segunda-feira, 11 de junho de 2007

GOMES, Carlos - Colombo

ANTONIO CARLOS GOMES (1839-1896)
Carlos Gomes sem dúvida, foi o maior compositor brasileiro lírico do século XIX. É considerado um fenômeno da música nacional e uma importante figura da ópera romântica internacional, derivando sua linguagem do verdianismo da segunda metade do século.
Nascido a 11 de junho de Campinas, na época era chamada de Vila São Carlos e faleceu a 16 de setembro em Belém do Pará. Seu pai, Manoel Carlos Gomes, era um conceituado professor de piano, canto e violino. Desde sua infância revelou sua vocação para a música, aparecendo em público pela primeira vez em 1846, com apenas 10 anos, como integrante da Banda Marcial, numa apresentação para D. Pedro II, durante uma visita do imperador a sua cidade. Na ocasião seu pai era o regente e ele tocava triângulo ao lado de seu irmão José Pedro de Santana Gomes, que tocava clarinete. Mais tarde trocou o triângulo pela clarinete e pelo violino. Foi estudar em SP com Paul Julien, violinista premiado do conservatório de Paris. Aos 11 anos inicia seus estudos regulares de música logos após concluir o estudo básico, iniciando pelo clarinete, depois violino e piano. Em 1848 deu seu primeiro recital, tocando piano e cantando modinhas, suas primeiras obras. Três anos mais tarde formava um duo com seu irmão que tocava violino, e nas apresentações executava suas próprias obras, como modinhas, valsas e mazurcas.
Em 1854, escreve sua primeira obra séria, a Missa de São Sebastião, dedicada ao maestro Henrique Levy, e em 1857 escreveu “A Rainha das Flores” valsa para piano, entre outras obras para piano, e neste mesmo ano, em parceria com o músico Ernest Maneille, abre em Capinas uma escola de música onde ambos dão aulas de piano, canto e música em geral.
Em 1857, escreveu uma série de pequenas obras que fez levar no Teatro S. Carlos de Campinas.
Em 1859 foi para SP, onde tocava com seu irmão violinista José Pedro Santana em audições particular e concertos públicos. Dessa época surge a famosa modinha “Quem Sabe” (1860), recordando Ambrosina, seu primeiro amor de adolescente. Por insistência de seus amigos e à revelia de seu pai foi para o RJ onde foi aluno de Francisco Manuel da Silva, o professor ficou surpreso com o rápido aprendizado de seu mais novo aluno e lhe encomendou uma cantata, que estreou sob sua própria regência a 15 de março de 1860, na Academia Nacional de Belas Artes, o que lhe valeu a nomeação para ocupar o cargo de ensaiador e regente da Orquestra Imperial Acadêmica de Música e Ópera Nacional.
Ainda como estudante apresenta em setembro de 1861 seu primeiro trabalho lírico “A Noite no Castelo”, sob a regência de Francisco Manuel da Silva, o que lhe valeu de D. Pedro II a “Comenda da ORDEM DA ROSA”. Com a apresentação da ópera “Joana de Flandres” no Teatro Nacional em 15 de setembro de 1863, obteve reconhecimento público e uma bolsa de estudos para estudar no Conservatório de Milão, tornando-se aluno de Lauro Rossi, de quem foi aluno por 3 anos, prestando exames finais com a obra “LA FANCIULLA DELLE ASTURIE”, obtendo assim o título de maestro-compositor.
Em 1865, inicia a composição de sua terceira ópera, “Il Guarany”, a qual estréia a 19 de março de 1870, no Teatro Alla Scalla, tornando-se grande sucesso de crítica e público, sendo levada para todas as principais capitais européias. Por esse sucesso, recebe o título de “Cavaleiro da Ordem da Coroa” pelo governo Italiano. Em agosto deste mesmo ano retorna ao Brasil, sendo recebido no Brasil como herói com grande ovação pública. A 2 de dezembro a ópera é levada no Teatro Lírico Fluminense.
Em 1871, retorna a Milão para se casar e em 16 de fevereiro de 1873, no Teatro Alla Scalla de Milão, apresenta a ópera “Fosca”, com sucesso menor que a anterior. Em 21 de março de 1874, no Teatro Carlos Felice de Gênova, estréia sua ópera “Salvador Rosa”, que segundo Carlos Gomes, sua principal ópera e obra prima, e a 27 de março de 1879, no Teatro Alla Scalla de Milão apresenta sua ópera “Maria Tudor”, “Lo Schiavo”, obra dedicada à princesa Isabel, estreou no RJ a 27 de setembro de 1889 e “Condor”, ópera estreada a 21 de fevereiro de 1891.
Doente, e de condições financeiras precárias, em 1892, com o objetivo de comemorar o quarto centenário do Descobrimento da América, Carlos Gomes escreve sua última grande obra, “COLOMBO”, que ele mesmo chamou de, Poema Vocal Sinfônico, um oratório em quatro partes, escrito para coro, solistas e orquestra, com letra do poeta ZANANDINI que utilizava o pseudômino de ALBINO FALANCA, estreado do Teatro Lírico do RJ a 12 de outubro de 1892, com grande fiasco.
Em 1893, visita os EUA como membro da delegação brasileira à Exposição Universal Colombiana de Chicago, dirigindo um concerto lírico com obras de suas diversas óperas com grande sucesso.
Em 1985, com sua saúde bem abalada, vai para Belém da Pará, a convite do governador Sodré, que o nomeia como diretor do Conservatório de Música de Belém, ocupando o cargo por apenas 3 meses, vindo a falecer dia 16 de setembro de 1896.
Carlos Gomes é autor de 8 óperas, 1 oratório, 2 cantatas, vários hinos cívicos, obras para grande orquestra sinfônica de câmara e cordas, banda, música de câmara, obras para piano, piano e canto, e coro com orquestra.

