quarta-feira, 9 de maio de 2007

BERNSTEIN, Leonard – Candide

Uma peça escrita a muitas mãos.
Em 1953 a dramaturga Lillian Hellman propôs a Leonard Bernstein a criação de um musical baseado na novela "Cândido, ou o Otimismo", de Voltaire (1694-1778), uma sátira às correntes filosóficas da moda no século XVIII – a chamada Idade das Luzes - e principalmente à Igreja Católica na Inquisição – que torturava e matava "hereges" no terrível Auto da Fé. Na verdade, Hellman queria evidenciar o paralelo com a perseguição macartista – o inquisitório Comitê de Atividades Anti-Americanas que caçava artistas e figuras públicas "denunciadas" como comunistas no período Eisenhower.
CANDIDE estreou em dezembro de 1956 e foi sofrendo revisões e acréscimos ao longo dos anos, assinadas por nomes da maior relevância na música e na literatura do século XX como Stephen Sondheim, Dorothy Parker, Richard Wilbur e John La Touche.
CANDIDE é uma obra polêmica desde a sua estréia, garante o diretor JORGE TAKLA, que assina a montagem realizada no Rio de Janeiro.
A partitura de CANDIDE se tornou um verdadeiro quebra-cabeças ao longo dos anos, com dezenas de inclusões e exclusões de trechos e árias, até a versão em concerto, de 1993, organizada pelo regente John Mauceri.
LUÍS GUSTAVO PETRI, que rege a montagem da ópera no Rio de Janeiro, diz: Bernstein criou um painel musical coerente com a própria história: absurda, fragmentada, diversificada. A música vai das referências ao barroco até aos musicais da Broadway, de Strauss aos corais ingleses e às tradições espanholas, tudo para acompanhar o pastiche.
É uma obra muito sofisticada, especialmente bem escrita para os cantores e, principalmente, divertidíssima, para total fidelidade aos objetivos de Bernstein: dar muito prazer a quem está no palco e a quem está na platéia, conclui Petri.
UM RAPAZ MUITO OTIMISTA: AS PERIPÉCIAS DE CANDIDE
Um certo Gottfried Wilhelm von Leibnitz lançou, em meados do século XVIII, o "Otimismo" – um modismo filosófico popularizado por ninguém menos que o poeta Alexander Pope. Reza o Otimismo que o mundo era fruto da bondade infinita de Deus.
Portanto, todos os acontecimentos – fome, miséria e guerra aí incluídas – vinham para o bem, um Bem Maior. Candide, jovem bastardo de um nobre da Westphalia, se mete em aventuras cada vez mais mirabolantes, na Europa e nas terras do Novo Mundo.
Apaixonado pela bela Cunegonde, segue pelo mundo afora sua amada depois de sofrer as perseguições da Inquisição – e salta por Paris, Buenos Aires, Itália e até mesmo pelo mítico Eldorado. Entre perseguições, cenas de amor, traições, enforcamentos, à sombra ameaçadora da própria Inquisição Espanhola, o herói brande a certeza de que tudo no universo acontece para o bem.

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