terça-feira, 8 de maio de 2007

BEETHOVEN, Ludwig van - MISSA SOLEMNIS, Op. 123

Dentro das principais Missas, consideradas clássicas (Bach e Bruckner), a de Beethoven possui uma forma sinfônica, em 5 movimentos: Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus e Agnus Dei. A obra possui um estilo dramático, é só observar as palavras do próprio Beethoven:
“do coração! Que possa retornar aos corações”.
Primeira audição em 6 de abril 1824 em São Petersburgo
Ludwig van Beethoven compôs duas missas e um singular oratório intitulado Cristo no Monte das Oliveiras, além de duas cantatas compostas na juventude; essa foi toda a sua produção religiosa. A segunda missa, a impressionante Missa Solemnis, op. 123, por sua alta qualidade musical já seria suficiente para garantir a Beethoven um lugar na história da música. Composta para homenagear o arquiduque Rodolfo, a Missa Solemnis é tão extraordinária que a sua audição fora de uma sala de concertos é praticamente impossível. Os elementos que necessita para a sua execução extrapolam as dimensões de uma igreja de tamanho normal: quatro solistas (soprano, contralto, tenor e baixo), um grande coro, uma orquestra de cordas, duas flautas, dois oboés, dois clarinetes, dois fagotes, corno de bassetto, quatro trompas, dois trompetes, três trombones, timbales e um órgão. Sua estrutura segue as seções tradicionais de Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus/Benedictus e Agnus Dei, apesar de ser longa demais para a utilização litúrgica convencional. Além disso, seus textos em certas partes se afastam do dogma católico. Tremendamente complexa, a Missa Solemnis não se parece a nada: é única.
Assim o Kyrie, é um hino piedoso e solene, deve ser cantada com devoção. A parte central em forma de moteto (si menor e fa# menor) , é cantada pelos solistas e termina em pianíssimo. A volta do Kyrie, reintroduz a tonalidade principal e intensifica a harmonia numa bela alternância do coro e dos solistas em comovida prece que se extingue lentamente. O texto sagrado conduz aos movimentos seguintes, o Gloria e o Credo. Enquanto que na Missa em si menor de Bach, e o Gloria é cheio de alegria sobre humana, o canto de louvor de Beethoven encontra-se animado de incessante agitação. O Et in terra pax, traz o primeiro repouso porém o arrebatamento retorna com o Laudamus Te. A expressão, bem como a tonalidade é a seguir variável, até que a tonalidade principal seja reencontrada com o Pater omnipotens. A segunda parte do Gloria contem um expressivo Larghetto, o Qui tollis peccata mundi, que Beethoven concebeu como lamento e uma prece de tão comovente humanidade, de tal personalidade que ele próprio acrescentou um “o” para os solistas, e um “ah” para o coro, antes dos apelos finais do Miserere. A parte conclusiva deste movimento principia na tonalidade principal com um Quoniam tu solus Sanctus, espantosamente curto e agitado, culminando na grandiosa fuga coral do In gloria Dei Patris, onde Beethoven desenvolve uma arte contrapontística excepcional. Na conclusão, o início do Gloria que retorna acelerado até ao Presto dá desta maneira uma unidade sinfônica ao movimento.
O Credo, em sib maior, de acordo com o caráter do texto, é ainda mais variado e expressivo. Desde o início, sentimos o esforço tremendo que Beethoven realiza para nos transmitir sua fé. O Et incarnatus est e as outras seções que se seguem, falando da vida, crucificação, ressurreição e ascensão de Cristo; em Cuius regni non erit finis, a palavra non é expressamente repetida para maior ênfase, do mesmo modo que mais tarde a palavra credo. O final constitui, em duas fugas sobre o mesmo tema, a visão da vida eterna, Et vitam venturi saeculi, e nas exclamações finais do Amen, reaparece o tema original do Credo.
No Sanctus, o canto de louvores reflete uma prece humana, um Adágio e a meditação. Após o curto Pleni sunt coeli, fugado, e o Osanna, a meditação se expande em figuração. A melodia o solo de violino, desce flutuando das mais elevadas paragens, reconstitui o milagre da descida de Jesus e da transubstanciação. O Benedictus, é no amplo sentido, a música de transição, cujo caráter se infiltra no desenvolvimento posterior, indo além da repetição do Osanna.
O Agnus Dei, constitui o Finale deste grande sinfonia coral. Miserere nobis! É aqui, com o solo inicial do baixo, em si menor, e após com o expressivo refrão do coro, que a lamentação alcança maior profundidade. Depois a severidade diminui e a prece de paz que é o Dona nobis pacem, introduz e faz retornar suavemente a tonalidade original de re maior. Sem embargo, ainda não reina paz no mundo exterior. Oração pela paz interior e exterior, foi o substituto anotado pelo autor para esta parte. O primeiro interlúdio orquestral sugere uma perturbação na paz exterior. O equilíbrio íntimo parece se estabelecer. Dona nobis pacem soa como se fora uma fuga solene. O tema é uma reminiscência do Messias de Haendel, cujo texto Der Herr regiert von nun na auf ewig (Agora o Senhor reinará para sempre). Todavia não são as tempestades exteriores as que verdadeiramente nos perturbam; são os da alma. O Scherzo orquestral que se segue é extraordinário pelo rude, veemente contraponto. O Dona nobis pacem, que se sucede, é cantado pelo coro, na tonalidade de sib maior, e constitui autêntico apelo pela paz. Então a tonalidade principal de re maior e o compasso de 6/8, são alcançados após um lento desdobramento. Nessa atmosfera de esperança ante a paz ainda incerta do Dona nobis pacem do coro final, ouvimos os tímpanos em si bemol ribombarem ainda duas vezes – eco da paz perturbada. Beethoven conclui a missa sem acrescentar o grande final redentor.



