segunda-feira, 24 de setembro de 2007

SCHUMANN, Robert - MANFRED Ouverture, Op. 115

Quando terminou sua ópera Genoveva, Schumann iniciou a composição de música de cena sobre o poema dramático de George Gordon Noel Byron (1788-1824) – Manfred (1817). Desde sua infância Schumann tinha uma admiração por Manfred, herói enigmático e demoníaco.
Manfred (junho de 1817) é o primeiro drama poético de Byron que sem dúvida marcou grande número de escritores e artistas românticos. A obra foi iniciada na Suíça após viagem pelos Alpes em setembro de 1816 e o terceiro ato escrito em Veneza no início de 1817. Byron ainda não havia lido Faust de Goethe, mas M.G. Lewis, de passagem pela Villa Diodati, havia realizado uma tradução aproximada de viva voz que o tocou profundamente.
O principal tema da obra mostra o eterno sofrimento vivido pelos herois para um crime inexplicável e o seu ardente mergulho no mundo sobrenatural, buscando assim uma comunhão com a natureza e com os espíritos do universo, mas em vão. Manfredo tenta se jogar de alto precipício, salvo no último instante por um caçador de cabras monteses. Invocando as ninfas dos Alpes, o protagonista, em um longo monólogo dramático, confessa a sua falta imperdoável: seu amor incestuoso por sua irmã Astarte. Negando a se sujeitar a este espírito, desce ao fundo do reino dos infernos. Ahriman y trône sobre um globo de fogo cercado por Némésis e de Destinées. Manfred nega ainda ajoelhar-se; os Espíritos desejam seduzi-lo mas inicialmente chamam Astarté. Ele conjura com fogo o fantasma de sua amada para lhe falar e de pela última vez escutar uma doce música de sua voz. Ela responde avisando que que no dia seguinte seus maus humanos morrerão. Manfred volta ao castelo. O Abade de Saint-Maurice pede sem sucesso que ele se arrependa. Logo que os espíritos infernais aparecem para encaminha-lo à morte, Manfred os desafia todo o poder antes de entregar sua alma. Ao encontra-la, é acolhido num mundo purificado e ao expirar reencontra finalmente a paz.
A música de cena inclui uma dezena de números, composta entre 1848 e 1849 em Dresden, depois revista em 1851, quando Schumann escreve realmente a abertura. A primeira audição da obra aconteceu sobre sua regência a 14 de março de 1852 em Leipzig e a apresentação integral da obra aconteceu a 13 de junho em Weimar com a direção de Liszt.
A abertura sintetiza toda a história e tem a forma de Allegro de Sonata, que expõe três temas principais. A Introdução é lenta e tem por base um motivo cromático tenso que representa o desespero de Astarte, este faz surgir um novo tema apaixonado que representa a paixão de Manfred por Astarte. Este tema provoca um terceiro tema em forma de progressão cromática ascendente que é chamado de Astarte. Segue-se um amplo desenvolvimento e a Coda é lenta onde se ouve o tema utilizado na introdução. Os demais temas são expostos de uma forma mais dramática e sombria através de sua orquestração demonstrando assim a fatalidade do personagem Manfred.

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