quarta-feira, 9 de maio de 2007

BEETHOVEN, Ludwig van - Sinfonia No. 8 em Fa maior, Op. 93

Foi escrita em outubro de 1812, em pouco mais de um mês, alguns poucos meses após ter concluído a sétima sinfonia. Beethoven recorreu a um balneário perto de Viena e em julho foi a Teplitz, onde passou o verão anterior.
Foi apresentada pela primeira vez apenas a 27 de fevereiro de 1814. Esta sinfonia foi abandonada por muito tempo pelo próprio compositor que a chamava de “sua pequena sinfonia”, no entanto dentro das suas sinfonias ela é uma das mais importantes obras, por seu requinte, instrumentação, demonstrando grande maturidade.
O primeiro movimento: Allegro vivace e com brio. Está na tonalidade principal - Fa maior . A obra inicia imediatamente com o tema principal num tutti enérgico formado por quatro compassos. Uma característica dessa obra é a ausência de introdução. Os clarinetes respondem em outros quatro compassos, que os violinos respondem nos próximos quatro compassos de uma forma mais vigorosa em contraste com os clarinetes. Um desenvolvimento de acordes enérgicos nos instrumentos de sopro sucedido por uma pausa brusca, marcam a transição para o segundo tema apresentado pelos violinos um e dois em oitava, acompanhado pelo fagote e pelas demais cordas em pizzicato.. Após a apresentação do segundo tema uma nova transição em Do prepara uma nova idéia descrita na partitura pela palavra dolce que é apresentada pelas madeiras que se ligam com as cordas. Este nova idéia é inspirada no motivo do primeiro tema ouvido no início da sinfonia, terminando a exposição com um rulo dos tímpanos com a presença de quatro vigorosos acordes na tonalidade de Do maior, preparando assim a reexposição. Após a reexposição, apresenta-se um grande desenvolvimento onde o tema principal caminha por toda a orquestra na tonalidade de Fa maior. Na seqüência ouve-se um stretto na tonalidade de Re bemol maior, repetindo por imitação modulante o motivo do primeiro tema entre as cordas graves e os primeiros violinos. Depois deste episódio ouve-se uma reexposição que está exposta com algumas alterações os temas propostos anteriormente culminando na Coda final bem marcada pelos intervalos em pulos de oitava apresentados pelo primeiro fagote.
Segundo movimento: Allegretto scherzando. Este, no mínimo estranho movimento, tem sua origem num cânone a quatro vozes, dedicadas a seu amigo Johann Maelzel (1772-1838). Está escrito na tonalidade de Si bemol maior em compasso binário, escrita em figuras rápidas que serão executadas sempre staccato. O primeiro tema é apresentado pelos primeiros violinos, tema este escrito em staccato acompanhado pelas madeiras – sem a flauta – e pelo pizzicato dos segundos violinos e viola. Uma modulação para a tonalidade de sol menor re-introduz novamente o tema principal. Após a volta ao tom principal aparece uma pequena ponte dando lugar ao segundo tema, com caráter cantante, aparece nos violinos e nas violas, acompanhado pelas madeiras – sem a flauta. Após o desenvolvimento ouve-se a reexposição dos dois temas, na tonalidade principal, intercalados por uma ponte, temas estes que aparecem com pequenas variações. A Coda final é curta e é marcada por alternâncias de dinâmica entre o piano e forte concluindo o movimento.
Terceiro movimento: Tempo di Menuetto. Beethoven havia abandonado o Minueto, tendo uma preferência clara pelo Scherzo, mas nesta sinfonia ele retoma pela última vez a utilização desta forma. Ele escreve este Minueto dentro de uma estrutura própria e absolutamente clássica.
Este movimento está escrito na tonalidade de Fa maior em compasso ternário. O primeiro tema é apresentado pelos primeiros violinos depois de uma pequena preparação realizada em uníssono pelas cordas e pelo fagote. A segunda parte do Minueto e formado por um trio que se faz notar pelo dueto das trompas – dolce – que se faz acompanhar por arpejos dos violoncelos em pizzicato As cordas retomam o tema, igualmente acompanhado pelos arpejos em pizzicato dos violoncelos. Após a conclusão do trio volta da capo todo o Tempo di Menuetto.
Quarto movimento: Allegro vivace. Este movimento apresenta-se em compasso binário na tonalidade de Fa maior e torna-se o principal movimento desta sinfonia, em razão das dimensões que equivalem aos três movimentos anteriores, mesmo que sua velocidade rápida torne o movimento curto em duração. Está escrito numa combinação de Rondo e Sonata. O estribilho, que é ouvido no início do movimento, é uma reminiscência de uma melodia festiva executada por músicos ciganos húngaros. Este estribilho, possui dois elementos característicos, o primeiro exposto pelos violinos em pianíssimo, e o segundo elemento está claramente apresentado pelas violas, repetido pelos primeiros flautas e oboés.
O primeiro tema vem logo na seqüência do primeiro, também apresentada pelos primeiros violinos, possuindo por base o trêmulo dos segundos violinos e das violas, que fazem lembrar o motivo do tema inicial. Um grande tutti em fortíssimo nos leva ouvir o estribilho com a presença do motivo principal do tema. Ao final do desenvolvimento, o segundo tema, melodia graciosa, aparece nos primeiros violinos sobre os trêmulos dos segundos violinos e pelas violas, apoiado pelas cordas graves, fagotes e clarinetes. O oboé agrega um comentário a este segundo tema, como que bipartindo o tema. A reexposição do estribilho reaparece, desta vez começando o desenho das tercinas nas violas e depois passando aos violinos. Novamente o fortíssimo surge com os elementos do estribilho, e depois do desenvolvimento dos motivos do estribilho, reaparecem os dois temas principais do rondo. As fermatas indicam o início da coda final. O desenvolvimento por toda a orquestra é obstinado por motivos que integram o estribilho e por frases dos demais temas que compõe o movimento.

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