COLOMBO – Poema vocal sinfônico.
ORIGEM

A obra surgiu a partir de 1892, tendo sido escrita para participar de um concurso, que escolheria uma cantata que seria apresentada nas comemorações de uma Exposição de Chicago, nas comemorações dos festejos do IV Centenário do Descobrimento da América, escrito para solistas, coro e orquestra, com o acréscimo de uma banda interna. Estreou no Rio de Janeiro em outubro de 1892 no Teatro Lírico Fluminense. A partitura possui uma dedicatória dedicada “to the American People”.

TEMA
Como não poderia deixar de acontecer com um compositor de grande veia operística, Carlos Gomes, ao compor esta peça, imprimiu um caráter cênico , ao contar uma história de grande importância para nosso continente por meio de uma dramatização da vida de Cristóvão Colombo, aliás bastante criticada por ser superficial e romantizada.

MÚSICA
A música de Carlos Gomes, caracteriza-se pela fluência melódica e pelo senso dramático do contexto musical e de seus personagens.

PRIMEIRAS APRESENTAÇÕES
Em 1933, Villa-Lobos regeu o “Colombo” no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em forma de ópera, com cenários, figurinos e coreografia. EM 1980, o Teatro Municipal de SP, também realizou uma apresentação dessa forma, com relativo sucesso. O problema, é que Carlos Gomes escreve na partitura o termo “quadros” ao invés de “atos”, por serem de pouca duração, obriga a troca constante de cenas, além da presença de um narrador para o necessário desenvolvimento da ação cênica.

PERSONAGENS
Colombo (descobridor Genovês) – barítono;
Isabella de Castella (rainha de Espanha) – soprano;
Fernando de Aragão (rei de Espanha) – tenor;
Frade Juan Perez (confessor da Rainha) – baixo;
Dona Mercedes – meio soprano;
Dom Ramiro – tenor lírico;
Dom Diego – baixo/barítono.
Além destes personagens há a presença de dois conjuntos corais em contraponto com predominância nas vozes masculinas, e quando encenada um corpo de baile que se fará presente nas danças:
- Danza Indígena;
- Festa spagnola;
- Pavesa... la piazza, la chiesa. Esta última com o acréscimo de uma banda interna e de um coro.

CARLOS GOMES E A OBRA DO COLOMBO
Para concluir esta introdução, gostaria de ler o texto de CARLOS GOMES, enviado em carta a um de seus amigos, demonstrando o seu humor sobre a obra:
"Já sabes que não era possível deixar passar este centenário colombiano sem dar sinal de vida. O tal 'nhô-Colombo' andou em 1492 agarrando macacos pelo mato e metendo medo na gente. Eu, porém, que sou meio 'home', meio 'macaco velho', acabo de me vingar dele, pois agarrei no tal 'nhô-Colombo" e botei-o em música desde o Dó mais grave até a nota mais aguda da rua da amargura. Estou vingado, arre diabo!"

