golpes de tímpano e bumbo, anunciaam a Glorification de l’élue. Constitue-se de uma seção agitada onde no início os compassos mudam constantemente. Surge aí uma austeridade grandiosa na Evocation des ancêtres, constituída por uma fanfarra coral de metais e madeiras, que sofrem intervenções das cordas e percussão. O desenho descendente do fagote e contrafagote anuncia a Action rituelle des ancêtres. Sobre uma marcação simétrica das cordas, metais e percussão, o corne inglês e a flauta desenvolvem o principal motivo melódico deste quadro, que logo explodirá nas trompas (8), trazendo uma relativa tranqüilidade com o tema das madeiras – arabescos e glissandos entre dois clarinetes graves indicam a aparição de um dos momentos mais complexos da obra: La Danse sacrale. A orquestra inteira anuncia pequenos motivos rítmicos com constantes acetuações deslocadas sobre graus cromáticos descendentes que geram uma sensação de pulso assimétrico e imprevisível, e parte central um último motivo popular ritual, se aliam aos limites da tensão nesta dança de morte. A formidável massa sonora resolve ao final com um inesperado arabesco desenhado pelas cordas, flautas e flautins, seguindo-se um único e curto acorde marcado pelos metais graves, percussão, violoncellos e contrabaixos, encerram o sacrifício.
O impacto auditivo desta obra, vem de uma condensação sem precedentes de todos os elementos da escrita musical. As harmonias resulta de uma sobreposição de movimentos melódicos, de acordes e tonalidades diferentes. A junção de timbres produzem efeitos acústicos brutos, provocando um frisson e uma vigorosa pulsação, que nos leva a uma associação da celebração ritual.
Quanto aos temas, são na sua maioria de origem popular do folclores russo e bem reconhecíveis, onde predominam compassos irregulares de 5, 7 e de 11 tempos.
A grande sorte paradoxal desta obra, é de não haver imitações de outros compositores, permanecendo isolada no universo sonoro musical.
ORQUESTRAÇÃO: a orquestra é de grandes proporções a saber
3. (Ott).(Fl alto - G). 4. (CI).3. (Cl.Picc).(BCl).4 (Cfg) – 8. (Cor picc).4.3.2 – 5 Tno (1 piccolo, 2 pequenos e 2 grandes com dois executantes), Triangulo, Tamburino, Guero (rape), Cimbali Antici, Piati, Gran Cassa, Tantan e Cordas.
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