quarta-feira, 9 de maio de 2007

BERG, Alban - Violinkonzert

A última obra escrita por Alban Berg (1935), construída sobre uma série de doze sons - dodecafonismo.
A técnica do dodecafônica as doze notas são "riferite l'una all'altra", o instrumento do contraponto torna-se essencialmente um. A utilização do método dodecafônico utiliza-se de todos os recursos da escala cromática moderada de Arnold Schonberg no nascimento do sistema dodecafônico. No momento em que o centro do tonal e conseqüentemente a hierarquia harmônica tradicional foi abolida, a posição da harmonia foi relegada a um segundo plano respeitando a proeminência dos aspectos horizontais da série sobrepondo-se aos verticais da composição tradicional.
A série é formada por duas tríades menores (sol, si bemol, ré e la, do, mi) intercaladas por duas tríades maiores (re, fa sustenido, la e mi, sol sustenido si), série caracterizada por evidencias tonais, já que as tríades formam quatro acordes perfeitos. A série é completada por quatro sons (si, do sustenido, mi bemol e fa natural), intervalos de tons inteiros.
As notas 1, 3, 5 e 7 da série, não representam somente as cordas soltas do violino (sol, re, la e mi), mas também as notas fundamentais de quatro acordos perfeitos; e as últimas quatro notas coincidem perfeitamente com o inicio da melodia do coral "Es ist genung" da cantata BWV 60 de Bach utilizado por Berg no início do Adágio. Ao lado desta Homenagem que Berg oferece à música de Bach, também se ouve a introdução de uma melodia popular ao fim do tempo.
Berg compôs o concerto entre o fevereiro e 11 de agosto 1935, interrompendo a instrumentação de sua ópera LULU, tendo em vista a encomenda violinista americano Louis Krasner.
O concerto é dedicado "Alla memoria di un angelo", concebido como um Requiem em homenagem a Manon Gropius, filha de um célebre arquiteto amigo de Berg; Segundo anotações secretas do compositor, o concerto representa o retrato da menina.
A escrita do concerto é dodecafônica, mas introduz uma inigualável ambigüidade entre as tonalidades sol menor e si bemol maior.
Quanto à arquitetura do concerto inicia com um Andante em forma tripartida (A-B-A), transformando-se num Allegretto na forma de um Scherzo costruido segundo o esquema A-B-C-B'-A'. Na partitura está escrita a notação "alla maniera viennese" e "rustico".
O segundo movimento é um Allegro, e caracteriza-se pela justaposição do solo e do tutti. Uma ruptura do tecido timbrístico. A parte do violino solo é impregnada de grande virtuosismo. A segunda parte do concerto é a cadencia do violinista . O tema fundamental é um grito quase que um incubo timbrístico.
Na luz deste Allegro, supõe-se uma evidência o surgimento do Adagio, com a citação do Chorale de Bach; Esta melodia nasce de um dolente canto que, entoado pelo violino solista, percorre com crescente intensidade emotiva e expressiva o sucessivo tempo; a gradual chegada às notas mais agudas do solista do andamento religioso da orquestra, são uma sutil citação timbrística da citação "angelo che torna in cielo…..". O fantástico final tolhe quase a respiração dos ouvintes pela intensidade e emoção lírica provocada pela música.
Alguns escritores vêem nesta passagem um presságio de morte que se aproximava de Alban Berg, um próprio Réquiem. A técnica serial vem impregnada de uma construção sonora que passa a realizar uma síntese entre o espaço dodecafônico e o espaço tonal.

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