I PARTE
Esta primeira parte caracteriza-se por dois momentos concomitantes:
1. O navegante Cristóvão Colombo, insiste junto às cortes de Veneza e Gênova, para que financiem seu plano de ir ao Oriente, navegando para o Ocidente via Oceano Atlântico. Os italianos o consideram um visionário. Na falta de apoio, foi a Portugal onde pediu ajuda a D. João II, que ouvindo seus conselheiros, que diziam que a terra não poderia ser habitada do outro lado do hemisfério. Comenta-se que na ocasião os portugueses teriam enviado uma expedição em segredo para verificar a rota proposta por Colombo e sem sucesso. Sabendo disso, Colombo vai para a Espanha. Por recomendação do Duque de Madina Celi, junto à rainha Isabel, Colombo vai ao convento de LA RABIDA, inicialmente para contar a seu amigo, o Frei Juan Perez, confessor da rainha, a ouvir sua história e tentar sensibilizar a rainha e o rei a ouvir seu intento.
2. Paralelamente ouve-se uma cena interna que acontece no interior do convento, onde acontecem cerimônias religiosas.
A partitura descreve, inicialmente uma noite fria e escura onde que mistura às vozes do mar, murmúrios da ventania e o canto dos pescadores. Mergulhado em dúvidas e incertezas, ele se perde nesse ambiente descrito pela orquestra. Há um contraste acentuado entre o altivo canto dos marinheiros e as expressões amarguradas de Colombo. Mas em breve as tristezas se dissipam através de animada expressão da orquestra. Os sonhos empolgam sua mente visionária, mas ao seu redor tudo é agitação com os rumores do mar e da ventania que, num crescendo fragoroso, atingem a intensidade máxima. O genovês caminha dentro da noite e agora, num ambiente calmo, os acordes de um órgão o envolvem trazendo tranqüilidade ao seu ânimo. É uma prece à Virgem entoada por vozes femininas às quais se reúnem vozes masculinas numa oração vespertina.
Colombo bate à porta do convento e, ao irmão superior que o atende, faz sentir em adequada linha melódica seu estado de alma que considera “miserável”. Sucedem-se as perguntas do frade e ele, num entusiasmo arrebatado, acaba por descrever a visão do novo mundo. O coro do convento parece querer acalmar o seu calor e, respondendo a mais uma pergunta do religioso, Colombo confessa que existe, sim, outra força que o impele ao triunfo. É a desdita de um amor. Num recitativo, ele narra sua história sentimental que a orquestra amplia liricamente numa expressão de beleza e de ternura. Recorda o passado: “Parecia a primeira flor desabrochando no jardim do Senhor”. Colombo ama e com a renúncia consegue forças para sua grande jornada ao desconhecido. O superior o aconselhe. Deveria abandonar aquelas idéias difíceis e recolher-se ao claustro. O genovês continua inabalável porque há uma nova terra a descobrir. Melodia persuasiva do frade insiste em leva-lo a vestir o hábito. A resposta de Colombo é um hino à audácia e à gloria. A oração vespertina chega ao fim com o “Te Deum” e, após um “Hosana” único pronunciado pelos solistas, vozes, órgão e orquestra, conduz ao tema da vitória que ressoa na pujança dos metais. São louvores ao Senhor.

II PARTE
Na corte. O rei Fernando de Castela está em guerra com os Mouros de Granada e suas constantes vitórias sobre o Islam, são celebradas com imponência, não dando chance de poder ouvir tal absurdo de um tal de Colombo. Apesar disso, Colombo consegue expor seus planos aos doutos da corte, no conselho de Salamanca, mas as negociações financeiras dificultam um acordo: ele deseja obter o título de ALMIRANTE GERAL DA FROTA DOS OCEANOS e o título de VICE REI das terras que ele descobrir, além de 10% dos lucros da viagem.
Pela falta de decisão do reino de Castela, Colombo pensa de ir á França para expor suas idéias, mas Fernando de Castela vence os Mouros e os expulsa do solo espanhol. Pela simpatia, A rainha Isabel manda chamar Colombo para comemorar a Vitório sobre os árabes. Os povos presentes à cerimônia, mães e esposas dos combatentes, em coro, manifestam o seu contentamento porque a guerra terminara.
Nessa atmosfera, o Frei Juan Perez, leva seu amigo à presença da corte para que exponha seu plano de viva voz.
Ante o rei descrente, ele descreve as maravilhas do novo continente. A orquestra resplandece as expressões luminosas do genovês a ponto de conseguir, para a sua jornada, o interesse da rainha.
As discordâncias da corte em breve não são mais discordâncias e todos compartilham da mesma resolução: Colombo deverá ser atendido. Há uma torrente coral e orquestral sobre a qual a voz de Colombo se destaca, dignificando o caminho que o conduzirá ao radioso destino.
O rei concorda com a rainha e resolve dar a Colombo, para o ousado cometimento e ordena-lhe que parta imediatamente, oferecendo-lhe os navios (Santa Maria, Pinta e Niña) e uma tripulação de 90 condenados divididos nos três navios, tendo em vista a dificuldade de conseguir marinheiros para navegar para o desconhecido. A tripulação não incluía nenhum religioso, pois a expedição possuía um caráter Mercadante comercial.
SANTA MARIA era o maior deles com 30 metros de comprimento, enquanto que PINTA possuía a metade do tamanho e NIÑA era um pouco menor ainda.
Colombo então partiu do porto de PALOS a 3 de agosto de 1492.
O coro com um “Hosana” imponente. E a melodia de Colombo mais parece, naquela magnificência, um pronunciamento de fé e de bravura. É uma espécie de hino heróico.

