segunda-feira, 24 de setembro de 2007

STRAUSS, Richard - Morte e Transfiguração, Op. 24

Foi composta em 1890 com estréia em Paris. É um poema sinfônico em forma de sonata, forma esta que o consagrou compositor a partir de 1886. É o primeiro poema sinfônico do compositor baseado em uma narrativa. Solicitado a seu amigo Alexander Ritter compôs um poema uma série de 60 versos, considerados ruins, entretanto o texto que se segue foi escrito mais tarde e só representa uma transcrição literária do programa sinfônico que permitisse um melhor entendimento ao ouvinte. “Num quarto miserável, iluminado por uma lamparina, um doente jaz em seu leito. A morte se aproxima em meio ao silêncio cheio de terror. De vez em quando, o infeliz sonha e se acalma em sua lembranças. Sua vida desfila diante de seus olhos: sua infância inocente, sua juventude feliz, as lutas da idade madura, seus esforços para atingir o sublime objetivo de seus que sempre lhe escapa. Ele continua a persegui-lo e, enfim, acredita alcança-lo. Mas a morte o contém com um trovejante ‘Alto!’. Ele luta desesperadamente e se obstina, mesmo na agonia, em realizar seu sonho. Mas o martelo da morte destrói seu corpo e a noite se estende sobre seus olhos. Então ressoa no céu a palavra de salvação à qual ele, em vão, aspirava na terra: Redenção, Transfiguração!”
Este monodrama orquestral é reconhecido como o precursor do expressionismo da música.
Strauss, no leito de morte, teria dito a seu filho: “Agora posso afirmar-te que tudo o que compus em Morte e Transfiguração era perfeitamente justo: vivi exatamente tudo aquilo nestas últimas horas...”
Os poemas sinfônicos formam a parte mais querida pelo público da obra de Strauss. A grande parte deles foi composta entre 1886 e 1898, nos anos posteriores à estadia em Meiningen. Neles Strauss mostra-se um orquestrador de enorme estatura, do calibre de um Rimsky-Korsakov, de um Ravel. Como o maestro Sir Georg Solti gostava de exagerar, "em Strauss a orquestração é tão fantástica que até quando a música é mal tocada ela soa maravilhosamente bem".
Cada um dos poemas sinfônicos de Strauss é um pequeno universo em formas clássicas expandidas, como é o caso de Till Eulenspiegel é um complexo rondó e Morte e transfiguração uma forma-sonata bastante modificada.
O conjunto dos poemas sinfônicos de Strauss formam, certamente, o mais criativo e elaborado já composto no gênero, e estão entre as obras mais interessantes do compositor e as mais executadas.

Um comentário:

laércio disse...

A obra "Morte e Transfiguração", quanto ao misticismo, parece seguir a idéia espírita no momento da morte física. Por outro lado, as nuances contidas no desenvolvimento da música até o seu clímax que é a transfiguração,encadeiam-se, perfeitamente,dentro do motivo proposto por Strauss, tendo sido, pois, este compositor, muito feliz ao criar obra de tanto conteúdo.