Originalmente é uma obra que mistura ao mesmo tempo, narração, dança, pantomima, teatro e música. É baseada em uma história surreal russa sobre temas folclóricos, intencionalmente tola, fantasiosa, em resposta ao caos e miséria provocados pela guerra. Conta a narrativa que um soldado comum teria negociado seu violino com o diabo em troca de um livro que previsse o futuro.
Stravisnky indignado com a morte de milhões de soldados, escreveu esta obra na Suíça, país neutro e calmo durante a primeira guerra mundial. O texto é do novelista suíço Charles-Ferdinand Ramuz, e a coreografia original foi concebida por Anna Sokolow
Esta é uma história “real” de Stravisnky, que ao invés do soldado estar armado com um rifle, granadas, bombas, ou lanças, está armado com um violino.
A música de Stravisnky possivelmente obtém a resposta às suas perguntas a suas indignações dos milhões de soldados inocentes que sofreram e morreram durante a guerra quando da utilização de temas folclóricos russos e nas irônicas melodias modificadas, que tentam mostrar este momento histórico que foi real de um soldado sujo sem motivação e com seu moral baixo.
Stravinsky fala sobre a sua obra assim: “Estava na primavera de 1917, quando comecei a pensar nesta obra, embora na época eu não consegui começar fazer nada, já que eu estava debruçado sobre Les Noces e sobre o poema sinfônico Rossignol. Depois da guerra, eu tive a intenção de escrever um espetáculo dramático para um teatro ambulante. Como eu tinha pensado na ocasião, seria um grupo pequeno de intérpretes para poder realizar uma tournée no interior da Suíça. A historia que me seduziu era de um soldado russo que desejava fazer com que o Diabo bebesse muita Vodka. Eu descobri outras histórias que envolvia um soldado e o Diabo, e resolvi então colecionar estas histórias. A compilação dos diversos textos foi feito por Afanasiew, que os recrutou entre os camponeses logo após a guerra russo-turca e por mim mesmo, mas o libretto foi escrito por Charles-Ferdinand Ramuz. Eu trabalhei com ele traduzindo o meu texto russo palavra por palavra. Os textos são efetivamente cristãos, e o Diabo é o Diabulus da cristandade, um personagem vivo, multifacetado. A primeira idéia era trnsportar o período e o estilo de nossa peça para uma época indeterminada, por volta de 1918 não importa que país, sem tocar no aspecto relígio-cultural do Diabo. O soldado estará uniformizado como um simples soldado do exército suíço em 1918. Os nomes nos locais como Denges e Denezy, são fictícios. Embora a peça seja neutra, nosso soldado é definitivamente visto como a vítima do conflito mundial em curso na época. Esta obra está entre minhas obras cênicas com alusão contemporânea”.
Stravisnky indignado com a morte de milhões de soldados, escreveu esta obra na Suíça, país neutro e calmo durante a primeira guerra mundial. O texto é do novelista suíço Charles-Ferdinand Ramuz, e a coreografia original foi concebida por Anna Sokolow
Esta é uma história “real” de Stravisnky, que ao invés do soldado estar armado com um rifle, granadas, bombas, ou lanças, está armado com um violino.
A música de Stravisnky possivelmente obtém a resposta às suas perguntas a suas indignações dos milhões de soldados inocentes que sofreram e morreram durante a guerra quando da utilização de temas folclóricos russos e nas irônicas melodias modificadas, que tentam mostrar este momento histórico que foi real de um soldado sujo sem motivação e com seu moral baixo.
Stravinsky fala sobre a sua obra assim: “Estava na primavera de 1917, quando comecei a pensar nesta obra, embora na época eu não consegui começar fazer nada, já que eu estava debruçado sobre Les Noces e sobre o poema sinfônico Rossignol. Depois da guerra, eu tive a intenção de escrever um espetáculo dramático para um teatro ambulante. Como eu tinha pensado na ocasião, seria um grupo pequeno de intérpretes para poder realizar uma tournée no interior da Suíça. A historia que me seduziu era de um soldado russo que desejava fazer com que o Diabo bebesse muita Vodka. Eu descobri outras histórias que envolvia um soldado e o Diabo, e resolvi então colecionar estas histórias. A compilação dos diversos textos foi feito por Afanasiew, que os recrutou entre os camponeses logo após a guerra russo-turca e por mim mesmo, mas o libretto foi escrito por Charles-Ferdinand Ramuz. Eu trabalhei com ele traduzindo o meu texto russo palavra por palavra. Os textos são efetivamente cristãos, e o Diabo é o Diabulus da cristandade, um personagem vivo, multifacetado. A primeira idéia era trnsportar o período e o estilo de nossa peça para uma época indeterminada, por volta de 1918 não importa que país, sem tocar no aspecto relígio-cultural do Diabo. O soldado estará uniformizado como um simples soldado do exército suíço em 1918. Os nomes nos locais como Denges e Denezy, são fictícios. Embora a peça seja neutra, nosso soldado é definitivamente visto como a vítima do conflito mundial em curso na época. Esta obra está entre minhas obras cênicas com alusão contemporânea”.