III PARTE
Em alto mar. Surge uma repentina calmaria, que na orquestra é representada nos 35 primeiros compassos, quando ouvimos Colombo comentar com seus marinheiros a situação: “o céu é puro e o mar está calmo... que silêncio... é um presságio de morte”
Os marinheiros comentam estas palavras. Repentinamente surge um vento ríspido e ao longe ouvem-se trovões. Um vento norte, que traz a tempestade. Colombo adverte seus marinheiros para que fiquem atentos, que fiquem alertas. Logo o mar se agita e todos ao mesmo tempo, tem manifestações opostas, uns agradecem pelo vento, com as expressões de “OSANA” e outros se apavoram, pedindo “MISERICÓRDIA” para suportar a tormenta À medida que o vento e as ondas tomam novos rumos de grande tempestade e o barco fica sem controle e o mastro se quebra, há um pânico geral de todos. Em meio ao desespero generalizado, os marinheiros se rebelam e exigem retornar, temendo por suas vidas. O navegador procura acalmar a todos, apelando para a ‘FÉ EM DEUS“.
Cessa a borrasca, e volta a tranqüilidade ao mar e ao navio. Colombo, rende graças a Deus porque nada de mais grave aconteceu, utilizando frases como:
“O DIVINA PIEDADE” “ILHA ABENÇOADA”
Nesse ínterim, ouve-se um tiro de um canhão vindo do NIÑA. Um grito ansioso, afinal era o deslumbre da terra prometida: “TERRA, TERRA”. Esse grito acontece dia 11 de outubro.
Há uma grande agitação entre todos, e as preces voltam a ecoar, como forma de agradecimento por finalmente ter chegado a um porto seguro.
Assim finaliza a terceira parte.

IV PARTE
A quarta parte é marcada por duas seções:
1. A primeira indica a chegada à terra firme no dia 12 de outubro. A expedição desembarca nas ilhas das BAHAMAS, achando que estavam chegando às Índias ou no reino de CIPANGO no Japão. Colombo chama o lugar de San Salvador. Num primeiro momento os marinheiros observam na praia os habitantes locais que se divertem nas beira da praia com suas danças, ao notarem que ao longe há navios, eles correm para o interior da mata assustados e observam de longe o que vai acontecer. Os marinheiros para mostrar que são do bem também realizam suas danças e aos poucos o indígenas vão aderindo aos festejos sem saber o que realmente está acontecendo. Colombo ao chegar em terra ajoelha-se e beija o solo e toma posse das novas terras em nome de Fernando e Isabel. Todos ficam extasiados com a imponência e a beleza das novas terras.
2. Na segunda seção, de volta à Espanha na Baía de Barcelona, que está em festa, Colombo e seus homens entram na corte onde são recebidos em grande apoteose. Sinos, fanfarras militares, muita alegria, e tudo se prepara para entoar um “Hino ao novo mundo” – AVE. O TERRA OCCIDENTAL. A música é uma exaltação de grandiosidade e de beleza. Colombo, Isabella, Fernando, o Frade com o coral expandem o seu entusiasmo num transporte arrebatador.

LIBRETO
O libreto original é em italiano, fato compreensível na medida em que se constata que o idioma oficial da música vocal, em finais do século XIX, ainda é o italiano, principalmente para um compositor que, brasileiro, fez carreira na Itália, sendo muito elogiado por diversos compositores, inclusive pelo incomparável Giuseppe Verdi.Quando da composição de Colombo, Carlos Gomes se utiliza-se de um libreto escrito por Albino Falanca, possivelmente pseudônimo de ANÍBAL FALCÃO, político brasileiro, ou do poeta ZANANDINI, amigos do compositor. Outros estudiosos acreditam que tenha sido o próprio compositor o responsável pelo libreto.


PARTE PRIMA

COLOMBO, IL FRATE
Presso al convento di la Rabida. Notte freda e buia. Soffia il vento ad intervalli. Mormorio Del maré in distanza. Canto lontano di pescatori. Cori interni nel convento.

CORO DI PESCATORI
(lontanissimo)
Pescator, lê reti affonda!...
Torva é l’onda, fosco il ciel...
Ma non temo la procella, la mia stella non há velo!
É fosco il ciel! É fosco il ciel!

COLOMBO
Ove sono?
Tra il buio della notte smarii la via
pur di Rabida il chiostro esser lontan non dé...
Dal sávio frate vo’espandere nel sen questa mia febbre de l’ignoto... febre che m’arde il cor, e che consuma...

CORO
(lontanissimi)
Pescator, lê reti affonda!...
Torva è l’onda, fosco il ciel...Ma non temo la procella, la mia stella non há velo!

