terça-feira, 22 de maio de 2007

BRAHMS, Johannes - Sinfonia no.3 em Fá maior op.90

Ao contrário das anteriores, a Terceira foi a única que fez sucesso imediato, logo após sua estréia. Planejada desde 1880 e completada em 1883 durante o verão passado em Wiesbaden. É uma sinfonia muito mais avançada que as demais em termos de forma e conteúdo. Foi apresentada em Viena a 2 de dezembro de 1883, sob a direção do maestro Hans Richter que a nomeou de Heróica, heroísmo presente especialmente no primeiro movimento.
Influenciada por Beethoven e Schumann, esta obra é uma das mais fáceis do repertório de Brahms.
O primeiro movimento inicia-se com três acordes dos sopros, criando a tensão necessária para o início do tema inicial. Estes três acordes acontecem sobre as notas fa, fa bemol e fa, que correspondem às letras FAF, nas quais se viu tradicionalmente a divisa de Brahms frohh aber frei "Livre, mas solitário". A tensão nas cordas está ligada à vontade do heroísmo desprovido de qualquer tipo de angustia. Este movimento é provido de três temas, sendo que o segundo tema inicia-se com a mudança de tonalidade exposto pelo clarinete, com características leves e populares, seguindo-se um terceiro tema, derivado das células inicias de três notas sofrendo modulações criadas por arppeggios descendentes, culminando todo o processo expositório com um grande fortíssimo do tutti orquestral. Neste ponto surge o desenvolvimento, na primeira parte inicia-se com o segundo tema apresentado de forma jocosa e graciosa, em contraste à segunda parte que possui um caráter mais meditativo, conjugando as células do primeiro tema e as três notas inicias da sinfonia, culminando assim com a reexposição
O segundo movimento é formado por um primeiro tema de característica simples e doce, que se inicia pelos instrumentos de madeira. O segundo tema aparece nos clarinetes e fagotes que se assemelha a um recitativo. O terceiro tema é ouvido nos violinos passando para as madeiras. Um pequeno desenvolvimento baseado no primeiro tema é ouvido, passando por várias combinações orquestrais e modulações. Na última parte do movimento surge um novo tema que se faz ouvir nos violinos. A Coda final é rica e variada.
O terceiro movimento nada tem a ver com a forma do Scherzo, embora sua estrutura o lembre. O terceiro movimento destaca-se por suas cores veladas, impregnado por um caráter meditativo e uma tonalidade menor, de melodias fáceis de memorização e de rara beleza. O Trio está em la bemol maior e é contrastante com a primeira parte deste movimento, retornando à primeira parte logo em seguida mas com uma orquestração diferente do início.
O quarto movimento segue o padrão beethoveniano que faz despontar um grand finale como Beethoven o fazia. Inicia-se com uma vasta introdução com o tema que surge nas cordas. A exposição surge com um novo tema na trompa e no violoncello com grande virilidade. Após o tutti, surge uma lembrança do tema inicial da introdução que levam a um desenvolvimento sucinto. Neste desenvolvimento, os temas aparecem de forma fragmentada e combinados entre si, culminando com a reexposição em fortíssimo caminhando para a Coda Final, onde o tema principal reaparece com uma indicação de Poco sostenuto, voltando ai à tonalidade inicial.

Um comentário:

Anônimo disse...

Otimo trabalho.Apenas uma pequena observação:acredito que "Frei aber froh" na verdade signifique "Livre, mas feliz".Muito obrigada pelo seu tempo e dedicação,aprecio muito o seu trabalho