NARRAÇÃO
NO TEMPO MUSICAL
Cansado de caminhar, um soldado volta ao lar.
Vem de muito longe. Andou, andou, muito ele andou.
Só tem dez dias de folga.
Impaciente por chegar e já morto de tanto andar.
ANTES DA CENA 1
O soldado sentou-se à beira de um regato e abriu seu embornal.
“ - Que lindo lugar..., se não fosse esta vida!!!
Sempre marchando, sem nenhum tostão...
Vejam só! Meus trastes todos de pernas pro ar!!!
Até a medalha de São João, meu padroeiro, eu perdi ..... achei, que sorte!!!
Puxa, nada de dinheiro....”
E o Soldado continua a remexer suas coisas, papéis, cartuchos, um espelho que mal refletia sua imagem. A foto da noiva, mas continuou procurando, procurando, até encontrar seu querido violino. Enquanto afina o violino, pensa:
“ – Bem se vê que é ordinário, precisa afiná-lo o tempo todo...”
E começa a tocar...
LER NA CIFRA 17
Eis que surge o Diabo, disfarçado de um velho caçador de borboletas, o Soldado não o viu. O Diabo se aproxima e se coloca atrás dele.
LER ANTES DA CENA 2
“ – Ei, Soldado, me dá esse violino!!!”
“ - Não!!!” - responde o Soldado
“ – Vende então!!!”
“ - Também não!!!!”
O Diabo pega um livro que traz consigo e sugere:
“ – Troca por esse livro.”
“ – Eu não sei ler” – diz o soldado.
Mas o Diabo insiste:
“ – Não é preciso saber ler, quere apostar? Trata-se de um verdadeiro tesouro, é só abri-lo e embasbacar! Jóias, moedas, ouro!!!”
O Soldado pede para ver o livro antes da troca, e o Diabo aceita.
“ – Não adianta tentar ler, soldado, pois não vai entender nada.”
“ – É, eu não entendo nada.”
Mas o Diabo o anima:
“ – Vai, vai folheando, vai folheando...”
O Soldado continua:
“- Mas esse livro vale muito dinheiro, meu senhor, e o violino não me custou quase nada!”
Mesmo assim o Diabo insiste na troca, que finalmente é feita.
O Diabo, após ter tentado tocar o violino, pergunta ao Soldado:
“- Como é, vem comigo?”
“ – Para que, meu senhor?”
“- Você tem que me ensinar a tocar.”
“ – Mas eu só tenho 10 dias de folga.”
“ – Eu te empresto meu carro, não há distância que não vença.”
“- Mas minha mãe e minha noiva estão esperando.”
“ – Logo irá vê-las.”
“ – Mas qual é o caminho?”
“–Irá no meu carro alado, ficará bem hospedado, limpo, descansado, 2 ou 3 dias de passeio extraordinário, e depois, para sempre milionário.”
“ – E o que vamos comer? Pergunta o soldado”
“ - Manjares até não mais poder.”
Arrumando animado suas coisas o Soldado continua:
“ - E prá molhar a goela?”
“ – Vinho velho e delicado.”
“- E a gente pode fumar?”
“- Charutos de Havana, os melhores....”
“- Pois bem, meu senhor, estou a sua disposição.”
“ – Vem comigo, então.”
TOCA MÚSICA CENA 2
E o velho levou o Soldado consigo, e veremos que disse exatamente a verdade, pois o Soldado João pôde comer e beber a vontade. Foi muito bem tratado e ensinou o velho a tocar o violino para, em troca, o livro poder folhear.