KYRIE

Kyrie eleison
Senhor, tem piedade
Christe eleison
Cristo, tem piedade
Kyrie eleison
Senhor, tem piedade


GLORIA

Gloria in excelsis Deo
Glória a Deus nas alturas
Et in terra pax hominibus
e paz na terra aos homens
bonae voluntatis.
de boa vontade


Laudamus te, benedicimus te,
Nós te louvamos, nós te bendizemos
adoramus te, glorificamus te.
Nós te adoramos, nós te glorificamos


Gratias agimus tibi
Damos graças a Ti
propter magnam gloriam tuam
pela tua glória infinita.


Domine Deus, Rex coelestis
Senhor Deus, Rei dos céus,
Deus Pater Omnipotens,
Deus Pai onipotente,
Domine Fili unigenite Jesu Christe,
Senhor Jesus Cristo, filho único de Deus,
Domine Deus, Agnus Dei, Filius Patris.
Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho do Pai.


Qui tollis peccata mundi
Tu que tiras os pecados do mundo
miserere nobis.
tem piedade de nós.
Qui tollis peccata mundi
Tu que tiras os pecados do mundo
suscipe deprecationem nostram.
aceita nossa súplica.
Qui sedes ad dexteram Patris
Tu que estás sentado à direita do Pai
miserere nobis.
tem piedade de nós.


Quoniam tu solus sanctus,
Porque só Tu és santo,
tu solus Dominus, tu solus altissimus,
só Tu és o Senhorr, só Tu o altíssimo,
Jesus Christe.
Jesus Cristo.
Cum Sancto Spiritu,
Com o Espírito Santo
in gloria Dei Patris.
na glória de Deus Pai.
Amen.
Amém.
Gloria in excelsis Deo
Glória a Deus nas alturas

CREDO

Credo in unum Deum,
Creio num só Deus,
Patrem omnipotentem,
Pai Todo-Poderoso,
factorem coeli et terrae,
criador do céu e da terra,
visibilium omnium et invisibilium.
de todas as coisas visíveis e invisíveis.


Credo in unum Dominum Jesum Christum,
Creio num só Senhor, Jesus Cristo,
Filium Dei unigenitum
Filho unigênito de Deus
et ex Patre natum
e nascido do Pai
ante omnia saecula.
antes de todos os séculos.


Deum de Deo, lumen de lumine,
Deus de Deus, luz de luz,
Deum verum de Deo vero,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
genitum, non factum,
gerado, não criado,
consubstantialem Patri,
consubstancial ao Pai,
per quem omnia facta sunt.
por quem todas as coisas foram feitas.


Qui propter nos homines
O qual por nós homens
et propter nostram salutem
e para nossa salvação
descendit de coelis.
desceu dos céus


Et incarnatus est de Spiritu Sancto
E se encarnou, por obra do Espírito Santo,
ex Maria virgine,
da Virgem Maria
et homo factus est.
e se fez homem.
Crucifixus etiam pro nobis,
Foi crucificado por nós,
sub Pontio Pilato
e sob Pôncio Pilato
passus et sepultus est.
padeceu e foi sepultado.


Et ressurrexit tertia die,
Ressuscitou ao terceiro dia,
secundum scripturas.
segundo as escrituras.
Et ascendit in coelum,
E subiu ao céu,
sedet ad dexteram Patris,
está sentado à direita do Pai,
et iterum ventursu est cum gloria,
e outra vez há de vir com glória
judicare vivos et mortuos,
para julgar os vivos e os mortos,
cujus regni non erit finis.
e o seu reino não terá fim.


Credo in Spiritum Sanctum,
Creio no Espírito Santo,
Dominum et vivificantem,
Senhor e fonte de vida,
qui ex Patre Filioque procedit,
que procede do Pai e do Filho,
qui cum Patre et Filio
que com o Pai e o Filho
simul adoratur et conglorificatur,
é igualmente adorado e glorificado,
qui locutus est per prophetas.
e que falou por meio dos profetas.


Credo in unam sanctam,
Creio na santa Igreja
catholicam et apostolicam ecclesiam,
católica e apostólica,
confiteor unum baptisma
confesso um só batismo
in remissionem peccatorum.
para a remissão dos pecados,
Et expecto ressurrectionem mortuorum
e espero a ressurreição dos mortos
et vitam venturi saeculi.
e a vida eterna.
Amen.
Amém.


SANCTUS

Sanctus, sanctus, sanctus Dominus,
Santo, santo santo é o Senhor,
Dominus Deus Sabaoth.
Senhor Deus do Universo.
Pleni sunt coeli et terra
Cheios estão os céus e a terra
gloriae tuae.
de tua glória.
Osanna in excelsis.
Hosana nas alturas.


Benedictus qui venit in nomine Domini
Bendito o que vem em nome do Senhor.
Osanna in excelsis.
Hosana nas alturas.


AGNUS DEI

Agnus Dei,
Cordeiro de Deus
qui tollis peccata mundi,
que tiras os pecados do mundo,
miserere nobis.
tem piedade de nós.
Agnus Dei,
Cordeiro de Deus,
qui tollis peccata mundi,
que tiras os pecados do mundo,
miserere nobis.
tem piedade de nós.
Agnus Dei,
Cordeiro de Deus,
qui tollis peccata mundi.
que tiras os pecados do mundo.


Dona nobis pacem.
Dá-nos a paz.

Agnus Dei,
Cordeiro de Deus
qui tollis peccata mundi,
que tiras os pecados do mundo,
miserere nobis.
tem piedade de nós.
Dona nobis pacem.
Dá-nos a paz.

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