COLOMBO
O forti tempie marinare, in voi palpita ancor possente le grand’anima di Spagna!
Ed io? Misero!...
Voglio... e osar non posso...
Pur mi squarcia la tenebra il saetar del lampo occidentale e intravedo in vertigine nuovi di, nuove aurore nuove genti su la gagliarda china del vergine creato...
E fin qui non trovai che dubbio e scherno...
Oh! disinganno atroce!
O immenso mar, per chè sepolcro degno di si grande imprese almen non offri a me?...
Ruggi nell’orgia fúnebre terribile Oceano.
Si che d’orror il fremito scuota il creato umano spezza le rupe, spezza e innonda le terre e lê cittá...
Perchè non trovi sponda l’errante umanità...
Innonda, innonda e spezza!
(organo pieno)

COLOMBO
(ascoltando commosso)
Grand Dio! qual suono!
Oh! quei soavi accordi vengon dal ciel comme raggi di luce squarciar le tenebre sull’affranto mio cor!...

CORO DONNE
(nell’interno del convento)
Ave del mar, o stella soave e bella.
Ave o vergine, vergine pia.
Ave del mar.
Ave Maria... Ave Maria...

COLOMBO
Sante voci, aí vostri accenti cessa l’ansia mia crudele...
Hanno tregua i miei tormenti
L’astro mio ritorna in ciel!...
O immortal divina fede reggi tu l’affranto cor!

CORO DI FRATI
(nell’interno del convento)
Deus in adjutorium meum intende.
Domine ad adjuvandum me festina
Ave Maria... Ave Maria...
(Colombo batte alla porta del convento)

IL FRATE
Chi sei?

COLOMBO
Tal, cui non ha la terra eguale nella miseria...

IL FRATE
E vuoi?...

COLOMBO
Moto... Periglio... Gloria...

IL FRATE
Strana m’appar la tua favella!

COLOMBO
Un altro mondo s’agita, sublime, inesplorato...laggiù...là...dove tramonta il sol! ne aspirai ne l’Atlantida e come in sogno d’or, in estasi ideal
Le sbrezze assaporai, ebrezza affascinante di eternal primavera…

IL FRATE
E a te mai non vinse altra follia sublime?...

COLOMBO
O padre... Non evocar l’imagine che pria m’ha insegnato il dolor!

IL FRATE
Narra...

COLOMBO
M’ascolta...
(declamato, dolcemente a mezza você)
Era un tramonto d’oro del rinascente april.
Ne la chiesetta bianca dell’isola incantata celebravan il nome di Maria...
Quando repente, atratto da festante suonar di squille mi volse...
Oh! qual vision divina m’apparve allor!
Pareva il primo fior sbocciato nei giardini del Signor...
Al fascino ideal mi divampava il sen desio... piú che mortal!
Essa m’amò... l’amai... siccome adoro l’anima il simbolo del l’angelo del ciel.
Ella m’amò... ed io l’amai...
Oh! celestial delir, nel ricordarti, ohime! ti sento ancor...
Farmi dovea morir qual palpito d’amor!...

IL FRATE
E allor perchè non l’hai chiamata sposa, vagabondo nocchier?...

COLOMBO
Al mio ritorno del sacro nido era scomparsa...

IL FRATE
Morta?

COLOMBO
Più non seppi di lei!...

IL FRATE
Così tu sogni così cogli estri della gloria vincer d’amor le pene?...

COLOMBO
Oh, padre! Oh, padre!

IL FRATE
Così tu sogni?
No folle... no farmaco alcun non v’e pel duolo quaggiù che la divina fè.
(con accento fanatico religioso)
L’anima spoglia su questi altari l’umano vel.
Pace non trovi a questa pari in terra o in ciel!...
Vieni, vesti il ciliccio, lo spirto frangi,
Dio ti vedrà!...
Di ver non v’ha che la terrible eternità!...

COLOMBO
Ah! nol poss’io piu eccelsa meta al mio pensiero dinanzi stà...
Ah, non posso, ah non posso...

CORO
Deum laudamus te Domine, Confitemur Te ecternum patrem, Omnis terra veneratur.

IL FRATE
Odi?... quel canto... non ti parla al cor?...

COLOMBO
Io l’inno sento nel santo suono di mia fatura gloria.

IL FRATE
Ebben... ad ajutar l’ordita idea che far poss’io per te?

COLOMBO
M’adduci a Corte...

IL FRATE
E sia; travarvi puoi...

COLOMBO
Vitoria?...

IL FRATE
O morte!...

COLOMBO
Vitoria!

IL FRATE
Andiam!

CORO
Deus laudamus te Domine, Confitemur Te ecternum patrem, Omnis terra veneratur.