SEGUE MÚSICA CENA 2
LER APÓS FERMATA DA CIFRA 5, DURANTE REPETIÇÕES DA MÚSICA DE CENA 2
Dois dias o Soldado passou prazenteiro, mas finalmente veio o terceiro quando, assustado com a enlouquecida disparada do carro alado, vê-se em seu velho lar e reconhece seus amigos e familiares que não lhe dirigem nem mesmo uma palavra. João fica muito perturbado:
“ – Não foram 3 dias, mas 3 anos!!! Tomam-me por um fantasma, não passo de um morto entre os vivos. Devia ter desconfiado dele, mas fiquei a ouvi-lo como um pateta, e até meu violino eu entreguei. Desgraçado de mim o que é que eu vou fazer???”
Enquanto isso, agora disfarçado de negociante, o Diabo se aproxima sem o Soldado perceber.
CENA II DA 6
Então, vendo o Diabo, parte em sua direção para o ataque, mas este, com grande lábia, ilude novamente o Soldado mostrando-lhe seu violino e dizendo:
“ – O que é meu é meu, o que é teu é teu . Agora cada um com o que é seu.”
SUONA DA 6
João começou a ler o livro, e o resultado foi cada vez mais dinheiro, dinheiro, dinheiro. Leu quanto pode e tirou quanto quis e com todo aquele dinheiro pensou logo em negociar, artigos de senhoras primeiro. E assim foi só começar. Mas, arrependido começa a pensar.
“ –Ah!!! Meus fins-de-semana, minhas noites de sábado, quando as moças regavam o jardim... As meninas brincavam de cabra cega, a gente atravessava o portão, sentava-se na relva, tomava um refresco. Ah! As coisas simples, as únicas que falam ao coração. Eles não têm nada e têm tudo, e eu, que tenho tudo, nada tenho!!! Nada, nada, e não posso voltar atrás. Satã, tu me roubaste!!! O que fazer? Será que o livro explica? Ei livro, pode me responder o que fazer para ser feliz??? O que fazer para nada ter??? Você deve saber... o que fazer para retroceder???”
Então ouve a voz de uma velhinha com várias coisas a vender, inclusive um violino que muito lhe interessa. O Soldado João tenta tocar, mas o violino permanece mudo. Ele procura a velhinha, que era novamente o diabo disfarçado, mas ele sumiu, e João irritado atira o violino ao chão.
CENA III – PARTE 2 – MARCHA DO SOLDADO
Cansado de caminhar, o Soldado segue em frente. Aonde ele vai assim? Anda há tanto tempo! Passa o riacho e depois a ponte. Aonde ele vai? Alguém sabe?
Nem mesmo ele sabe para onde ir, pega então outra estrada, sem suas riquezas, tentando ser de novo como outrora. Eis que surge um outro lugar, uma linda cidade, um bar, que felicidade!!! Beber um trago, que tal??? Um golinho não faz mal. E olhando para fora, pôs-se a contemplar a paisagem, o leve tremer da folhagem, muito suave àquela hora. De repente ouve-se o rufar de um tambor.
CAIXA ENTRA
É o Rei desesperado com o grave estado de sua filha! Ela está enlouquecendo de dor! O Rei anuncia que dará a mão da princesa àquele que a curar.
PARADA DA CAIXA
Neste momento João ouve uma voz a lhe falar:
“ –Que tal a princesa? Vai lá e banca o médico, nada irá arriscar, diga: ‘Sou médico militar’. Mesmo que não dê certo, vale a pena tentar... ”
Por que não? O Soldado ergue-se animado e vai embora sem demora. E nos jardins do Palácio os guardas lhe perguntam:
“ –Onde vai com tanta pressa?”
“ –À casa do Rei, ora essa!!!”
TOCA A MARCHA REAL
LER ANTES DO PEQUENO CONCERTO
Mandaram tocar a música na chegada do Soldado ao Palácio, ele foi muito bem recebido, até que o Rei chegou e perguntou se ele era médico, João respondeu: sou médico militar. O Rei estava desanimado, pois vários médicos tentaram curar a princesa, mas todos fracassaram, João lhe garantiu que tinha um remédio infalível. Então o Rei lhe disse:
“ – Amanhã verá minha filha.”
Durante a noite João fica num quarto brincando com um baralho e pensando:
“ –Vou me casar com a Princesa, que além disso é uma beleza...”
Ao pensar, isso ouviu uma voz muito conhecida dizendo:
“ –Alguém chegou primeiro...”
Era o Diabo com o violino.
“ –Está perdido meu amigo, pois o remédio está comigo.”
E o Soldado cabisbaixo reconhece que o Diabo tem o poder, pois ele tem o remédio e João nada pode fazer.
Novamente João ouve alguém falando para ele.
“ –Vamos, você tem que dominá-lo, ele está te dominando porque você está com o dinheiro, jogue com ele e deixe-o ganhar.”
