quarta-feira, 30 de maio de 2007

DVORÁK, Antonin - Sinfonia no. 7 em Ré Menor - Op. 70

Estreada em 22 de abril de 1885 em Londres, sob a regência do próprio Dvorák, a Sétima Sinfonia é conhecida como "a grande sinfonia em ré menor" para diferenciá-la da Quarta, escrita na mesma tonalidade.
Embora não tenha alcançado a mesma popularidade da Nona Sinfonia, a Sétima é indubitavelmente uma das mais maduras e profundas de Dvorák. Sua composição foi fruto da promessa feita pelo compositor à Royal Philharmonic Society de Londres, onde acabara de ser eleito sócio honorário.
Composta em apenas quatro meses (dezembro de 1884 a março de 1885), a Sétima Sinfonia, no entanto, exigiu em demasia de Dvorák, que reescreveu a introdução três vezes. Tudo por Brahms estar estreando, à mesma época, sua Terceira Sinfonia, o que fez com que Dvorák quisesse provar ser igual ao amigo.
O lado nacionalista de Dvorák, sem desaparecer por completo, fica em segundo plano, transparecendo um germanismo quase wagneriano. A Sétima Sinfonia acabaria dedicada a Hans von Büllow, que se tornaria um excelente intérprete dela – no manuscrito, Dvorák escrevera abaixo da foto de Büllow: "Glória! Você deu vida a esta obra!". Por outro lado, porém, provocaria uma grande briga com seu editor Simrock, que lhe oferecera uma quantia inferior à merecida pelo sucesso da obra.
O início do primeiro movimento, allegro maestoso, é surpreendente pela sua gravidade, com o primeiro tema de um âmbito muito reduzido nos violoncelos e contrabaixos – uma das frases mais austeras de toda a obra de Dvorák. A intensa carga de energia contida é liberada ao estilo do compositor.
Rapidamente um tema secundário surge em mi bemol maior, dividido entre a trompa e as madeiras; ele não terá, no entanto, um papel importante. Mas uma nova melodia, toda de simplicidade poética, vai nascer em breve nas flautas e clarinetas e mais tarde nos violinos.
Inspirada em Brahms, na cantilena dos violoncellos do Segundo Concerto para Piano, ela constituirá com o primeiro tema o material do desenvolvimento, ora metalizado, ora suave. Ouve-se a reexposição, com o segundo tema em ré maior. Após uma gigantesca culminação, a coda retorna à gravidade do início.
O segundo movimento, poco adagio, é considerado uma das páginas mestras de toda a obra sinfônica de Dvorák, pela elevação de sua inspiração, pela riqueza e a abundância de suas idéias. A devoção do compositor fica explícita no coral das madeiras que o inicia. Um movimento suavemente ascendente nos violinos traz uma nova melodia nas flautas e oboé, de um lirismo mais exteriorizado e sensual. E surge, logo a seguir, o trecho inspirado em Wagner. Curto, mas forte e vigoroso.
A melodia, entretanto, através de arabescos nas cordas e nas madeiras, busca nova idéia temática, valorizada pelas trompas. Um crescendo evoca a presença de Brahms (seguida de perto pela de Wagner) com um vigoroso tutti. O último importante tema do movimento é uma frase da clarineta, descendente e depois ascendente, imitada em parte pela trompa. A partir daí iniciam-se as repetições: repete-se a segunda parte do tema inicial, com nova instrumentação e novo ardor das violas e violinos; repete-se o trecho germânico mais ricamente e repete-se o tema do coral no oboé ao ouvir-se a coda.
No terceiro movimento, scherzo-vivace, Dvorák reencontra acentos mais tchecos e menos germânicos. A primeira parte, do scherzo, é interessante, pois sobrepõe dois temas distintos (um no fagote e outro no violino) mas complementares, perfeitamente encaixados um no outro. O movimento é essencialmente expressivo e melódico, num diálogo entre grupo de instrumentos, fazendo contraste total com a energia muito contida e a constância rítmica do scherzo.
O quarto movimento, allegro, é rapsódico, com novo colorido, desde o primeiro tema nas clarinetas e trompas, com sensibilidade cigana. O ardor exacerbado e dramático se mostra igualmente no tema das cordas, fortíssimo, em ritmo de marcha. Uma mudança de armadura para lá maior modifica totalmente o clima e uma serena e graciosa melodia nas violas e violoncelos faz renascer o lirismo eslavo, para desabrochar num bem-estar entusiástico.
Na parte central, onde o material temático se divide, a veia cigana surgirá novamente, com até mesmo um orientalismo acentuado pelo timbre das madeiras. Passando por abundantes modulações, o tema retorna ao ré menor inicial, logo seguido, em ré maior, pela melodia lírica. Esta inserção em modo maior é apenas passageira. O final do movimento, onde domina o ritmo do tema de marcha, reencontra o modo menor, para concluir, todavia, na majestade otimista de uma terça da picardia.

2 comentários:

Bruno Mendes Martins disse...

Onde eu posso baixar essa sinfonia? Conhece algum site ou outro blog ou qualquer coisa, menos o Emule :D

Anônimo disse...

Custei mas achei :

http://www.4shared.com/get/qeK5tDEq/Dvorak_-Symphony_7.html