segunda-feira, 24 de setembro de 2007

STRAUSS, Richard - Assim falou Zaratustra

Richard Strauss tinha 32 anos, em 1896, quando compôs Assim falou Zaratustra, inspirado no texto poético de Nietzsche. Já era um mestre no poema sinfônico, o que ficara demonstrado com Don Juan, Morte e Transfiguração e As alegres aventuras de Till Eulenspiegel. Para o ouvinte moderno, entretanto, o Zaratustra é a marca registrada de Strauss, a partir da inesquecível chamada de trompete que Stanley Kubrick utilizou em 2001, uma odisséia no espaço. Strauss uma vez gabou-se de que podia descrever qualquer coisa em música e temas do texto de Nietzsche dão título às diversas partes da obra. Mas seria fútil procurar, aqui, por uma tradução musical de idéias filosóficas. Estamos no terreno da sugestão e nissi Strauss é mestre. Não por acaso Kubrick usou o tema inicial como símbolo da eterna busca do homem por uma evolução biológica ou espiritual que justifique a sua aventura sobre a terra. Uma das seções chama-se exatamente A grande inspiração. Uma outra, Alegrias e paixões, refere-se ao texto em que Niezstche discuta as necessidades de emoções fortes e como elas podem ser transformadas em virtudes. Quando trata Da ciência, Strauss apropriadamente mostra o seu domínio da fuga. Em O convalescente, as animadas transformações do tema da fuga traduzem a renovada força e vigor de Zaratustra, no momento em que ele se prepara para transmitir a sua mensagem ao povo. Nada há aqui que se compare a uma sinfonia de Mahler, na substância e na força; mas, a todo momento, encontramos o Strauss que era capaz de dar vida ao tecido orquestral.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acabei de ouvir o comentário do maestro Lorenção sobre o significado da obra Assim Falou Zaratrusta. Ele diz que Strauss não quis fazer uma tradução da filosofia de Niezstche, mas fazer um poema sinfônico sobre o que vc diz resumidamente: a busca eterna do homem do significado da vida.
O maestro refere a descrição dada pelo proprio Strauss e diz que se tem uma gargalhada no final do poema. Ora, não consegui identificar esta gargalhada.
Existe mesmo? Gostaria de ter o texto desta declaração de R. Strauss.
Dra. Alice Teixeira Ferreira. E-mail: alice@biofis.epm.br