PARTE SECONDA

LA REGGIA
CORO
Gloria! trionfo!
Osanna al vinvitor!...
De la vittoria il sol irradi il vello d’or...
Il saracen mordea rabbioso il suol di sangue tinto disperso è il fiero stuolo; il Moro è vinto, disperso è il fiero stuolo!
Salve! Iberia!
Gloria!... trionfo!
Osanna al vincitor!

CORO – SOPRANOS
A voi la gloria, a noi silenzio e pace...
L’orgoglio parla in voi; in noi l’affanno tace!...
Più non avremo a paventar i nostri amor mai più di salutar!
Sorelle...madri e spose, i nostri amor mai più di salutar!...
Gloria!... trionfo!
Osanna al vincitor!
Della vittoria il sol irradi il vello d’or...

FERNANDO
Pur, a toccar l’eccelsa ambita meta è tarda l’ora e il braccio inerte stà...
Ne pace aver potrò fin che non abbia spersa la Croce l’astra del profeta!...

CORO
Guerra all’Islam... sterminio... Morte!
Eccita il re nei petti ancoraInni di morte!


FERNANDO
(declamato animando)
Al fianco mio sarete da intrepidi guerrier?...

CORO
Noi lo saremo!...

FERNANDO
Sfiadar per me saprete ogni umano martir?...

CORO
Lo sfideremo!

FERNANDO
Figli...
Campioni del’Iberica terra!
Senza un lamento alzar pugnar per me saprete ognor?...

CORO
All’armi!...
Saprem morir...
Saprem morir col grido unanime, viva il re! viva il re...

FERNANDO
Allora, snudate il brando e me fedel.

CORO
Pace ivochiamo tra voi lo vuole il ciel!ah! lo vuole il ciel...

ISABELLA
(fraseggiando con eleganza)
Non fosti mai si bel... nè mai ti vidi, mio nobil re, si grande! in quai giardini dovrei, su quali lidi per te coglier ghirlande...
Come vorrei veder tarpate l’ali all’aquile dei re!
(con slancio)
E quanto v’ha di umano o d’immortal caderti prono al piè!

FERNANDO
De l’universa signoria suprema la vampa accendi in me...
Ogni perla vorrei pel mio diadema...
Ma sol per darle a te!...
Per gli occhi tuoi su cui giammai non langue della belezza il fiore...
Per tuo seno, over ancor palpita il sangue... Del tuo sublime amor.

ISABELLA
Di donna amante credi all’istinto...
Credi e vinto avrai...
Io tutto vedo: è il ciel con noi!...
Tutto tu puoi, è il ciel con noi...

FERNANDO
Al tuo m’affido sublime istinto e vinto avrò.
É il ciel con noi!
Io tutto ardisco, tutto tu pioi...
Con noi è il ciel!...
(il Frate presenta Colombo ai Reali)

IL FRATE
Sire! Augusta regina!
A voi non gravi nell’indomani della gran vittoria di un gran profeta la parola udir impalidir farà la sua promessa ogni altra umana gloria!...

FERNANDO
Qual è il tuo sogno?...

COLOMBO
Or m’odi!...
A rosei lembi dell’ocidente, dove l’immenso non ha più nome un mondo palpita!...
Vi freme e s’agita nuova una gente... strana di volto e varie di chiome mondo sublime, sublime ignoto!...

CORO
Oh, aberrazion!...

FERNANDO
Oltre l’Atlandida?...
Oh, aberrazion!...
Quest’è d’un folle la vision!

CORO
Quest’è d’un folle la vision!

IL FRATE
Non è d’un folle la vision!Un’ispirato egli è!

COLOMBO
Interminati Templi sull’are scorgo agitarsi e scettri e tiare.
Un mondo palpita... la...la...

ISABELLA
Un dubbio arcano m’assal...

MERCADOR
Un ispirato appare a me!
m’assal l’incerto spirito un dubbio arcano turbinar tra il nero della tenebra vedo là un fulgor!...

FERNANDO
Oh, aberrazion!...
M’assal l’incerto spirito un dubbio arcano turbinar tra il nero della tenebra vedo là un fulgor!...
Diogo non è d’un folle la vision!

CORO
Sogno non è!...

FERNANDO
M’assal l’ardente palpito immenso affanno folgorar io vedo i cieli torridi oltremar!...

CORO - BASSI
Non piò che rea vertigine di mente inferma scatenar lo sdegno della folgore che aprirà là... del mar la tomba per l’eternita...

CORO - TENORI
M’assal l’incerto spirito un dubbio arcano turbinar tra il nero della tenebra vedo là un fulgor che meditar mi fà!...

CORO - ALTE
Non è viril proposito l’ardire imbelle.
Aiutar del ciel la mano provida sol poltrà sol chi di se forte pria da se farà!