Começa o jogo, e o Soldado propositadamente perde todas as partidas, e à medida que o Diabo vai ganhando, vai perdendo suas forças. João dá bebida ao Diabo que está cada vez mais fraco. João tenta pegar o violino, mas o diabo ainda não bebeu o suficiente, João vira vários copos na boca do Diabo, que finalmente cai desmaiado.
Novamente a voz fala a João:
“– Vamos, Soldado, recupera o que é teu!!!”
O Soldado pega o violino e começa a tocar.
TOCA PEQUENO CONCERTO
LER CIFRA 28
“–Senhorita, agora já se pode afirmar que com certeza vai sarar, vamos depressa vê-la, pois que já podemos tê-la, e quando a encontrar é só chegar e ousar, vou correndo para lá, sou forte. Saí do inferno, vou tirá-la da morte”.
João entra no quarto e vê a Princesa deitada na cama, sem se mexer. Ele pega o violino e começa a tocar.
LER ANTES DA CIFRA 4
A Princesa abre os olhos, vira-se para o Soldado e senta-se na cama.
TOCA O TANGO, VALSA E RAGTIME
LER ANTES DA DANÇA DO DIABO
O Soldado e a Princesa estão se beijando no quarto, quando ouvem gritos horríveis vindos do lado de fora. É o Diabo que entra no quarto, dessa vez sem nenhum disfarce, e fica rodeando o soldado e suplicando para que ele lhe dê o violino e algumas vezes tenta arrancar o instrumento à força. A Princesa refugia-se atrás do Soldado de maneira a conservar-se escondida atrás dele. O Diabo, ora recua, ora salta e o Soldado começa a tocar o violino.
TOCA MÚSICA DANÇA DO DIABO
LER ANTES DO PEQUENO CORAL
Em vão, o Diabo tenta unir as pernas com as mãos. Cai no chão. O Soldado toma a Princesa pela mão, vê-se que ele não tem medo e dança com ela em volta do Diabo.
A Princesa pega o Diabo por uma das patas, ambos o arrastam para fora do quarto.
Livres do Diabo voltam a se abraçar.
TOCA O PEQUENO CORAL
LER DURANTE A CANÇÃO DO DIABO
“ –Está bem, por enquanto.” – diz o Diabo - “Mas o reino não é tão grande assim, e quem a fronteira passar em meu poder há de ficar. Melhor não ir além do permitido, senão a bela Princesa terá que voltar ao leito, e quanto ao Príncipe, seu bom marido, é bom que se disponha a andar, pois sei de um lugar, bem profundo, onde bem vivo vai assar.”
TOCA CORAL
LER NA FERMATA 1
Não se pode querer tudo ao mesmo tempo. Impossível viver no passado e no presente. É preciso saber escolher e não tudo querer obter. Pois a verdadeira ventura é uma somente.
Agora tenho tudo, pensa o Soldado. Até que um dia, a Princesa lhe diz:
“ – Eu não sei nada de você, conta para mim, me fala um pouco de você.”
“ – Há muitos anos passados, no tempo que eu era soldado, vivia com minha mãe num lindo lugarzinho, longe, bem longe daqui, mas esqueci o caminho.”
“ – E se a gente fosse lá?” – sugere a Princesa.
“ – Você sabe que é proibido.”
“ –Mas nós voltamos logo e ninguém saberá do acontecido. Vai, confessa. Você bem que gostaria de ir. Sim, você está louco para voltar, estou lendo nos teus olhos, não adianta negar.”
O Soldado acha que não convém arriscar, mas lembra-se da mãe, tem esperança de que ela o reconheça e venha morar com eles. Então eles decidem ir para a cidade. Na pressa de chegar, ele atravessou a fronteira sem perceber que a princesa havia ficado para trás.
Ao atravessar a fronteira, o Diabo apareceu diante dele, estava com o violino novamente e começou a tocar a Marcha Triunfal do Diabo.
COMEÇA A MÚSICA
O Soldado abaixa a cabeça e põe-se a seguir o Diabo. A Princesa o chama, ele pára um instante, mas prossegue, pois nada pode fazer, está sob total domínio do diabo novamente.
FIM.
2 comentários:
Obrigado maestro...
vou dirigir no S.Pedro/SP esta obra no dia 19 de junho e estava pesquisando o que já foi publicado sobre. Muito bom seu blog, add nos meus favoritos!
Abraço
Caetano Vilela
Bom, muito bom. Bravo, Bravissimo.
Fernando Machado
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