FERNANDO
E, se ciò fosse, (ironicamente) a noi che giova l’audace prova?...

COLOMBO
Sol che d’Iberia l’asta io vi pianti, il trono vostro vò che si ammanti di gemme e d’oro!

FERNANDO
Constui delira!...

COLOMBO
Il trono vostro, sublime sorte tragga giocata, schiava coorte d’Imperatori!

FERNANDO
Oh, aberrazion!
Quest’e la vision d’un folle!

IL FRATE, DIEGO e CORO
Un ispirato appare a me!

ISABELLA
Quest’uomo non mente, ei non delira quest’è profetico, raggio del Ciel che lo spira...
Suarcia le bende le sue parole la vampa accende in me di novo sole.
Vedo ogni gente china al soglio mio.
Posso, se voglio, non v’ha più re! No! No! non v’ha più re! Posso, se voglio...

COLOMBO
Un sogno mio non è!...

MERCATOR, IL FRATE e DIEGO
Un ispirato egli è...
L’ignoto mondo sogno non è!

CORO
Del genio il grido ascolta, o prece.
La rivolta scoppiò, la rivolta del gran genio!
Il mondo immoto ognor gli spiriti opprime.
Tentiamo il grande l’ignoto, il sublime, tentiam!

ISABELLA e MERCATOR
Quest’uom non mente, ei non delira, no... no...

IL FRATE
Te sola attende il gran futuro,
Ah! squarcia le bende e il di maturo!
A lui rispondi con nobil fè.Di due mondi tu diventi i re!

ISABELLA
Quest’uomo non delira...
Raggio profetico del cielo spira!
Vedo ogni gente china al soglio mio.
Posso, se voglio, non v’ha più re!

DIEGO e MERCADOR
A lui respondi con nobil fè e di due mondi tu diventi i re!

COLOMBO
Gioia divina!
Ora per me sublime!
Oiu s’avvicina m’opprime il sen!...
La notte buia schiara la fè,
L’almo alleluia s’alzi per me!...
Fattore oscuro di grande vittoria chieggo al futuro raggio di gloria!...

ISABELLA
Iddio m’ispira Cedi!...

FERNANDO
E sia... per te!...

ISABELLA
Avrai ciurma... avrai navi...
Salpa... e torna... e col tuo nome crea nel nuovo mondo gloria immortal!

TUTTI
Osanna! Osanna!Gloria al Re!

PARTE TERZA

IN ALTRO MARE
(La voce di Colombo dal cassero)

COLOMBO
E sempre puro il ciel, calmo el mar...
Oh! un soffio d’aquilon... l’urlo più presto della procella!...
Quel silenzio è morte!

CORO - BASSI
Inerte e floscia la vela dondola...
in cielo d’aria brava non v’ha!...
Il genovese ci perderà!

COLOMBO
E sempre puro il ciel e calmo il mar...
Vedo!... Un guizzo!...
Il tuon parmi d’udir!...
S’oscura il ciel la bufera lontana volge su noi...
All’aeta marinar!...

CORO
All’erta! all’erta marinar!...
S’agita il mare!... s’oscura il ciel.
Vento da Nord! Osanna!
(una violenta ondata invade il bastimento con terribile frastuono. Sgomento della ciurma.)
Perduti siamo Omani governo non fai il timone...Ah!... spezzato e l’alberto a l’artimone...


COLOMBO
Ah! la bufera!...

CORO
L’ira dal cielo tremenda scoppiò contro noi!
A perir di morte orrenda ei di guidò!

COLOMBO
Fia lesto il manovrar!
Timore alcuno non v’è, fidate ciel... fidate con me!

CORO
A morte ei ci guidò!
Furente è il mare!

COLOMBO
All’erta!

CORO
Il traditor!...
Da l’asta pensoli vogliamo al Nord!...

COLOMBO
Dov’è la fede in Dio?
Volgere al Nord?
Oh ciel! per avver tomba?
Corragio ancor...
Pregar dobbiamo insiem il creator!
Ei sol onnipotente rischiara il sentir guida amoroso al marinar... a Dio sol, grande e clemente, preghiamo!
Senza temer della rabbiosa furia del mar...
Preghiam... Preghiam...

CORO
A peir di morte orrenda
Ei qui ci guidò...
L’ira tremenda scoppiò dal Ciel!...

COLOMBO
Pregar dobbiamo inseme il creator!
Preghiam!
(Scoppia la tempesta. Raffiche formidabili. Tuoni terribili.)

COLOMBO
(dal Cassero)
All’erta marinar!
Fia lesto il manovrar!

CORO
Furente è il mare!...
Ah! Traditi siam!...

COLOMBO
No... la meta è là!

CORO
Dove? Dove?

COLOMBO
Là, dove Iddio ci guiderà...
(cupo e convulso)
Approderemo a sera...
(La tempesta si va calmando gradatamente.)

CORO
Miserere di noi... Pietà divina!

COLOMBO
Coragio ancora...
La vittoria è vicina...
Coragio!
L’onda si calma...
Un astro appar!....
Sereno è il Ciel!...

CORO
Un astro appar!...
Sereno è il Ciel!...
Gonfia la vela spinge
Bello è il mar!...

COLOMBO
(commosso)
O divina pità
L’isola santa...
Il credo...
È là... là...(Colpo di cannone in distanza.)

CORO
Che avvenne?...
Un fuoco!.... Oh! Cielo...

COLOMBO
Che mai serà?...

UNA VOCE
(dal gabbiere)
Terra!

CORO
Terra! Siam salvi!...

COLOMBO
Osanna! Osanna!

CORO
Terra!... Osanna! Urra!Sia gloria al ciel!...

PARTE QUARTA

NELL’ISOLA
(È un mattino ridente di Ottobre. I fanciulli indigeni trastullano in riva al mare; altri intrecciano danze caratteristiche. Ad un tratto i vecchi si accorgono della flotta di Colombo ancorata in vista dell’Isola. Grido dall’armi; cessano la danze. Oguno guarda fisso il mare!... il movimento festoso si cangia bruscamente in triste sorpresa. I selvaggi tutti ammutiscono in atteggiamento sospettoso. I Canotti della flotta, comandati da Colombo, si avanzano verso terra. I soldati e marinai Spagnuoli, vedendo gli indigeni sgomentati gli fanno segni dal mare, sventolando le bandiere. Gli Spagnuoli sbarcano. Alcuni della ciurma, vedendo i selvaggi in fuga, intercciano danze vivaci e festose per far comprendere ai fuggitivi le loro intenzioni pacifiche. In alcuni punti gli Spaguoli tentano imitare le danze senza ritmo degli indigeni. La ciurma, i marinai e soldati Spagnuoli continuano a far segni di pace agli indigeni, che da lontano stanno spiando, sorpresi di veder gente nuova e audace. A poco a poco, attrati dall’attenggiamento festoso degli Spagnuoli, i selvaggi si avvicinano e uniscono le loro danze a quelle dello straniero.
Sulla rada di Barcellona. Le campane suonano a festa.)


CORO
Pavesa! Pavesa la piazza la chiesa!
E rompa l’osanna d’Iberia Del cor!...
Squillando a distesa all’orbe s’anunnzi l’evento immortale del navigator! Osanna! Urra! Vittoria! Gli squilli di vittoria son di novella gloria!...
Vittoria! Vittoria!

LA REGGIA
CORO
Vittoria! Vittoria! Urra!

ISABELLA
Vittoria!... Vittoria!...
D’Iberia sui regni non han più tramonti dei Ciel i fulgor!...
Immortale avvenir acclamerà chi il profetico lampo lo vide... intese e creò!
E in um baleno i fulmini Del mar... ei sol, duce entrepido, forte, egli ispirato e forte, seppe sfidar!
Dei miseri scettri scomparvero i seghi...
Non v’há Che uma pátria nell’orbe sin d’or!...
Vittoria! Fra i raggi di gloria, l’immensa foryuna. I palpiti aduna di tutto il mio cor...
Sparvero i regni!
Non v’há he uma pátria nell’orbe sin d’or!
D’Iberia sui regni ormai non han più tramonti dei cieli il fulgor!
Vittoria! Vittoria! Urra!

COLOMBO
(a Isabella)
A piedi tuoi, Regina, fedele a mie promesse degli intravisti mondi arreco armi, profumi, Idoli e schieggie di sfasciati Numi.
Quaesto corteo di schiavi fu di quei lidi il re!...
Al carro tuo trionfale ora aggiogato egli è!

INNO AL NUOVO MONDO
FERNANDO
(a Colombo)
Salve!... immortal conquistator!...
Più prezioso ancor Del velo d’or... l’abbraccio a te!

CORO
Vittoria! Onor!

ISABELLA
Ave, o terra occidental... nel tuo ciel l’alma aurora folgoro!
Agli sguardi dei mortali tetro vel annebbiar il ver non può!...

CORO
Ave, o terra occidental... nel tuo ciel l’alma aurora folgoro!
Agli sguardi dei mortali tetro vel annebbiar il ver non può!...

COLOMBO
Vedo fari lampeggiar... nell’albor rinnovator!
E la terra iluminar e l’ocean più lontan del’ocean!...

CORO
Primogênita sarai ognor della nuova umanità!
FINE DEL POEMA

Um comentário:

Anônimo disse...

Mil gracias por el libreto de esta maravillosa obra.
Un saludo,
Mar